A Editora Aleph publicou ao final do ano passado o livro “Marcas da Guerra”. Escrito por Chuck Wendig, esse livro é o primeiro volume da trilogia “Aftermath” e narra acontecimentos ocorridos pouco depois da explosão da segunda Estrela da Morte no Episódio VI (“O Retorno de Jedi”). Essa é uma história que cria um novo grupo de personagens que interage esporadicamente com personagens da trilogia clássica.
Mas, no que consiste a história? Wedge Antilles vai investigar possíveis atividades imperiais no planeta Akiva e acaba sendo capturado pela Almirante Rae Sloane, que patrulha o planeta. As preocupações da Nova República com relação a este planeta têm fundamento, pois um grupo de remanescentes do Império se reunirá para traçar as futuras ações depois da morte do Imperador Palpatine. Enquanto isso, Norra Wexley, uma piloto que esteve na Batalha de Endor, retorna à Akiva para reencontrar seu filho Temmin, ao qual havia abandonado para acompanhar os rebeldes. A história ainda conta com uma caçadora de recompensas, Jas Emari, e um antigo agente imperial, Sinjir. O acaso e o sabor dos acontecimentos vão unir esses personagens numa missão para resgatar Wedge Antilles e dar cabo da reunião com os imperiais, libertando, de quebra, Akiva da dominação imperial.
O enredo parece interessante, não? Houve até umas boas cenas de ação, só que a história acabou não empolgando muito, e pareceu mal aproveitada. O que atrapalhou um pouco o desenvolvimento da trama foram os inúmeros interlúdios que colocavam pequenas historinhas paralelas que nada pareciam ter a ver com a história principal. Isso acabava desviando a atenção da história dos personagens principais e fazia a gente se perder um pouco quando da retomada das leituras. Como essa história vai ser uma trilogia, acredito que todas essas pontas serão amarradas nos próximos dois livros. O problema é que Wendig está criando tantas historinhas paralelas que creio que não será muito trivial amarrá-las todas depois. Vamos ver o que vai acontecer.
Outro problema do livro é o número excessivo de personagens na trama principal. Era outra coisa que fazia a gente se perder na leitura. Talvez uma quantidade menor de personagens fizesse a leitura fluir mais facilmente. Somente no núcleo dos protagonistas e dos “mocinhos” temos cerca de cinco personagens, se contarmos com o senhor Ossudo, o dróide de Temmin construído com sucatas e ossos. É muita coisa, a meu ver. E a reunião dos imperiais tinha mais um monte de personagens. Isso tornava a leitura um tanto cansativa. Outra coisa muito recorrente no livro foram umas comparações estapafúrdias que cansaram demais, do tipo: “Oh, a expressão de medo que surge no rosto da pobre garota… É como o sol sendo coberto por nuvens”. E isso porque essa comparação ainda é compreensível. O problema é quando o autor comparava algo com uma espécie alienígena que ele inventava da própria cabeça e que provavelmente nunca foi mencionada no Universo de Star Wars ou era obscura demais. Aí ficava difícil.
Agora, se alguém acha que esse livro tem alguma ligação com o Episódio VII do cinema, elas são muito poucas. Houve uma menção muito rápida a Jakku num dos interlúdios ao fim do livro, e o detalhe de que Temmin Wexley, filho de Norra Wexley, seria um dos pilotos de X-Wing do Episódio VII. Nada mais que isso existiria de comum entre esse livro e o filme, a não ser pelo fato de que a história de “Marcas da Guerra” se passa entre os acontecimentos dos Episódios VI e VII, mais próximos ao Episódio VI.
Dessa forma, “Marcas da Guerra” até chega a ser um bom livro de ação, mas a história foi muito superficial e não empolga. As comparações excessivas, assim como a grande quantidade de personagens e muitos interlúdios contando historinhas paralelas também desagradam. É mais uma obra para entretenimento do que para qualquer outra coisa. Descartável demais. Há coisa bem melhor na série Legends. Esperemos que os próximos livros da trilogia resgatem a história.