Batata Books – Como Star Wars Conquistou O Universo. Por Dentro E Por Fora de “Guerra nas Estrelas”.

Por Carlos Lohse

Capa do Livro
Capa do Livro

A Editora Aleph fez um senhor lançamento no final do ano passado. O livro “Como Star Wars Conquistou O Universo”, de Chris Taylor, é uma leitura obrigatória para qualquer fã de “Guerra nas Estrelas”. Para os mais novos, é uma oportunidade e tanto de conhecer todo o Universo de uma das franquias mais amadas de todos os tempos. Para o fã mais antigo, mais rodado, é uma oportunidade de dar um “upgrade” no seu conhecimento sobre “Guerra nas Estrelas”, pois Taylor desmistifica algumas informações que eram consideradas verdades absolutas. Ou seja, o autor do livro faz um exaustivo trabalho de rever todo o conhecimento sobre a saga e atualizá-lo. Daí a sua importância.

A Legião 501
A Legião 501

O livro é dividido em vinte e sete capítulos, precedidos por uma introdução à edição de 2015 e uma introdução do livro, e sucedidos por uma conclusão e um epílogo. A introdução procura mostrar o alcance de “Guerra nas Estrelas” em várias culturas, inclusive na indígena, onde foi feito todo um esforço para exibir o filme “Uma Nova Esperança” dublado para o idioma Navajo. Os primeiros capítulos falam da infância de George Lucas, alternados com um estudo minucioso sobre as possíveis influências que “Guerra nas Estrelas” teve, indo de histórias sobre Marte escritas por Edgar Rice Borroughs até as fitas em série onde Buck Rogers e, principalmente Flash Gordon, interpretado por Buster Crabbe (essa sim uma reconhecida influência sobre o jovem George Lucas) são de grande destaque. É mencionada, também, outra paixão de Lucas além das séries e do cinema: a velocidade. Mas um acidente automobilístico grave colocou Lucas nos trilhos da sétima arte, não sem tirar da mente do cineasta a paixão por velocidade, vide as corridas de pods do “Episódio I”, as perseguições de speederbikes do “Episódio VI”, ou até a louca corrida entre tie fighters e X-Wings na vala da Estrela da Morte do “Episódio IV”. O livro segue falando dos anos de Lucas na Universidade e seu filme experimental THX 1138, de sua parceria com Francis Ford Coppola, a produção de “American Graffiti”, a influência do filme de arte “2187” no conceito de Força, o processo extremamente agônico de escrever roteiros (há, no livro,  um ótimo mapeamento de todos os roteiros escritos sobre “Guerra nas Estrelas” até a versão final que seria o “Episódio IV” no futuro), os primeiros contatos de Lucas com os grandes estúdios para fazer o filme, a escolha do elenco, a produção e todos os seus problemas, detalhes dos sets de filmagem como o casinho rápido entre Carrie Fisher e Harrison Ford, ou o consumo de drogas que Carrie Fisher fazia no set, etc. Todos esses detalhes foram sendo mapeados através de todos os filmes da saga, indo da trilogia clássica à trilogia prequel, chegando até aos detalhes da venda da franquia para a Disney e a expectativa com o “Episódio VII”. Alguns pontos que eram conhecidos como “cânones” para os fãs mais experientes com o Universo dos filmes foram um tanto quanto desmistificados, como a história de que Lucas ganhou sozinho muito dinheiro com licenciamento, pois somente ele enxergou o potencial do merchandising e da venda de produtos licenciados na época. Na verdade, a Fox também tinha uma parcela dos lucros com licenciamento.

Um acidente de carro que mudou a História do Cinema
Um acidente de carro que mudou a História do Cinema

Mas o livro não se pauta somente nas influências sofridas por George Lucas para fazer os filmes e a sua trajetória no cinema e das trilogias. Taylor também escreveu instigantes capítulos dedicados aos fãs, como o dedicado à famosa Legião 501, formada por fãs que fazem cosplay de stormtroopers, ou a notável coleção de Steve Sansweet, considerada a maior do mundo. O próprio Lucas intitula Sansweet como o “fã supremo” de “Guerra nas Estrelas”. Ainda, podemos ver um capítulo onde é citado um fã clube especializado em construir droides astromecs. Ou o capítulo onde é contada a história da fila que se formou vários dias antes da estreia do “Episódio I”, no cinema Coronet, onde o “Episódio IV” havia estreado em 1977. Falando na trilogia prequel, há um capítulo que se preocupa em tentar compreender por que essa trilogia foi mal recebida pelos fãs, e bem recebida por outros, estabelecendo algumas reflexões importantes sobre a questão. Há até um capítulo que fala das ligações entre “Guerra nas Estrelas” e “Jornada nas Estrelas”. À propósito, a galeria de fotos tem algumas raridades, como a foto do único encontro entre George Lucas e Gene Roddenberry, ou a capa de jornal local da cidade de Modesto, com a foto do carro destruído de Lucas depois de seu acidente que mudou os rumos da vida do cineasta e da História do Cinema.

O único encontro entre Gene Roddenberry e George Lucas
O único encontro entre Gene Roddenberry e George Lucas

Dá para perceber, fazendo esse brevíssimo inventário do conteúdo do livro, como a obra de Chris Taylor é rica e prolífica. Só há uma crítica a ser feita na forma como o livro foi montado e estruturado. As notas de citações foram jogadas para o final da publicação, de uma forma muito decalcada do texto. Teria sido melhor que elas fossem colocadas nos pés de página ou então, numeradas ao longo do texto. Foi realmente uma pena, mas isso não diminui a grandiosidade do texto de Chris Taylor, que se revelou um pesquisador e tanto do Universo de “Guerra nas Estrelas”. Sendo assim, só ratifico o que foi dito acima: “Como Star Wars Conquistou O Universo” é uma obra fundamental para fãs e estudiosos do Universo de “Guerra nas Estrelas”, sendo uma leitura obrigatória. Não deixe de ter o seu!

Um grande livro de um grande autor
Um grande livro de um grande autor