Eu estou em permanente conflito.
Do ser humano, amo tudo que ele tem de mais bonito.
Era como diziam os renascentistas:
com sua inteligência, o homem faz coisas infinitas.
Ele cria a ciência e a tecnologia,
melhora o nível de vida todo o dia.
Suas conquistas são como preciosas minas
tão etéreas, praticamente divinas.
Mas também amo – e temo – a Deus.
Quero a minha salvação e a dos meus.
Os religiosos dizem que estou abaixo do Salvador,
e é aí que começa a minha dor.
As conquistas humanas são coisas de pecador.
Ao valorizar o homem, parece que de Deus perco seu amor.
E, condenado ao inferno estou!
Assim não sei mais quem sou!
Por que é heresia valorizar o humano?
Por que isso me torna tão mundano?
Não podemos ter a liberdade de criar
sem violar a premissa de a Deus adorar?
Somos maravilhosos e sensatos.
Por que ofendemos a Deus com nossos atos?
Será que a religião só valoriza a obediência
e encara a liberdade do homem com demência?
Chego a essa última estrofe arrasado.
Renuncio à grandeza do homem amargurado.
Mas Deus é mais poderoso que eu.
Por isso, minha crença no homem morreu.
Entrego minha alma à salvação
para que Deus possa tomar uma decisão.
Mas, realmente, tudo o que eu queria
era conciliar paixão e fé sem vilania.