Copacabana, vinte horas.
Estou na churrascaria.
Espero minha amada sem demora
voltar de seu emprego na galeria.
No restaurante, um mar de pessoas inconstantes.
Alguns falam a língua pátria.
Outros idiomas de terras distantes,
turistas até das terras ádrias.
Muito estranhos, esses estrangeiros!
Negros americanos, rindo cheios de trejeitos.
Nórdicos gordos e de bochechas vermelhas.
Francesas formosas e faceiras,
mas obsoletas perto da beleza das brasileiras,
que também povoam o local,
desfilando sua graça natural,
perfumando o ambiente com o seu floral.
E os funcionários?
Ah, esses trabalham de dar pena,
pois recebem baixos salários
e ainda labutam até muito depois da novena.
Desfilam carnes saborosas
mas têm vidas nada suntuosas.
Definitivamente, o sotaque não é de Trieste.
São eles quase todos do Nordeste.
Pois é.
É interessante como a injustiça do mundo
se expressa cheia de fé
nesse sítio profundo.
Uns muito comem e pouco pagam.
Outros muito trabalham e pouco recebem.
Os ricos têm luxos que se destacam
e os pobres, uma vida em que quase perecem.