Batata Movies – Despedida Em Grande Estilo. Comédia De Tons Sociais.

Cartaz do Filme

O cinema às vezes esquece os efeitos especiais para chamar o público e lança mão de um recurso muito mais antigo, mas não menos eficiente: o talento de seus atores. É o que vemos em “Despedida em Grande Estilo” (“Going in Style”), dirigido por Zach Braff e que conta “só” com a presença de Michael Caine, Morgan Freeman e Alan Arkin. Três atores de histórico muito talentoso e idade avançada que foram chamados para interpretarem três distintos senhores aposentados. Mas, ao contrário do que se pode parecer na nossa cultura brasileira que desvaloriza seguidamente o idoso, nos Estados Unidos, há uma preocupação maior com esse segmento social. Pelo menos é o que o filme mostrou. E aí, essa comédia também teve a coragem de abordar um delicado tema que é polêmico não somente aqui no Brasil como nos Estados Unidos.

Três amigos precisando sair de uma enrascada

Vemos aqui a história de Joe (interpretado por Caine), um senhor que entra no banco pelo qual foi correntista toda a vida para pagar a hipoteca de sua casa. Depois de não ser tratado de forma adequada, ele ainda ficou sabendo que sua hipoteca triplicou depois do fim de uma promoção. Enquanto ainda se recobrava de sua indignação, Joe e as demais pessoas do banco foram surpreendidas por uma quadrilha que assaltou a agência. Mas Joe ficou surpreso pela forma planejada e coordenada em que os assaltantes praticaram o assalto. E mais surpreso ainda quando um dos assaltantes se recusou a receber o dinheiro de sua carteira, alegando que “a gente tem que tratar bem os idosos de nosso país”. Depois do assalto, Joe descobriu que a firma em que trabalhava estava encerrando suas atividades nos Estados Unidos e que ele não receberia mais o seguro. Como a aposentadoria era ínfima, Joe de repente viu que poderia parar na rua, com o mesmo podendo acontecer com seus amigos mais próximos, Willie (interpretado por Freeman) e Albert (interpretado por Arkin). Assim, Joe teve a “brilhante” ideia de organizar um assalto a um banco com os dois amigos, o mesmo banco que os explorou pela vida inteira, ao melhor estilo “ladrão que rouba ladrão”.

Planejando um assalto

Esse filme se encaixa perfeitamente em nossos tempos atuais aqui no Brasil, onde vemos nossos futuros ameaçados por um governo que se diz legítimo e que também alega que precisa fazer reformas na previdência social sob pena do país quebrar, com o povo pagando a conta mais uma vez. Percebemos que os tentáculos selvagens do capitalismo não só assolam terras tupiniquins, mas também o povo do país onde o sistema econômico é o grande ícone. Um assalto a banco, tal como exibido nesse filme, parece muito mais um grito de protesto do que qualquer outra coisa, fugindo (alerta de spoiler!) do lugar comum do final onde aquele que anda fora da lei sempre se estrepa, tão típico do cinema americano, que parece obedecer a uma cartilha puritana de bom comportamento, instruindo o seu povo a andar na linha. O problema é que o verdadeiro vilão aqui são as grandes corporações. E aí o “ladrão que rouba ladrão” se encaixa muito bem.

Ótima participação de Chrtistopher Lloyd

Nem é preciso dizer que o filme gira em torno dos três protagonistas, com um destaque maior para Michael Caine, embora os outros dois astros não tenham ficado em segundo plano, com cada um tendo espaço suficiente para mostrar seu talento. O roteiro também ajudou, sobretudo no humor na medida certa e no planejamento do assalto em si, que contém toda uma lógica interna que prendia muito a atenção do espectador e entretinha bastante.

Assalto retrô

Assim, “Despedida em Grande Estilo” é mais um bom filme que temos por aí, pois conta com o talento de atores consagrados, é uma comédia boa de se ver e dá panos para a manga para uma reflexão, pois fala de um problema social que parece cada vez mais ter uma abrangência global e mostra cada vez mais como o capitalismo é um sistema cruel e, sobretudo, falho. Muito interessante ver como um filme com essa temática vem de um país que é a Meca do sistema econômico. Coisas da democracia, cada vez mais esquecida por aqui.

https://youtu.be/hc-q3mtLgpg

 

Batata Literária – No Bar…

Hoje cheguei cedo…
Onze e meia…
Sento na mesa de sempre…
Um dry martini, Joe…
Nada de vinho…
A noite, hoje, é especial…
“The Boys From South” vão tocar…
Faz tempo que eles não aparecem por aqui…

Ah, lá estão os caras!
Big Boy no baixo!
O latino tem só um metro e meio!
Usa o banquinho para tocar o instrumento
que tem quase o dobro de seu tamanho!
Os dedos são calejados
pelas grossas cordas…
O homem nem sente mais dor…

Na batera, está o Sugar…
Mais negro que a noite…
Cheio de ritmo!!!
Parece que ele tem cinco braços
e seis pés…
Nunca vi outro igual!
O monstro de percussão geme com ele
e come na sua mão!

Na guitarra, tá o Angel Snow…
Branquinho como a neve!
Lá de New Orleans!!!
Sons celestiais nas cordas!
Uma carinha de bom moço,
por causa de seus cachinhos louros.
As menininhas suspiram
e ele lança beijos inocentes…

Finalmente, nos vocais,
Daddy Voice!
O homem é poderoso!
Cabelos vermelhos como o fogo!
E a voz mais inflamada do Mississipi!
Vai do agudo ao grave
em fração de segundo!
E ainda é a elegância em pessoa!

Eles tocam de tudo!
De “Night and Day”
a “Old Man River”,
passando por “Cheek to Cheek”.
Outro dia, tocaram “Continental”!
Os homens sabem tudo!
Sua sincronia é divina!
Deuses musicais!

Eles são os “The Boys From South”…

Batata Literária – Guerra dos Mundos

Olha lá no céu!
Lá vêm os petralhas!
Preparar baterias… fogo!!!
Acertei um vermelho!!!
Ele cai flamejante do firmamento!!!
Vai se chocar no chão!!!
BUM!!!
Menos um barbudinho corrupto!!!

Atenção, companheiros!!!
Baterias antiaéreas coxinhas às 13 horas!!!
Disparar míssil!!!! Fogo!!!!
CABUM!!!!
Alvo atingido!!!!
Ricaços em chamas!!!
Dondocas aos berros!!!
Voou champanhe e caviar para todo o lado!!!

O que tá acontecendo, pai???
Sei lá, filho, acho que é essa tal de política…
E por que eles estão tão nervosos, pai?
Ihh, filho, acho que é por causa de um cara chamado impiximan…
Quem é ele?
Não sei, filho. Olha, pega aquele papelão ali e aquelas latinhas lá…
Tá bom, pai, Quanto a gente já juntou hoje?
Uns cinco reais…

Saudações, minha gente trabalhadora!
Ihh, quem é esse, pai?
Sei lá…
Eu sou o futuro, meus queridos!
Eu sou a alternativa a toda essa briga aí!
Eu vou acabar com a sua fome!
Eu vou te dar emprego!
Eu vou te dar casa, comida e roupa lavada!

Mas, como é que você se chama, moço?
Tá vendo aqueles caras brigando lá?
Tô.
Eu tenho as partes boas dos dois.
O nacionalismo dos coxinhas
E o socialismo dos petralhas
É por isso que eu me chamo:
NACIONAL SOCIALISMO!!!!

Batata Movies – Guardiões da Galáxia, Volume 2. Acertando As Contas Com O Papai.

Cartaz do Filme

E estreou “Guardiões da Galáxia, Volume 2”, um dos filmes que mais se aproximam da pegada cômica da Marvel (só perde para “Deadpool”). E esta nova película não deixou a desejar nesse quesito. O filme novamente é muito engraçado. Mas é também um filme que muito emocionou, principalmente porque os personagens foram muito bem trabalhados, onde bem e mal transitavam no comportamento deles, complexificando-os a um ponto que o filme ficou muito mais interessante. Aliás, essa é sempre uma boa fórmula para tornar os relacionamentos humanos mais instigantes.

I’m Grot

No que consiste a história? Nosso protagonista terrestre, Peter Quill (interpretado por Chris Pratt) finalmente consegue descobrir o paradeiro de seu pai, Ego (interpretado por Kurt Russell). Quill e seus amigos são levados ao planeta de seu pai,  que parece ser um verdadeiro Éden. É nesse ambiente em que pai e filho irão aprofundar seu relacionamento.  Mas o pai vem com uma conversa muito esquisita de que ele é uma espécie de divindade e que o filho é herdeiro de tal poder, o que desperta a desconfiança de Gamora (interpretada pela “Uhura” Zoe Saldana). Vou parar por aqui com os spoilers.

O que é que mais desperta a atenção do filme? Cenas de ação em segundo plano. Mas como assim, se o grande destaque de um filme desses são justamente as cenas de ação? Optou-se por uma feliz ideia de se colocar algo altamente banal em destaque, com uma cena de ação muito vigorosa ao fundo. Isso aconteceu em dois momentos do filme e deixou a coisa engraçadíssima, algo que ainda não havia sido feito nos filmes da Marvel. No mais, a boa mistura que a gente vê em “Guardiões da Galáxia” e que mais uma vez deu certo: um filme de super-herói com uma dose bem alta de humor, indo de acordo com a proposta da Marvel para seus filmes, atrelado a um sentimento família dos seus personagens, e um grande sentimento de perda. Talvez “Guardiões da Galáxia” seja tão atraente, pois é um filme que consegue, ao mesmo tempo, fazer rir e chorar, tal como é a vida. A gente consegue se identificar muito com os personagens do filme. Por exemplo, a preocupação dos heróis com o pequeno Grot nas mais perigosas cenas de ação, como se ele fosse o bebê da família. Ou o reconhecimento de que o padrasto de Quill, Yondu, por mais ruim que ele fosse, ainda tinha algo de bom e estava anos-luz à frente de seu pai biológico em termos de caráter. São situações que podemos encontrar no dia-a-dia e que podem tocar o espectador de uma forma muito singular.

Novos personagens

O filme ainda seguiu a linha de “Rogue One” e “rejuvenesceu” Kurt Russell para falar de seu relacionamento pregresso com a mãe de Quill, num ótimo trabalho de CGI. A impressão que se dava era a de que estávamos vendo a ressurreição de “Snake Plissken”, de “Fuga de Nova Iorque”. Só faltava o tapa olho.

Um padrasto mau, mas de bom coração

Ah, sim, e havia a curiosidade de se escutar o segundo cassete que a mãe de Quill deixou. Só foi uma pena que as músicas eram menos conhecidas (pelo menos da minha parte) e a trilha não teve um peso tão grande ao longo da película como no primeiro filme.

Assim, “Guardiões da Galáxia, Volume 2” é mais uma boa película da Marvel, e se encaixa perfeitamente na sua proposta de humor. Introduziu-se o elemento novo de colocar a ação em segundo plano, em detrimento de uma situação banal, com o objetivo de colocar uma pitada a mais de humor inédito e manteve-se a pegada do lado família da trupe, com pitadas de tristeza, formando uma ótima química com o composto cômico.