O moribundo poeta dizia
“O tempo não para”
Ah, mas não é só isso!
O tempo, também, não passa!
Principalmente se estamos mergulhados
em profunda agonia
Aí, cada segundo é uma eternidade
E a alegria é a falsidade
Ah, relógio! Teus ponteiros se arrastam
Maldita inércia temporal!
Tudo fica lento, muito lento…
Enquanto você trabalha…
A morosidade é o rebento
do sujeito que rala e ralha
Socorro! Acelera o ponteiro!
Assim, nunca acabarei inteiro!
Na praça, a babá socorre o neném
Fraldas sujas e mamadeiras também
O chocalho oscila rápido
Mas o mostrador digital é estático
Temperatura alta, tempo mole
O calor derrete a velocidade
Parece até maldade
Mas não vejo o futuro da cidade
Ah, mas o tempo só correrá
se o prazer chegar
Aí, o tempo sumiu!
Ninguém sabe, ninguém viu!
“Vida louca, vida breve”, assim dizia o poeta
Daí surge a dúvida:
Vivo pouco, mas bem
Ou vivo muito, mas mal???