Tudo se acaba
Tudo se lava
Tudo se resvala
Nada mais fica
Nada mais sobra
Nada mais cola
Acabou-se a esperança
Não vejo mais temperança
Mergulho em brumas de trevas
Não vejo nada a minha volta
Estou sozinho num mundo de escuridão
A tristeza é a minha única compreensão
Um vulto surge no negro veludo
É um cavalo alado, igualmente escuro
Fantasma maldito vem me assombrar
Fruto de minha própria cabeça, a atormentar
Malogrado é o homem que cria insanamente
Seus próprios demônios, habitantes da mente
O Pégaso enegrecido por mim sobrevoa
Mas, eis que surge uma luz que destoa
É um Pégaso branco, trazendo a esperança
Meu coração se enche de alegria!
Mas, ao olhar a sua face, rápido eu ajo
E enterro a lança da mágoa em seu coração num ato
O ser alado, ferido, expele sangue negro
Volto-me para o Pégaso das trevas
Também o atinjo no órgão vital
Este elimina um sangue branco
Os dois nobres seres a minha frente agonizam
Eles possuem a mesma face!
Um misto de ódio e melancolia
Cuspindo um último suspiro de amargura…
Percebo, então, o significado daqueles seres
Eles são as duas partes de meu eu
Eles são Yang e Yin, um completa o outro
Meu lado bom e meu lado mau, o positivo e o negativo
Ligados pelo cimento da desilusão
Expresso em suas iguais faces
Minha alegria é contaminada pela tristeza
E minha maior alegria é ser triste.