Batata Literária – Tudo Se Acaba

Tudo se acaba

Tudo se lava

Tudo se resvala

Nada mais fica

Nada mais sobra

Nada mais cola

Acabou-se a esperança

Não vejo mais temperança

Mergulho em brumas de trevas

Não vejo nada a minha volta

Estou sozinho num mundo de escuridão

A tristeza é a minha única compreensão

Um vulto surge no negro veludo

É um cavalo alado, igualmente escuro

Fantasma maldito vem me assombrar

Fruto de minha própria cabeça, a atormentar

Malogrado é o homem que cria insanamente

Seus próprios demônios, habitantes da mente

O Pégaso enegrecido por mim sobrevoa

Mas, eis que surge uma luz que destoa

É um Pégaso branco, trazendo a esperança

Meu coração se enche de alegria!

Mas, ao olhar a sua face, rápido eu ajo

E enterro a lança da mágoa em seu coração num ato

O ser alado, ferido, expele sangue negro

Volto-me para o Pégaso das trevas

Também o atinjo no órgão vital

Este elimina um sangue branco

Os dois nobres seres a minha frente agonizam

Eles possuem a mesma face!

Um misto de ódio e melancolia

Cuspindo um último suspiro de amargura…

Percebo, então, o significado daqueles seres

Eles são as duas partes de meu eu

Eles são Yang e Yin, um completa o outro

Meu lado bom e meu lado mau, o positivo e o negativo

Ligados pelo cimento da desilusão

Expresso em suas iguais faces

Minha alegria é contaminada pela tristeza

E minha maior alegria é ser triste.

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