E chegamos ao quarto longa da tripulação da série clássica. Sem sombra de dúvida, o melhor filme de todos, o de maior sucesso de público. Tem gente que não é fã de “Jornada nas Estrelas”, mas disse que viu “o filme das baleias”, que trazia o otimismo com relação ao futuro, inerente a Gene Roddenberry. “A Volta Para Casa” é o mais fiel longa-metragem à série, além de contar com um excelente roteiro, sendo o auge dos seis filmes produzidos. A equipe de produção disse que se divertiu muito ao fazer o filme, incluindo Leonard Nimoy, que ajudou a conceber a história, assinou a direção e ainda atuou.
Após os sucessos de bilheteria de “A Ira de Khan” e “A Procura de Spock”, Nimoy recebeu uma espécie de carta branca para fazer o novo filme, ou seja, ele tinha a autorização de colocar sua visão e ele queria fazer uma história sobre viagem no tempo. Harve Bennett, o produtor, só impôs uma condição: que o filme tratasse do tempo presente daquela época, o ano de 1986. Era necessário, portanto, um motivo para a volta no tempo. Foi encontrada a saída da questão da extinção das baleias jubarte. Logo, o filme abordou um tema referente à consciência ecológica que despontava em meados da década de 1980. Foi criada a ideia de uma sonda alienígena que viria à Terra para se comunicar com as baleias, e não os humanos que, segundo Spock, na sua arrogância pensam que são a única espécie inteligente da Terra. Mas, no século 23, as baleias jubarte já estariam extintas e o sinal de comunicação da sonda alienígena interferia nas fontes de energia da Terra e das naves que cruzavam o caminho. Enquanto isso, nossa tripulação saía de seu exílio em Vulcano para retornar à Terra e encarar a corte marcial, depois do sequestro da Enterprise para salvar Spock. Voltando na Ave de Rapina, eles receberam a mensagem de não se aproximar da Terra, em virtude da sonda alienígena, que mandava seu sinal em direção ao mar. Ao receber o sinal da sonda, Kirk pediu a Uhura para verificar como ficaria o sinal dentro da água salgada do mar. O resultado foi o canto das jubartes. Devido à sua extinção, era necessário retornar ao passado para buscar as baleias e transportá-las para o século 23, com o objetivo de fazê-las entrar em contato com a sonda. A Ave de Rapina fará isso contornando o Sol em alta velocidade warp, usando ainda o forte campo gravitacional do astro para aumentar ainda mais a velocidade da nave e, assim, retornar ao passado (essa “dobra temporal” usando o campo gravitacional do Sol foi usada no excelente episódio da série clássica “Amanhã é Ontem”, escrito por D. C. Fontana, que um dia ainda falaremos aqui).
Nimoy quis um filme menos sério que os outros onde, além da busca da solução do problema apresentado, também houvesse um toque de humor. Essa tarefa ficou a cargo de Nicholas Meyer, o diretor de “A Ira de Khan”, que se surpreendeu com o pedido de Nimoy, mas escreveu a parte do roteiro que tratava da tripulação perambulando pela San Francisco de 1986, enquanto que Benett ficou responsável pela parte do roteiro no século 23. O responsável pela Paramount, Ned Tannen, gostou muito do roteiro, e as filmagens começaram. Para Nimoy, foi fácil trabalhar nas filmagens, pois ele também havia trabalhado no roteiro por um ano e meio.
Ao se trabalhar com viagens no tempo, a produção do filme esbarrou na velha questão: não se pode alterar o passado. Em vez disso, a produção optou por não ter medo de alterar o passado, desde que se avise isso antes e lançando mão de doses de humor. Vemos tal situação quando Kirk penhora no século 20 um par de óculos que McCoy lhe deu de presente no século 23. Alertado por Spock sobre isso, Kirk responde. “Sim, foi um presente de McCoy e será de novo”. Ou então na cena em que Scott dá a fórmula de alumínio transparente para o dono da fábrica no século 20, em troca das placas que usarão no tanque das baleias. McCoy disse a Scott que ao dar a fórmula, eles estarão alterando o futuro. Ao que Scott retruca: “Por que? Como sabemos se ele não foi o inventor?”. Benett disse que usou essas passagens com o intuito de resolver o problema e tirar os céticos do caminho.
No próximo artigo, continuaremos falando mais sobre esse que foi o melhor de todos os longas da série clássica. Até lá!