Batata Literária – E agora, mané? (Desculpa, Drummond)

E agora, mané?

Acabou o café

Você não tem mais fé

Você só anda a pé

Tomou esporro do Pelé

Não pode mais falar “quequié?”

Foi roubado pela Zezé

E agora, mané?

 

Tá feia a coisa, hein meu filho?

Até para a pipoca falta milho

Tua mulher te expulsou do ninho

E agora você vive sozinho

Tu é um cara cheio de trejeito

Assim, tua vida não dá jeito

Com a cabeça, você não dá nem meneio

E até bêbado te dá vareio

 

Mesmo quando em teu caminho há pedra

Dele você não arreda

Aí, vem a topada

E mete a cara no chão, porque não tem almofada

Qual é a tua, mermão?

Você diz que é Tião

E tem Epaminondas na certidão!

Deixa de ser trouxão!

 

Termino essas linhas

Pedindo proteção divina

Pois, ao falar de tua sina

Profanei o oráculo sentado em praia matutina

Na boca, tenho o gosto do podre ovo

Não sei por que me envolvi nesse jabaculé

E aí, eu te pergunto de novo

E agora, seu mané?