E agora, mané?
Acabou o café
Você não tem mais fé
Você só anda a pé
Tomou esporro do Pelé
Não pode mais falar “quequié?”
Foi roubado pela Zezé
E agora, mané?
Tá feia a coisa, hein meu filho?
Até para a pipoca falta milho
Tua mulher te expulsou do ninho
E agora você vive sozinho
Tu é um cara cheio de trejeito
Assim, tua vida não dá jeito
Com a cabeça, você não dá nem meneio
E até bêbado te dá vareio
Mesmo quando em teu caminho há pedra
Dele você não arreda
Aí, vem a topada
E mete a cara no chão, porque não tem almofada
Qual é a tua, mermão?
Você diz que é Tião
E tem Epaminondas na certidão!
Deixa de ser trouxão!
Termino essas linhas
Pedindo proteção divina
Pois, ao falar de tua sina
Profanei o oráculo sentado em praia matutina
Na boca, tenho o gosto do podre ovo
Não sei por que me envolvi nesse jabaculé
E aí, eu te pergunto de novo
E agora, seu mané?