E chegamos ao penúltimo episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery”. Qual é a primeira sensação que esse episódio nos dá logo de cara? Desperdício. E justamente ao finalzinho da temporada. Esse episódio, sobretudo, foi para dizer que a Federação foi praticamente aniquilada pelos klingons, para colocar Tyler e L’Rell para escanteio (a menos que uma espetacular reviravolta aconteça no último episódio, esperemos que sim) e para colocar a Imperatriz como capitã da Discovery, restaurando o clima de neurastenia entre a tripulação, que nem sabe que não está com sua Phillipa. Além do retorno de Sarek e da Almirante “cara de empada” Cornwell, comprovando aquela teoria de que todo almirante da Federação é um bunda mole (foi lamentável vê-la sem ação depois de constatar a destruição da Base Estelar 1 e ainda chamar T’Kuvma de ignorante na cara de L’Rell, mesmo que ela ainda estivesse atordoada com a destruição da base; isso não é postura de militar de alta patente, que tem por obrigação controlar suas emoções). Ainda, ficou bem claro que Burnham trouxe a Imperatriz para a Discovery porque não queria perder Phillipa mais uma vez, em mais uma de suas atitudes tresloucadas (pelo menos, a Imperatriz foi usada para algo nesse microarco final, como não podia deixar de ser). O que incomoda aqui é que vemos a Discovery somente fugindo dos klingons. Nem uma batalhazinha espacial para aquecer para o Gran Finale do décimo-quinto episódio. Esse décimo-quarto episódio poderia muito bem terminar com a Discovery encurralada pelos klingons ou algo parecido. Tudo pareceu muito tácito e letárgico nesse episódio cheio de diálogos que mais enchiam o saco, principalmente a DR entre Tyler e Burnham (e como soou artificial todo mundo chegando lá para falar com o Tyler, mesmo que Discovery quisesse passar a imagem trekker de tolerância) . Agora que estamos no final, a gente precisava de um pouco mais de ação. A impressão que fica é a de que, ao retornar do Universo Espelho, a Discovery retornou também o marasmo de alguns episódios do Universo Prime, num contraste com o último episódio, que aí carregou demais nas tintas da ação.
E Stamets com os micélios? É, definitivamente os roteiristas vão insistir nisso. A “terraformação” daquela luazinha morta com os micélios traz os esporinhos de volta e os roteiristas não desistem dessa ideia que não está lá na Série Clássica e é absurda demais até com licença poética, pois fala de tecidos vivos no espaço sideral e imagina um motor com velocidade infinita, algo totalmente impossível e meio que absurdo até numa série com tecnologia de dobra.
Agora, os esporos serão utilizados aqui para um plano para lá de inusitado, sugerido pela Imperatriz, ou seja, um ataque direto a Qo’nos, o planeta natal klingon. Como ele não foi mapeado pelos humanos, a ideia (sensacional) é usar o motor de esporos para se transportar para o interior do planeta e mapeá-lo de dentro para fora para depois atacá-lo. Ideia brilhante dos roteiristas? Sei não, é muita papagaiada demais para a minha cabeça. Eu creio que dava para fazer algo instigante, até original, mas não tão surreal. Do jeito que ficou planejado isso, nem posso imaginar como ficará o último episódio e todas as coisas que precisarão ser feitas para desatar os nós de toda essa confusão.
Mas realmente o que mais deixa a gente perplexo foi a facilidade com que Sarek e Cornwell colocam o comando de uma nave estelar nas mãos (beijadas) de uma terráquea do Universo Espelho. Mesmo que eles se justificassem o tempo todo dizendo que esse movimento era muito arriscado, etc., etc., ainda assim eles deram o comando para a Phillipa de lá. Pelo menos ficaram os olhares de reprovação de Burnham e Saru na ponte, com esse último já sabendo que é uma iguaria no Universo Espelho. Climão tenso…
Bom, com a Imperatriz Georgiou na cadeira de capitão (talvez a única coisa que tenha prestado nesse episódio, apesar da forma inusitada como Sarek e Cornwell deram o braço a torcer), embora eu particularmente ainda queira muito Saru no posto ao invés da tresloucada Burnham como capitão, só resta uma coisa a dizer: rumo às cavernas de Qo’nos. Saímos do espaço sideral e façamos uma Viagem ao Centro de Qo’nos, para delírio dos fãs de Júlio Verne. Os mais maldosos dirão que a série ia mesmo terminar no buraco. Que se encerre logo a primeira temporada e que os roteiristas façam uma avaliação de seu trabalho para não repetirem alguns absurdos na segunda temporada. Fica, agora, a expectativa pelo desfecho de tudo, se é que vai haver algum…
https://www.youtube.com/watch?v=DeQvi7Qvmuo
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