Como eu vim parar aqui?
Até hoje me pergunto!
Vivendo no meio desses selvagens sem alma
Nessa terra desconhecida e hostil
Eles me arrancaram as roupas
Os insetos atacam meu corpo sem piedade
Fico cheio de coceiras e febres
E o calor é insuportável!
Apesar de não possuírem alma
Os selvagens formam grupos
Eles entram em guerra
Usam armas primitivas
Se matam como bárbaros!
E, como se não restasse mais nada
Eles devoram seus prisioneiros
Para minha estupefação e horror
Toda essa situação me dá muito medo
Já até me convenci de que estou condenado
Condenado ao mundo de Lúcifer, ainda em plena terra
Mas ainda não perdi as esperanças totalmente
Espero que, um dia, eu saia daqui
E volte para a civilização lá na Europa
Nunca mais verei essas caras morenas malignas
E penas, não quero vê-las nem mesmo nos pássaros
Apesar de toda minha angústia
Eu devo confessar
Uma selvagem me cativou
Ela quer toda hora comigo brincar
Faz da rede sua alcova
E começa comigo os jogos sexuais
O forte calor dispara minha libido
E, nos braços dela, esqueço minha desgraça
Um dia, os europeus me acharam
E, mais tarde, me levaram
Estava livre, afinal
Sairia daquele ciclo infernal
Mas uma coisa ficou para trás
Aquela selvagem
Apesar de seu amor animal
Em minha partida, seu choro foi de humanidade abissal