Batata Literária – Um Homem Chamado Hans (Série Histórica)

Como eu vim parar aqui?

Até hoje me pergunto!

Vivendo no meio desses selvagens sem alma

Nessa terra desconhecida e hostil

Eles me arrancaram as roupas

Os insetos atacam meu corpo sem piedade

Fico cheio de coceiras e febres

E o calor é insuportável!

 

Apesar de não possuírem alma

Os selvagens formam grupos

Eles entram em guerra

Usam armas primitivas

Se matam como bárbaros!

E, como se não restasse mais nada

Eles devoram seus prisioneiros

Para minha estupefação e horror

 

Toda essa situação me dá muito medo

Já até me convenci de que estou condenado

Condenado ao mundo de Lúcifer, ainda em plena terra

Mas ainda não perdi as esperanças totalmente

Espero que, um dia, eu saia daqui

E volte para a civilização lá na Europa

Nunca mais verei essas caras morenas malignas

E penas, não quero vê-las nem mesmo nos pássaros

 

Apesar de toda minha angústia

Eu devo confessar

Uma selvagem me cativou

Ela quer toda hora comigo brincar

Faz da rede sua alcova

E começa comigo os jogos sexuais

O forte calor dispara minha libido

E, nos braços dela, esqueço minha desgraça

 

Um dia, os europeus me acharam

E, mais tarde, me levaram

Estava livre, afinal

Sairia daquele ciclo infernal

Mas uma coisa ficou para trás

Aquela selvagem

Apesar de seu amor animal

Em minha partida, seu choro foi de humanidade abissal