Ando pela fazenda verdejante
Muitas árvores diferentes
Folhas cada vez mais lindas que outras
Quero colocá-las no meu cabelo
Arranco algumas
Mas, subitamente, sou interrompido
Pelos gritos infernais
De quem se diz devoto de Deus
Os gritos não pararam aí…
Fomos expulsos da fazenda
Como Adão e Eva o foram do paraíso
Brados, ofensas e xingamentos
Afetaram profundamente meus sentimentos
A humilhação me assolava
E o ódio me despertava
Desde criança, já me encucava
Na volta para casa
Mais berros repugnantes, dor e provação
Havendo, mais tarde, a deserção
E a covardia da econômica situação
Levando, mais uma vez, à pesarosa humilhação
Perguntava-me eu: por que tanto ódio?
Por que tanta intriga?
Por que tanta tirania?
Hoje, os algozes estão mortos
Memórias preservadas em jazigos perpétuos
Minha vida mudou, fui para a frente
Mas os fantasmas continuam vivos
E, volta e meia, eles despertam
Exercendo, dentro de mim, influência demoníaca
Abrindo antigas feridas
E me lembrando de tudo que não devo fazer…