Mais um mangá de volume único nas bancas. “Coin Laundry Lady”, escrito e com arte de Hiro Kiyohara, é um tratado mangá de surrealismo e bizarrice à toda prova que, cá para nós, não foi lá grande coisa, de tão esquisito que ficou. O enredo é bastante simples: dois universitários vão a uma lavanderia para dar um trato em suas roupas e são surpreendidos por uma moça que vive na máquina de secar, que é totalmente louquinha de pedra.
O problema é que não temos uma história coesa do início ao fim, mas uma narrativa para lá de fragmentada, onde os protagonistas passam pelas mais loucas e inusitadas situações. Ainda, para apimentar um pouco mais a situação, o nosso mangaká também faz os famosos mangás hentai, aqueles com certo conteúdo erótico, e ele abusa de alguns fetiches por aqui como masoquismo e voyeurismo. Só que a coisa é tão bobinha que não alcança o pretenso resultado esperado de chocar (pelo menos não aos olhos de nossa cultura). O grande problema é que, por ser tão fragmentada, a narrativa até se torna confusa em alguns momentos, sem falar que é altamente bizarra e surreal.
Assim, a leitura não engrena e é altamente enfadonha. A gente até entende um pouco por que o mangá adquiriu tais contornos tão pouco ortodoxos quando vemos o depoimento de Kiyohara mais ao final, onde ele mesmo assume um quê um pouco infantil e solitário, além de assumir que a moça da máquina de secar é um alter ego seu (ambos têm hemorroidas, argh!).
Dessa forma, “Coin Laundry Lady” infelizmente não foi uma boa experiência. Se o autor tivesse, pelo menos, feito uma história com mais coesão, talvez a coisa ficasse um pouco mais aceitável. Mas do jeito extremamente fragmentado como ficou, até com uma rápida historinha totalmente diferente do contexto mais ao final, ficou um pouco difícil de acompanhar. Até porque, quando a gente compra um mangá, geralmente espera uma história que seja contada ao longo de toda a revista, que tem cerca de duzentas páginas geralmente, e não algo todo picotado. Uma pena.