Aproveitando a onda da estreia de Venom nos cinemas daqui a algum tempo, a Panini faz um ótimo lançamento da revista do (anti) herói, “Venom, De Volta Ao Lar”, reeditando os números 1 a 6 da história de Mike Costa e arte de Gerardo Sandoval, Juanan Ramirez e Iban Coello. Pode-se dizer que tanto o roteirista quanto os responsáveis pela arte estão de parabéns, pois temos em mãos uma história muito instigante e bem finalizada em suas imagens, onde vemos um Venom muito mais sinistro do que o habitual.
A história começa com um pequeno prólogo que traz informações sobre o personagem que já devem ser manjadas para alguns, mas nunca é demais repetir: Peter Parker, sem perceber, se funde a um simbionte alienígena, pensando que que experimentava um novo uniforme. Mas ele percebe que fica com um comportamento agressivo com o novo traje e o rejeita. O alienígena da espécie klyntar então se sente abandonado e traído num mundo estranho e desconhecido. Entretanto, a criatura, quando estava fundida com Peter Parker, teve acesso ao seu código genético e adquiriu todos os poderes do Homem Aranha, dando esses poderes (escalar paredes, gerar teias organicamente, etc.) a futuros hospedeiros. Além disso, a própria espécie klyntar tem seus poderes, tais como a invisibilidade e o transmorfismo. O simbionte teve vários hospedeiros, alguns virtuosos, outros nem tanto. Aqui, o hospedeiro é Lee Price, um sujeito, digamos, pouco virtuoso, que é contratado para trabalhar para uma organização criminosa liderada pela Gata Negra. O relacionamento entre os dois será um tanto turbulento, mas não menos turbulento que o relacionamento entre Lee e o simbionte. Este último, por incrível que possa parecer, não quer mais sair matando pessoas por aí a torto e direito, ao contrário de seu amigo hospedeiro, que é um assassino sádico. Assim, vemos a curiosa situação do simbionte e seu hospedeiro em constante conflito, onde o primeiro tenta evitar que o segundo se transforme em Venom. Porém, o envolvimento de Lee com a Gata Negra e o mundo do crime faz com que ele constantemente passe por situações muito escabrosas, onde sua vida está ameaçada e assim o simbionte e seu hospedeiro serão obrigados a fazer a fusão, muito a contragosto por parte do simbionte, diga-se de passagem. Realmente, é algo que chama muito a atenção o alienígena em si se recusar a matar. Concebido originalmente como a coisa maligna que despeja ódio e agressividade em seus hospedeiros, parece que a fusão com seres humanos fez mal ao simbionte e ele constatou que são sim os humanos muito mais odiosos e agressivos do que se imaginava, usando de forma totalmente amoral os poderes do alienígena. Os mais puristas podem até torcer o nariz para esse “simbionte bonzinho”, mas creio que levantar tal bandeira já é algo altamente válido, pois atenta para a discussão do verdadeiro sentido do que é ser humano. Somos realmente uma “obra de arte” ou somos de uma má índole capaz de provocar inveja em seres menos desenvolvidos que nós (se eles tivessem essa capacidade de sentir inveja)? Agora, uma coisa chegava a ser muito engraçada na revista: volta e meia, víamos uma miniatura da cabeça de Venom sussurrando no ouvido de Lee, funcionando como uma verdadeira espécie de consciência do hospedeiro protagonista.
Assim, “Venom, De Volta Ao Lar” é um bom lançamento da Panini para os fãs desse sinistro e obscuro herói. E é apenas o primeiro número. Confesso que as minhas expectativas para os próximos números são de que a gente possa conhecer melhor o Universo de hospedeiros da espécie alienígena klyntar, além de ver mais histórias com Eddie Brock, o hospedeiro original (após Peter Parker, obviamente). E que continuemos tendo bons roteiros e traços artísticos dignos desse personagem aterrorizante. Serve como uma ótima prévia para o filme, valendo a atenção do fã de quadrinhos mais exigente.