“Viúvas” foi o filme que abriu o Festival do Rio no ano de 2018. Mas como ele já estava aparecendo em trailer no circuitão, só o assisti depois de sua estreia . Pelo trailer, a coisa parecia ser muito boa. Foi mostrado um baita de um elenco: Liam Neeson, Viola Davis, Robert Duvall, Colin Farrell, Daniel Kaluuya e direção de Steve McQueen. O filme, portanto, acabou se tornando algo muito esperado.
O plot é o seguinte: três assaltantes, liderados por Harry Rawlings (interpretado por Neeson), fazem um grande assalto, mas morrem numa explosão. Rawlings acaba roubando dois milhões de dólares de um candidato a vereador de um distrito de Chicago, Jamal Manning (interpretado por Brian Tyree Henry). Jamal irá até a casa da viúva de Rawlings, Veronica (interpretada por Davis) e a ameaça, lhe ordenando que o dinheiro tem que ser pago em duas semanas.
Veronica começa a investigar e descobre que precisa ter acesso a um caderno do marido, onde ele anotava todos os assaltos que praticaria. Ela descobre que outro assalto seria feito e a quantia a ser subtraída seria de cinco milhões de dólares. O problema era descobrir onde esse assalto seria praticado. E aí, Veronica convoca as outras duas viúvas, que também correm risco de vida, para investigar o caso. Vai começar aí uma trama de investigação mesclada com ação, com direito a um plot twist.
Para quem espera que esse será um filme de ação, com direito a muita porrada, bomba e tiro, está enganado. O ritmo da película é bem lento e fica mais na retórica do filme de suspense, com direito a muita investigação. Apesar de ser um pouco maçante em alguns momentos, o filme tem a virtude de mostrar uma história bem elaborada que consegue prender bem a atenção do espectador. Um pouco mais de ação somente na parte final da película, mas definitivamente esse não é o mote. Pode-se dizer que o filme prima mais por um certo suspense mesclado com um drama psicológico. Afinal de contas, esse é um filme de mulheres que perderam seus cônjuges queridos.
Agora, o grande atrativo é o já mencionado elenco. Tudo gira em torno de Viola Davis, que rouba a cena. Ela interpreta com maestria uma mulher fragilizada pela perda e pela ameaça, mas que precisa manter a aparência de durona para sobreviver. Transitar por esses dois polos não deve ter sido uma tarefa fácil, mas Davis tirou de letra. Neeson aparece pouco no filme, mas ele também chama bastante a atenção em seus poucos momentos. Colin Farrell e Robert Duvall fazem uma boa dupla como filho e pai que disputam a eleição de vereador com Jamal. O primeiro carregava a pecha de ser um político idealista que tinha a reputação manchada pelos malfeitos do pai corrupto no passado. As brigas entre os dois eram realmente muito tensas e agressivas, o que muito chamou a atenção. Já Kaluuya, com seu personagem Jatemme Manning, ficou responsável pelas sequências mais violentas do filme, algo que impressionou, pois seu papel em “Corra”, onde fazia um hóspede indefeso contra uma família racista e seu olhar de peixe morto não parecem lhe dar o perfil de interpretar um personagem violento. Mas acho que o olhar de peixe morto deu um quê de indiferença à violência que ele empregava contra suas vítimas, o que tornou a coisa assustadora.
Dessa forma, se “Viúvas” parecia um filme de ação mais cascudo e enveredou por uma narrativa um pouco mais lenta, por outro lado, essa narrativa mescla a investigação, o suspense e o drama psicológico de uma forma interessante, o que compensa esse ritmo mais lento que se poderia tornar enfadonho. Os atores também ajudam muito, dando um toque todo especial ao filme e sendo um chamariz para o grande público.