Mais um filme de Robin Hood. Como ficaria muito óbvio recontar a história do carinha que tira dos ricos e dá para os pobres, o filme resolveu contar algo, digamos, um pouco diferente, ou seja, quais foram as condições iniciais para que a história que todos conhecemos se estabelecesse? Como Robin Hood aparece e vai se estabelecer na Floresta de Sherwood com seus companheiros e todo aquele povo?
Bom, o plot é o seguinte. Robin de Loxley (interpretado por Taron Egerton) é um nobre local de Nottingham que vai para o Oriente Médio combater com os mouros nas cruzadas. Numa de suas incursões (que mais parecia uma ação militar no Iraque com arcos e flechas), os cristãos são emboscados por mouros. Depois de muita luta, eles conseguem aprisionar os muçulmanos. Será aí que Robin começará a lutar contra as injustiças, pois ele tenta evitar que um jovem mouro, sem sucesso, seja decapitado. O rapaz é filho do cara que será o Little John de Robin (interpretado por Jamie Foxx).
Robin é preso por traição e enviado à Inglaterra. John também consegue se esconder no navio que leva Robin para a Europa. Quando chega ao seu castelo, percebe que ele está destruído e roubado. São os esforços de guerra empreendidos pelo sórdido Xerife de Nottingham (interpretado pelo “Rogue One” Ben Mendelsohn), que não só destruiu seu castelo mas também colocou a população pobre numa área de mineração. Dentre os mais desassistidos está a namorada de Robin, Marian (interpretada por Eve Hewson) que, agora, namora outro homem. Completamente desiludido, Robin acaba encontrando Little John, que propõe que os dois façam uma dupla para lutar pela justiça e pelos fracos e oprimidos, com direito a muita porrada, bomba e tiro para variar.
Creio que o leitor já sabe de antemão a pegada do filme: uma coisa Sessão da Tarde, com muita ação, lutas coreografadas e efeitos especiais com um jeito Matrix de ser. Ou seja, nada que vá adicionar muita coisa. Somente entretenimento mesmo. Pelo menos, o filme mostrou duas coisas que chamam a atenção: F. Murray Abraham como um cardeal corrupto e, indo nesse gancho, uma crítica severa à corrupção na Igreja Católica (é até de se estranhar que uma película desse porte, ou seja, voltada exclusivamente para a ação e entretenimento, seja tão declaradamente anticlerical). No elenco, pouca coisa se salva. Ben Mendelsohn parece que vive para ser vilão nos cinemas e, quando faz isso, sempre tem sua atuação exagerada e afetada, beirando o caricato. Ou seja, é o tipo do vilão que serve para ser ridicularizado pelo mocinho. Não é por aí. É melhor que o cara seja mais ponderado, centrado e, muito mais perigoso, sem explosões emocionais despropositadas. E Taron Egerton? Sem gracinha, ele. Poxa, eu sempre ficava me lembrando do Robin Hood do Kevin Costner e do Morgan Freeman nessas horas. Se lá a interpretação era o que mais valia, aqui, parece que esses rostinhos bonitos (principalmente o de Marian) precisavam mais dos efeitos especiais para se afirmarem. De qualquer forma, o grande cara do filme no campo da atuação foi Jamie Foxx, fazendo um Little John bem agressivo e muito carismático. Chama a atenção também o ator Tim Minch, fazendo um engraçado Frade Tuck.
Dessa forma, “Robin Hood, a Origem” é mais um filme comercial de ação com o único e exclusivo propósito de se fazer dinheiro. Nada de muito profundo essa película vai deixar. Virtudes? O ato de se contar uma história nova, Jamie Foxx e F. Murray Abraham, nada mais. E olha que a película deixou um gancho para uma continuação. Vamos ver se essa sequência irá vingar e no que vai dar.