Diane Keaton está de volta, mais uma vez fazendo um papel de coroa “prafrentex”. “As Rainhas Da Torcida” é um mar de clichês daqueles bem conhecidos, que tem como objetivo chamar a atenção para a inclusão da chamada “terceira idade” na sociedade. Ou seja, não tem muito a acrescentar, já que ele é mais do mesmo naquilo a que se propõe. Entretanto, é um filme com a Diane Keaton.
E aí essa película se transforma naquelas de ator, que a gente vai ao cinema para ver, não importa o que o seu ator querido vá fazer. E eu, caro leitor, gosto demais da Diane Keaton, desde “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”. Aquela mocinha com cara de menina bem simpática e amável se transformou numa senhora muito fofinha e meiga. E aí, quando a gente consegue testemunhar a carreira de um artista que a gente gosta muito com a passagem do tempo, acabamos por prestigiar seus filmes, mesmo que eles sejam um clichê de mais do mesmo. Vamos lançar mão dos spoilers aqui.
Vemos na película a história de Martha (interpretada por Keaton) uma senhora que é acometida de câncer, que praticamente desiste de viver. Ela se recusa a fazer a quimioterapia e vende todas as coisas de seu apartamento, indo para uma espécie de comunidade para aposentados para viver seus últimos dias. Lá, ela conhecerá a serelepe Sheryl (interpretada por Jacki Weaver), vista inicialmente como uma chata, mas que, aos poucos, conquista Martha.
Como Martha teve um passado frustrado em ser líder de torcida, as duas decidem montar uma espécie de clube de líderes de torcida da terceira idade, esbarrando nas convenções conservadoras da comunidade de aposentados. Lutando contra os preconceitos, elas formam um grupo e participam de concursos de líderes de torcida, somente com a intenção de brincar, mas como no mundo ilusório do cinema tudo é mágico, elas conquistam o coração de todos, mesmo sendo da terceira idade, ou seja, de um segmento completamente desprezado pela sociedade.
Apesar de todo o clichê, o filme tem uma característica interessante, que é a de zombar do conservadorismo, incorporado no filho de uma das senhoras do clube de líderes de torcida. Tal zombaria é bem vinda em tempos onde as pessoas têm tido um comportamento altamente conservador em várias partes do mundo.
Logo, qualquer produto cultural que denuncie esse conservadorismo se torna altamente válido, mesmo que eivado de clichês. E a doçura de Keaton é um belo atrativo para esse filme, gerando uma química perfeita com Jacki Weaver (a interação entre as duas funcionou como uma máquina muito bem azeitada).
A morte de Martha acaba sendo uma espécie de tragédia anunciada, mas ela não se deu de forma traumática, ocorrendo apenas subliminarmente, não sem trazer uma emoção extra no desfecho de um filme que primou mais pela comédia. Esse desfecho só deu ainda mais peso para a personagem de Keaton, que é, sem a menor sombra de dúvida, a principal estrela do filme.
Dessa forma, o filme “As Rainhas Da Torcida” é uma verdadeira película de Sessão da Tarde que, apesar de coberto de clichês, tem o mérito de zombar do conservadorismo e, ainda por cima, ter a doce presença de Diane Keaton, que este humilde escriba a viu desde jovem em sua carreira. Apesar de se ver o mais do mesmo, vale a pena dar uma conferida.