Mais um filme francês egresso do Festival Varilux. “Meu Bebê” é protagonizado por Sandrine Kiberlain e é mais uma historinha de mãe coruja que não consegue se desapegar dos filhos. Para tornar o panorama um pouco mais árido, há poucos conflitos entre os filhos, algo que poderia ser mais explorado, apesar do clichê monumental. Vamos precisar de spoilers aqui para poder falar do filme.
A tensão principal do filme gira em torno da viagem que a filha caçula de 18 anos fará para o Canadá para estudar, deixando a mamãe coruja completamente só em casa, pois seus outros dois filhos já saíram de casa. Kiberlain está excepcional em seu trabalho de interpretação, uma das poucas coisas que se salvam aqui, já que o filme é clichê demais. Um exemplo da maestria de Kiberlain é que tal papel de mãe que não se desapega dos filhos tende muito para o alívio cômico, como também aconteceu aqui, mas Kiberlain conseguiu ir além, emocionando ao cair em prantos por ter perdido o celular. É que ela filmava a filha o tempo todo para ter uma lembrança da pimpolha depois que a moça fosse para o Canadá e cai em desespero ao perceber que havia perdido todas as lembranças. Os três filhos irão fazer uma verdadeira operação de guerra para rastrear o celular e entregar para a mãe, mas depois que ela percebe que toda a família está junta de novo, a mamãe desiste do aparelho e das lembranças e prefere curtir aquele momento, mesmo que efêmero. Pode-se dizer que esse foi o melhor (e mais fofo) momento do filme.
Outro detalhe que depõe a favor da película é o uso bem furtivo de flashbacks, onde podemos ver a personagem de Kiberlain se lembrando de seus filhos quando eles eram criancinhas ainda, e, num retorno bem rápido aos dias atuais, estão lá os filhos na fase adulta novamente. Esses flashbacks rápidos ajudam a passar a visão da mãe coruja para o público de que seus filhos sempre serão, para ela, aquelas criancinhas pequenas. E enchem de ternura todo o contexto, mesmo sendo uma coisa muito clichê, devemos sempre repetir aqui.
Dessa forma, “Meu Bebê” é um pouco mais do mesmo, um filme que não traz muitas coisas novas mas que, pelo menos, brincou um pouco com a fofura das mães corujas, seja no flashback dos filhos enquanto criancinhas, seja na comovente sequência da mãe que perde as lembranças da filha e une novamente a família em torno disso. Filme com cara de Sessão da Tarde, para distrair a cabeça.