O México apresenta o seu representante ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. “A Camareira”, de Lila Avilés, é mais um filme que aborda a questão social de um segmento menos favorecido, só que tem o problema de fazer isso de uma forma um tanto morna, não decolando em emoção. Para a gente poder analisar melhor o filme aqui, serão usados spoilers.
Vemos aqui a trajetória de Eve (interpretada por Gabriela Cartol), uma jovem camareira de um apart hotel que tem uma rotina de emprego muito extensa, limpando e arrumando os quartos de hotel, sendo que, às vezes, ela passa por situações inusitadas tais como cuidar da criança pequena de uma hospede argentina, levar brindes em grande quantidade para um hóspede e ser cortejada pelo limpador de janelas. Ela tem um filho pequeno que quase não vê, pois dorme no emprego, e tem como objetivo estudar e conseguir limpar e arrumar os quartos de luxo do 42º andar, o que vai lhe proporcionar um salário maior. Apesar de tanta dedicação, Eve não tem o seu trabalho reconhecido, não conseguindo o trabalho no 42º andar, o que a deixa muito chateada, com a moça saindo do hotel ao final da película, onde fica implícito se a moça deixou o emprego ou simplesmente se dirigiu para casa para rever o filho depois de tanto tempo fora.
Como a película opta por mostrar o cotidiano da camareira, o que deu um ritmo muito lento ao filme, ficou parecendo que as questões de cunho social não foram devidamente exploradas, sendo mencionadas de forma um tanto rápida e sem profundidade, o que foi uma pena. Pela falta de ritmo, tem-se a impressão de que esse filme dificilmente ficará entre os finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em contraponto a toda a celebração em cima de “Roma” ano passado. E devemos nos lembrar de que, tanto em “Roma” quanto em “A Camareira” a questão social de uma empregada proletária foi abordada, sendo que em “Roma” houve um pouco mais de profundidade, se compararmos com “A Camareira”.
Assim, apesar da boa intenção de se denunciar um problema de ordem social, o ritmo extremamente lento de “A Camareira”, associado a uma rotina que acabou ficando entediante, tornou o filme muito cansativo, o que foi uma pena.