Nas últimas semanas, os trekkers de raiz assim como os fãs mais novos têm acompanhado com atenção a série Picard na Amazon. Quando vemos uma nova série de Jornada nas Estrelas, a comparação se torna inevitável com o que vimos nas séries mais antigas. Os mais antigos falam que há uma desvirtuação em Picard, que o espírito de Jornada nas Estrelas está completamente subvertido nas séries novas (também não podemos nos esquecer de Jornada nas Estrelas Discovery), etc. Os mais novos (ou menos exigentes) dizem que Jornada nas Estrelas precisa se adequar com o novo e que a reclamação dos mais antigos seria uma “coisa de dinossauro”, para dizer o mínimo dos termos pejorativos. Permitam-me colocar uns dois centavos de opinião nessa discussão.
Quando Jornada nas Estrelas foi criada por Gene Roddenberry na década de 60, o mundo era bem diferente. O medo de uma guerra nuclear e do fim do mundo era mais real do que nunca. A crise dos mísseis tinha colocado o mundo no limiar da Terceira Guerra Mundial e provocou um medo danado em escala global. Uma visão utópica como escapismo àqueles dias sombrios era mais do que necessária, assim como foram os musicais americanos que aliviavam as dores da crise econômica da Grande Depressão ocorrida em 1929. Roddenberry consegue criar uma série de TV que não escapou de uma visão imperialista americana, que teve um apoio ideológico nas noções de fronteira do historiador Frederick Jackson Turner (depois da marcha para o Oeste, da influência imperialista americana na Ásia, e do então futuro desastre no Vietnã, o espaço ainda é a fronteira final), mas que também trouxe uma visão utópica e otimista de mundo, onde a humanidade consegue sobreviver à Guerra Fria e alavancar a exploração espacial, expurgando do planeta Terra a visão belicista e colocando-a nas costas de civilizações alienígenas como os klingons e os romulanos, as metáforas dos inimigos americanos na década de 60. Os terráqueos do século XXIII seriam mais assépticos no sentido da agressividade e do belicismo. A hierarquia militar apresentada dentro da Enterprise é um bom exemplo disso, onde os superiores se referem aos seus subalternos como “senhores” (Senhor Sulu, Senhor Checov, etc.). Assim, essa hierarquia militar que pode até ser questionada numa sociedade utópica, era utilizada justamente para espelhar o contexto dessa utopia. As visões de ciência, ainda que trabalhadas de uma forma um pouco espetaculosa (viagens no tempo, dobra espacial, controle de interação matéria-antimatéria, subespaço, etc.) eram exploradas e levadas ao grande público como nunca havia ocorrido na história da então nascente televisão. E foi, por isso mesmo, que a série inicialmente conquistou os estudantes e cientistas. Mas cairia também nas graças do público nas reprises do “sindication”. Ou seja, Jornada nas Estrelas logo se mostrou que não era uma série apenas para um nicho de público. A série tinha o que dizer para muitas pessoas e se tornou muito popular. Trazia uma mensagem otimista e esperançosa para o futuro, onde o melhor do ser humano era explorado, falava da questão do “outsider”, materializada em Spock, e conquistou os Estados Unidos, assim como os outros países em que passava. Claro que a série não ficou totalmente incólume aos efeitos de seu tempo. Mesmo sendo utópica, abraçando a diferença e lutando contra o preconceito latente da década de 60, ainda vimos alguns vícios da época, como o protagonismo do macho alfa (cujo maior símbolo até hoje é o Capitão Kirk) e um papel da mulher ainda deslocado, com a exploração sexual do seu corpo, à despeito da importância dada a Uhura (a ordenança Janice Rand ainda acabava caindo nos estereóripos femininos da época). Mas, ainda assim, a série tinha o grande privilégio de ser um produto cultural de massa que despertava a reflexão.
O tempo passou, o mundo mudou, a Guerra Fria acabou. Um pouco antes disso, Jornada nas Estrelas retornava ao cinema, depois de um hiato de alguns anos, ainda trazendo um espírito otimista, apesar de um pouco contaminada pelo espírito de violência da década de 80 (vemos isso em Jornada nas Estrelas II, a Ira de Khan e Jornada nas Estrelas III, A Procura de Spock). Entretanto, o mais intrigante aparece em Jornada nas Estrelas VI, A Terra Desconhecida. O filme que levaria o fim da Guerra Fria para o Universo de Jornada nas Estrelas marcando a paz entre a Federação e os Klingons, seria marcado por uma conspiração entre os membros da Federação e os Klingons para manter as hostilidades. Ou seja, esse foi o filme em que, provavelmente, Jornada nas Estrelas flertou com a distopia de forma concreta pela primeira vez. Mas o casamento viria logo depois com Deep Space Nine, onde a Federação, numa zona onde houve uma guerra recente, precisa colocar, diplomaticamente, panos quentes em feridas ainda não cicatrizadas na querela entre cardassianos e bajorianos. Para piorar, a Federação ainda vai ter que encarar uma guerra contra o Dominion do Quadrante Gama. E a famigerada Seção 31 surge fazendo um trabalho de espionagem para lá de sujo. Muitos fãs de Jornada nas Estrelas abraçaram a causa de Deep Space Nine e aceitaram a distopia de bom grado, por gostarem muito dos roteiros dos episódios, realmente muito bem escritos em muitas ocasiões. E, quando percebemos, a distopia já estava instalada em Jornada nas Estrelas. Tanto que em Voyager, a capitã Janeway volta e meia tomava atitudes altamente questionáveis e os entusiastas da série diziam que era algo justificável em virtude do fato de a Voyager estar sozinha no Quadrante Delta, um território desconhecido e de domínio Borg. Mas a distopia não pararia por aí. Em “Insurrection”, vemos o Almirante Dougherty num plano malicioso juntamente com os so’na para retirar os ba’ku de seu planeta e da radiação natural que lhes dava a imortalidade. Coube à Enterprise se rebelar contra essa atitude pouco virtuosa de Dougherty, o braço da Federação na região.
Há, também, distopia na prequel Enterprise, onde o “Zeitgeist”, o espírito da época, teve um papel, digamos, decisivo. Isso fica muito latente no personagem Jonathan Archer, o capitão da Enterprise. Inicialmente, nosso capitão tinha o espírito do explorador e do humanista, que está ávido por estabelecer contato com novas civilizações alienígenas e levar o melhor do ser humano para essas culturas numa interação construtiva ao melhor estilo utópico. Entretanto, logo a série daria os seus sinais de distopia. Tutelados pelos vulcanos, uma espécie mais desenvolvida cientifica e logicamente, estes veem os humanos com um certo desprezo em virtude do seu estágio de desenvolvimento, o que leva a uma certa desconfiança e até a casos onde os vulcanos mentem para os humanos, algo inimaginável na série clássica. Os defensores da série logo diriam que se tratam dos vulcanos do século XXII, com uma visão de mundo diferente dos vulcanos do século XXIII. Mesmo assim, a arrogância vulcana exacerbada do século XXII acabou incomodando um pouco. Mas o divisor de águas da série foi um fator externo, os atentados de 11 de setembro de 2001, que jogaram Enterprise no colo da distopia. A espécie suliban muito se aproximava dos talibans (até na sonoridade das palavras) e Archer deixou de ser o explorador humanista bonachão para, por força das circunstâncias, adotar uma postura mais violenta, chegando até a torturar alguns de seus antagonistas. A coisa caiu muito pesada.
Chegamos a Kelvin Time Line e a J. J. Abrams. Qualquer tentativa de se tornar a série mais reflexiva vai ralo abaixo. Jornada nas Estrelas se torna mais um filme de ação com direito a muita porrada, bomba e tiro, onde alguns fan services e easter eggs ainda amarram essa nova visão ao passado. É o novo, dizem alguns, com o intuito de se aproximar Jornada nas Estrelas das novas gerações, que parecem ter pouca paciência com a reflexão e são bem mais imediatistas, embora não possamos generalizar. Os poucos arremedos de utopia desaparecem e a distopia se encaixa de vez ao contexto, principalmente nas figuras do Almirante Marcus e Krall, além do encaixe, a princípio fora de contexto, da Seção 31. Mas isso seria somente uma prévia para a distopia marcante em Discovery e Picard, na era Alex Kurtzman, onde a coisa degringolou de vez, no que tange à preservação de algum arremedo de utopia e de uma reflexão mais profunda. Em Discovery, na sua primeira temporada, ainda houve a desculpa de que o Universo Espelho estaria metido nessa distopia.
Mas ainda vemos uma Federação no mínimo estranha, que permite a tortura de um tardígrado para acionar um motor de esporos, dada a situação de guerra com o Império Klingon (eivado de um fanatismo religioso que alimentava um código de honra nem sempre respeitado). E o Universo Espelho nada tinha a ver com isso. Outro elemento que muito desagradou aos fãs mais antigos foi o fato de se construir virtudes de personagens novos em cima do desmonte de personagens mais antigos, algo visto também em outras franquias como Guerra nas Estrelas (seria uma manifestação de nosso “Zeitgeist”?). Assim, vimos a exaltação de Michael Burnham, por exemplo, enquanto que personagens clássicos como Christopher Pike e Spock eram desvalorizados, onde o primeiro era desrespeitado por alguns tripulantes em sua hierarquia, e o segundo tornava-se excessivamente emocional, quando justamente a graça da coisa eram os seus lampejos de emoção escondidos sob uma carapaça de lógica, como víamos no Spock de Nimoy. Ainda, ffalando em desrespeito ao Pike, como a hierarquia militar é desrespeitada em Discovery! Justamente essa hierarquia que ratificava uma visão utópica na série clássica da década de 60. Mas, voltando aos personagens, quem escreve agora Jornada nas Estrelas não entende que pode criar personagens novos e exaltá-los sem qualquer problema, mas isso não significa necessariamente desvalorizar os personagens mais antigos. Uma interação criativa e construtiva entre personagens mais antigos e novos é a melhor saída, até para se “passar o bastão” para a geração mais nova, criando uma identificação entre o fandom mais antigo e mais novo. Do jeito que a coisa está, temo muito pelo futuro de Jornada nas Estrelas, uma série que já sobrevive há mais de cinqüenta anos e que, por isso mesmo, deve ser muito difícil de escrever, em virtude do vasto universo de mais de 700 episódios e mais de dez filmes, isso se não contarmos livros, quadrinhos, videogames, etc.
Nos episódios de Picard, vemos ainda uma tendência a uma distopia que consegue chegar às raias do doentio em alguns momentos. A justificativa do Zhat Vash em destruir os sintéticos em função da visão conhecida como advertência, onde nos é mostrado um futuro com os sintéticos destruindo tudo, o que provoca manifestações de horror e suicídio coletivo, ultrapassa os limites da distopia, beirando, inclusive, o mau gosto, de tão agressiva que a advertência é. E o mais interessante é que parece que os roteiristas se dão conta disso, pois eles enxertam um discurso otimista aqui ou ali, embora isso pareça muito pouco para contrabalançar o clima altamente pessimista da série, onde vemos seguidos casos de pessoas no fundo do poço como Rios ou Raffi, além dos dilemas existenciais de Soji ou os fortes abalos sofridos por Jurati pela advertência, a ponto da moça pensar em suicídio. Ou seja, se em Discovery a distopia já cavalgava livre e tresloucadamente (lembrem-se da Seção 31, da Imperatriz e do Controle), em Picard ela atingiu outro estágio de extrapolação, atingindo a alma humana com casos individuais de desencanto, depressão e tendências ao suicídio. Ou seja, temos um quadrante delta de distância entre as utópicas séries das décadas de 60 e 80 (TOS e TNG) e a distopia despropositada da era Alex Kurtzman. Volta e meia, alguns fan services buscam manter o fio tênue de um cordão umbilical que nem parece mais existir entre esses dois pólos. Como se não bastasse esse sério problema, ainda vemos o protagonista da série sendo desrespeitado sistematicamente por personagens e roteiristas o que se encaixa no esquema de valorizar personagens novos desvalorizando personagens antigos como descrito acima. Alguns dizem que é para mostrar a situação do idoso no mundo presente, igualmente desrespeitado. Mas aí fica a dúvida: será que o idoso será desrespeitado assim no século XXIV? A ficção científica realmente reflete a realidade do tempo em que é escrita, ou seja, é uma obra datada. Mas até que ponto esse reflexo é metafórico, sutil, ou é uma mera cópia descarada dos dias de hoje? Até que ponto a gente aceita um século XXIV tão com cara de século XXI, chegando ao ponto de se ver expressões de baixo calão contemporâneas em altos postos institucionais numa civilização do futuro teoricamente mais desenvolvida, algo que soaria mal até nos dias atuais? Uma boa história dá ao espectador a oportunidade de se permear nas entrelinhas e achar as referências. Quando a coisa é evidente demais, é tão jogada na nossa cara, temos o indício de algo mais pobre, trabalhado com menos desenvoltura, ou seja, com mais preguiça.
Por fim, outro problema na era Kurtzman. Uma ficção científica que abusa do uso do termo ficção, aproximando-se do fantástico. A primeira coisa que nos vêm à mente é a rede micelial de Discovery. Imaginar no subespaço um tecido vivo que permite uma viagem em velocidade praticamente infinita, sendo que esse subespaço permeia não somente o Universo, mas o Multiverso, é muito forçado demais. Já que é para chutar o pau da barraca dessa forma, seria melhor colocar a Emília do Sítio do Pica-Pau Amarelo na ponte da Discovery e ela falar “pirlimpimpim”, ao invés de acionar o motor de esporos e torturar o pobre do Stametz (ou o tardígrado). É claro que a ficção mexe com o implausível, mas também sabemos que a melhor ficção científica é aquela que antecipa o futuro. É por isso que escritores como Júlio Verne e Isaac Asimov até hoje são muito celebrados. Ou seja, a ficção científica tem todo o direito de trabalhar com o implausível, mas é recomendado que não se exagere muito, pois há o risco dela cair no insólito, no ridículo até, e deixar de ser uma ficção científica (o grifo meu é importante aqui para lembrar que há alguns limites nessa ficção) para se tornar uma fantasia, onde não há qualquer limite, e cairmos no pirlimpimpim, onde tudo é possível. Outro exemplo dessa ficção científica fantasiosa apareceu em Picard, onde uma civilização antiga altamente avançada colocou oito sóis e um planeta juntos para chamar a atenção para a história pregressa dessa civilização que acabou destruída pelos próprios andróides que criou. Em primeiro lugar, é uma coisa praticamente impossível, por mais nível tecnológico que essa civilização tenha, o ato de deslocar oito estrelas artificialmente, em função do altíssimo campo gravitacional que produzem. Ainda, se é impossível a vida num planeta com duas estrelas próximas, em virtude de toda a radiação recebida, imagine em oito planetas? E mais: um planeta não conseguiria sobreviver próximo ao fortíssimo campo gravitacional de oito estrelas e se despedaçaria. Se a atração gravitacional de Júpiter já consegue fazer isso (é só a gente ver o cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter, que pode ter sido originalmente um planeta que se não se formou em virtude da atração de Júpiter) ou de Saturno (seus anéis podem ter sido formados por uma lua ou cometa se que fragmentou em virtude da atração gravitacional do planeta), imaginem oito estrelas puxando diferencialmente o planeta para lá e para cá. Para piorar a situação, a história contada também pode ser implausível. Se os andróides afetaram drasticamente essa civilização hiperavançada, como elas conseguiram montar esse sistema depois do ataque dos andróides? Eles conseguiram se recuperar da catástrofe? Foi algo mal contado e, portanto, mal escrito. Outro problema que vemos nas séries de Kurtzman (e aqui devemos dar o braço a torcer, pois isso também foi visto em TOS) é termos uma estrela que vai se tornar uma supernova orbitada por um planeta que ainda possui uma civilização. Isso é impossível também, pois, nesse estágio de evolução estelar, a vida já é impossível no planeta há muito tempo. Uma estrela, de uma forma em simplificada, é uma esfera de gás com duas forças básicas atuando: a forte atração gravitacional que tende a comprimi-la, e as forças termonucleares, provocadas pela conversão de hidrogênio em hélio em seu núcleo, que tende a expandi-la, o que a deixa em equilíbrio. Quando as reservas de hidrogênio no núcleo começam a se esgotar, as forças gravitacionais ficam mais fortes que a expansão termonuclear e a tendência é o núcleo se contrair. Quando isso acontecer com uma estrela do tipo do Sol, sua luminosidade aumentará em 40%, o que já será suficiente para evaporar os oceanos e tornar a vida impossível na Terra. Se a estrela tem mais massa que o Sol, o núcleo de agora hélio será comprimido a ponto de produzir carbono e oxigênio. Se a estrela tiver ainda mais massa, o núcleo pode ser mais comprimido a ponto de produzir outros elementos químicos, sempre nesse processo de contração e expansão. Se a estrela tem mais de vinte massas solares, esse processo pode se tornar tão violento que a estrela acaba explodindo, configurando-se na supernova e a energia liberada é tão forte que equivale a explosão de um setilhão de bombas atômicas. Para se ter uma idéia, se a estrela Betelgeuse, uma gigante vermelha a quinhentos anos-luz de distância de nós explodir, toda a vida na Terra seria destruída com a radiação. Logo, uma estrela numa iminência de se tornar uma supernova já não tem vida aos seus arredores há muito tempo. E o que vemos em Discovery? Uma jovem Michael Burnham vendo uma estrela na iminência de se tornar uma supernova pelo telescópio, juntamente com os pais numa nave espacial nas imediações da estrela. A impressão que se dá é a de que não há qualquer preocupação com consultoria científica nas séries da época de Alex Kurtzman, preocupação essa que víamos pelo menos nas séries produzidas por Rick Berman e Michael Piller.
Os tempos mudam e as coisas mudam? Sem a menor sombra de dúvida. O problema é como as coisas mudam. Infelizmente, quem está responsável pela franquia Jornada nas Estrelas hoje parece que não está muito preocupado em fazer essa transição de uma forma mais suave e pouco se preocupa com um público que mantém essa franquia viva há mais de cinquenta anos. Choro de dinossauro? Pode até ser. Mas será que as novas gerações vão comprar a franquia do jeito que está hoje e sustentá-la por mais cinquenta anos? Tenho minhas dúvidas. Ainda acho que a passagem de bastão deve ser feita de forma criativa e conciliadora entre essas duas gerações. E aí, a presença de bons roteiros que unam esses dois pólos é fundamental, o que parece não estar acontecendo muito, infelizmente. Não seria o caso de se botar a mão no bolso e procurar o que os fãs escrevem no Universo Expandido, ou melhor, até contratar pessoas que escrevem esse Universo Expandido para escrever? E, principalmente, chamar showrunners que também estão comprometidos com Jornada nas Estrelas como os escritores que não são considerados cânones? Fica aqui a minha pulga atrás da orelha para vocês.