Batata Séries – Enterprise (S01 – Ep 01) Broken Bow.

Legenda Star Trek: Enterprise S01E01 | Legendário
Onde tudo começa…

Vamos começar hoje a fazer artigos sobre as séries de Jornada nas Estrelas, agora que Picard terminou. A ideia é falar dos episódios em sequência de todas as séries. Assim, começamos hoje com o episódio piloto de “Enterprise”, intitulado Broken Bow. O episódio inicia com um jovem Jonathan Archer e seu pai conversando sobre quando a nave projetada pelo pai irá ficar pronta. Trinta anos depois, em Broken Bow, Oklahoma, uma pequena nave klingon está semi-destruída numa plantação. Um klingon é perseguido por dois alienígenas, mas se desvencilha deles provocando uma explosão. O dono da fazenda atira no klingon, ferindo-o.

Star Trek: Enterprise | Netflix
Uma nova tripulação para uma época mais antiga…

Existe um clima tenso entre Archer e os vulcanos. Eles querem devolver o klingon morto, para não cair em desgraça da desonra de ter sobrevivido a uma batalha perdida, respeitando sua. Archer se opõe a matá-lo e força uma situação para a recém pronta Enterprise fazer sua primeira viagem devolvendo o klingon vivo a Kronos, apesar da oposição dos vulcanos, que tutelam os terráqueos e não os acham prontos para a missão por sua inexperiência e natureza emotiva.

Vemos o interior da Enterprise, onde o teletransporte é usado somente para carga. Interior da nave é muito apertado, parecendo um submarino.

Star Trek: Enterprise S01 E01 E02 "Broken Bow" / Recap - TV Tropes
Cerimônia de lançamento da Enterprise, com direito a discurso gravado de Zephran Cochrane…

Archer monta a sua tripulação. Depois de convocar o Dr. Phlox, o capitão vai atrás de Hoshi por sua experiência com idiomas e frequências. A oficial de ciências será vulcana (T’Pol), pois lhe fornecerá cartas estelares para ir até Kronos. T´Pol se apresenta e fica claro que a situação é desagradável para ela, ainda mais com Porthos, o cachorrinho do capitão.

Henry Archer, pai de Jonathan Archer, desenvolveu motor de dobra juntamente com Zephran Cochrane. Uma gravação de Cochrane falando do motor de dobra é transmitida enquanto Archer zarpa com a Enterprise e sua tripulação.

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Tentando salvar um klingon…

Numa espécie de estação, um integrante da espécie que perseguia o klingon fala com uma figura com a identidade oculta sobre o klingon (Klaang) e que este estava sendo enviado para Kronos pela Enterprise. A figura oculta disse para que o erro fosse desfeito.

T'Pol, Trip, and Archer | Star trek theme, Star trek episodes ...
Um trio que parecia que ia se dar bem…

Archer, Trip e T’Pol jantam juntos. A vulcana percebe que os terráqueos ainda comem carne. Trip rebate que fome e guerras foram praticamente erradicadas em duas gerações. Archer lembra que não é fácil se livrar dos instintos mais básicos. T’Pol responde que, com disciplina, tudo é possível.

O klingon acorda, mas Hoshi não consegue se comunicar com ele. A nave sai de dobra e a energia cai. Os alienígenas que perseguiam o klingon invadem a nave e o levam. O klingon murmura “suliban”.

Commander Charles Trip Tucker III and Subcommander T'Pol | Flickr
Trip e T’Pol. Conflitos e apelo sexual…

O desaparecimento do klingon colocou T’Pol numa rota de colisão com Archer, com a primeira dizendo que a missão acabou e não acreditando no potencial humano de reverter a situação. O Dr. Phlox descobre que o suliban morto no ataque tem a sua estrutura genética alterada. A tradução que Hoshi fez do que o klingon falava citava o décimo planeta do sistema Rigel, onde o klingon esteve antes de ir para a Terra. Essa informação era de conhecimento de T’Pol, que relutou em passá-la para Archer, o que aumentou ainda mais o clima de conflito entre a vulcana e os humanos. Archer ordena traçar um curso para o décimo planeta de Rigel.

O klingon é interrogado pelos sulibans. Eles querem saber onde está uma coisa, mas o klingon não sabe. Ele só diz que esteve no décimo planeta de Rigel para falar com uma suliban chamada Sarin que não deu nada para ele.

No décimo planeta de Rigel, uma equipe desce para procurar informações sobre os klingons e os humanos estranham as culturas locais, querendo interferir no que veem, sendo advertidos por T’Pol para não intervir (ainda não há a diretriz de não interferência). Um suliban está à espreita. Archer e Hoshi são aprisionados pelos sulibans. Trip e T’Pol também. Archer é levado pelos Sulibans para conversar. Sarin conversa com Archer e diz que deu a Klaang uma mensagem de que os sulibans estão inflitrados no império para semear discórdia entre as casas. Isso é feito por uma cabala (no caso, uma organização superior) dos sulibans, que recebe ordens do futuro na guerra fria temporal. Os sulibans atacam e Sarin é morta. No tiroteio, Archer é ferido e T’Pol assume o comando da Enterprise.

Na descontaminação, Trip e T’Pol passam um gel no corpo do outro, numa cena de forte apelo sexual. T’Pol insiste que a missão acabou e Trip reage com indignação perante à arrogância vulcana para com os humanos. T’Pol escuta as queixas de Trip e se mantém na missão de Archer.

Porthos | Star trek, Star trek universe, Star trek enterprise
Porthos, o personagem mais fofo…

O capitão faz seu diário de bordo com data de 16 de abril de 2151 (ainda não há data estelar). A nave persegue o rastro de dobra da nave suliban e eles chegam a um planeta gigante gasoso, perdendo o rastro. Com a ajuda de T’Pol, eles recuperam o rastro.

Na estação suliban, a figura oculta diz que a mensagem de Sarin não pode chegar aos klingons. A Enterprise entra na atmosfera do planeta, descobre a estação e sofre o ataque de uma nave, se escondendo numa camada atmosférica superior de fósforo líquido. A tripulação decide capturar uma das pequenas naves que os atacam para entrar na estação e tirar o klingon de lá. Trip e Archer vão na pequena nave mas o capitão fica preso na estação espacial. T’Pol acha mais lógico que o capitão fique para trás para não colocar o klingon em risco, mas Trip impetuosamente bate o pé. Archer se encontra com o suliban que conversa com a figura oculta e os dois entram em luta corporal. A Enterprise faz um voo sobre a estação e aciona o teletransporte, sendo Archer o primeiro a ser teletransportado para a nave. Klaang é enviado para Kronos e entrega a mensagem, escondida em seu DNA, sob os olhares de Archer, Hoshi e T’Pol.

Archer recebe ordens para a Enterprise começar sua missão de entrar em contato com outras culturas. Ele conversa reservadamente com T’Pol e procura aparar as arestas de seus preconceitos e conflitos contra os vulcanos. A Enterprise começa sua missão, com a lembrança de infância de Archer com seu pai colocando uma nave de brinquedo para voar. 

John Billingsley como Dr. Phlox em Star Trek Enterprise - Trekkers ...
Phlox, o médico mais simpático…

Depois da sinopse do episódio, podemos identificar algumas coisas. A primeira é o já famoso estado de conflito entre os humanos e os vulcanos, onde, no século 22, os segundos tutelam os primeiros e retardaram o lançamento dos humanos ao espaço profundo e ao contato com outras culturas. Fica bem claro aqui uma arrogância vulcana que entende que os humanos, por sua natureza emocional e um tanto primitiva, ainda não estão preparados para usar a tecnologia de dobra e entrar em contato com outras civilizações. Por mais que os humanos reclamem dessa postura vulcana, o episódio mostra claramente que os humanos ainda têm barreiras a superar, como, por exemplo, a vontade de interferir em culturas que eles estranham. Quer dizer, se a série mostra as virtudes humanas de explorar e de levar a boa índole da humanidade com seu altruísmo em salvar o klingon e levá-lo para seu planeta de origem, há a ressalva de que eles têm ainda muito a aprender ao interagir com outras culturas, dando uma certa razão à visão que os vulcanos têm dos humanos. A melhor coisa aqui foi colocar T’Pol interagindo com Archer e Trip, onde os choques iniciais de visões de mundo vão sendo gradativamente substituídos pelas quedas de preconceitos e com o ato de um aprender com o outro. O impetuoso Trip aprende um ponto de vista mais multicultural com T’Pol, enquanto que esta aprende com Trip o ato de não se deixar os companheiros para trás, à despeito da lógica dizer o contrário.

Hoshi Sato | Memory Alpha | Fandom
Hoshi, um tanto indisciplinada…

O episódio tem alguns problemas. Hoshi, a especialista em frequências e idiomas, teve alguns pitis com o capitão à medida que a nave dava umas chacoalhadas. Ficou um pouco feio para uma série que preza tanto pela hierarquia militar. Ainda, foi aqui, já no piloto da série, que temos a primeira alusão à “guerra fria temporal”, que ficou mal desenvolvida na série e nunca entendemos bem o que significava. Mas o mais problemático foi a sequência de descontaminação, onde Trip e T’Pol, em trajes mínimos, precisam passar uma espécie de gel um no corpo do outro. Foi um apelo sexual muito forte e desnecessário para Jornada nas Estrelas, claramente visando buscar um público novo. Já tínhamos visto algo com os trajes de Sete de Nove em “Voyager”, mas em “Enterprise” a coisa foi mais exagerada.

De qualquer forma, esse episódio piloto de “Enterprise” parecia então promissor no que tange às visões de mundo posteriores à nossa contemporaneidade e anteriores a utopia da série clássica do século 23. Vale a pena muito revisitá-lo.