Batata Séries – Jornada Nas Estrelas TNG (S01 Ep03), Código de Honra. É Jeito, Não É Força.

Code of Honor (episode) | Memory Alpha | Fandom
Picard vai pisar em ovos nesse episódio…

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à TNG e o episódio três da primeira temporada, intitulado “Código de Honra”.

Code of Honor | Explaining errors in Star Trek Wiki | Fandom
A Enterprise encontra uma cultura cheia de particularidades…

A Enterprise chega ao planeta Ligon II para adquirir uma vacina importante para a população de outro planeta, o que vai exigir habilidades diplomáticas para tal. É uma sociedade que tem uma história muito parecida com a humana e muito orgulhosa de si. O líder do planeta, Lutan, é recebido dentro de todo o seu cerimonial, e fica impressionado pelo fato de a chefe de segurança, Tasha, ser uma mulher. Um de seus subordinados entrega a vacina a Picard, mas Tasha se antecipa e diz que precisa verificá-la antes. O subordinado manda a “Mulher” se afastar e Tasha lhe dá um golpe para jogá-lo no chão. Após o incidente, Picard convida Lutan para fazer um social e encobrir o mal entendido. Lutan aceita e a tripulação da Enterprise se afasta. O subordinado de Lutan pede desculpas a ele, mas Lutan diz que os humanos são povos com costumes estranhos e diz também que Tasha é o que ele precisa.

This Star Trek The Next Generation Episode is Absurdly Racist ...
Tasha mostra seu treinamento no holodeck…

O encontro na nave vai muito bem e Picard oferece um presente da Terra. Picard pergunta se não pode oferecer mais uma cortesia e Lutan sugere fazer um treinamento de segurança com Tasha no holodeck. Tasha concorda. Riker, entretanto, fica ressabiado com isso, pois ele percebeu como os ligonianos ficaram surpresos em ver uma mulher no comando, pois são de uma sociedade patriarcal, como era várias sociedades humanas no passado. Tasha mostra um treinamento de aikidô e Lutan fica impressionado, enchendo Tasha de elogios. Mas na hora da despedida, Lutan leva Tasha à força da nave.

Jonathan Frakes And Denise Crosby Can't See Star Trek: TNG's ...
Tasha é sequestrada…

Picard tenta estabelecer contato com Lutan mas não recebe resposta. Como este é um povo que prima muito pela paciência, Picard decide, mesmo muito preocupado com Tasha, esperar. Crusher informa a Picard que não consegue replicar a vacina e que vai ter que obtê-la com os ligonianos, pois a doença que ela trata provoca uma morte terrível. E pede que Picard deixe Wesley entrar na ponte, o que ele faz. Data analisou mais a cultura ligoniana e viu que ela obedece um código de honra que muito valoriza atos heróicos. Lutan, ao seqüestrar Tasha, lançou mão dessa tradição para melhorar sua imagem. Lutan entra em contato e Data e Riker sugerem, que pela cultura ligoniana, Picard peça com educação que se devolva Tasha. Picard, que inicialmente foi ríspido com Lutan, faz o pedido de forma educada e Lutan os convida para descer. Riker não quer que Picard vá (o primeiro oficial que protege seu capitão) mas a tradição ligoniana exige a presença do capitão (uma justificativa para o capitão da nave descer numa missão arriscada com o grupo avançado, algo que era muito criticado em TOS).

Jessie Lawrence Ferguson | Memory Alpha | Fandom
Lutan usa sua cultura para lutar por seus interesses escusos…

Picard desce com Troi para se encontrar com Lutan, que apresenta a eles a sua esposa. Há toda uma formalidade e estranhamento cultural nesse encontro, pois Picard precisa seguir todo o cerimonial ligoniano e pedir perante o público num jantar a devolução de Tasha, que foi seqüestrada. Mas Picard não perdeu a oportunidade de ser um pouco sarcástico quanto à todo aquele cerimonial. Pisando em ovos, essas duas culturas combinam em se encontrar para o jantar (um detalhe aqui: os ligonianos são todos negros e se vestem com motivos um tanto orientais, se aproximando do árabe).

1x04 - Code of Honor - TrekCore 'Star Trek: TNG' HD Screencap ...
Picard vai lançar mão de muita diplomacia para lidar com a situação escabrosa…

No jantar, Picard faz todo o cerimonial para pedir Tasha de volta, bem diplomático como ele o é. Lutan diz que ele foi muito correto em seu pedido, que vai dar a vacina, mas que quer Tasha como sua “primeira”. A então “primeira” de Lutan evoca a tradição e propõe um duelo até a morte com Tasha. Picard se nega e Lutan diz que se ele se negar, não dará mais a vacina. Numa conversa entre Tasha, Picard e Troi, esta última, que percebe como Lutan é um macho alfa bem primário, diz que tudo isso seria bem mais simples sem a Primeira Diretriz. E Picard diz que pensou o mesmo.

A doença avança no planeta que precisa da vacina e, tanto Troi  quanto Tasha dizem que é melhor a útima aceitar o duelo, pois Tasha acredita que terá poder para vencer e dar a Picard a capacidade de barganha com Lutan. Picard vai falar com Lutan e diz que vai ordenar que Tasha lute. Fica claro na conversa que a estrutura patriarcal do planeta dá ao homem as terras que as mulheres possuem e que Lutan não tem tantas terras assim. Lutan não tem nada a perder nesse desafio então.

Picard pede que Data e La Forge desçam e analisem as armas ligonianas para Tasha saber o que espera. Riker fica de sobreaviso de transportar Tasha caso a vida dela corra risco. Tasha pede para conversar com a primeira e diz a ela que não luta por Lutan, somente pela vacina e tenta evitar o combate. A primeira diz que pode matar Tasha e que o combate deve ocorrer. La Forge e Data examinam as armas e verificam que elas são muito mortais e adequadas para uma mulher manusear. Um pouco antes da luta, Picard pergunta a Tasha se ela quer lutar e se está preparada. A chefe de segurança diz que está bem preparada para lutar. Mas, ao ver as armas e a primeira treinando, deu aquele medinho em todos da tripulação. Data sobe à Enterprise para passar instruções de Picard a Riker, que não sabemos de antemão.

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Apesar das tentativas de Tasha, ela não consegue evitar o duelo…

A luta começa, muito equilibrada. Quando a primeira quase é golpeada por Tasha, o subordinado de Lutan pede que ela tenha cuidado e Lutan lança um olhar sobre ele. Tasha atinge a primeira com uma luva cheia de espinhos com veneno e se joga sobre ela, que está deitada. As duas são teletransportadas para a Enterprise. Crusher atende a primeira para neutralizar o veneno. Na superfície do planeta, Picard acerta tudo com Lutan, já que a sua primeira foi derrotada, e as vacinas serão entregues. Tasha irá com Lutan se quiser. Mas Picard acaba transportando todo o grupo avançado, Lutan e seu subordinado de surpresa para a Enterprise. Lá, a primeira está viva e Lutan quis desfazer o acordo da vacina. Crusher diz que a primeira ficou morta por alguns instantes e foi trazida à vida, está tudo nos registros médicos. A primeira diz que, com sua morte, o acordo matrimonial está desfeito e Lutan perde todas as suas posses. A primeira diz que ouviu o subordinado chamando por ela na luta e decide se casar com ele, passando todas as suas posses para o novo marido e deixando Lutan como seu número dois. Tasha, que tinha alguma atração por Lutan, diz que ele perdeu tudo. A primeira pergunta se Tasha quer Lutan, mas ela diz que não, que haveria complicações. O antigo subordinado, agora líder, diz a Picard que sua sociedade pode não ser desenvolvida tecnologicamente, mas que é muito civilizada. Picard assente respeitosamente com a cabeça mas com uma expressão cheia de ironia.

O episódio termina com Wesley deixando a ponte depois de ajudar a Riker, e a nave se dirigindo ao planeta que precisa a vacina.

Star Trek: The Next Generation Star Jonathan Frakes Describes Code ...
Nem sempre Picard tem paciência com Lutan…

O que podemos dizer do episódio “Código de Honra”? Em primeiro lugar, é mais um clássico episódio de choque cultural e da não violação da Primeira Diretriz. Para isso, deve-se colocar a cuca para funcionar na hora de atuar. E aí é que está a graça do episódio. Nada de cenas de ação que atropelam tudo, onde o uso da força é a atração. Mas sim é tudo uma questão de jeito, onde a inteligência é que dá as cartas. A cultura ligoniana não era de todo estranha, pois lembrava muito algumas das culturas antigas da Terra, excessivamente patriarcais e machistas. Um código de honra cheio de regras obrigava os tripulantes da Enterprise a pisarem em ovos, ainda mais quando houve o seqüestro de Tasha, considerado um ato de guerra nas regras da Federação, mas uma formalidade para elevar a imagem do líder local. Apesar da situação complicada, foi um deleite ver o Picard das antigas lançando mão de toda a sua diplomacia, não sem uma ironia fina que era uma atração à parte. Uma certa má vontade contra a Primeira Diretriz é notada, principalmente na boca de Troi que, também pudera, estava revoltada contra a posição submissa da mulher na cultura ligoniana. Agora, o que foi muito curioso ver a atração física de Tasha para com Lutan, mesmo que ele tenha a seqüestrado. Mesmo sabendo que um relacionamento a dois não daria certo (seria “complicado”) Tasha chegou a se preocupar com Lutan quando ele perdeu todo seu poder e posses. Uma coisa que incomodou um pouco foi a cara dada aos ligonianos, todos negros e com motivos orientais que se aproximavam um pouco da cultura árabe, representando uma cultura ancestral, machista e patriarcal, em oposição aos brancos desenvolvidos, tecnológicos e tolerantes da Federação, onde La Forge é a exceção que confirma a regra (e num episódio onde não tivemos a presença de Worf). Confesso que isso me incomodou um pouco, pois se aproximou bastante do discurso civilização X barbárie que víamos no processo imperialista do século XIX e início do século XX, cuja expressão mais aguda seriam os regimes fascista e nazista.

O desfecho do conflito foi usado com muita inteligência. Ao teletransportar a primeira e Tasha para a Enterprise e salvar a primeira, que esteve morta por instantes, a cultura local não foi violada e o problema foi solucionado, pois Lutan perdeu sua autoridade e Tasha ficou livre. Tal desfecho resgata o que temos de melhor em Jornada nas Estrelas, pois resolve-se os conflitos não com a força, mas sim com a cuca.

Star Trek: The Next Generation Re-Watch: “Code of Honor”
E começa o duelo…

No mais, tivemos alguns momentos cômicos e interessantes com Data que, na sua aproximação aos seres humanos, ele tenta contar piadas a La Forge e não consegue tirar graça quando tem essa intenção, mas consegue ser bem engraçado quando não o quer, e aí essas experiências somente deixam o andróide ainda mais intrigado com os humanos.

Code of Honor" (S1:E4) Star Trek: The Next Generation Episode Summary
A Primeira escolhe seu novo marido…

Dessa forma, “Código de Honra” é um bom episódio de TNG, pois lida com a questão do estranhamento cultural, do respeito à Primeira Diretriz e com a resolução do conflito pela inteligência e não pela força. É tudo uma questão de jeito.

Star Trek TNG Code of Honor Image 24Reggie's Take.com
Uma nova hierarquia…

Batata Movies – Os Corruptos. Um Fritz Lang Muito Violento.

The Big Heat - Wikipedia
Cartaz do Filme

Mais um filme da fase americana e “Noir” de Fritz Lang. “Os Corruptos” (“The Big Heat”, 1953), é um filme bem violento para os padrões da época, de um realismo agressivo e intenso, ao bom estilo de medidas extremas para situações extremas. Para podermos analisar essa película, vamos precisar liberar spoilers de sessenta e sete anos.

Os Corruptos (The Big Heat, 1953) – Análise Indiscreta
Bannion. Um homem em busca de vingança…

Qual é o plot? A película começa com um policial se suicidando. O sargento da polícia Dave Bannion (interpretado por Glenn Ford) investiga a situação e tudo leva a crer que o policial realmente se suicidou, sobretudo depois que ele conversa com a viúva do morto. Mas uma amante do policial levanta dúvidas sobre as reais causas do suicídio. Depois disso, a amante aparece morta. Bannion começa toda uma investigação que é seguidamente obstruída por seus colegas policiais e superiores, assim como ele não consegue ir para a frente quando interroga as pessoas. Logo, Bannion percebe que há um esquema de corrupção que envolve não somente a polícia como a máfia local, liderada por Mike Lagana (interpretado por Alexander Scourby). Bannion irá ameaçar Lagana dentro de sua própria casa, o que faz os capangas do mafioso instalarem uma bomba no carro do sargento. Sua esposa irá usar o carro, o que vai detonar a bomba e provocar a sua morte. Bannion, revoltado, acusa todos os seus colegas e se desliga da polícia, iniciando uma investigação por conta própria, onde vai lançar mão de muita violência para desbaratar todo o esquema de corrupção.

The Big Heat (1953) — The Movie Database (TMDb)
Ele não mede esforços em buscar seus objetivos…

O leitor pode até lembrar que tal enredo é muito visto em filmes de cultura de violência, ao melhor estilo de porrada, bomba e tiro que vemos hoje. Mas na época, isso era uma novidade, pois o cinema não mostrava tais questões de violência cotidiana de uma forma tão crua, como, por exemplo, explodir a esposa do homem que luta por justiça, o que o torna extremamente violento contra os algozes. E aí, a gente tem que tirar o chapéu para Glenn Ford, que foi mau que nem um pica-pau nesse filme, a ponto dele tentar estrangular a viúva do policial que se suicidou, já que ela estava envolvida no esquema. Não podemos nos esquecer que estamos falando do “mocinho” do filme. Ele agiu como um rolo compressor que não parava, impondo um baita de um respeito contra seus inimigos. Entretanto, devemos mencionar outra personagem aqui. Trata-se de Debby (interpretada por Gloria Grahame), namorada de Vince Stone (interpretado por um jovial Lee Marvin, de cabelos pretos e tudo), um dos capangas de Lagana. Ela procura Bannion depois deste dar uma dura em Stone em um bar. Mas Bannion, duro como uma pedra, nada quis com a moça.

Faded Video: The Big Heat (1953)
Debby dará alguma humanidade a Bannion…

Entretanto, Stone colocou um de seus capangas para vigiar a moça e, quando ela retorna à casa do bandido, este age de forma extremamente agressiva com ela, jogando café fervendo em seu rosto e deformando-a. Posteriormente, será a vez de Debby fazer o mesmo, conseguindo sua vingança. Ou seja, uma violência explícita e crua que deve ter chocado bastante na época. Parecia que Lang tinha elencado Gloria Grahame para papel de Cristo em seus filmes, já que ela também interpretou a esposa espancada e morta pelo marido em “Desejo Humano”, que também era estrelado por Glenn Ford (e já analisado aqui na Batata Espacial). Grahame também será “sacrificada” aqui, morrendo ao final do filme. Mas ela vai ter uma importância sobre o protagonista, devolvendo um pouco da humanidade a ele, a ponto de Bannion não matar Stone quando tinha a faca e o queijo na mão para isso. Talvez o maior castigo para Stone fosse passar o resto de seus dias com o rosto deformado pelo café fervendo e preso na cadeia. No fim, optou-se pelo “happy end”, com Bannion (com a ajuda de alguns amigos, diga-se de passagem) conseguindo desbaratar todo o esquema de corrupção, prendendo os envolvidos e voltando ao seu emprego. Até defendo um “happy end” aqui, dada a crueza e violência explicita que vimos nesse filme.

The Big Heat (1953) - Debby's revenge - Gloria Grahame, Glenn Ford ...
Vingança de rostos queimados…

Dessa forma, “Os Corruptos” é um grande filme “Noir” de Fritz Lang, talvez um dos mais viscerais e agressivos ao público. Ele antecede os filmes de cultura de violência surgidos ali na década de 80, onde um herói sedento por vingança e muito violento detona todos os seus inimigos depois de ter sua família destruída por eles. Mas ainda ficou um traço de humanidade no protagonista graças à figura de Debby. Infelizmente, não temos o filme na íntegra. Fica aqui a cena em que Debby tem sua face desfigurada pelo café fervendo. Imaginem o impacto disso há sessenta e sete anos.

Batata Movies – O Tesouro Do Barba Rubra. Um Contrabandista Com Um “Filho” A Tiracolo.

O TESOURO DO BARBA RUBRA (Moonfleet, 1955) DVD legendado em ...
Cartaz do Filme

Mais um filme da fase americana de Fritz Lang. “O Tesouro do Barba Rubra” (“Moonfleet”, 1955) é um filme de época, o que garante algumas cenas de ação, mas que tem como escopo principal um drama de tons psicológicos. Para podermos falar desse filme, vamos liberar os spoilers de sessenta e cinco anos.

Tuesday Morning Foreign Region DVD Report: "Moonfleet" (Lang, 1955 ...
Uma herança expressionista logo no início do filme…

O plot fala de Jeremy Fox (interpretado por Stewart Granger), um cavalheiro que vive na Inglaterra do século XVIII numa cidadezinha chamada Moonfleet. Ele teve um caso com uma moça e esta teve um filho (não fica claro se de Fox ou não). O detalhe é que essa moça morre e, antes disso, ela envia seu filho para que Fox possa criar. O grande detalhe aqui é que Fox lidera um grupo de contrabandistas por trás de sua fachada de gentleman e viver com esse menininho não vai ser uma tarefa fácil. O garoto se chama John Mohune (interpretado por Jon Whiteley) e ele desenvolve uma afeição imediata por Fox. Irresistível, eu diria, o que vai deixar nosso rígido Fox bem melindrado. Há, ainda, uma lenda de que existe um fantasma de um pirata chamado Barba Rubra que anda pelo cemitério da cidade, assustando a todos e um diamante perdido. Enquanto o disfarce de Fox é preservado, ele até consegue manter a sua vida de gentleman e contrabandista cuidando de Mohune. Mas, quando é descoberto, ele vai precisar bolar uma estratégia para fugir e o menino passa a ser um problema para ele, ainda mais porque Mohune descobre a atividade ilícita de Fox e passa a ser perseguido pelo próprio bando do gentleman. Mas, por mais que Mohune seja um problema para Fox e ele queira se livrar do garoto, mais a consciência pesa para nosso protagonista quando ele tenta fazê-lo, sempre voltando para Mohune. Vai chegar uma hora em que a despedida será inevitável, mas ela soará como um “até breve”, onde Mohune tem a convicção de que Fox voltará para buscá-lo. Ficou para o espectador imaginar uma continuação para esse filme. Hoje em dia, talvez tivéssemos um “Tesouro do Barba Rubra II, a Volta de Jeremy Fox”, mas não foi o que aconteceu na época.

Moonfleet | Fritz Lang | Flagey
Fox e Mohune. O filme se resume nessa forte relação…

Esse é um filme que não estamos acostumados a ver Fritz Lang realizar. Um filme de época, o que exige uma preocupação com figurinos e cenários, bem cuidados, diga-se de passagem. Há um momento em que o Lang raiz retorna, exatamente nas cenas noturnas do cemitério, onde uma estátua sinistra e negra de um anjo aparece ameaçadora. Aliás, essa estátua aterroriza o nosso John Mohune bem ao início do filme, um menininho muito esperto e fofinho, com muita personalidade. Ou seja, muito carismático. Podemos dizer que ele tem as suas ambigüidades, em sua fofura e sua personalidade. Mas se há um personagem ambíguo nesse filme, ele é Jeremy Fo. Mulherengo, cavalheiro e um contrabandista que precisa controlar violentamente seus capangas que frequentemente querem se rebelar. Como se não bastasse, ele ainda precisou fazer o papel de pai postiço de Mohune. E, cá para nós, não fica muito claro se ele era apenas um pai postiço ou pai mesmo do menino. Outra coisa que fica para a imaginação do espectador. Logo, a personalidade de Fox nem pode ser considerada ambígua ao final das contas, mas sim multifacetada. O que mais chama a atenção é que ele vai ser uma boa pessoa com Mohune, o que vai um pouco na contramão da visão negativa do humano que vemos nos filmes de Lang. E a coisa se torna até comovente, quando vemos um Fox ferido ainda se preocupando com o menino para depois partir para uma fuga bem mais arriscada do que a solução que ele havia conseguido e que descartava Mohune de vez.

Moonfleet | Sabzian
O menininho amolece o contrabandista durão…

Dessa forma, “O Tesouro do Barba Rubra” é um filme de Lang que chama a atenção por ser um pouco diferente dos demais. Uma criança fofa, mas com personalidade, um pai postiço multifacetado, tudo isso tendo a Inglaterra do século XVIII como pano de fundo. O filme não chega a um primor das películas “Noir” do diretor, mas é digno de atenção. Infelizmente, não foi achada uma versão completa no Youtube. Fica aqui um trecho da introdução do filme.

Batata Movies – Suplício De Uma Alma. Pena De Morte Ou Não, Afinal?

Suplício de uma Alma - 13 de Setembro de 1956 | Filmow
Cartaz do Filme

Mais um filme da fase americana de Fritz Lang. “Suplício de uma Alma” (“Beyond a Reasonable Doubt”, 1956) é um filme que aborda a questão da pena de morte, um assunto para lá de batido. Mas, dessa vez, a questão dá um grande nó na cabeça do espectador, pois o roteiro de Douglas Morrow foi bem capicioso. Para podermos falar do filme, vamos liberar os spoilers de sessenta e quatro anos.

Out of the Past: A Classic Film Blog
Spencer e Garrerr. Unidos contra a pena de morte…

O plot é o seguinte. Um renomado jornalista, Austin Spencer (interpretado por Sidney Blackmer) tem total aversão à pena de morte. Seu futuro genro, Tom Garrett (interpretado por Dana Andrews) largou o ofício de jornalista para se tornar um importante escritor e ficou bem interessado na questão de Spencer. Os dois discutem a seguinte situação: geralmente as condenações à pena capital possuem a característica de se basear apenas em provas circunstanciais. Spencer e Garrett acreditam que podem muito bem, num eventual homicídio, plantar provas falsas para incriminar uma pessoa e provocar uma condenação injusta. Assim, quando há o homicídio de uma dançarina, eles decidem plantar tais provas de forma que isso incrimine Garrett para, depois, tendo essa estratégia toda documentada, inocentar o acusado e das um duro golpe nas condenações à morte. Assim, Spencer e Garrett colocam seu plano em prática e Garrett é incriminado. O julgamento vai a um rumo em que há toda uma situação em que Garrett vai ser condenado. O grande problema é que Spencer morre num acidente de carro onde todas as fotografias que revelavam a farsa vão ser destruídas junto com ele, pois o carro pegou fogo. E, como ele usou uma câmara tipo polaróide (pois é, ela já existia nos Estados Unidos em 1956!!!), não há negativos. Caberá a futura esposa de Garrett, Susan (interpretada por Joan Fontaine) encontrar alguma prova que inocente Garrett. Será encontrada uma carta nos documentos de Spencer, inocentando Garrett e o governador irá lhe conceder o perdão. Entretanto, numa conversa entre Garrett e Susan, a moça descobre que Garrett conhecia o real nome da morta (ela era conhecida pelo nome artístico) e Garrett jurava de pés juntos que não a conhecia (Susan vai conhecer o nome real dela, pois foi feita toda uma investigação sobre a vida pregressa da morta, à qual Susan teve acesso). Garrett vai então confessar à Susan que ele conhecia a moça morta, que ela era um antigo caso dele e que ela começou a lhe pedir dinheiro quando Garrett se tornou um conhecido escritor. A ideia de Spencer de desqualificar a pena de morte pareceu a Garrett a oportunidade ideal de se livrar da moça. Susan ficou muito abalada com a situação e, criando muita coragem, comunicou a culpa de Garrett ao governador, que lhe negou o perdão, com a pena de morte triunfante ao final do filme.

Beyond a Reasonable Doubt (1956) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Filme tem a participação de Joan Fontaine…

O filme começa com uma boa ideia: a condenação da pena de morte. E aí, é colocada toda uma situação, muito arriscada, diga-se de passagem, para se desmoralizar a pena de morte. É claro que alguma coisa teria que dar errado e Garrett ficaria numa situação muito complicada, tendo que provar sua inocência. Isso era mais do que óbvio quando vemos o plano sendo posto em ação. A gente só esperava quando a coisa fosse degringolar. Mas também ficava uma pulga atrás da orelha de até onde Garrett seria realmente culpado ou não, ou seja, um plot twist ao final. Esses eram os dois desfechos possíveis para o filme. Ou se usava um, ou se usava outro. Mas foram usados os dois, ao fim das contas. Fritz Lang sempre se disse realista e vemos um certo pessimismo em seus flmes quando ele aborda a questão humana. Esse pessimismo cai como uma luva quando vemos como a pena de morte é tratada. Se condenada ao início da película, ao final o espectador já não tem tanta razão dessa condenação devido à natureza sórdida de Garrett que é revelada nos momentos finais. Isso faz com que todo o esforço de Spencer caia por terra, e o mais cruel ainda, depois de morto o jornalista. Como se o acidente que provoca a sua morte funcionasse como uma espécie de punição pela tentativa de se questionar e atacar a pena de morte, que sai do filme totalmente soberana. Tirar a pena de morte da lei significa deixar um assassino impune. Ou seja, ela precisa existir, já que o ser humano é capaz das atitudes mais violentas. Essa acaba sendo a mensagem final do filme. A pena de morte é um mal necessário pela vilania humana e quem tentar mexer com ela acaba severamente punido. Nada mais agônico.

SUPLÍCIO DE UMA ALMA
Um assassino, que se faz de inocente, que se faz de assassino…

Assim, “Suplício de uma Alma” é mais um intrigante e inquietante filme de Fritz Lang. Se a película começa com uma tentativa louvável de se acabar com uma medida tão extrema, seu final pessimista mostra que tal medida é necessária, pois a humanidade nada tem de virtuosa. Infelizmente, não temos o filme na íntegra. Veja o trailer abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=shZfVgoCJUk

Batata Movies – O Desprezo. Odiando A Brigitte Bardot.

O desprezo (1963) | Cineminha Zumbacana
Cartaz do Filme

Vamos fazer aqui um pequeno parênteses nos filmes de Fritz Lang, mas nem tanto. Falemos de uma obra de Jean Luc Godard, “O Desprezo” (“Le Mépris”, 1963), onde o diretor alemão interpreta ele mesmo, sendo aqui mais uma curiosidade na carreira de Lang, embora ele não tenha, nesse filme, um protagonismo. Pareceu muito mais uma homenagem de Godard ao cineasta do que qualquer coisa. Para podermos falar desse filme, vamos liberar os spoilers de cinquenta e sete anos.

Revoir Le Mépris | Premiere.fr
Paul e Camille. No início, tudo parecia ir bem…

A trama se passa em volta de um casal, Camille (interpretada por Bardot) e Paul (interpretado por Michel Piccoli). Ela, uma datilógrafa que abandonou a profissão para se casar. Ele, um dramaturgo que está escrevendo um roteiro sob contrato. O filme é produzido por um americano, Jeremy Prokosch (interpretado por Jack Palance) e que vai ser dirigido por Fritz Lang. Tudo corre às mil maravilhas com o casal, até que eles vão ao set de filmagens e Prokosch quer levá-los para beber algo, mas não há vagas no carro dele para todos. Paul deixa sua esposa ir juntamente com Prokosch sozinha com ele e arruma outro jeito para ir ao local da tal bebida demorando cerca de meia hora para chegar. Quando Paul chega lá, sua esposa muda da água para o vinho no trato para com ele. Camille se torna arredia, grosseira e despreza o marido. Toda essa situação vai continuar no resto do relacionamento dos dois, que acaba ruindo de vez. O grande detalhe aqui é que o filme tem como tema a saga de Ulisses, que também tem o seu relacionamento com Penélope abalado, onde podemos ver paralelos da adaptação da História Grega no roteiro com a vida de Paul e Camile.

A hora da xepa - Link - Estadão
Mas com o tempo, tudo muda…

Confesso que nunca morri de amores por Godard. E juro, de pés juntos, que faço um esforço desgraçado para me aprofundar mais em suas obras e recursivamente tento ver seus filmes. Mas parece que meu santo não bate com o dele mesmo, pois achei esse filme uma DR infindável e insuportável, a ponto de se odiar a Brigitte Bardot. Ponto para ela, pois se mostrou uma grande atriz. Mas foi cansativo e extremamente agônico esse embate entre Paul e Camille, sendo que esta última ficou irredutível quando Paul cedeu a ela um lugar no carro de Prokosch. Teria ele querido não mostrar ciúmes? E se ele fosse ciumento e possessivo, Camille gostaria? Ou então, Camille achou que ele a estava usando para conseguir favores de Prokosch? Bem neurótico, como podemos ver. E, por mais que Paul tentasse entender o que acontecia na cabeça de Camille, ela se mostrou totalmente irredutível, a ponto de acabar com o relacionamento de uma hora para outra, algo que não parece minimamente racional ou até crível. Aí fica por conta do romance escrito por Alberto Moravia. Agora, pior do que essa DR um tanto sádica e mal explicada, foi o desfecho. Camille escreve uma carta comunicando a Paul que está o deixando e seguindo com Prokosch para Roma. Na estrada, depois de passar por um posto de gasolina, o carro bate num caminhão provocando a morte dos dois, tal como se isso fosse um castigo, uma punição tanto para Camille por ter sido cruel com Paul quanto como para Prokosch por ter ficado de olho na mulher dos outros. Fina ironia de uma moral cristã? Sabe-se lá.

O DESPREZO | Cinema em Cena - www.cinemaemcena.com.br
Camille passa a desprezar severamente Paul…

E Lang? Apesar de sua posição periférica na película, gostei muito dele, pois Lang representava o cinema puro, contra os interesses meramente econômicos de Prokosch. E, toda vez que pintava uma querela no filme, seja nas diferenças de ponto de vista de Lang e Prokosch ou até no dilema conjugal entre Paul e Camille, o diretor somente levantava os dois braços como se quisesse dizer: “fazer o que, né?”.

Morre o ator francês Michel Piccoli, aos 94 anos - Jornal O Globo
Uma DR insuportável…

Mas o que mais marcou foram as palavras do diretor condenando o crime passional, afirmando que a morte não resolve nada nesse sentido, pois se o homem traído mata a mulher amada, ele fica sem ela, e, se mata o amante, a mulher passa a odiá-lo, e o homem traído fica sem ela também. Tal pensamento só aumenta a ironia do desfecho do filme, com a morte acidental de Prokosch e Camille, além do fato de que Paul desiste de escrever o roteiro, que o fazia por Camille e para dar um conforto financeiro maior para a mulher. Paul larga o set de filmagem depois de se despedir de Lang e vai voltar para a sua atividade de dramaturgo, onde ele realmente se realiza.  

O DESPREZO – Cinemarden
Lang tem ótimos momentos, apesar de sua posição mais periférica no filme…

Dessa forma, se “O Desprezo” mostra uma DR que beira o insuportável e está presente em grande parte do filme, pelo menos as discussões e embates do cinema como arte e como atividade econômica são bem pertinentes, além de termos a oportunidade ímpar de ver Lang atuando (confesso que, para mim, ele não foi mal; há um mito de que os diretores são péssimos atores, não vi isso aqui), onde sua reflexão sobre o crime passional teve um destaque no filme. É por isso que tal película está na minimostra de Fritz Lang que a Batata Espacial faz para o público cinéfilo. E você pode ver esse filme de Godard na íntegra abaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=ITHTbewUF-c

Batata Movies – No Silêncio De Uma Cidade. A Guerra Pelo Quarto Poder.

While the City Sleeps (1956) DVD, NEW!! Dana Andrews, Rhonda ...
Capa de uma edição em DVD

Mais um filme da fase americana de Fritz Lang. “No Silêncio de uma Cidade” (“While the City Sleeps”, 1956) nos mostra uma verdadeira guerra pelos louros da liderança no quarto poder, ou seja, a imprensa. Um ambiente que mostra até onde a ética pode ser jogada para escanteio em nome da competição. Para podermos falar desse filme, vamos precisar liberar os spoilers de sessenta e quatro anos.

While The City Sleeps Year 1955 Director Fritz Lang Dana Andrews ...
Um baita de um elenco. Da esquerda para a direita: Ida Lupino, Dana Andrews e a louríssima Rhonda Fleming…

O plot é o seguinte. Há um serial killer pela cidade de Nova York matando moças jovens e bonitas. Isso será noticiado na grande mídia, sobretudo no conglomerado de comunicações de Amos Kyne, que reúne jornais, canais de TV e outras mídias. Mas Amos está radicalmente doente e acaba morrendo, mesmo sob os cuidados de sua enfermeira Miss Dodd (interpretada por Celia Lovsky), a T’Pau de Jornada nas Estrelas, no episódio “Amok Time”). O filho de Amos, Walter Kyne (interpretado por um jovial Vincent Price sem bigode), assume o conglomerado. Walter não tem muita experiência no ramo mas decide criar um cargo de megadiretor executivo de todo o conglomerado e três funcionários em posições estratégicas do conglomerado, e que eram vistos com muito zelo por Amos terão que mostrar ao novo patrão todas as suas competências para serem escolhidos por Walter para o tal megacargo. Eles são: Mark Loving (interpretado por George Sanders), John Day Griffith (interpretado por Thomas Mitchell) e “Honest” Harry Kritzer (interpretado por James Craig). Essa será uma competição selvagem por esse alto posto, para o deleite de Walter e para a indignação de nosso protagonista, o âncora de telejornal Edward Mobley (interpretado por Dana Andrews). Nessa disputa, Mobley ficará mais ao lado de Griffith, embora, inicialmente, ele não escolhesse alguém especificamente. O mote da disputa entre os funcionários era solucionar o caso do serial killer. E quem tinha mais recursos para isso era justamente Mobley, pois ele tinha contatos bem sólidos na polícia. Para isso, nosso protagonista bonachão vai usar como isca a sua namorada, Nancy Liggett (interpretada por Sally Forrest), que é a secretária de Loving. Existem outros elementos que vão apimentar ainda mais essa história, como o caso entre Kritzer e Dorothy (interpretada pór Rhonda Fleming), que é a esposa de Walter Kyne, e a presença da sensual e voluptuosa Mildred Donner (interpretada pela irresistível Ida Lupino), que funciona como uma espécie de espiã para os funcionários que disputam o megacargo, lançando mão até de sedução e favores sexuais.

While the City Sleeps Blu-ray Release Date March 13, 2018 (Warner ...
Mobley vai usar a namorada Nancy como isca…

Esse é um filme que tem uma série de atores que despertam nossa atenção. Além dos nomes principais e de Celia Lovsky, o serial killer é interpretado pór ninguém mais, ninguém menos que John Barrymore Jr., filho de um ator da fase muda que dispensa apresentações e pai de Drew Barrymore. A mãe do serial killer é interpretada simplesmente por Mae Marsh, que trabalhou nos primórdios do cinema com o famoso diretor David Wark Griffith em filmes como “Intolerância”. Mas podemos dizer aqui que a grande vedete da película é realmente a história, baseada em mais um roteiro adaptado que, assim como o imortal “Cidadão Kane”, fala de um magnata das comunicações e seu conglomerado. Mas aqui o grande chefe brinca em sua jovialidade arrogante com funcionários que seu finado pai tinha em grande estima. E os meandros dessa disputa exibem as entranhas do conglomerado onde funcionários assustados com a perda de seus empregos competem de uma forma feroz pelo novo cargo, ao bom estilo da sociedade capitalista americana, com exceção de Kritzer, que já tinha preocupações suficientes em acobertar o caso com a esposa do chefão.

While The City Sleeps (1956) | Fritz Lang's underrated film noir ...
Juntando os cacos no bar, depois da disputa insana por um cargo…

O personagem de Mobley aqui é um caso curioso, pois ele repudia a falta de ética de Walter ao criar essa disputa mas, ao mesmo tempo, lança mão de elementos pouco virtuosos como colocar sua namorada Nancy (a única personagem totalmente virtuosa da película) como uma isca para atrair o serial killer e, como se não bastasse, flertasse com Mildred, mesmo sabendo que ela era o fazia para lhe arrancar informações em benefício de Loving, chegando bem perto de ir para a cama com ela. Na verdade, só não o foi, pois bebeu que nem um condenado, ainda achando que não tinha feito nada demais quando Nancy ficou revoltada da vida com ele (ecos da sociedade ultramachista da década de 50). Ou seja, Mobley é o personagem ambíguo que já vimos em vários filmes “Noir” de Lang por aqui. Mildred, por sua vez, é a fêmea fatal também reaparecendo. O leitor sentiu falta das “culturas primitivas”? Dê então uma olhadinha na decoração da sala da casa de Walter, com motivos orientais. Adicione a trama policial pelos assassinatos e podemos dizer que esse filme realmente se aproxima do “Noir”, embora haja pouco claro/escuro por aqui.

While the City Sleeps - Fritz Lang
Making of!!!! Lupino, Andrews e Lang debatem a cena…

Dessa forma, “No Silêncio de uma Cidade” é mais um filmaço de Lang, onde disputa capitalista é a personagem principal, que conta com um baita de um elenco, seja ele nos atores principais, seja ele nos atores coadjuvantes, e ainda temos novamente elementos do cinema “Noir”. Vale a pena procurar em DVD (infelizmente, não o achei completo no Youtube dessa vez, fique com o trailer abaixo).