Mais um filme de Fritz Lang. “Conquistadores” (“Western Union”, 1941) fala da saga da instalação da linha de telégrafo de Omaha a Salt Lake City e todas as dificuldades a serem superadas nessa empreitada. Mais um film com spoilers (de setenta e nove anos) liberados.
A película começa com um criminoso sendo perseguido. Ele é Vance Shaw (interpretado por Randolph Scott). Seu cavalo não consegue mais levar a cabo a fuga e ele precisa roubar o cavalo de um homem ferido. Ele, com peso na consciência, não consegue deixar o homem para trás e o salva, deixando-o num lugar onde pode receber assistência, e fugindo novamente. O tempo passa e o homem ferido, chamado Edward Creighton (interpretado por Dean Jagger) mostra ser o responsável por instalar a linha de telégrafo da Western Union. Coincidentemente, ele se reencontra com Vance Shaw, contratando-o para trabalhar. Edward tem uma irmã, a bela Sue Creighton (interpretada por Virginia Gilmore), que será disputada por Shaw e pelo recém-chegado Richard Blake (interpretado por Robert Young), que também vão se tornar amigos.
Mas a empreitada da instalação dos fios do telégrafo pelo velho oeste não será algo fácil. Uma tribo indígena não vai aceitar a instalação da linha por suas terras, o que vai obrigar Edward a fazer uma missão diplomática para conversar com o chefe, tendo Shaw como intérprete. Mas o pior problema será um grupo de mercenários do Missouri, cujo líder é irmão de Shaw, e que trabalham para os exércitos confederados do sul, onde eles vão fazer de tudo para que a linha de telégrafo yankee da Western Union não consiga ser instalada. Shaw vai ficar numa tremenda saia justa ante os ataques da gang de seu irmão e vai perder a confiança de Edward. Shaw, então, vai ter que tomar uma atitude drástica.
Se em “O Retorno de Frank James” vimos um Western com outros elementos como a presença marcante da guerra de secessão e um julgamento altamente cômico, “Conquistadores” é um Western mais de raiz, com direito a duelos entre o mocinho e o bandido pela cidade e ataques de índios a brancos. De qualquer forma, o filme mostra alguns elementos interessantes, como o empreendimento de se instalar a linha telegráfica pelos rincões do velho oeste. E o diálogo entre Edward e o chefe índio, tendo Shaw como intérprete. A conversa foi feita em tons bem diplomáticos e dentro dos parâmetros culturais dos indígenas, mesmo que depois os brancos saiam caçoando dos índios. Impossível não se lembrar das alusões às “culturas primitivas” nos filmes de Lang, embora não tenhamos certeza de que isso tenha sido uma influência de Lang (eu acredito que não, pois o cineasta somente dirigiu o filme, não escrevendo o roteiro ou produzindo o filme). Por sua vez, é interessante ver novamente a guerra de secessão influenciando a história do filme, embora um pouco menos que em “O Retorno de Frank James”. Em “Conquistadores”, a guerra serve como um pretexto para colocar Shaw e seu irmão em pólos opostos, onde a linha de telégrafo acaba sendo ameaçada. O filme ainda teve um bom alívio cômico com Slim Summerville interpretando Herman, o cozinheiro que não queria estar na expedição e passava pelas situações mais engraçadas.
Dessa forma, “Conquistadores” é um filme Western mais raiz de Fritz Lang, embora traga a curiosidade da instalação da linha de telégrafo, o alívio cômico do cozinheiro, a guerra de secessão como um elemento a dividir dois irmãos e a interessante conversa diplomática entre brancos e índios. Vale a pena dar ma conferida no filme na integra abaixo.