E finalmente chega (?) “Jornada nas Estrelas, Lower Decks”. A franquia passa por altos e baixos desde a chegada do Abramsverso em 2009. Alguns fãs gostam, outros fãs não. Tudo sempre tem seus pontos positivos e negativos. Discutimos exaustivamente aqui as séries “Discovery” e “Picard”, com um saldo não tão positivo assim, pelo menos para este escriba que vos fala. E, como não pode deixar de ser, vamos agora falar de “Lower Decks”, que vem com uma proposta nova: fazer uma animação em tons de comédia para a franquia. Para a gente poder falar dessa estreia, vamos lançar mão de spoilers.
Qual é a impressão inicial? A meu ver, foi boa. Nada de muito espetacular, mas é um episódio que diverte e entretém. A proposta justamente é colocar em foco a tripulação de uma nave estelar que não tem muita importância hierárquica. Não são os oficiais sêniors os protagonistas aqui. Aliás, eles são investidos de uma empáfia e arrogância acima dos limites. Mas, devemos nos lembrar, aqui a vibe é outra. É uma coisa para rir mesmo. A começar pelo nome da nave, que tem nome de salgadinho da Elma Chips: Cerritos. Sem falar que os protagonistas da série, por possuírem patentes menores, são mais jovens e inexperientes, o que faz com que eles se metam em situações engraçadas o tempo todo. O primeiro personagem a ser apresentado é o alferes Brad Boimler, que gosta de seguir direitinho as regras, além de fazer vários diários de bordo além da conta. Sua amiga, a alferes Beckett Mariner, é, digamos, um tanto hiperativa e é o oposto de Boimler, sempre passando por cima das regras, mas tem muita experiência com situações de campo, pois sempre é expulsa de onde está por questões de indisciplina, sendo um tanto rodada na Frota Estelar. A alferes Tendi é uma moça de Órion (é toda verdinha, portanto) que está muito impressionada em servir numa nave estelar e vai trabalhar na enfermaria. Já Rutherford é um engenheiro aprimorado ciberneticamente.
Duas histórias paralelas são desenvolvidas no primeiro episódio, ao bom estilo das histórias A e B que víamos nas séries mais antigas de Jornada nas Estrelas. Na história A, vemos Boimler sendo obrigado a vigiar sua amiga Mariner a mando da capitã Freeman (depois sabemos que Mariner é filha da capitã, que está preocupada com o histórico de indisciplinas da filha, sendo mudada constantemente de posto pela Frota Estelar) na superfície do planeta onde se está fazendo o segundo contato. E, na segunda história, o primeiro oficial Ransom é picado por um inseto e se torna extremamente agressivo, atacando as pessoas a dentadas, passando essa doença para os demais tripulantes. No meio de toda essa turbulência e do alerta vermelho, o engenheiro Rutherford se encontra com uma alferes que se apaixona por ele, mas o engenheiro não é esperto o suficiente para perceber isso. Será Boimler que trará o antídoto para a doença, já que ele foi “chupado” por uma aranha gigante que funciona como vaca de uma fazenda da superfície do planeta alienígena e cuja gosma é o antídoto.
Assim, “Jornada nas Estrelas Lower Decks” é uma série engraçada, tendo os seus momentos de humor pesado e negro. Alguns comentários por aí dizem que a série se aproxima um pouco da animação “Ricky and Morty”, mas confesso que não vi essa última. De qualquer forma, as piadas mais pesadas não chocam muito,e o saldo da série foi positivo para esse episódio, o que já é muito se nos lembrarmos das críticas mais contundentes a Discovery e Picard. Vale a pena dar uma conferida e torcer para que a animação chegue ao Brasil pelo menos por algum canal de streaming.