Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (S01 Ep03), Mais Uma Vez. Um Sabor De Paradoxo Temporal.

Time and Again (episode) | Memory Alpha | Fandom

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, revisitemos Voyager no terceiro episódio da primeira temporada intitulado “Mais Uma Vez”.

Qual é o plot desse episódio? A Voyager é atingida por uma onda de choque e a análise da mesma indica uma detonação. Janeway manda a nave para o sistema estelar de onde veio a onda para investigar. Com a onda de choque, Kes sofre uma grande perturbação e vai para a ponte. A fonte da onda de choque veio de um planeta classe M que tinha uma civilização mas agora não tem sinais de vida. Um grupo avançado desce à superfície e encontra ruínas. Uma detonação polárica incinerou toda a civilização. Janeway encontrou indícios de que não houve uma guerra, mas sim que íons poláricos eram usados como fonte de energia, uma verdadeira bomba-relógio prestes a detonar.

Star Trek: Voyager Rewatch: “Time and Again” | Tor.com
Kes. Sentindo as perturbações da destruição de um planeta…

Na Voyager, Kes diz a Neelix que viu os corpos da civilização queimarem e diz que seu povo tem habilidades mentais. Neelix não acredita muito nisso, mas conforta a esposa.

Na superfície, Paris tem visões da civilização que morreu e é concluído que há fendas subespaciais na superfície do planeta. Janeway e Paris vão para a civilização no passado e perdem contato com a nave e o grupo avançado. Paris, que havia visto um relógio nos escombros, vê o mesmo agora na realidade do planeta e estima que ele será destruído em um dia.

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Janeway e Paris voltam ao passado e tentam entender o que aconteceu com o planeta…

Na Voyager, a tripulação discute uma forma de resgatar Janeway e Paris. Eles, ao analisarem as fendas, já sabem que elas se expandiram para o passado. O problema será localizar Janeway e Paris no momento exato do passado e abrir a fratura subespacial.

Kes e Neelix vão ao Doutor para exame da moça. O Doutor novamente fica indignado de não saber que há tripulantes novos na nave e que Janeway desapareceu. Mas diz que Kes está em perfeita saúde.

Na superfície do planeta, Janeway e Paris decidem enviar uma bóia subespacial para a Voyager detectá-los, mas não farão nada para evitarem a destruição do planeta, pois violariam a Primeira Diretriz. Paris não aceita muito a ideia. Depois de botar um garoto desconfiado da presença deles para correr, Paris e Janeway têm a ideia de usar a energia dos íons poláricos para voltar para onde estavam, já que a explosão de íons poláricos criou as fendas subespaciais (ou seja, uma tecnobabble básica). O problema é que eles precisam ir aonde estão os geradores de energia polárica e esse lugar está passando por uma convulsão social. Paris e Janeway entram no bolo e são agredidos, sendo levados por um homem para longe dos guardas.

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Paris e Janeway são agredidos na região dos geradores de força…

Na Voyager, a tripulação desenvolveu uma espécie de gerador que abre fendas subespaciais que será usado na superfície do planeta, mais especificamente onde Janeway e Paris desapareceram. Kes pede a Chakotay para ir à superfície, já que testemunhou toda a tragédia mentalmente.

No planeta, o homem que levou Janeway e Paris agora está com mais dois e eles acreditam que Janeway e Paris são espiões que investigam o grupo do qual os três homens fazem parte e que são contra as usinas de energia polárica. Janeway e Paris estão com altos índices de radiação no corpo por causa da tragédia com a energia polárica e os três homens acham que eles estiveram antes na usina, algo que Janeway e Paris negaram. Janeway é obrigada a abrir o jogo e diz que é capitã da Voyager. Ela também sente a presença de Kes, que está com o grupo avançado na superfície do planeta, procurando o melhor lugar para abrir uma fenda espacial. A ocampa também sente a presença de Janeway e comunica isso ao grupo avançado, que procura pela fenda com o tricorder.

Janeway conta toda a história para um dos homens. O grupo dele pretende atacar uma usina de energia e isso provavelmente vai levar à detonação. Janeway violou graciosamente a Primeira Diretriz sob o olhar perplexo (e cínico) de Paris. Mas o homem não acreditou muito na história de se voltar do futuro, das fendas subespaciais, etc.

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Doutor Personagem mais uma vez bem trabalhado…

O grupo avançado consegue localizar Janeway e Paris e ligam o tal gerador. Chakotay consegue acionar o comunicador de Janeway, mas os homens do grupo acham que é outra de suas mentiras. Eles tiram os comunicadores de Janeway e Paris e os levam. Uma fenda se abre sobre os comunicadores, mas se fecha depois de uns instantes. Só que não há mais ninguém na sala quando isso acontece. Enquanto são conduzidos pelo grupo, Paris pergunta a Janeway da violação da Primeira Diretriz e esta diz que a simples presença da Voyager lá já pode ter alterado o destino do planeta, pois quando eles voltam para o passado, o grupo, que queria atacar a usina em uma semana, decide antecipar o ataque para o dia seguinte, por causa de Janeway e Paris. Ou seja, evitar um ataque à usina e evitar a destruição do planeta agora era um problema da Voyager.

Os tripulantes da Voyager especulam que Janeway irá ao ponto da explosão e fazem nova tentativa. Janeway, ao chegar a usina, se recusa a ajudar o grupo que a apreendeu juntamente com Paris e isso detona um tiroteio onde Paris é ferido. O grupo entra na usina e Janeway os persegue. Já o grupo avançado chega à usina, mas no futuro, um dia depois, mas não consegue localizar Janeway. Entretanto, Kes diz que Janeway esteve lá. Janeway, por sua vez, rende o grupo e diz para eles esperarem até o momento da detonação. Céticos, eles esperam. O gerador começa a funcionar no grupo avançado e ele começa a abrir uma fenda subespacial perto dos conduítes de energia polárica, ou seja, será esse evento que detonará a explosão e não a sabotagem do grupo, como Janeway pensava. Janeway pede o seu phaser para um dos homens do grupo para deter a fenda que se abre. Quando ela faz isso, ela altera o fluxo dos acontecimentos. Todos desaparecem de onde estão e voltamos ao início do episódio. A onda de choque não se dá mas o planeta classe M é localizado. Como Neelix não conhece a civilização, Janeway não dá muita bola para o planeta. Mas Kes aparece na ponte falando da destruição. Kes pede para Janeway mostrar o planeta na tela, onde não se vê sinais de destruição, o que tranquiliza a ocampa. O planeta também é sondado e Tuvok diz que ele tem uma civilização humaniode provavelmente em estágio pré-dobra. Janeway diz que, pela Primeira Diretriz, esse planeta não deve ser investigado e diz para catalogar o planeta e continuar a viagem. Fim do episódio.

Captain Janeway and Tom Paris - Time and Again | Star trek voyager ...
Janeway e Paris tentam explicar o que vai acontecer ao planeta…

O que podemos dizer do episódio Mais Uma Vez? Em primeiro lugar, foi um episódio que seguiu mais ou menos a vibe do episódio anterior, “Paralaxe”, ou seja, um episódio de ficção científica raiz na história principal que aborda a questão espaço-temporal. Mas, se em “Paralaxe”, o mote foi um paradoxo espacial, em “Mais Uma Vez”, temos mais uma questão de paradoxo temporal. Um planeta que sofre uma tragédia tudo isso em virtude da presença da Voyager nas imediações, que afeta o fluxo temporal. O que provoca a explosão que destrói a superfície do planeta? À medida que assistíamos o desenrolar da história, mais parecia que foi a sabotagem do grupo contrário ao uso de energia polárica que tinha provocado a tragédia. Mas foi o próprio resgate do grupo avançado a Janeway que iria provocar a tragédia. Tudo iria por água abaixo não fosse a percepção aguçada de Janeway, repitamos aqui, uma renomada cientista além de capitã de nave estelar. Se num primeiro momento, ela defende a aplicação da Primeira Diretriz e não quer intervir no destino do planeta, ao perceber que a presença dela e de Paris anteciparam os eventos da sabotagem, a capitã sente que a presença da Voyager afeta a sequência dos eventos, justificando a violação da Primeira Diretriz e Janeway decide intervir. Ou seja, um clássico episódio de paradoxo temporal.

No mais, foi um episódio onde mais uma vez o Doutor foi um alívio cômico, repetindo a piada de que ele nunca é comunicado sobre nada que acontece na nave, pois ele é tratado como um mero holograma. Ou seja, uma piada que é novamente usada, tornando-se um pouco enfadonha. Com relação â construção de personagens, vimos mais um avanço em Janeway no seu feeling científico e uma sensitividade de Kes, que foi determinante em localizar Janeway nas fendas subespaciais.

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Foi a Voyager que ia causar a destruição de tudo…

Dessa forma, “Mais Uma Vez” é um episódio que mostrava uma tendência, ao início da temporada de Voyager, de se fazer episódios focados numa boa ficção científica. Paradoxos espaciais e temporais eram a vedete que mostravam a astúcia da capitã com assuntos de ordem científica.

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… e Janeway, um dia no futuro, evita a catástrofe…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 02), Envoys. Desentendimento Com Culturas.

Star Trek: Lower Decks “Envoys” – the agony booth
A amiga do Klingon…

O segundo episódio da primeira temporada de Jornada nas Estrelas Lower Decks, “Envoys”, aborda, de forma mais pronunciada que no primeiro episódio, a questão da diferença entre culturas. Para podermos falar mais desse episódio, vamos precisar dos spoilers.

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Rutherford e Tendi. Uma amizade fofa…

O episódio começa com Mariner e Tendi conversando quando um ser de energia com espírito conquistador e maligno invade a nave. Mariner imediatamente o domina e o ser suplica para ser libertado, dizendo que pode sintetizar qualquer coisa. Ela pede então um tricorder com bateria e ele o sintetiza, ficando bem pequeno. As duas vão embora e a forma de vida, bem pequenininha, tenta atacar a capitã e desaparece.

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Uma parada de “emergência”…

Boimler comunica a Tendi e Mariner que vai escoltar um Klingon, o General K’orin, até um planeta uma espécie de missão diplomática. É claro que Mariner vai fazer pouco caso disso, enquanto Boimler vai treinando palavras klingons para se comunicar com o general. Enquanto isso, Rutherford sai todo feliz de um tubo jefferies depois de muito trabalho duro. Mas ele vai voltar para recalibrar, feliz da vida. Tendi então o lembra de que eles iam ver juntos um pulsar, o que implica que ele vai ter que faltar seu trabalho. Mas, como um homem da Frota Estelar, ele não volta atrás em suas promessas e vai ver o pulsar com Tendi, o que vai implicar que ele precisa mudar de função na nave. Rutherford pede ao seu superior na Engenharia para procurar outra função e, quando acha que vai receber uma grande bronca, recebe a autorização e os parabéns de todos. Enquanto isso, Boimler chega à nave auxiliar e encontra Mariner lá dentro. Ela mexeu uns pauzinhos para ir com Boimler, que ficou como seu co-piloto, para desespero dele. Quando o General K’orin chega, Boimler o aborda cheio de formalidades, enquanto que Mariner o ataca, para depois caírem na risada. Os dois são velhos conhecidos, para surpresa de Boimler. Durante a viagem, o Klingon se embebeda com Mariner e suja toda a nave. A pedido do General, eles descem num distrito Klingon do planeta. Quando eles chegam lá, o Klingon está dormindo de tão bêbado. Boilmer e Mariner saem da nave, com o primeiro reclamando muito de tudo o que está acontecendo, enquanto que Mariner bota panos quentes. Mas o Klingon acorda e rouba a nave, uma prática corriqueira dele, segundo Mariner. Os dois começam a ir atrás do Klingon, e Boimler passa por tremendas saias justas com várias culturas no planeta por sua inexperiência. Ele não entende por que isso acontece, já que ele passa horas na biblioteca estudando as culturas. Mariner recebe uma informação de que K’Orin está numa cidade andoriana e lá, Boimler provoca um briga generalizada num bar. Mariner para a briga pagando cinco rodadas de bebida para todo mundo com o dinheiro que ela roubou de um alienígena e Boimler, chateado, senta num canto se sentindo um inútil e pensando em desistir de tudo, jogando sua insígnia longe, todo choroso. Ainda procurando K’orin, eles se deparam com um ferengi que oferece um transporte. Boimler, sabendo da reputação dos ferengis, se nega, mas Mariner quer aceitar. Boimler chama a atenção de Mariner sobre os ferengis, mas a moça, se achando a sabichona, aceita, achando que o ferengi é um boliano. Boilmer pergunta qual é o código de pouso da nave ferengi e o ferengi puxa uma faca. Boimler desarma o ferengi com um phaser e diz a Mariner que estava certo. Eles encontram a nave auxiliar com K’orin dentro, desmaiado e bêbado, e deixam em frente à sede da Federação no planeta.

From Horga'hns To The Janeway Protocol, 'Star Trek: Lower Decks ...
Apuros no holodeck…

Na nave, Rutherford está no holodeck com o primeiro oficial testando situações de comando na ponte, e a experiência é um desastre total, sempre destruindo a nave ou causando muitas mortes. Rutherford, então, vai para a enfermaria e recebe da médica a ordem de conversar com um paciente para acalmá-lo, mas só consegue deixá-lo mais nervoso ainda. A médica, então, sugere que ele tente a segurança. Numa simulação com borgs, ele consegue destruir vários, e parece que finalmente Rutherford encontrou a sua verdadeira aptidão. Mas ao ver uma moça saindo de um tudo jefferies, ele decide que a engenharia é sua verdadeira paixão.

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Problemas com a diversidade cultural…

Na nave auxiliar, Mariner pede que Boimler mantenha em segredo que ela foi enganada por um ferengi e ele diz que não vai contar, pois estão num círculo de confiança. Mas na nave, ele espalha para todo mundo no bar. Mariner sai sem graça do bar depois de ser zoada. Na sua cama, no corredor da nave, ela conversa com seu padd com o ferengi do planeta. Ou seja, Mariner armou tudo para parecer uma tola perante Boimler e fazer o amigo reconquistar a autoconfiança. Já Rutherford disse a Tendi que o lugar dele é na engenharia e que não vai poder acompanhar com ela o pulsar no mirante. A moça de Órion diz que não tem problema e que ia acompanhar do padd mesmo, sendo que ela somente queria uma companhia. O episódio termina com os dois dentro do tubo jefferies, com Tendi olhando o pulsar pelo padd e Rutherford olhando uma peça no tubo jefferies, com os dois maravilhados com o que veem.

From Horga'hns To The Janeway Protocol, 'Star Trek: Lower Decks ...
Um ferengi!!!

O que podemos falar de “Envoys”, o segundo episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks? Em primeiro lugar, esse foi um episódio muito melhor que o primeiro, no que tange ao relacionamento entre os personagens. Novamente tivemos uma História A eee uma História B, sendo que elas não interagiram no final. Na História A, Boimler e Mariner levam o General Klingon para um acordo de paz e acabam perdendo não somente o general como a nave auxiliar. Na busca pelo general e pela nave, Boimler, com a sua experiência de antropólogo de gabinete (ou seja, de um antropólogo que nunca interagiu realmente com culturas e só sabe a teoria), quebrava a cara sistematicamente, sendo sempre socorrida por Mariner, a que tinha a experiência de campo e zero de academicismo. Isso fez com que Boimler se sentisse o pior dos mortais e quisesse desistir de sua carreira. Mas aí Mariner armou o seu desconhecimento sobre os ferengis para que o amigo reconquistasse sua confiança, mesmo que ele a zoasse indefinidamente depois disso. Vemos aí a virtude da camaradagem em Mariner, que é considerada a personagem porra louca e indisciplinada da série, o que foi algo bem bacana. Na História B, vimos também Rutherford abrindo mão de sua carreira na engenharia num primeiro momento para poder assistir a um pulsar com sua amiga Tendi, ou seja, ele faz uma espécie de sacrifício pessoal por sua amiga, mesmo que depois ele retorne à engenharia Foi algo engraçadinho ver o final do episódio com os dois no tubo jefferies, uma vendo o pulsar no padd, outro olhando para as máquinas do tubo jefferies. Está faltando somente Rutherford ser menos tapado para rolar até um clima entre os dois.

Lower Decks Recap: “Envoys” (Season 1, Episode 2) – Women at Warp
Dando uma de boba para recuperar a autoestima do colega…

Dessa forma, “Envoys” foi um bom episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, sendo melhor que o primeiro, rolando uma boa química entre Boimler e Mariner e entre Rutherford e Tendi, com o episódio construindo uma melhor interação entre os personagens. Vamos ver o que vem por aí.

The second episode of Lower Decks continues to make Star Trek fun ...
Um par bem menos conflituoso…