Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, A Nova Geração (S01, Ep 07), Justiça. Interpretações Da Lei.

Dando sequência às análises de episódios de Jornada nas Estrelas, voltamos a TNG, mais especificamente ao sétimo episódio da primeira temporada, intitulado “Justiça”.

O plot é o seguinte. A Dra. Crusher acha que a tripulação precisa de uma licença, depois de uma cansativa missão. Foi encontrado um planeta de Classe M, Rubicon III, a princípio perfeito: uma população amável e hospitaleira. Picard pergunta várias vezes aos seus tripulantes que estiveram na superfície do planeta se não há algum problema lá e eles são categóricos em dizer que não.

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Um planeta hedonista…

Um grupo avançado chega ao planeta e é recebido pelos nativos com abraços e muito carinho. Enquanto isso, a Enterprise detecta um estranho e gigantesco objeto. Uma forma de vida energética entra na nave e pergunta o que a tripulação faz no planeta. Picard diz que é uma visita pacífica. A forma de vida pergunta se eles vão deixar tripulantes no planeta, assim como o fizeram no planeta anterior (a missão descrita acima foi a colonização de um planeta desabitado). Picard diz que não. A forma de vida diz para não interferirem com os habitantes de Rubicon III, encosta na testa de Data e faz o robô desligar.

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Curtindo os prazeres da vida…

Na superfície do planeta, Riker tenta contato com a Enterprise, mas não consegue. Ele e Troi vão procurar Wesley (sempre ele!), que está com um grupo de adolescentes, para retornar à nave. Worf vai procurar Tasha e, ao encontrá-la, escuta dos habitantes locais que há muito tempo não há desrespeito às leis no planeta e que elas são punidas com a morte. Percebendo que Wesley pode estar em apuros, Worf e Tasha vão atrás dele também. Mas Wesley, num joguinho de bola, acaba caindo em cima de umas plantinhas. Dois mediadores (a polícia local) chegam, assim como todo o grupo avançado. Assim que os mediadores vão aplicar a pena de morte, com uma seringa e um veneno indolor, todo o grupo avançado aponta seus phasers. O impasse está formado e Riker continua não conseguindo se comunicar com a Enterprise.

Na Enterprise, a forma de vida energética ainda está sobre a testa de um Data inerte. Picard acredita em algum tipo de troca de informação. A forma de vida se ergue da testa de Data e desaparece. Imediatamente, o grupo avançado entra em contato e Riker solicita a presença do capitão para resolver um problema com um membro do grupo e as leis locais. Picard desce e ordena que Data (ainda desativado) seja levado para a enfermaria e monitorado por Crusher.

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Conhecendo os hábitos locais…

Picard chega e fica a par da situação. Os nativos perguntam se há pena de morte no planeta de Picard e ele disse que já houve mas que hoje não há mais. Os nativos falam então para a Enterprise usar a força e levar Wesley, com os nativos registrando o “garoto” como criminoso condenado fora de seu alcance. Picard evoca a Primeira Diretriz, já explicada aos habitantes do planeta por Riker, e pergunta se Wesley corre algum risco naquele momento. Os habitantes dizem que Wesley precisa ser executado até o pôr-do-sol. Picard também pergunta pela nave em órbita que a Enterprise encontrou. Os habitantes dizem, pela descrição de Picard, que essa nave, meio virtual, é Deus. Crusher entra em contato com Picard e diz que Data já recobrou a consciência e precisa falar urgentemente com ele. Picard, Troi e uma habitante do planeta sobem à Enterprise, sendo esta última à pedido de Picard para ver a tal nave. Ao mostrar a nave para a moça, ela se ajoelha. É o Deus dela. A nave se aproxima e ordena que a “filha” dela seja entregue. Picard coloca o comunicador na moça e ordena que ela seja teletransportada imediatamente para a superfície do planeta. A nave se afasta da Enterprise. Uma desesperada Crusher pergunta o que se vai fazer sobre o seu filho. Picard diz que ele está protegido até o pôr-do-sol. Crusher busca se controlar e diz que está com medo. Picard diz que também está e lembra a ela o que a nave ia fazer com a Enterprise. Crusher se recompõe e diz que Data está na Enfermaria, querendo falar com o capitão. Data diz que essa nave é gigantesca e é de uma entidade alienígena que é vista pelos edos (os habitantes do planeta abaixo) como uma divindade. Esses alienígenas, por terem interagido com Data, conhecem a Primeira Diretriz e achariam os humanos não dignos de confiança se eles violassem sua própria lei, o que implicaria aplicar a pena em Wesley. Os alienígenas ainda se acham os donos daquele aglomerado de estrelas e seria melhor não colocar colônias lá.

Picard desce com Crusher para a superfície do planeta e, depois de um debate, decide subir com o grupo avançado da nave, violando a Primeira Diretriz e as leis do planeta. Mas o “Deus” dos Edos não deixa que o grupo avançado se teletransporte. Picar então começa um discurso para o “Deus” dizendo que nenhuma lei é justa se ela for absoluta. O “Deus” dos Edos aceita o argumento e o grupo avançado é teletransportado.

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Wesley cometendo um crime mortal…

Na Enterprise, Picard diz à nave que a colônia humana será removida do planeta adjacente se a nave sinalizar para isso. Ela desaparece. A tripulação entendeu como um sinal. Fim do episódio.

O que podemos falar do episódio “Justiça”? Em primeiro lugar, é um episódio que fala da aplicação da Primeira Diretriz, mais especificamente, questionando se a mesma é sempre aplicável em todas as circunstâncias. Vimos que havia um beco sem saída no episódio, pois Wesley foi condenado à morte por cair num canteirinho de plantas. As leis eram muito rigorosas justamente para que os crimes parassem de ser praticados e Rubicon III se tornar o paraíso de amor e prazer que era. Assim, violar as leis do planeta colocaria em risco toda a civilização a voltar para a barbárie. Somente para cimentar isso, a Primeira Diretriz daria o aval para o cumprimento das leis do planeta e ainda havia uma entidade alienígena entendida pelos Edos como uma divindade que olharia com desconfiança os humanos da Federação que desrespeitariam suas próprias leis. Tudo indicava que Wesley estaria ferrado. Mas a Primeira Diretriz e as leis do planeta são chutadas para escanteio graças a um discurso de Picard para a entidade alienígena vista como divindade, que dizia que nenhuma lei cumprida de forma absoluta pode ser justa. Ou seja, sempre há margem para interpretações da lei. Essa entidade alienígena, que já deve ter passado por estágios de desenvolvimento vistos tanto nos Edos quanto nos humanos, aceitou o argumento e liberou os humanos sob os olhos dos Edos, que devem ter entendido que essa intervenção divina permitia exceções no cumprimento de leis tão rigorosas, não desgraçando aquela sociedade e condenando-a a voltar ao estágio de barbárie. De qualquer forma, esse seria um episódio que começaria a questionar mais efetivamente a Primeira Diretriz, algo considerado um pouco mais imaculado na série clássica (e muito violada na prática também). Esse episódio e os futuros que questionariam a aplicação da Primeira Diretriz seriam responsáveis por trabalhar muitas reflexões.

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Picard debate com os nativos…

Dessa forma, “Justiça” é um episódio marcante de “Jornada nas Estrelas, A Nova Geração”, pois começaria a questionar mais efetivamente a aplicação da Primeira Diretriz, assumindo, nesse viés, um comportamento um pouco mais independente com relação à série clássica. Vale a revisita.

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Uma nave alienígena fazendo as vezes de divindade…

Batata Movies – Jornada Nas Estrelas, A Série Clássica (S01, Ep 08), “E As Meninas, De Que São Feitas?”. Robot World

Dentro de nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à série clássica, mais especificamente ao oitavo episódio da primeira temporada, intitulado “E As Meninas, De Que São Feitas?”.

O plot é o seguinte. Christine Chapel e Kirk conversam sobre o companheiro da moça, Roger, que não dá sinais de vida há cinco anos. Eles chegam a um planeta onde Roger esteve pela última vez. Roger Korby é um importante arqueólogo. Enquanto Kirk perguntava a Spock se acreditava que Roger ainda estava vivo, o rádio da nave recebeu um sinal de chamada do cientista desaparecido. Ele pede que somente Kirk desça às profundezas do planeta (a temperatura da superfície é de cem graus negativos e Roger vive em ruínas subterrâneas de uma civilização desaparecida). Mas Kirk fala que vai acompanhado e Christine fala com Roger. Os dois descem, chegando à entrada de uma caverna e não encontram Roger. Kirk pede que dois camisas vermelhas desçam, para morrer no lugar dele e de Christine. Um dos camisas vermelhas desce com Kirk e Christine, enquanto o outro fica de guarda na superfície, na entrada da caverna. Depois de uma longa descida, eles encontram Brown, o assistente de Roger e o camisa vermelha cai num precipício, cumprindo sua função básica. Um ser careca gigante espreita tudo às escondidas. Brown parece muito estranho e distante, o que incomoda Kirk, já que Christine o conhecia, embora não o visse há cinco anos. O ser careca e gigante mata o segundo camisa vermelha. Brown diz que a civilização do planeta, assim que o Sol enfraqueceu e as temperaturas na superfície baixaram muito, escolheu ir para as profundezas e adotou uma cultura mecanizada, com Roger fazendo muitas descobertas nesse sentido. Eles chegaram a uma sala onde estava uma moça, Andrea, e Roger. Kirk tenta fazer contato com o camisa vermelha que estava na entrada da caverna e não consegue. Kirk quer se comunicar com a nave, mas Roger não quer isso. Brown aponta uma arma para render Kirk e Roger pede a Andrea para render o capitão com uma arma. Esta é rendida pelo capitão, que atira em Brown, abrindo um buraco em seu corpo agora inerte, mostrando que ele é um andróide. Imediatamente, o carecão surge por uma porta e suspende Kirk, prendendo-o contra a parede. Esse mesmo carecão vai imitar a voz de Kirk e falar com Spock na nave, dissuadindo de ordenar que alguém desça, embora Spock fique muito desconfiado com o timbre de voz de Kirk. O carecão também é um robô que imita qualquer voz. O carecão é Ruk e é um andróide da civilização do planeta, vivendo há muitos anos nos subterrâneos e protegendo as máquinas que agora Roger tem o controle e quer manter escondidas da Federação.

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Christine Chapel é introduzida na série…

É descoberto que Andrea também é uma andróide, para a decepção de Christine, que a vê como um objeto sexual para satisfazer Roger. Este diz que a andróide é somente uma máquina sem emoções e que obedece ordens. Kirk então pergunta por que ele teve dois camisas vermelhas mortos e Brown tentou matar o capitão se os andróides somente cumprem ordens. Roger diz que vai responder todas as perguntas. Kirk é colocado numa espécie de centrífuga com um boneco do lado. É assim que os andróides são feitos. Quando a máquina desligou, o boneco estava com a aparência de Kirk. Faltava somente passar as sinapses e memória do capitão para o andróide. Kirk escuta isso e começa a falar uma frase ofensiva para Spock, com o objetivo dessa memória passar para o robô, caso ele substitua Kirk na Enterprise.

Christine e Kirk jantam numa mesa. Mas na verdade, a enfermeira janta com o andróide. Roger, o Kirk real, Andrea e Ruk aparecem na sala. Roger diz que poderia ter passado toda a consciência de Kirk para o andróide e isso poderia ser feito com toda a raça humana, sendo reprogramada somente com coisas boas. Mas Kirk deixa claro que isso também apagaria a humanidade das pessoas, tornando-as meras máquinas sem vontade própria, pois são programadas. Kirk consegue pegar uma cordinha, convenientemente instalada em sua cadeira, e colocar em volta do pescoço de Roger, ameaçando matá-lo. Ele chega a uma porta, solta Roger e foge. Ruk vai atrás de Kirk e consegue aprisioná-lo.

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Roger queria uma sociedade andróide perfeita…

Na Enterprise, a versão andróide de Kirk toma o lugar do capitão e, ao conversar com Spock, solta aquela frase ofensiva que Kirk pensou no processo de formação do andróide, despertando dúvidas no vulcano, que prepara uma descida ao planeta com um grupo de segurança.

Enquanto isso, o Kirk verdadeiro, preso num aposento, tenta seduzir Andrea quando esta lhe leva comida, deixando a andróide desconcertada, já que ela não foi programada para aquilo. Ele tenta sair da prisão, mas Ruk aparece na porta e lhe dá um empurrão para dentro. Kirk tenta convencer Ruk de que quem o programa é um ser vivo errático e inferior a ele. Ruk decide não mais obedecer à programação. Roger entra no aposento e Ruk decide atacá-lo. Roger desintegra Ruk com um phaser. Kirk tenta atacar Roger e descobre que o cientista é, também, um andróide. Ele diz a Christine que teve que passar sua consciência ao corpo do andróide, pois seu corpo físico estava congelando e morrendo. Roger ordena Andrea a atacar o grupo avançado liderado por Spock. No caminho, ela encontra o Kirk andróide e diz que quer beijá-lo. Ele nega, dizendo que é ilógico e Andrea desmancha o Kirk genérico com o phaser. Andrea volta para o aposento e percebe que não matou o Kirk real, como pensava. Kirk pergunta a Roger se esse era o mundo perfeito que ele sonhava, onde andróides matam uns aos outros. Roger, completamente zureta e confuso das ideias, acaba entregando o phaser a pedido de Kirk, que pede o phaser de Andrea, mas esta se nega a entregar a arma. Ela diz que ama Roger e ele diz que ela é uma máquina. Quando Andrea beija Roger, ele aperta o gatilho do phaser que está na mão de Andrea, e os dois são desintegrados, perante uma Christine horrorizada. Spock chega, perguntando por Roger e Kirk diz que ele nunca esteve lá.

O episódio termina com Christine dizendo que vai ficar na nave. Depois dela deixar a ponte, Kirk e Spock conversam. Spock diz que ficou surpreso com o termo “mestiço” (que estava na ofensa que Kirk pensou a Spock). O capitão diz que vai pensar em outro termo quando estiver numa situação parecida. Fim do episódio.

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Andrea, uma andróide sensual…

O que podemos falar de “E As Meninas, De Que São Feitas?”? Em primeiro lugar, é impossível não se lembrar do último capítulo da série “Picard”, onde a consciência das pessoas é passada para corpos de andróides. Mas aqui, ao contrário da visão de transferência de consciência como solução altamente prática (e um pouco mentirosa) de Picard, em “E As Meninas, De Que São Feitas?” essa mesma transferência não tem como melhorar o ser humano e substituí-lo, pois um ser humano reprogramado perderia totalmente a sua humanidade e não seria exatamente um humano melhorado. Ainda, Kirk   mostrou um monte de bugs em Ruk e Andrea, mostrando como esses bugs poderiam ser perigosos no caso de uma sociedade de andróides com consciência humana. O próprio Roger, ao ter que passar sua consciência para o corpo de um andróide, não sabia mais o que era, se humano ou máquina, optando por se matar ao ver seu projeto de uma humanidade perfeita ruir aos seus olhos e aos argumentos de Kirk. Ou seja, estamos vendo um episódio da década de sessenta problematizando de forma muito mais rica a questão da transferência de consciência de humanos para andróides do que vimos em Picard, que tratou o assunto mais como uma solução salomônica do que qualquer coisa. Esse episódio também foi muito importante, pois introduziu Christine Chapel na série, uma personagem que, apesar de sua posição um tanto periférica na série, teve o seu destaque, já que era apaixonada por Spock. Como uma outra curiosidade, o personagem Ruk foi interpretado por Ted Cassidy, que foi o mordomo da Família Adams.

Dessa forma, “E As Meninas, De Que São Feitas?” é um episódio de Jornada nas Estrelas que aborda a questão dos andróides, deixando bem claro que eles não têm como substituir os humanos. Máquinas programáveis não podem ser mitificadas. Ou seja, elas são apenas isso. Algo que se pode programar. Vale a revisita, para mostrar o que é uma boa problematização de uma questão que não deve ser vista apenas como uma solução simplória e salomônica.

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Ruk, o andróide carecão…

Batata Séries – The Orville (S01, Ep 04), Se As Estrelas Surgirem.

Dando sequência às análises de episódios da primeira temporada de “The Orville”, falemos do quarto episódio, intitulado “Se as Estrelas Surgirem”. Vamos lançar mão de spoilers aqui.

Qual é o plot? Bortus tem problemas com seu companheiro (ele é muito ocupado com a nave e não consegue dar atenção a ele) e vai para seu turno mais cedo. A Orville detecta uma grande massa artificial à frente. Ela é uma gigantesca nave. O mapeamento diz que ela está à deriva e tem cerca de dois mil anos. Se ela continuar à deriva, ela vai se colidir com uma estrela. Não se sabe se há formas de vida, pois o casco não deixa fazer uma varredura. Eles vão tentar entrar na nave usando uma nave auxiliar. Um grupo avançado composto do capitão Ed, a primeira oficial Kelly, a Dra. Claire, o andróide Isaac e Alara vão para a nave que tem 790 quilômetros quadrados (do tamanho da cidade de Nova York). Há uma atmosfera respirável dentro dela. Eles entram na nave e encontram uma ponte passando por uma gigantesca estrutura muito funda. Ao passarem pela ponte e abrirem outra porta, eles se deparam com uma paisagem. É uma bionave com milhões de formas de vida. Eles não conseguem se comunicar com a Orville. Mas precisam falar com os habitantes do planeta simulado na nave, já que ela vai se colidir com o Sol.

Episode 4: If the Stars Should Appear - Praise Avis
Uma baita nave…

O grupo se divide. Ed, Claire e Isaac encontram uma casa e tentam falar com os moradores que atiram neles. Isaac atordoa o homem armado e conversa com uma mulher em casa. Ele tenta explicar a situação da nave, mas a mulher nada entende. Ela parece não saber que está dentro de uma nave e diz que aceita a palavra de Doral. O filho da mulher também parece não saber que está dentro de uma nave. Já Kelly e Alara são perseguidas por um carro negro. Dois homens descem e pedem a identidade delas, empunhando suas armas. Depois que elas falam algumas gracinhas, Alara é alvejada e Kelly recebe uma coronhada, caindo desacordada.

O garoto da casa leva Ed, Claire e Isaac para fora da casa e diz que algumas pessoas questionam as escrituras. Ainda diz que Doral é o criador. O rapaz ainda fala de reformistas, que são pessoas que questionam a fé em Doral. Remelek é o guardião da palavra de Doral e não vi aceitar o argumento de que eles estão dentro de uma nave à deriva, que vai colidir com o Sol. Alara entra em contato com Ed e diz que levou um tiro, transmitindo um sinal localizador para a equipe de Ed resgatá-la.

Enquanto isso, a Orville recebe um pedido de socorro. Uma nave está sendo atacada pelos krills. Ela precisa ir embora, mas deixa uma bóia.

TV Review: 'The Orville - If The Stars Should Appear'
Uma civilização dentro de uma nave…

Numa cidade próxima, o tal Remelek acusa um reformista de heresia perante uma multidão fanática e o entrega para a massa enfurecida que o lincha. Kelly é levada para dentro de uma espécie de palácio para falar com Remelek. Ela pergunta por que ele incitou a população a matar o rapaz. Remelek diz que o povo faz o que deseja e ele deseja cumprir a palavra de Doral. Kelly diz a Remelek que, se ela não for libertada, vai haver encrenca. Remelek diz que ela ficará ali por um tempo.

Ed, Claire e Isaac, juntamente com o menino, encontram Alara e Claire presta os socorros médicos, recuperando a moça.  Alara fala que Kelly foi levada por dois homens e o garoto diz que eles são agentes que devem tê-la levado para a cidade próxima. Ed ordena a Isaac retornar à nave auxiliar e pedir apoio para a Orville. Mas a  Orville não está lá, somente a bóia de sinalização que avisou que a Orville atende a um pedido de socorro. No combate com os krills, o motor da Orville ficou avariado e será necessária uma hora para consertá-lo.

Kelly é espancada e interrogada, falando sobre o fato deles estarem dentro de uma grande nave. Ed e os outros chegam à cidade e entram no palácio depois de imobilizar o guarda. Remelek injeta em Kelly um soro que provoca muitas dores nos nervos. E só vai dar o antídoto se ela falar onde estão os companheiros dela. Ed invade a sala e Alara suspende Remelek perguntando o que ele faz com Kelly. Remelek entrega o soro e eles aplicam em Kelly. A moça para de sentir dores. Ed conta novamente a história da nave que vai em direção ao Sol, mas Remelek não quer abrir mão de seu sistema medieval de religião que manteve por muitos anos a ordem na sua sociedade. Ed decide ir embora e tonteia Remelek.

The Orville Episode 4 Review: If the Stars Should Appear - Den of Geek
Explorando um mundo medieval…

Os reformistas mostram a Ed e os outros uma porta parecida com a que eles atravessaram. Isaac a abre e eles estão novamente dentro da grande nave, atravessando mais uma ponte. Eles entram num elevador e apertam o botão de subir. O elevador chega a uma grande sala, que é a ponte de comando da nave. Isaac encontra uma gravação cuja voz é de um tal capitão Doral (interpretado por ninguém mais, ninguém menos que Liam Neeson). Doral diz que a nave foi projetada para longas viagens para alcançar outros planetas. Como o planeta natal de Doral ficava numa área muito erma do Universo, uma viagem a outro planeta demoraria mais de um século. Três gerações viveriam na bionave, sendo a terceira a que alcançaria o destino. Mas uma tempestade iônica avariou a nave, que ficou à deriva no espaço. A nave passaria a ser o lar da civilização de Doral. A civilização que vive na bionave esqueceu, com o passar dos séculos, que estava fazendo uma viagem e passou a considerar a bionave como seu mundo real. Alara pergunta como isso é possível e Kelly diz que nem a Terra conhece direito sua própria História. Isaac encontra uma forma de consertar a nave em 24 horas. A nave tem um teto retrátil para simular a noite. Ed ordena que Isaac abra o teto retrátil e a civilização vê a noite e as estrelas pela primeira vez.

A Orville chega. Ed promete a um reformista que vai consertar a nave e que eles terão seu próprio futuro. Fim do episódio.

Robert Knepper
Um líder religioso autoritário…

O que podemos falar desse episódio de The Orville, “Se as Estrelas Surgirem”? Em primeiro lugar, é um episódio que conta uma boa história de ficção científica. A ideia de termos uma nave onde várias gerações existem para fazer uma longa viagem nem é algo tão original assim, mas é uma alternativa inteligente para a questão de viagens que podem durar séculos, até milênios. Também foi muito pertinente a questão das gerações que viveram na nave ao longo dos séculos se esquecerem da missão e desenvolver uma sociedade. Como disse Kelly, nem as pessoas da Terra conhecem sua própria História. Hoje, precisamos fazer verdadeiros estudos arqueológicos para ter uma ideia de como algumas civilizações viviam há milênios.

THE ORVILLE Review: "If the Stars Should Appear" - The Tracking Board
Kelly é submetida a tortura…

Mas o grande escopo do episódio foi o desenvolvimento do Estado Teocrático dentro da bionave onde uma divindade chamada Doral era adorada. Lembremos que Doral era o capitão da nave e foi tomado como divindade pelas gerações futuras. O grande problema é que esse Estado Teocrático se aproximou muito do que víamos na Idade Media, onde uma religião com práticas inquisitoriais controlavam todos pelo medo e pela tortura, dentro de um espírito de intolerância. Lembrando sempre que a intolerância religiosa ainda é um tema muito atual, decidindo até o rumo de eleições e práticas de líderes mundiais. Ou seja, uma discussão altamente pertinente e reflexiva que “The Orvlle” traz.

Dessa forma, “Se as Estrelas Surgirem” é mais um bom episódio de “The Orville”, onde temos uma ficção científica que, se não é muito original, traz uma solução pertinente para a questão de longas viagens pelo espaço e ainda discute o tema atualíssimo da intolerância religiosa. Vale muito a visita.

Bob Canada's BlogWorld: The Orville Season 1, Episode 4: If The Stars  Should Appear
Vendo a noite pela primeira vez…