Vamos, hoje, continuar a falar das virtudes de “Rogue One”. Houve referências a outros filmes da saga, embora sutis. Se em “O Despertar da Força”, houve uma homenagem a “Uma Nova Esperança”, com referências bem explícitas que depois de algum tempo chegaram a cansar, em “Rogue One”, as referências eram mais implícitas, daquelas que fazem os fãs vibrarem, porque somente os mais aficionados conseguem perceber tais referências. Como um exemplo, em um dado momento do filme, dentro da base rebelde, é chamado pelo alto falante o general Syndulla, alusão a Hera Syndulla da série “Rebels”. Ou então havia até brincadeiras com as referências. K2SO chegou a começar a famosa frase “Estou com um mal pressentimento com relação a isso”, presente em todos os filmes de “Guerra nas Estrelas”, mas é interrompido por Andor e Erso. Ou então, os stormtroopers falando dos T-15, que são aposentados, para dar lugar aos T-16, em “Uma Nova Esperança”. Outra referência, mais presente no Universo Expandido, é a citação aos cristais Kyber, que são usados para a construção dos sabres de luz e que são extraídos de Jedha, onde está o templo jedi, sendo usados como combustível para a Estrela da Morte. Assim, é interessante perceber como toda a tecnologia da arma de destruição em massa do Império se baseia numa arma ancestral da conservadora guarda de elite da Velha República, havendo uma espécie de imbricação entre a tradição e a modernidade. Cristal Kyber que também está pendurado no pescoço da protagonista, um presente afetuoso do pai que constrói a arma, mas, ao mesmo tempo, é um símbolo de poder, quando Chirrut Îmwe (interpretado por Donnie Yen) diz a Jyn que as estrelas mais fortes têm cristal Kyber em seu interior.
O filme também faz alusões a guerras e situações reais. É muito interessante perceber a influência da cultura árabe e islâmica no filme, seja no entreposto comercial que aparece bem ao início da história, seja em Jedha. Aliás, a presença do Império em Jedha lembra muito a ocupação americana no Oriente Médio, com direito a caça ao “terrorista” Saw Gerrera. A figura da criança chorando sob fogo cruzado é emblemática e já vimos em muitas imagens reais de guerra. Já a batalha em Scarif lembra mais a guerra do Vietnã ou a campanha americana no Pacífico na Segunda Guerra Mundial, onde agora é a Aliança Rebelde que faz as vezes dos americanos. Ou seja, o filme faz alusões aos americanos como “vilões” e “mocinhos” no contexto de guerras diferentes.
A morte de todos os membros do Esquadrão Rogue One também é algo digno de destaque. Apesar de possuirmos personagens muito bons nesta película, a morte deles não se fez de forma tão traumática, pois não houve tempo hábil para os fãs se apegarem aos personagens. Nesse ponto, a morte de Han Solo foi muito mais impactante. Já a morte de Rogue One foi mais heroica, numa mostra de sacrifício por uma causa.
Um elemento que levou o público ao delírio e que se mostrou um grande trunfo para o filme foi o uso do CGI para que alguns personagens de “Uma Nova Esperança” retornassem às telonas. Ver novamente o grão-moff Tarkin num Peter Cushing, mesmo que virtual, foi uma baita de uma experiência. Sabemos que é um efeito de computação gráfica, mas o impacto da primeira visão de Tarkin e Cushing de volta é equivalente a de uma ressurreição. E, ao final, um êxtase ao se ver novamente a princesa Leia na flor da idade. Agora, sejamos francos. A aparição de Tarkin foi muito mais convincente, pois seu rosto ficou à meia-luz, com contrastes de claro e escuro pronunciados que davam um tom maior de realismo. Já a face de Leia infelizmente ficou muito iluminada, dando a ela uma carinha de boneca de vinil, o que foi uma pena. Mas, mesmo assim, essa foi uma surpresa muito bem vinda.
No nosso próximo artigo, vamos falar de alguns problemas existentes em “Rogue One”. Até lá!!!!