Batata Literária – As Pedras e o Mar

Eu estava no Arpoador.
Eram seis da tarde.
Minha alma em profunda dor,
apesar da flor da idade.
Vivia em traiçoeiro torpor.
Não me acompanhava a serenidade.
Tal como no shakesperiano ator,
me perseguia a brutalidade.
Súbito, olho lá embaixo as pedras
atacadas pelas águas irrequietas.
Uma luta insignificante,
pois a violência do mar não é o bastante
para derrotar a dureza das rochas
que resistem bravamente às vagas insólitas.
Mar burro, assim penso.
Luta em vão, todo tenso.
Mas percebo coisas surpreendentes.
As pedras, que parecem tão resistentes,
na verdade não são perenes
e, lentamente, são destruídas pelas águas insolentes.
A rocha esquerda tem um buraco,
a rocha direita tem um vão.
Mesmo espraguejando como um velhaco,
os sólidos contra os líquidos não têm superação.
Que lição tiro disso tudo?
A vida é luta e persistência!
Não é só a teoria do estudo,
mas também do empirismo sua eficiência.
A depressão me traz o lirismo.
Mas devo buscar também o pragmatismo.
Por isso, não posso mais tempo perder!
Tenho mais é que criar vergonha na cara, lutar e parar de sofrer!

Batata News – Rogue One. O Home Vídeo.

No último dia 8 de abril, o Conselho Jedi Rio de Janeiro fez mais um encontro na Livraria Cultura para falar do lançamento do filme “Rogue One, Uma História Star Wars” em DVD e Blu-Ray. O primeiro spin-off de Guerra nas Estrelas causou muito sucesso e comentários altamente positivos ano passado e o lançamento do Home Vídeo ficou cercado de grande expectativa, até por causa dos muitos comentários que apareceram durante a produção do filme, dentre eles o fato de que a Disney teria feito uma intervenção na história que estaria tomando um caminho demasiadamente “sério”. Assim, Brian Moura e Henrique Granado fizeram uma primeira apresentação falando do DVD (sem extras) e das modalidades de Blu-Ray à venda no Brasil e no exterior, ambos com extras, com o cuidado de mostrar no telão do Teatro Eva Herz todas as embalagens e suas artes para que todos pudessem conhecer os produtos e escolher seus preferidos.

Brian e Henrique mostrando o Home Video (foto Jocelen Netto)

Num segundo momento, Eduardo Miranda, conhecido fã de “Guerra nas Estrelas” e homem de TV, conhecido também por trazer para a TV brasileira animes do naipe de um “Cavaleiros do Zodíaco”, fez uma palestra onde deu um rápido histórico da produção da saga desde 1977 e se debulhou em elogios a respeito de “Rogue One”, onde mencionou que o filme fazia pequenas homenagens aos antigos filmes que eram, na verdade grandes presentes aos fãs. Sempre de bom humor, Miranda falou que deixou de ser o fã “mimizento” e altamente crítico dos últimos anos para assumir uma postura mais “Mirandinha paz e amor” (não confundir com o centroavante da década de 70). E isso graças a “Rogue One”.

Eduardo Miranda, ótimo nas palestras como sempre (foto Jocelen Netto)

Na terceira parte do evento, tivemos a oportunidade de ver um dos extras de um dos Blu-Rays de “Rogue One”, que reservavam alguns minutos para falar do diretor Gareth Edwards e do elenco em si. Cada ator teve alguns minutos de entrevista no documentário do extra, o que foi algo muito instigante, pois tivemos a oportunidade de testemunhar detalhes do dia-a-dia do set na voz dos próprios membros do elenco.

Além do lançamento do Home Vídeo de “Rogue One”, ainda foram dados alguns informes. Com relação à Jedicon, foi anunciado que os ingressos já estão à venda e que a presença de Billy Dee Williams (o Lando Calrissian) está confirmada. Já com relação ao Cineclube Sci Fi, ainda não há uma data confirmada para seu início, pois há uma indefinição no Planetário da Gávea em virtude da troca de governo. Há uma especulação em se utilizar o Teatro Eva Herz da Livraria Cultura caso não se possa utilizar o Planetário, mas isso teria que ser discutido ainda, já que o teatro tem uma agenda relativamente cheia. Esperemos que o Cineclube possa retornar assim que possível.

O evento teve um bom público (foto Jocelen Netto)

Ao fim do encontro, houve o tradicional sorteio de brindes e o reencontro dos fãs que já não se viam há um certo tempo. Esperemos que o Conselho Jedi consiga ter mais eventos como esse ao longo do ano, apesar de todas as dificuldades. E não nos esqueçamos da Jedicon em julho, um grande evento que promete e que vai dar bem certo. Essa é a torcida de todos nós.

Ao final, o tradicional sorteio de brindes (foto Jocelen Netto)

Batata Literária – Um Brasileiro Chamado Silva (à Ayrton Senna).

Ele adorava correr
desde menino.
Sem a velocidade temer,
esquecia que era franzino.
E pensava nos grandes campeões,
que tinham dado a vida e suas ilusões.
Pelo simples prazer da audácia,
ele subia no seu kart sem falácia.
Logo, o menino Silva cresceu.
Foi à Europa em busca de mais perigos.
Apesar das dificuldades, seu coração não esmoreceu
e fez aliados e inimigos.
Ao ingressar na Fórmula Três,
muito sucesso ele fez.
Seu talento e sobrenome
mudaram até o nome de Silverstone.
Finalmente, ele chega à Fórmula Um.
Mundo sem afeto algum.
Todos os pilotos querem ganhar,
mesmo que um ao outro tenham que prejudicar.
Em seu primeiro ano, o brasileiro foi tripudiado
em favor do francês laureado.
Mas ele assimilou a frieza
e ganhou três campeonatos mundiais com destreza.
Já era herói nacional
quando se deparou com Imola.
Na Tamburello, o acidente fatal.
Mais uma vítima fazia a curva facínora.
Uma pátria inteira chorou sua morte
e a ele cantou uma ode.
Era o tema da vitória,
que, na manhã dos domingos, entrou para a história.

Batata Movies – O Filho De Joseph. Paternidade Emprestada.

 

Cartaz do Filme

Sempre gostei muito de Maria de Medeiros. Já tirei foto com ela, comprei CD, pedi para autografar, dei caixa de bombom. Tietagem explícita mesmo que beira o ridículo. Ah, mas que se lasque. “Star System” é para isso mesmo. Por isso que, dentre as dezenas de filmes disponíveis para assistir na cidade que a nossa falta de tempo não consegue acompanhar, acabei indo ao Estação Botafogo 2 para assistir a “O Filho de Joseph”, justamente porque a minha diva lusitana estava na película. O filme em si? Bom, eu confesso que não estava muito preocupado com isso. Queria mais era ver a Maria de Medeiros. Infelizmente, ela apareceu somente em duas sequências, fazendo mais uma participação especial do que qualquer outra coisa. Mas deu para matar um pouquinho a saudade.

Um rapaz atormentado e uma redenção

De qualquer forma, ainda temos um filme a analisar. E do que tratava a história? Temos aqui Vincent (interpretado por Victor Ezenfis), um adolescente atormentado pela falta do pai. O jovem hostiliza sua mãe Marie (interpretada pela bela Natacha Régnier), pois ela fez de tudo para que o adolescente não conhecesse o pai. Um belo dia, Vincent mexe nas coisas da mãe e descobre que ela escreveu cartas ao pai que o identificam. Ele é Oscar Pormenor (interpretado por Mathieu Amalric), um famoso editor que tem pouquíssimos escrúpulos e nenhum caráter. Ao ir escondido a uma das festas organizadas pelo pai, Vincent conhece Violette Tréfouille (interpretada por Maria de Medeiros), uma crítica literária de hábitos fúteis e ela o confunde com uma jovem promessa na literatura. Vincent continua a investigar a vida de seu pai e vai descobrindo aos poucos a falta de caráter de seu progenitor. Assim, o garoto tomará uma medida drástica e impensada. Mas ele conhecerá um homem que irá mudar a sua vida (no bom sentido, é claro). Quem é esse homem? Chega de “spoilers”!

Uma mãe solitária

À primeira vista, temos o velho clichê do filho revoltado porque não conhece o pai. Mas, pelo menos, o filme não caiu nesse lugar comum e desenvolveu um pouco mais a história. A desmistificação da figura paterna por parte de Vincent foi um interessante elemento adicionado à película e, mais, o garoto toma uma atitude com relação a isso.

Um pai cruel e uma diva que amo…

Mas a grande graça da coisa está nas descobertas que ele faz com a nova amizade que surge de uma forma muito insólita (em tempo, esse amigo é interpretado pelo ótimo ator Fabrizio Rongione, dono de um dos mais elegantes closes do cinema moderno). Vincent realmente entra nos trilhos com essa nova amizade, mudando até de postura com a sua mãe, tratando-a com mais carinho e respeito. Vale ressaltar aqui que as descobertas de Vincent com sua nova amizade transitam muito pela poesia e pela música erudita, o que deu todo um charme especial ao filme. Infelizmente, volta e meia Vincent fazia umas piadinhas muito infames, sendo que a única que ainda foi um pouco mais engraçada dizia: “Você sabe como se chama um naturista revolucionário? Sans-Culotte”. E essa piada ainda tem graça somente para historiadores especializados em Revolução Francesa.

O autor desse artigo e Maria de Medeiros

Só é de se reclamar de algumas condições ruins da exibição. O Estação Botafogo 2 vem de uma reforma, com a sala mais espaçosa e confortável, mas o ar condicionado estava bem fraquinho. Ainda, a cópia da película estava um bocado escura, o que foi uma pena.

Alguns momentos hilários…

Assim, “O Filho de Joseph” começa com um clichê mas se salva no bom elenco, na redenção do personagem rebelde e, obviamente, nos poucos momentos em que Maria de Medeiros apareceu. O filme não é lá grande coisa, mas também não é de se jogar fora. Uma diversão com certa classe que entretém, mas que não será marcante. Pelo menos, essa é a impressão de agora.