A Editora Panini (Planet Mangá) fez um interessante lançamento para quem gosta de mangás de Sci Fi. “Pluto”, escrito por Naoki Urasawa, é livremente inspirado em “O Maior Robô da Terra” da série “Astroboy” de Osamu Tezuka, e é uma história sobre robôs. Já conhecemos bom a literatura de robôs de Isaac Asimov aqui no Ocidente. E agora, um mangá volta a abordar esse Universo, com uma pegada, digamos, mais policial.
É uma época no futuro onde robôs e humanos coexistem. Haverá toda uma série de assassinatos cujas vítimas serão robôs ou humanos simpatizantes de direitos de robôs. A primeira vítima é Mont Blanc, uma espécie de herói local da Suíça. A segunda vítima é Bernard Lanke, membro da Sociedade Protetora dos Direitos dos Robôs. Em seus corpos, chifres são improvisados em suas cabeças pelo assassino. Quem conduzirá as investigações dos homicídios será Gesicht, um inspetor da Europol, que também é um robô, sendo um dos mais desenvolvidos do planeta. Logo, mais robôs com grande potencial são assassinados e Gesicht percebe que ele também está entre as potenciais vítimas. Ao fim do primeiro número, ele encontra Atom, um jovem garoto robô que era o personagem principal da saga de Tezuka.
Com o primeiro volume dessa história lançado, a impressão que se dá é a de que teremos um grande mangá pela frente. O único problema, inerente a todos os mangás aqui no Brasil, e extremamente grave, é a continuidade da disponibilização dessa série nas bancas e livrarias, já que a entrega dos volumes é altamente instável. A gente pode esperar meses por aqui por um novo número. E quando ele chega às nossas mãos, já nos esquecemos da história do volume anterior há muito tempo, o que faz com que a leitura de um mangá se torne por aqui um grande exercício de paciência. Mas, após esse pequeno desabafo, voltemos a “Pluto”. Existe uma coisa que chama a atenção logo de cara: a história não se passa no Japão e sim na Europa, onde Gesicht se encontra em solo alemão. Ainda, vemos algumas insinuações de Asimov na história, como em leis onde robôs não devem ferir seres humanos (tal como nas Três Leis da Robótica de Asimov) e situações onde robôs são amados como heróis, como no caso de Mont Blanc, aqui já contrastando com a visão de preconceito total que os humanos tinham com os robôs nas histórias de Asimov. Ainda assim, os assassinatos em série de robôs voltam a aproximar a história do Universo Asimoviano, sobretudo quando nos lembramos de seu romance policial “Caça aos Robôs”. É curioso também perceber nesse primeiro número, a presença de um robô que foi enclausurado por ter matado uma pessoa, robô esse que recebe a visita de Gesicht para tentar algum avanço nas investigações. Outro detalhe intrigante é uma tal de 39ª Guerra na Ásia Central, onde ela apenas é citada, mas não foi bem explicada ainda. Espera-se que vejamos isso nos próximos números. No mais, há também outro elemento: o de como alguns robôs procuram ter uma vida, digamos, mais humana. Gesicht, por exemplo, tenta planejar uma viagem com sua esposa, também robô, para se curar de uma suposta fadiga provocada pelo excesso de trabalho, assim como temos um casal de robôs que adota crianças, dada a sua impossibilidade de terem filhos.
Assim, “Pluto” é um instigante mangá que vale a pena a atenção do leitor, pois ele combina romance policial com ficção científica, tudo isso com um tempero de Tezuka, pois Atom, o conhecido Astroboy, foi incluído na trama bem ao final do mangá. Lamento pelos spoilers, mas acho que eles foram um bom cartão de visitas para chamar a atenção para os volumes vindouros. Que eles não demorem muito para chegar às nossas mãos.