Lá vem a noite
Lá vou eu!
Está na hora de acender as luzes!
É o inverno… escurece cedo, clareia tarde…
Vou começar pelas ruelas
Antes dos primeiros tigres
Quando o fedor vai estar insuportável
E as ruas, vazias
Que trabalho ingrato, o meu!
Acender a iluminação dos postes da rua!
Para depois, apagar tudo, logo cedo
Bem que podia haver um botão em algum lugar
E, ao apertá-lo, todas as luzes aparecerem ao mesmo tempo
Ah, mas eu estou sonhando
Isso nunca vai acontecer
Também, se acontecesse, o que seria de meu emprego?
As ruas já estão vazias
E, graças a mim, não tão escuras
Ihhh! Lá vêm eles, os tigres!
Esses negrões com vasos de ferro na cabeça!
Cheios das merdas das águas servidas!
Aquele lá já está todo manchado de cocô!
Vou na direção contrária a do mar
Pois é lá que todos vão jogar o lixo e as imundas águas!
Ufa! Cheguei à Rua da Vala!
Finalmente a cidade acabou!
Daqui para lá, só os terrenos das negras irmandades
E dos sujos ciganos
Eles habitam brejos aterrados
Filhos da lama insana e fedorenta
Povos de condenados
Horror para os olhos dos abastados