Chegamos ao episódio 25 da quinta temporada de “Jornada nas Estrelas Voyager”. “Warhead” é um daqueles episódios onde uma inteligência artificial sensciente precisa superar os limites de sua programação para evitar uma grande tragédia. E aí, todo um debate é empreendido nesse sentido, tornando este episódio uma verdadeira guerra de argumentações.
Mas, no que consiste a história? Harry Kim tem o privilégio de controlar a ponte nas “madrugadas” dos turnos. Numa dessas madrugadas, ele recebe um pedido de socorro de um planeta próximo. Ao chegar ao planeta,a Voyager não detecta sinais de vida. Kim então acorda Chakotay e sugere que um grupo avançado desça lá. Chakotay concorda e diz que o próprio Kim poderia liderar esse grupo. O alferes desce com o Doutor e mais um tripulante, quando encontram um dispositivo eletrônico sensciente, que consegue se comunicar com o doutor. Eles transportam o dispositivo para a nave. Examinando-o mais a fundo, a tripulação da Voyager descobre que ele é uma arma de destruição em massa e tenta desativá-lo.
O dispositivo percebe isso e se apossa do corpo do Doutor, ameaçando destruir a nave e fazendo B’Elanna e Kim como reféns. Ainda, ele precisa cumprir sua programação, que é destruir um planeta inimigo da civilização que o criou. Os tripulantes da Voyager tentam dissuadir o dispositivo disso mas, de forma bem agressiva e ameaçadora, ele diz que tem que cumprir a sua programação e destruir a qualquer custo o planeta. Mas os tripulantes tinham conseguido analisar os circuitos de memória e viram que a espécie que havia criado o dispositivo já havia cessado as hostilidades contra o planeta alvo. A espécie (Druoda) enviou mensagens para todos os dispositivos-bomba, mas cerca de trinta deles não receberam a mensagem e ainda rumavam contra o planeta.
O próprio dispositivo que estava na Voyager tinha sido propositalmente desviado pelos Druodas para colidir com o planeta em que ele estava. Depois de muito argumentar com o dispositivo, ele finalmente se convence de que não há mais uma guerra em curso, mas ainda há o problema dos demais dispositivos que vão ao planeta alvo com a intenção de destruí-lo. O dispositivo, então, se sacrifica, voltando para seu mecanismo original e sendo colocado no meio dos demais dispositivos, se destruindo e a todos os demais.
O que mais chama a atenção nesse episódio? O apelo da tripulação em convencer uma inteligência artificial em ir além do que está estrito em sua programação e tomar decisões por conta própria para parar a guerra. É curioso notar que, por se tratar de uma arma de destruição em massa, o dispositivo era agressivo, quando podia ser desprovido de qualquer sentimento (como era o Data de TNG nas primeiras temporadas). Ficou um pouco forçado a gente ver o Doutor naquela beligerância toda. Outro detalhe que chama a atenção aqui foi a tentativa, por parte de Kim, de dissuadir o dispositivo a atacar, tentando usar argumentos totalmente racionais, sabiamente rebatidos pelo dispositivo. Kim também clamava pelo fato do dispositivo ser sensciente e ter o poder de tomar decisões por conta própria.
Assim, “Warhead” é um episódio mediano de “Jornada nas Estrelas Voyager” que apresenta a questão das inteligências artificiais desenvolverem consciência e começarem a superar a sua programação. Tudo isso regado a debates bem racionais. Não é um grande episódio mas merece ser lembrado e revisitado.