Lavadeira no chão da varanda
Lava, lava, lava…
Bate a bunda no chão
Asas batendo a mil
Lava, lava, lava…
Chego perto…
Ela sai em disparada…
Mais rápido que meus olhos…
Sol quente lá fora
Queima meu pé
Volto correndo para a varanda
Não saio de casa
Pulo no sofá azul
Totalmente descosturado
Vejo a TV em Preto e Branco
Ela parece um móvel
Dentro de portas que abrem
Dentro de portas que fecham
Tinha um revólver no jardim
Era de verdade!!!
Pesaaado!!!
Vou brincar com ele!!!
Não tem problema!
Não vou atirar mesmo!
Vou brincar com minha mãe e com minha tia!
Quando entro na cozinha
As duas me olham com medo!
Bobas! Não vou atirar mesmo!
Faço “bang-bang”!
E entrego a arma nas mãos delas…
E, lá fora, a lavadeira me olhando…
“Tsc, Tsc, que mané”, ela pensa
E sai à toda…
Mas, antes, passa na minha varanda
Bate a bunda no chão
E lava, lava, lava…
Vai para a rua em alta velocidade
Dando um rasante na estrada de terra…
Como Nilópolis era prosaica na minha infância!!!