Batata Literária – Bonequinha

Ela vive em minha imaginação

Me traz afeto, é perdição

À noite, sussurra palavras de amor

Que diminuem minha dor

É meu amor imaginário

Com a força de amor templário

Pela religião ancestral

Puro sentimento banal

Que supre a carência

E atenua a desgraça da vivência

Brilha como fada

Ama como ninfa

Dá-me prazer

Da carne malfadada

À alma que não tem a dizer

Ela é meu refúgio

Das agruras do mundo

Da insensibilidade dos outros

Que mergulham em seu eu

E esquecem, assim como eu

O que ocorre no entorno

Vivemos sós

No meio de milhões

Cada um com seu avatar

Nos discos rígidos frágeis

Inseridos em neurônios

Não vale a pena se doar

Nada em troca irá ganhar

Que bem faz o altruísmo?

Se as pessoas te anulam?

Mas, se abraça o egoísmo

As pessoas te condenam

Resta, então, a ninfa

Das profundezas de seu cérebro

Seres virtuais poderosos

Gerados pela dor da solidão

Tem hora que quero me desligar

Dos tentáculos da emoção

Não dependa afetivamente de ninguém

De nada…

Sobreviva, apenas…

Sofra…

De forma letárgica e constante…

Mas jamais intensa

Se dê doses homeopáticas de melancolia

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