Batata Movies – Retablo. Homofobia Hardcore.

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Cartaz do Filme

Uma curiosa co-produção Peru/Alemanha/Noruega. “Retablo” é um filme sobre a cultura Quíchua (também conhecida como Inca), mas também é um filme sobre uma homofobia para lá de visceral. E o amor incondicional de um filho pelo pai, capaz de suportar todos os preconceitos. Para podermos falar sobre esse filme, vamos precisar de spoilers.

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Pai e filho mantendo uma arte bem tradicional…

Vemos aqui a trajetória de Noé (interpretado por Amiel Cayo) e Segundo (interpretado por Junior Bejar), pai e filho, que mantêm viva a tradição de construir retábulos em sua região, que são caixas de madeira decoradas com pinturas e pequenas figuras de massa que reproduzem famílias tradicionais, figuras religiosas e outros temas. Noé é visto como o artista local, o mestre, que recebe muitas encomendas de retábulos. Segundo segue à risca o oficio do pai e sua tradição artística, abrindo mão de trabalhar em lavouras como camponês. Mas o filho irá flagrar o pai numa prática homossexual, o que vai desnorteá-lo completamente. Ele mantém o segredo do pai, mas muda completamente seu comportamento, tornando-se muito agressivo, e provocando a desconfiança de sua mãe. Infelizmente, as preferências sexuais do pai vêm à tona na comunidade, o que provoca uma reação violenta da mesma (Noé recebe uma surra violenta) e sua esposa o abandona. Segundo, que estava indignado com o comportamento do pai, fica impactado pela violência extrema com a qual ele é tratado pela comunidade, e decide ficar com ele. Sem qualquer perspectiva de vida, Noé se suicida. E Segundo irá fazer um último retábulo cujo tema é o ofício de pai e filho, enterrando o pai junto com o presente.

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Levando as encomendas pelas cidades…

É um filme bem triste. Mas ele não poderia terminar de outra forma. O que choca muito é a violenta homofobia explícita que vemos na película, onde não há qualquer perdão para Noé naquela comunidade, sendo tratado de forma implacável até pela esposa, que o abandona, não sem chorar muito e ficar inconformada com a opção do filho de permanecer com o pai. O próprio Segundo é uma expressão dessa homofobia, não aceitando de imediato a condição do pai. O grande detalhe aqui é que a violência da homofobia é tanta que Segundo consegue rever os seus conceitos e o amor pelo pai e pelo ofício do retábulo acabam falando mais forte, a ponto dele defender abertamente o pai e seu ofício. A cena de briga de Segundo com um rapaz que o trata de forma extremamente preconceituosa por causa da opção sexual do pai é emblemática. Depois de apanhar do garoto, Segundo o ataca e o agride de forma extremamente agressiva, causando espanto entre todos que assistem em volta e sendo uma resposta na mesma moeda para a homofobia igualmente agressiva.

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Mantendo o ofício do pai, apesar de todos os problemas…

O filme termina com Segundo trancando a casa vazia, não sem levar o material de pintura que o pai usava para fazer o seu ofício, num claro indício de que ele manterá a tradição. Um fio de esperança num cenário totalmente distópico em virtude do preconceito.

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Sozinho no mundo em virtude do preconceito…

Assim, podemos dizer que “Retablo” é mais um grande filme onde o cinema denuncia de forma marcante o preconceito e a intolerância. Um filme que choca pela sua violência e intensidade da homofobia. Mas também um filme onde o amor entre pai e filho consegue enfrentar de peito aberto tanta intolerância. Um programa imperdível.  

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