Vincent Lindon está de volta em mais uma película. “O Último Amor de Casanova” é um daqueles filmes que vão na contramão de todas as nossas impressões sobre o personagem em questão. O prolífico amante que povoa nossas mentes está mais para um cara feliz e vibrante, que sabe aproveitar a vida e que tem um controle muito forte da situação. Mas o filme em questão não mostra nada disso, muito pelo contrário até. Para podermos entender um pouco melhor isso, vamos lançar mão de spoilers.
Vemos aqui a vida de Casanova na Londres do século XVIII. Todo senhor de si, Casanova fica fortemente atraído por uma cortesã, Marianne de Charpillon (interpretada por Stacy Martin), que vê prestando seus serviços a dois homens numa carruagem. A partir dali, Casanova faz de tudo para se aproximar da moça, e ele descobre que ela havia recebido um presente dele quando menina. Sabendo do histórico de casos do famoso amante, Marianne faz de Casanova gato e sapato, humilhando-o o tempo todo e não se entregando a ele, até que o famoso personagem pira na batatinha e destrói o quarto quando Marianne presta seus serviços para um cliente, o que provocou o afastamento definitivo da moça e mergulhou Casanova na depressão.
Esse é um daqueles filmes franceses que trabalham sua temática favorita: o existencialismo e a depressão. Lindon, como sempre, teve uma excelente atuação, e com sua voz grave, adicionou um tom de melancolia que tornou o filme extremamente arrastado e tristonho. Parece que vemos aqui uma vingança contra todos os males que Casanova provocou contra as mulheres que ele atraiu para sua alcova, um desfecho deprimente para sua vida de coleção de amantes. O chato é que o filme, apesar de contar com um bom figurino e locações, não foi muito além desse clima melancólico, o que pareceu um desperdício de um talento como Lindon. Um ponto positivo foi a participação de Valeria Golino, que mais era uma amiga de Casanova do que uma amante. Ela estava muito linda com suas vestimentas de época e seu penteado louro e encaracolado, onde sua voz rouca e sexy é uma marca registrada ainda muito forte.
Dessa forma, “O Último Amor de Casanova” foi demasiadamente arrastado e melancólico, o que foi uma pena, pois o talento de figuras como Vincent Lindon e Valeria Golino poderia se destacar um pouco mais se o filme fosse um pouco mais vibrante. A humilhação do personagem principal cheirou a uma vingança contra o passado de excessos do amante, embora nunca devamos nos esquecer que essa história é baseada na vida de Casanova. Se você gosta muito, como eu, de Vincent Lindon e de Valeria Golino, esse é um programa obrigatório. Mas o filme é muito lento e deprimente, e ainda tem ingleses que defecam nos jardins.