Uma comédia francesa engraçadinha à americana. “Minha Irmã de Paris” é um filme com o único objetivo de entretenimento. Protagonizado por Mathilde Seigner (irmã de Emmanuelle Seginer, esposa de Roman Polanski e que contracenou com Harrison Ford no já longínquo “Busca Frenética”), que faz dois papéis, o de uma atriz profissional sofisticada e metida à besta que busca recuperar sua carreira (Jullie) e uma cabeleireira de cidade de interior altamente alegre e comunicativa (Laurette), o filme consegue fazer rir mas também passa uma mensagem da importância de tratarmos bem ao próximo e fazermos a diferença na vida dos outros. Para podermos falar desse filme, vamos lançar mão de spoilers.
Como Julie e Laurette, duas mulheres ao mesmo tempo tão diferentes e iguais irão se encontrar? A primeira está com sua carreira por um fio e seu empresário consegue um papel para ela com começo imediato. O problema é que a atriz fez preenchimento labial e teve uma reação alérgica, ficando com o lábio inchado. Dias antes da operação, Laurette se apresentou a Julie e seu empresário no restaurante, numa mostra de tietagem explícita, e deixou o cartão de seu estabelecimento de cabeleireira. Julie então irá contactar Laurette e pede para substituí-la nos primeiros dias de filmagem, até que ela se recupere de seu inchaço no lábio. Mas a natureza afável e amigável de Laurette conquista todos no set de filmagem, onde a moça cai como uma luva no papel de uma protagonista de comédia, algo impraticável para Julie, que faz filmes mais “cabeça”. O grande detalhe aqui é que Laurette e Julie são irmãs gêmeas que foram abandonadas num orfanato e, enquanto a atriz orgulhosa e metida à besta não sabe disso, Laurette tem plena consciência dos laços de parentesco. Está montado o cenário para várias situações hilárias ao longo da exibição da película.
É um filme onde tudo depende muito de Mathilde Seigner, que conseguiu muito bem dar conta do recado. Ela realmente conseguiu dar vida a duas pessoas de características completamente diferentes, mesmo que as duas personagens tenham a mesma cara. O mais interessante é que a atriz consegue fazer rir com as duas personagens, por mais díspares que sejam suas características, numa prova de um bom trabalho de interpretação. E ainda, de quebra, conseguiu levar ao público uma lição de moral, pois Julie consegue aprender com Laurette que a petulância e a soberba machucam muito as pessoas, de forma que a diva desce de seu pedestal e desiste de sua carreira, havendo uma verdadeira troca de papéis entre as duas, onde a vida de uma agrada à outra. O grande barato do filme é que, até que esse desfecho seja alcançado, temos um roteiro que apresenta muitos desdobramentos e alternativas, que desenvolvem a história de uma forma engraçada, mas também instigante, onde torcemos pelo espírito alegre e cheio de compaixão de Laurette, mas também torcemos por Julie, pois ela é muito infeliz com seu trabalho e muito de sua soberba vem daí. Isso tudo sem falar que Julie precisa saber de sua história pregressa de órfã, um elemento a mais para trazer tensão ao roteiro.
Dessa forma, “Minha Irmã de Paris”, se é uma comédia um tanto despretensiosa, ela cumpre a função de fazer rir, traz uma tocante lição de moral e o talento de uma atriz como Mathilde Seigner, que consegue fazer duas personagens com características muito diferentes, fazendo o público rir igualmente com as suas interpretações. Vale a pena para passar um tempinho agradável.