Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, A Série Clássica (S01 Ep02), O Sal Da Terra. Amor Sem Sódio.

REVIEW | Star Trek - S01E01: O Sal da Terra (The Man Trap)
Título original em inglês…

Dando sequência às nossas análises de séries de Jornada nas Estrelas, vamos retornar à série clássica e analisar o segundo episódio da primeira temporada, intitulado “Sal da Terra”.

Academia Star Trek: S01E01: Man Trap - Sal da Terra
McCoy reencontra um antigo amor…

A Enterprise orbita um planeta, que tem as ruínas de uma civilização antiga. Kirk,  McCoy e um tripulante descem à superfície para fazer exames médicos no arqueólogo Robert Crater e sua esposa Nancy. O problema aqui é que Nancy é um antigo caso de McCoy. Eles entram na morada do arqueólogo, mas não o acham. Nancy chega e cumprimenta McCoy. Para o médico, ela parece jovem como na época do relacionamento entre os dois. Para Kirk, ela é uma distinta senhora. E para o tripulante, ela é a cara de uma moça pela qual ele se apaixonou no passado. Vendo a perturbação do tripulante, Kirk pede que ele saia. Mas Nancy sai para procurar seu marido, e seduz o tripulante, que vai atrás dela. Aqui podemos ver algo muito datado, que é a mulher seduzindo um homem, com ela sendo vista como um mero objeto sexual. Ecos da década de 60…

REVIEW | Star Trek - S01E01: O Sal da Terra (The Man Trap)
A figura da mulher explorada como objeto sexual no episódio…

Após a abertura, o Dr. Crater entra na sua morada, espraguejando que tem que fazer o exame médico. McCoy, com sua rabugice habitual, e Kirk insistem que o exame médico é procedimento da Federação. Eles começam a falar de Nancy. McCoy a vê jovial. Kirk fala de seus cabelos brancos, se desculpando ao arqueólogo dizendo que a esposa dele é bonita, mas já passou dos 25 anos (outro preconceito machista da época sessentista detectado, mostrando a predileção dos varões pelas novinhas, que não podiam passar dos 25 anos senão já eram consideradas “velhas”). Tanto Kirk quanto o arqueólogo acham que McCoy, ainda deslumbrado com Nancy, a vê mais jovem.

Jornada nas estrelas | Netflix
Mortes estranhas em camisas ainda não vermelhas…

Um grito ecoa lá fora. Nancy chora ao lado do tripulante morto (que não está de camisa vermelha e sim azul). Ele está cheio de marcas circulares no rosto. Kirk, indignado com a perda de um tripulante, exige de Nancy uma explicação. Esta diz que o tripulante comeu uma planta envenenada e, antes, tentou seduzi-la. Nancy pergunta ao marido de forma severa se ele pediu tabletes de sal para a Enterprise, o que provoca estranhamento em McCoy pelo comportamento da ex-namorada.

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Um cientista que protege uma criatura…

Na Entrprise, Uhura dá, sem muito sucesso, uma cantada descarada em Spock. O rádio comunica que um tripulante da Enterprise morreu e Spock recebe a notícia friamente, o que deixa Uhura indignada com a falta de emotividade do vulcano. Como estamos nos episódios iniciais da série, podemos considerar essa sequência como uma relíquia trekker, onde vemos a construção do personagem Spock em curso. Uma análise da planta que envenenou o tripulante diz que ela não é venenosa o suficiente para matá-lo. Ainda, as manchas no rosto nada têm a ver com a planta e o corpo do tripulante não apresenta sinais mais graves. Ou seja, ele muito bem poderia estar vivo. McCoy diz que vai refazer os exames e se lembra da forma jovial como viu Nancy. Kirk dá um coice com as quatro ferraduras dizendo que perdeu um tripulante e quer saber o que o matou. Essa grosseria explícita de Kirk, se num primeiro momento choca o espectador, por outro lado é outro elemento na construção do personagem, onde ficava muito claro o zelo do capitão por seus tripulantes. Cabe ressaltar aqui que Kirk depois pede desculpas a McCoy pela grosseria, quando o médico já descobriu que o corpo do tripulante está sem sal e que as marcas no rosto podem ser o caminho por onde o sal saiu do organismo. Kirk e McCoy também se lembram do pedido de Nancy por tabletes de sal. Kirk decide ir à superfície para falar com o Dr. Crater e Nancy. O primeiro se coloca contra a investigação mais profunda que Kirk quer fazer. Kirk exige que Crater e Nancy subam à Enterprise enquanto investiga. O doutor aproveita a comunicação de Kirk e Spock para fugir e encontra Nancy perto do corpo de mais um tripulante morto, com as mãos no rosto dele. Há ainda outro tripulante morto. O doutor oferece sal à esposa. Kirk e McCoy encontram o corpo de um tripulante e chamam o outro, que também está morto. Nancy se transforma na aparência do tripulante que ela acabou de matar e que é chamado por Kirk. “Nancy” se encontra com Kirk e diz que viu o outro tripulante morto, procurando o que pode tê-lo matado. Kirk decide subir com McCoy e a Nancy travestida de tripulante para procurar Crater e Nancy com os sensores da nave. Spock só consegue rastrear o sinal de uma pessoa. Já Nancy, travestida de tripulante, persegue a ordenança Rand, que está com uma bandeja de comida que tem um pote de sal. Rand chega à seção de botânica e dá a bandeja a Sulu para comer. Já vemos logo de cara Rand servindo um homem e sendo cantada pela tripulação onde passa, outro detalhe da década de sessenta muito natural para a época e muito inquietante hoje. Nancy entra na divisão de botânica e fica olhando fixamente para o saleiro da bandeja de Sulu, para total estupefação desse e de Rand. Uma das plantinhas de Sulu começa a se mexer e a gritar (na verdade, é uma mão cheia de pétalas de mentirinha) e Nancy sai às pressas. No corredor, Nancy se transforma em outro tripulante para falar com Uhura que vem pelo corredor. Ele fala com ela em swahili, o idioma africano de Uhura e quase a ataca, quando ela é chamada para comparecer à ponte. Nancy encontra outro tripulante e consome o seu sal, matando-o. Depois, encontra o aposento do Dr. McCoy e se transforma em Nancy, para ficar sob a proteção do doutor, seduzindo-o. Nancy faz McCoy dormir e vai para a ponte com a aparência do médico.

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Kirk se irrita com McCoy quando este nao sabe a causa das mortes…

Kirk e Spock vão à superfície do planeta para tentar falar com Crater, mas este continua rechaçando-os. Entretanto, o corpo do tripulante do qual Nancy tomou forma é encontrado e eles percebem que algo estranho subiu com Kirk e McCoy anteriormente. Kirk emite um alerta de intruso na nave e Crater os ataca com um phaser. Kirk e Spock fazem uma tocaia e tonteiam Crater, finalmente conseguindo falar com ele, que abre o jogo e diz que sua esposa foi morta por um alienígena que era o último de sua espécie e se alimentava de sal, podendo se transformar na aparência de outros seres. Crater insiste no direito da criatura de viver, mas Kirk lembra que essa criatura está matando sua tripulação. Os três sobem à nave. Diante da recusa de Crater em ajudar, Spock sugere o soro da verdade, a ser aplicado por McCoy (que, na verdade, é a criatura). Na enfermaria, Crater acerta Spock, mas acaba sendo morto pela criatura, já que os sais do corpo de Spock são muito diferentes do sal que a criatura quer. A criatura volta a ter a aparência de Nancy e vai aos aposentos de McCoy dizendo que está sendo perseguida para ser morta. Kirk entra nos aposentos de McCoy com um phaser falando que Nancy é uma criatura que tem que ser morta. McCoy se nega a deixar ela morrer. Kirk oferece sal para a criatura. McCoy se atraca com Kirk e a criatura toma o sal da mão de Kirk, consumindo-o e depois paralisa Kirk numa espécie de transe para atacá-lo e consumir o sal de seu corpo. Spock entra nos aposentos e pede para McCoy matar Nancy. McCoy se nega. Spock, então, dá um monte de bordoadas na cara de Nancy e pergunta a MacCoy se Nancy agüentaria aquela surra. Nancy dá um tapão na cara de Spock que o joga longe. McCoy se convence de que aquela não é Nancy, que já está atacando Kirk. A criatura mostra sua verdadeira face e McCoy lhe dá um tiro de phaser. A criatura volta a ter a aparência de Nancy e implora pela vida à McCoy, que vai ter a dura tarefa de dar o tiro de misericórdia na aparência da mulher que ama. Kirk diz a McCoy que sente muito. Na ponte da Enterprise, Kirk, McCoy e Spock estão unidos. McCoy em silêncio escuta Kirk dizer a Spock que pensava nos búfalos, uma espécie que se extinguiu na Terra, à exemplo da criatura que consumia sal. Fim do episódio.

O que podemos falar desse episódio dirigido por Marc Daniels e escrito por George Clayton Johnson? Em primeiro lugar, o episódio mais parece um filme de terror do que de ficção científica. Um monstro que se esconde atrás da aparência das pessoas e que precisa se alimentar compulsivamente de sal, se esgueirando e matando suas vítimas. Um mistério que se alimenta do suspense. Onde a ciência entra ai? Na questão de que as pessoas morrem ao terem todo o sal extraído de seus corpos. Mas esse terror e suspense abriram margem para o que seria uma das marcas registradas da série, que é levantar alguma questão pertinente para reflexão. Por que Crater manteve esse monstro vivo, mesmo que ele tenha matado sua esposa. Em primeiro lugar, a criatura era a última de sua espécie, e ela acabou se tornando uma forma de companhia para o cientista, uma amiga, esposa, até escrava. Ou seja, o médico desenvolveu laços que poderiam ter várias características: afetivos, de dominação, dependência, etc., sem dúvida uma relação estranha e complexa, onde Crater dependia da criatura, mas também a subjugava. De qualquer forma, o principal argumento do arqueólogo para manter a criatura viva era o seu risco de extinção e usava como exemplo a extinção dos búfalos, cujas manadas podiam cobrir o território de três estados americanos. Não é à toa que Kirk, no final do episódio, pensava nos búfalos.

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A criatura!!!! Aaaaaaaarrrrrrrgggghhhhhhhhhhhh!!!!!

No mais, o episódio serviu, como temos visto em nossas análises dos primeiros episódios das séries, para apresentar alguns personagens e suas características, iniciando um processo de construção gradativa. Fica claro o sentimento de Uhura para com Spock, assim como a frieza e o pragmatismo do vulcano. Sulu, por sua vez, é um tripulante que gosta de botânica e tem as suas plantinhas, inclusive uma simpática “mãozinha” coberta de pétalas, que é hipersensível. Kirk, por sua vez, mostra os seus rompantes de autoritarismo, mas pedindo desculpas posteriormente, ao melhor estilo do amigo que “é gente muito boa, mas que de vez em quando vacila”. A justificativa para seu comportamento autoritário é que ele se preocupa demais com sua tripulação e ver diante de si seus tripulantes morrendo faz com que ele busque uma saída rápida para parar com isso, se tornando mais exigente e irrascível. O nosso querido Dr. McCoy, mesmo que atormentado pelo passado de Nancy, já mostra a sua deliciosa e engraçada rabugice que seria sua marca registrada.

Star Trek The Original Series Rewatch: “The Man Trap” | Tor.com
Atacando Kirk…

Temos que dizer ainda que o episódio mostrou os vícios do tempo em que foi produzido, onde a mulher foi vista de forma submissa e como um objeto sexual, com a ordenança Rand se tornando o principal paradigma disso, o que é algo que incomoda aos nossos olhos contemporâneos, mas devemos nos lembrar que esse episódio já tem mais de cinquenta anos e a visão utópica de Roddenberry não tinha como ficar incólume a algumas visões de mundo de outrora. A gente sempre deve se lembrar que a atemporalidade é uma coisa extremamente rara e, por isso mesmo, muito celebrada quando acontece.

Dessa forma, “O Sal da Terra” é o nosso cartão de visitas de Jornada nas Estrelas como série, depois do piloto “The Cage”, que foi reprovado. Um episódio mais regado a terror e suspense do que ficção científica, mas já abrindo espaço para questões altamente reflexivas, não deixando de apresentar as características de alguns personagens. A forma submissa como a mulher é explorada no episódio é algo que incomoda, mostrando um nível de datação desse produto cultural embora não possamos ser anacrônicos e compreender (o que não significa concordar, como diz o Senhor Spock) o porquê de tal visão pejorativa.

McCoy | Star Trek
McCoy vai ter que tomar uma difícil decisão…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Enterprise (S01 – Ep02) Fight Or Flight (Luta Ou Fuga). Autopreservação Ou Moral?

Fight or Flight (episode) | Memory Alpha | Fandom
Um episódio que aborda uma questão moral…

Dando sequência às análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à série “Enterprise” para falarmos um pouco do episódio 2 da primeira temporada intitulado “Fight or Flight” (Luta ou Fuga).

A tripulação da Enterprise está há duas semanas em sua missão de exploração e a única forma de vida com que fez contato foi uma lesminha moribunda, atenciosamente vigiada por Hoshi. Nos aposentos do capitão, Archer está incomodado com um estranho rangido no chão enquanto discute possíveis rotas para encontrar novas civilizações com T’Pol. A última, cuja origem vulcana não vê com muito entusiasmo as explorações espaciais, diz a Archer que somente um a cada 43 mil planetas habitáveis tem chances estatísticas de ter vida inteligente, segundo a exobiologia. Hoshi entra e pede troca de aposentos ao capitão, pois está com insônia por ver as estrelas se deslocarem na janela para o “lado errado”. Archer, meio que intrigado, dá a autorização para ela trocar de aposentos.

Infinite Diversity, Finite Combinations 6.1.2: Kidnapped By Jerks ...
Hoshi e Phlox, tentando pesquisar uma forma de vida (uma frágil lesminha que precisa voltar ao seu habitat)…

Travis e Reed procuram calibrar a mira dos torpedos fotônicos que ainda está descalibrada. Archer dá a ordem para a nave sair de dobra para uns testes de mira. Mas os testes se revelam um fracasso total. Ou seja, os primeiros dias da missão tem sido tediosos e sem êxitos. Somente o Dr. Phlox está se divertindo sua observação aos hábitos e características dos humanos.

Remote Wanderings: Revisiting Enterprise: "Fight or Flight" and ...
Abordando uma nave alienígena, contra as recomendações de T’Pol

Uma nave inerte e com sinais de que foi atacada é encontrada. T’Pol alerta que um exame mais minucioso pode ser muito invasivo, pois a nave não responde às frequências de saudação. T’Pol diz que há formas de vida à bordo e talvez não gostem de visitas. Archer manda preparar uma nave auxiliar e T’Pol disse que muitos protocolos ainda não foram tentados antes dessa decisão mais drástica. Mas Archer, que vive numa sociedade sem Primeira Diretriz, insiste na abordagem via nave auxiliar.

Fight or Flight (episode) | Memory Alpha | Fandom
Um cenário de horror dentro da nave alienígena…

Mesmo com uma certa relutância, Archer decide ir na missão. Só que ele precisa convencer Trip a permanecer na Enterprise (pois é o engenheiro-chefe da nave) e convencer Hoshi a ir, pois ela é oficial de comunicações, mas a moça tem claustrofobia com trajes espaciais. Reed, por sua vez, quer ir com muitas armas, algo que Archer rechaça, levando somente o armamento básico.

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
A Enterprise ainda precisa de ajustes…

O interior da nave alienígena está às escuras e os corpos mortos de seus supostos tripulantes são sugados por uma estrutura hidráulica. De volta à Entreprise, T’Pol fica sabendo pela equipe de Archer que há quinze mortos sendo drenados na nave alienígena e recomenda que a Enterprise vá embora. Mas Archer quer saber o que aconteceu com esses quinze mortos. T’Pol alerta que a intenção de ajuda do capitão foi louvável, mas com essa nova situação, a tripulação da Enterprise pode correr perigo. Archer aceita a argumentação de T’Pol e dá a ordem da nave entrar em dobra novamente e retomar o curso.

Star Trek Enterprise S 01 E 03 Fight Or Flight / Recap - TV Tropes
Hoshi, cheia de inseguranças e incertezas…

Hoshi conversa com Phlox sobre sua experiência de ter gritado ao ver vários corpos pendurados na nave, e que ela não estava na Enterprise para ver corpos. Phlox sugere ela voltar à Universidade para lecionar. Hoshi diz que foi a primeira opção de Archer e que precisa estar lá. Todo esse núcleo mostrando como Hoshi é cheia de não me toques serve para deixar claro que a linguista não tem muito jeito em fazer parte da tripulação de uma nave espacial e que ela vai precisar se adaptar à nova realidade. Ou seja, vemos uma tentativa de construção de personagem feita de uma forma mais elaborada já nos dois primeiros episódios da série.

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
Criaturas sendo sugadas. Existe moral na autopreservação e deixar tudo para trás???

Archer, T’Pol e Trip jantam juntos. Archer mostra que ainda está muito incomodado com a situação dos mortos na nave alienígena. Ele pergunta se T’Pol deixaria os corpos se eles fossem de vulcanos. A vulcana disse que os corpos não eram de vulcanos e que sua espécie obedece a uma série de procedimentos. Archer deixa claro que está muito incomodado por só passar ao largo de uma situação grave e simplesmente deixá-la para lá. Archer diz que os humanos também têm um código assim como os vulcanos e que não acredita que violou esse código. E sai da mesa. Archer decide retornar à nave alienígena.

Na nave, Phlox acha que a triglobulina extraída dos corpos pode ser usada como remédios, vacinas ou até afrodisíacos. Hoshi, numa conversa com Trip, diz que vai abandonar a carreira de oficial de comunicações na Enterprise. T’Pol avisa ao capitão que uma nave alienígena chegou, com a mesma leitura da bomba hidráulica que suga os corpos. Archer manda a sua equipe abandonar a nave alienígena e dá um tiro de phaser na bomba hidráulica. Os torpedos fotônicos da Enterprise ainda estão com a mira descalibrada e a nave alienígena que chegou não atende às frequências de saudação. A nave auxiliar atraca na Enterprise, que já sofre ataques da nave alienígena. A Enterprise não entra em dobra, pois uma nacele foi avariada com o ataque. A Enterprise atira dois torpedos, facilmente rechaçados pela nave alienígena. Ela sonda a Enterprise e descobre que os corpos dos tripulantes também podem ser sugados. Outra nave aparece e é da espécie que foi morta e teve seus corpos sugados. Mas seu capitão fala uma língua que é desconhecida e ainda não foi decifrada por Hoshi. A primeira nave prende a Enterprise com uma espécie de raio trator. E o alienígena da outra nave parece muito impaciente. Hoshi diz que parece que o alienígena entendeu que outros de sua espécie foram mortos, mas acredita que foi a Enterprise que os matou. T’Pol calmamente pede que  Hoshi envie uma mensagem dizendo que a Enterprise mandou um sinal de socorro e, se tivesse sido a Enterprise a matar os alienígenas, ela não mandaria um sinal de socorro. O alienígena ainda não está muito convencido e Archer pede para Hoshi que ela fale para o alienígena comparar as assinaturas da bomba hidráulica e da nave que está atacando a Enterprise, para que ele veja que são iguais. A informação não foi muito correta para o alienígena, que se impacienta. Ao mesmo tempo, a outra nave já começa a perfurar o casco da Enterprise. Não haverá outra alternativa senão Hoshi, insegura toda a vida, se comunicar verbalmente com o alienígena. Hoshi consegue se comunicar e o alienígena ataca a nave que mantinha a Enterprise presa. Esta dá um tiro de torpedo contra a nave e a nave do alienígena que se comunicava com Hoshi termina de destruir a nave beligerante. O episódio termina com Hoshi e  Phlox deixando a lesminha que pegaram num planeta parecido com as condições de vida dela, para que essa não morra. Fim do episódio.

Talk:Fight or Flight (episode) | Memory Alpha | Fandom
Danou-se…

O que podemos falar desse episódio? Em primeiro lugar, ele lança uma questão ética. Ainda dentro dos conflitos entre as visões de mundo dos humanos e dos vulcanos, o que parece mais sensato? Se esgueirar de uma situação que pode levar risco à toda a tripulação de sua nave, ou se importar com o problema ocorrido e buscar investigar o que parece ser um crime para lá de hediondo e entender o que aconteceu, pois as vítimas do crime merecem uma atenção? A visão pragmática dos vulcanos, que defende abertamente a filosofia da futura Primeira Diretriz da Federação, defende o não envolvimento. Mas para a mentalidade humanista de Archer, isso parece muito pouco ético, embora seja a alternativa mais segura. Assim, o nosso bom capitão, dentro da filosofia de exploração espacial, dá meia volta em sua nave e a coloca em sério risco, pois a Enterprise ainda não está em condições de se defender de um ataque. Fica parecendo, nesse primeiro momento, que T’Pol estava coberta de razão. Mas toda a empreitada, que parecia fadada a um retumbante fracasso, teve um desfecho positivo, com a Enterprise fazendo uma amizade com o povo Axanar, embora a tripulação também tenha feito um inimigo. E aí, essa história principal do episódio se liga à segunda história, que girava em torno de Hoshi. Vimos no primeiro episódio de Enterprise que Hoshi parecia uma personagem cheia de pitis desnecessários, mas logo fica claro aqui no segundo episódio sua insegurança com a exploração espacial, por ser uma pessoa acostumada mais com a vida acadêmica. As situações extremas pelas quais passou (corpos mortos, claustrofobia com trajes espaciais e enjoos com sacolejos da nave) fizeram Hoshi desistir da carreira. Mas ela acaba sendo demovida da ideia quando ela passou, com sucesso, pela situação extrema de ter que se comunicar diretamente com o alienígena que poderia salvar a Enterprise da destruição. E num idioma que ela praticamente tinha acabado de conhecer e só começar a decifrar. Ao salvar a nave com sua competência, Hoshi dá a volta por cima e mostra o seu valor para a tripulação, tudo isso sob a confiança benevolente de Archer.

Axanar | Memory Alpha | Fandom
Hoshi vai precisar estabelecer contato verbal com o axanari para este salvar a Enterprise…

Dessa forma, esse é um típico episódio de Jornada nas Estrelas em que temos uma história A se desenvolvendo paralelamente a uma história B, com tudo combinado para que essas histórias se amarrem mais ao final do episódio de uma forma bem elaborada, construindo um bom episódio. Episódio esse com a construção de uma questão ética, que prepara uma discussão sobre a futura Primeira Diretriz, e que ajuda a construir bem uma personagem do elenco fixo. Vale a pena revisitá-lo. 

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
Hoshi se encontra na Enterprise e devolve a lesminha ao seu habitat