Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). O Grande Ivan. Live Action Animal.

O Grande Ivan: Filme com Bryan Cranston ganha novo clipe, confira!
Cartaz do Filme

Dando sequência à nossa análise dos filmes indicados ao Oscar, vamos falar hoje de uma produção que está na Disney +, intitulada “O Grande Ivan” e que concorre a estatueta de Melhores Efeitos Visuais. Para que a gente possa analisar essa película, vamos precisar dos spoilers de sempre.

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Ivan e Mack, uma amizade antiga…

Vemos aqui a história de Ivan, um gorila que é uma atração de um cirquinho de shopping, juntamente com outros animais. O dono do cirquinho era um sujeito chamado Mack (interpretado por Bryan Cranston), que via as suas atrações perderem o interesse da audiência à medida que deixavam de ser novidade, com Mack constantemente precisando se reinventar, sempre passando por problemas financeiros. Ele compra um filhote de elefante para ser uma nova atração. Mas Stella, a elefanta mais velha do circo, acaba morrendo e pede a Ivan que ele não deixe o filhotinho de elefante no cativeiro a sua vida inteira. Ivan vai então, com a ajuda de seu amigo vira lata Bob, libertar a bicharada do circo para uma nova vida de liberdade. Mas outros problemas surgiriam para atrapalhar esse plano.

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Ivan e Bob, outra amizade no filme…

O filme, por incrível que pareça, é baseado numa história real de um filhote de gorila que foi capturado na selva muito novo e que foi criado por uma família, até que o tamanho do gorila impossibilitou que ele ficasse na casa dos seus donos, parando no  tal circo de shopping. O grande detalhe é que o gorila recebeu uma caixa de lápis de cera e papel e fez uns desenhos que as pessoas entenderam como uma vontade do gorila de voltar à natureza e à liberdade, desfraldando uma campanha para libertar o bicho que deu certo, com o gorila vivendo hoje numa espécie de reserva.

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Tirado muito cedo da floresta…

Os efeitos especiais lembram o “live action” que vimos na nova versão de “Rei Leão”, onde, com CGIs, vemos os animais conversando uns com os outros. Se em Rei Leão a coisa não deu muito certo, pois víamos animais selvagens como hienas e leões brigando, parecendo mais um daqueles documentários sanguinários de animais comendo uns aos outros no Discovery Channel, em “O Grande Ivan” a coisa ficou um pouco mais lúdica, com os animais mais calminhos e fofinhos. O filhotinho de elefante lembrou muito a doçura e a fofura do live action de “Dumbo”, por exemplo. O único animal que ainda expressava alguma agressividade e selvageria era o próprio Ivan, mas isso para fazer tipo na apresentação ao público, sendo um personagem muito calmo e sereno no resto do filme.

The One and Only Ivan - Ruby got flu scene (2020) - YouTube
Um filhotinho de elefante…

O filme tem um baita de um elenco. Vemos Cranston atuando na película, mas os animais digitalizados têm as vozes de astros como Sam Rockwell, Angelina Jolie, Danny DeVito e Hellen Mirren. É mais um daqueles filmes que tem como alvo o público infantil, ensinando as crianças (e os adultos) a não manter os animais em cativeiro, dando o direito à liberdade para eles. Uma coisa fofinha, engraçadinha e não vai além disso.

Crítica | O Grande Ivan
Um gorila que desenha…

Dessa forma, “O Grande Ivan” é mais um filme que concorre ao Oscar, mas não creio que ele seja o favorito à estatueta de efeitos visuais, até porque a gente tem coisa mais interessante a ser vista nesse quesito em “O Céu da Meia Noite”. A história é engraçadinha, mas não empolga muito. Pelo menos os animais antropomorfizados são bem mais simpáticos que em “Rei Leão”.

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Soul. Direito A Viver.

Soul - Filme 2020 - AdoroCinema
Cartaz do Filme…

Dando sequência à análise dos filmes indicados ao Oscar 2021, falemos hoje de “Soul”, que está na Disney + e concorre a três estatuetas: Melhor Animação, Melhor Som e Melhor Trilha Sonora, além de vencido os globos de ouro de Melhor Animação e Trilha Sonora. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.

Soul | Crítica |
Joe queria ser um músico de sucesso…

Vemos aqui a história de Joe, um professor de música que trabalha numa escola e tem o sonho de ser um grande músico de jazz. Essa oportunidade aparece e ele fica radiante, não percebendo o bueiro aberto no meio da rua e caindo nele, indo para o mundo dos mortos. Não aceitando a sua situação, ele tenta voltar à vida, indo na contramão e acaba parando por acidente numa espécie de “mundo pré-vida”, onde almas que estão prestes à nascer precisam de mentores, ou seja, pessoas que tiveram grandes feitos em vida, para estabelecer qual é a missão delas aqui na Terra quando nascerem. Joe acaba sendo confundido com um desses mentores e é designado para ele uma alminha conhecida como 22, que não quer nascer de jeito nenhum, pois acha tudo na vida muito chato. Joe vai tentar ensinar algo para ela, mas conclui que  sua vida era muito chata para ensinar algo. 22 fica interessada em Joe, pois ele quer voltar a viver mesmo tendo uma vida muito desinteressante. Eles vão para o espaço dos místicos, que estão vivos, mas que viajam na maionese, voltando ao planeta Terra quando chamados à realidade. Recebendo a ajuda de um deles, Joe acha seu corpo convalescendo num hospital, com um gato na cama. Ele se joga com a 22, mas Joe fica no corpo do gato e 22 fica no corpo de Joe. Ele precisa ir para sua primeira apresentação como músico de jazz e 22 terá que fazer isso, em seu lugar, sempre acompanhado de seu gato. Entre muitos contratempos aqui e ali, 22 começa a pegar gosto pela vida e não quer devolver mais o corpo de Joe a ele.

CRÍTICA | 'Soul': brilhante animação sobre quem realmente somos
… mas ele vai parar num mundo muito estranho…

Essa é mais uma animação da Pixar e levanta questões muito interessantes para reflexão. A mais importante delas é: qual é o nosso propósito aqui na Terra? Temos alguma missão para cumprir nessa vida? Quais são as nossas aptidões para cumprirmos a missão certa? Ou não devemos nos preocupar com isso e simplesmente levarmos a nossa vida da melhor maneira possível, dentro de nossas possibilidades? Joe colocava muita expectativa em transformar a sua vida profundamente assim que ele conseguisse fazer a coisa a que se propôs, que era se transformar num grande músico de jazz. Mas, ao conseguir isso, ele percebe que sua vida continuará a mesma de quando ele a considerava vazia. Ou seja, aquele velho e surrado provérbio do “só se leva dessa vida a vida que se leva” cai como uma luva aqui. E o mais importante é você levar a sua vida da melhor forma que se puder, não se obrigando a cumprir seus objetivos e expectativas a ferro e fogo. Sempre é bom estabelecer objetivos e metas na vida, mas não será o fim do mundo se você não conseguir cumpri-las, pois isso tudo pode gerar obsessão e frustração.

Soul' é animação perfeita para refletir sobre como viver sem amarras do  propósito - Mylena Gadelha - Diário do Nordeste
… onde vai conhecer 22, uma alminha muito arisca…

A gente sabe aqui que as animações da Disney e da Pixar sempre são praticamente pule de dez para ganhar Oscars. E isso tem acontecido, creio eu, não somente pela qualidade das animações, mas também pelas histórias e reflexões que elas nos trazem, sempre de uma forma lúdica e divertida, já que são mais destinadas ao público infantil. “Soul” vai por esse mesmo caminho, ao abordar questões tão universais e acaba se tornando uma animação que nos dá uma lição de como tocarmos nossas vidas. Além disso, tivemos uma super trilha sonora que merece demais o Oscar, regada a muito jazz.

Rolling Stone · 5 detalhes e referências em Soul que você (provavelmente)  não percebeu
Qual é o verdadeiro sentido da vida?

Dessa forma, “Soul” é mais uma animação da Pixar que vem como favorita ao Oscar desse ano, vindo com uma fórmula muito forte, que é fazer uma animação de qualidade atrelada a uma linguagem lúdica, que aborda a reflexão de um tema profundo, aliado a uma trilha sonora muito boa, regada a muito jazz.  

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). O Som Do Silêncio. De Qual Mundo Você É?

O Som do Silêncio - Filme 2019 - AdoroCinema
Cartaz do Filme…

Vamos hoje prosseguir em nossas análises dos filmes que concorrem ao Oscar nesse ano de 2021. “O Som do Silêncio” (“Sound Metal”), na Amazon Prime, concorre a seis estatuetas (Melhor Filme, Melhor Ator para Riz Ahmed, Melhor Ator Coadjuvante para Paul Raci, Melhor Som, Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem). Para podermos falar desse filme, vamos recorrer aos spoilers de sempre.

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Ruben, um homem perdido na surdez…

Vemos aqui a história de Ruben (interpretado por Riz Ahmed, que trabalhou em “Rogue  One”), um baterista que mora num motohome e viaja em turnê com sua namorada Lou (interpretada por Olivia Cooke) fazendo apresentações de música. Os dois conseguem levar essa vida mambembe numa boa, até que um dia Ruben acorda, de uma hora para outra, com sua audição seriamente comprometida, o que vai prejudicar enormemente seu trabalho e sua vida com Lou. Ao se consultar no médico, ele toma conhecimento de uma cirurgia onde se pode colocar um implante para recuperar parcialmente a audição, embora tal cirurgia seja muito cara. Enquanto ele não consegue fazer essa cirurgia, o rapaz irá para uma espécie de centro que acolhe pessoas consideradas deficientes físicas pela sociedade, liderado por Joe (interpretado por Paul Raci), que busca ver essas pessoas não como deficientes, mas sim como seres humanos que merecem uma integração com uma sociedade formada somente por elas, sem qualquer contato com o mundo exterior. Isso vai separar Ruben de Lou, com a moça voltando para a França, para viver com o pai (interpretado por Mathieu Amalric). Ruben fica arrasado com a situação e tem dificuldades iniciais para adaptação. Mas, pouco a pouco, vai se integrando com aquela sociedade e passa até a ter uma vida feliz. Entretanto, ele quer voltar à sua vida anterior de viagens e turnês com Lou. Para isso, vai vender sua bateria, equipamentos de som e seu motorhome para conseguir o dinheiro suficiente para a cirurgia dos implantes. Quando ele mostra a Joe que fez a cirurgia, este diz que a comunidade que criou não toma suas pessoas como deficientes e pede que Ruben se retire da mesma, perdendo espaço naquele microcosmos onde já estava tão integrado. Ao fazer o ajuste final do implante para finalmente voltar a ouvir, ele escuta apenas um som pouco claro e muito metálico, que mais incomoda do que esclarece as coisas à sua volta. Ruben irá a França para se reaproximar de Lou, mas encontra todo um contexto onde ele não se encaixa mais (o pai da moça veladamente hostil e sua namorada adaptada à nova realidade). Com isso, Ruben vai embora e anda pelas ruas de Paris cercado por aquele som metálico infernal do implante. Ele para numa praça e arranca os implantes recaindo na surdez total, refletindo sobre os rumos que sua vida deve tomar dali em diante.

Crítica | O Som do Silêncio (Sound of Metal)
Apesar da surdez, ele quer continuar a trabalhar como baterista…

É um filme angustiante, pois ele nos dá a dimensão exata de todas as experiências sonoras (ou a falta delas) à medida que Ruben vai perdendo sua audição. Daí a indicação, justíssima, ao Oscar de Melhor Som. A nova condição de Ruben o arranca do mundo real e da sociedade em que ele estava acostumado para viver num novo mundo com pessoas que tinham a mesma condição dele, sendo obrigado a se integrar nessa nova sociedade, cujo líder, Joe, fazia questão de frisar que elas não eram deficientes e sim pessoas que tinham direito a uma integração, independentemente da condição em que estivessem.

Culturadoria
Ele terá que se afastar de Lou, sua namorada…

Mas quando pensamos que Ruben conseguirá se adaptar totalmente a essa nova condição, como realmente estava se adaptando, na verdade nosso protagonista entendia que aquele momento seria algo transitório, com ele podendo voltar à sua vida antiga e a rotina de viagens e turnês. Isso fortemente decepcionou Joe, pois Ruben já havia chegado a um nível de integração que ele era considerado importante para outras pessoas. E a visão de Ruben de que a surdez era uma deficiência o impossibilitava de continuar naquela comunidade. Ruben somente vai perceber que não podia voltar ao mundo de antes quando ele revê Lou na França e percebeu que a volta à sua vida antiga com a namorada era impossível, além do fato de que a cirurgia do implante havia condenado o rapaz a escutar um infernal e incompreensível som metálico (daí o título original do filme, “Sound Of Metal”). O arrancar do implante ao final do filme mostra Ruben desistindo definitivamente de sua vida anterior e abraçando uma nova vida com a surdez. O espectador pode até se perguntar: ele voltará para a comunidade de Joe? Será aceito depois da pisada de bola que deu? Vemos como o desfecho ficou em aberto para que o espectador possa preenchê-lo dentro de suas expectativas.

Crítica | O Som do Silêncio – Indicado ao Oscar é favorito para estatueta  de Melhor Som | CinePOP
Aprendendo a viver num novo mundo…

As atuações foram muito boas. Ahmed deu a medida certa do desespero que é chegar a essa condição de forma repentina. Ele ficou angustiado, perdido, teve explosões de paroxismo. Indicação merecida, que será um páreo duro com Boseman. A indicação de Raci para coadjuvante parece justa, embora a gente sinta que esse ator teve muito pouco tempo de tela, até para um coadjuvante. Assim, a indicação de Raci pode significar que, no pouco tempo em que apareceu, seu carisma e sua atuação foram de uma notabilidade acima da média.

Via Streaming - Dica da Semana: “O Som do Silêncio”
Qual mundo ele deve escolher???

Dessa forma, “O Som do Silêncio” é mais um filme que vem forte nesse Oscar de 2021. É uma película que fala de dois mundos e da posição de um homem perante eles.  E da capacidade do ser humano de se adaptar à novas condições.  

Batata Movies (Especial Oscar 2021). Uma Noite Em Miami. Revendo Posições.

Uma Noite em Miami - Filme 2020 - AdoroCinema
Cartaz do Filme…

Vamos continuar a conversar sobre os filmes que concorrem ao Oscar neste ano de 2021. “Uma Noite em Miami”, da Amazon Prime, concorre a três estatuetas: Melhor Ator Coadjuvante para Leslie Odom Jr., Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Música (ou canção). Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.

Estreia de “Uma Noite em Miami” nesta sexta-feira
Uma conversa sobre a luta pelos direitos civis e sobre a vida privada de quatro homens…

O filme se passa na noite de 25 de fevereiro de 1964, onde houve um encontro fictício entre Cassius Clay (interpretado por Eli Goree), Malcolm X (interpretado por Kingsley Ben-Adir), Jim Brown (jogador de futebol americano, interpretado por Aldis Hodge) e Sam Cooke (músico, interpretado por Leslie Odom Jr.). Tal encontro, organizado por Malcolm X, seria para que eles pudessem estabelecer parâmetros em comum na luta das negros pelos direitos civis na década de 60. O encontro comece de forma muito amistosa e cordial. Mas, aos poucos, as diferentes visões de mundo vão tornando a noite muito tensa. O principal fator de tensão, que chegou às vias de fato inclusive, foi o desentendimento entre Malcolm X e Sam Cooke, com o primeiro achando que o segundo tinha a música como um instrumento muito valoroso para a causa, mas Cooke somente fazia música para agradar a brancos. Cooke rebatia esse argumento dizendo que sua música lhe dava uma independência financeira e fazia os brancos colocarem dinheiro nas mãos dele, além de fazer também músicas mais militantes. Outro fator de discórdia, rapidamente sanado, foi entre Clay e Malcolm X. O primeiro havia se tornado campeão mundial dos pesos pesados naquela noite, com apenas vinte e dois anos, se convertendo ao islamismo por intermédio de Malcolm X. Entretanto, Malcolm X estava se desligando do movimento islâmico ao qual fazia parte, pois não concordava com alguns procedimentos deste, querendo fundar seu próprio movimento e Clay seria um bom chamariz para fiéis. Clay se sentiu usado e somente se reconciliou com Malcolm X depois de muita conversa. Já Jim Brown pensava em seguir a carreira de ator no cinema, mas Cook achava que ele devia continuar a seguir sua carreira no futebol americano, pois negros só receberiam pequenos papéis nos filmes. Ou seja, cada um apitava na vida particular do outro, pois essas vidas particulares estavam entrelaçadas com uma causa maior, que era a luta pelos direitos civis. Mas o mais interessante nessa conversa conflituosa foi ver como nossos personagens reviam suas posições e mudavam (ou não) as suas convicções.

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Nem sempre se consegue chegar a um acordo…

O filme se passa a maior parte do tempo dentro de um quarto de um pequeno hotel, onde esses quatro personagens reais se encontram e aparam suas arestas. Se Leslie Odom Jr. recebeu a indicação para Melhor Ator coadjuvante, devemos dizer que todos os atores foram excelentes em seus papéis e transpiravam carisma. Fiquei muito impressionado com a atuação de Kingsley Ben-Adir, que fez um Malcolm X muito sereno, mas também muito perturbado e transtornado com as perseguições que sofria dos brancos, praticamente antevendo sua morte. Ele também conseguia ser explosivo ao expor o seu ponto de vista e desabar quando sentia que o desentendimento atrapalhava o andamento das coisas, se debulhando em lágrimas na frente de Jim Brown. Aldis Hodge, o ator que interpretou Jim Brown, foi o mais centrado de todos ali, expondo suas ideias e pensamentos de forma bem clara e concisa, sem entrar no cavalo de batalha dos conflitos. Eli Goree talvez tenha recebido a tarefa mais fácil, pois fazer um Clay caricato em suas fanfarronices pode ser algo muito adaptado para um overaction. Mas ele não ficou apenas na fanfarronice e foi inseguro (como todo jovem de vinte e dois anos o é) e terno nas horas certas. Odom Jr. foi sem dúvida o mais carismático de todos e merece a indicação a ator coadjuvante de longe, com um personagem muito seguro de si e que não levava desaforo para casa.

Crítica | Uma Noite em Miami tem a força das palavras - Canaltech
Leslie Odom Jr. Indicação para Melhor Ator Coadjuvante…

Dessa forma, “Uma Noite em Miami” é mais um filmaço que concorre ao Oscar que merece demais a nossa atenção, pois aborda um tema nevrálgico na cultura dos Estados Unidos (a questão da luta pelos direitos civis) e conta com um elenco que trabalhou muito bem e com muito carinho os seus personagens. É um show de atuação do início ao fim.

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). O Céu Da Meia-Noite. Procurando Outra Casa Quando Temos Que Tomar Conta Da Nossa.

O Céu da Meia-Noite: Críticas AdoroCinema
Cartaz do Filme…

Mais um filme que concorre ao Oscar. “O Céu da Meia-Noite” concorre ao Oscar de Melhor Efeitos Visuais e conta com atores de peso como George Clooney (que também assina a direção), Felicity Jones (de “Rogue One”) e David Oyelowo (de “Selma”). Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.

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Augustine, um cientista em busca de planetas…

Vemos aqui a história de um cientista, Augustine (interpretado por Clooney), que descobriu uma que uma das luas de Júpiter podia sustentar vida, o que rendeu uma missão tripulada até lá. O grande problema é que, durante essa missão, o ser humano, que já maltrata o planeta Terra de longa data, conseguiu finalmente tornar o planeta inviável para a vida, obrigando as pessoas a viverem nos subterrâneos para terem uma sobrevida. Mas Augustine ficaria na superfície, esperando a missão à lua de Júpiter retornar, para alertar os astronautas a não voltarem para a Terra. Totalmente sozinho depois da evacuação da população, ele encontra uma garotinha sozinha e toma conta dela. Os dois vão precisar ir até uma estação de comunicação, onde há melhores condições de se comunicar com a missão, passando por muitos perigos e dificuldades. Paralelamente, vemos a volta da missão, onde tudo ia muito bem até o momento em que a nave saiu de sua trajetória e foi alvejada por detritos no espaço. No momento do conserto, mais detritos apareceram, causando a morte de uma astronauta. Próximos ao planeta, os astronautas finalmente falam com Augustine, que os alerta do perigo de retornarem à Terra, mas dois decidem retornar ao nosso planeta pelos laços afetivos e familiares, enquanto que um casal decide retornar à Júpiter e viver na lua.

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Uma garotinha vai ser a companhia de Augustine num mundo pós-apocalíptico…

O filme tem um ritmo extremamente lento, com duas histórias (a de Augustine e a da missão à lua de Júpiter) fluindo separadamente, somente se encontrando ao final, de uma forma até interessante que compensa a letargia da coisa. A indicação para os efeitos visuais valeu, a meu ver, muito mais pelas imagens das paisagens da lua de Júpiter do que pelas imagens da nave em si. Mas a grande atração da película sem a menor sombra de dúvida é a mensagem de alerta que ele traz sobre a forma mundana como estamos tratando o nosso planeta. Chega a ser uma ironia pesquisarmos exoplanetas a enormes distâncias, buscando condições semelhantes às da Terra quando tratamos tão mal o nosso planeta aqui bem pertinho. Podemos ver essa contradição bem expressa em cores vivas no personagem de Augustine. Quando jovem, ele era um pesquisador muito estimulado em fazer essa busca pelos exoplanetas com condições semelhantes à da Terra. Mas, em sua idade avançada, o desgosto e a doença o tomam, ao perceber que todo o seu esforço de uma vida parecia ter ido em vão, pois a Terra não mais comportava a vida. O seu esforço só não foi totalmente em vão, pois ao descobrir a lua de Júpiter que reunia condições para a vida, a humanidade poderia reaparecer a partir dali, com o casal de astronautas esperando uma filha como uma nova versão de Adão e Eva sendo expulsos do paraíso (ou indo para ele, depende do ponto de vista) para perpetuar a humanidade. Haverá uma relação entre Augustine e esse casal, mas vou parar com os spoilers por aqui.

O Céu da Meia-Noite' é mais conto de fadas do que uma aventura sci-fi -  16/12/2020 - Ilustrada - Folha
A humanidade ressurge de um casal…

Há uma pequena ligação com Jornada nas Estrelas nesse filme. O jovem Augustine foi interpretado por Ethan Peck, que interpretou Spock em Discovery, e Tim Russ (o vulcano Tuvok, de Voyager) aparece muito rapidamente e de relance (na verdade, a gente mais o escuta do que vê) ao início do filme, sendo um amigo de Augustine que se despede dele durante a evacuação das pessoas da superfície do planeta.

O CÉU DA MEIA-NOITE | Crítica do Neófito Nerdtrip
Filme tem bons efeitos visuais, dignos da indicação…

Dessa forma, se “O Céu da Meia-Noite” é um filme de ritmo muito lento, o espectador é premiado com a mensagem do filme de cuidado com a preservação de nosso planeta e pela forma como as duas histórias que corriam em paralelo se ligam ao final. O filme também tem uma forte ligação pessoal entre os personagens que vale a pena conferir e não direi aqui.

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Pieces Of A Woman. Ou Uma Mulher Em Pedaços.

Pieces of a Woman - Filme 2021 - AdoroCinema
Cartaz do Filme…

Dando sequência às nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar, vamos falar hoje de “Pieces Of A Woman”, mais uma produção da Netflix que concorre a estatueta de Melhor Atriz para Vanessa Kirby. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.

O Filme “Pieces of a Woman”. O drama americano “Pieces of a Woman”… | by  Marcia | Coadjuvante | Medium
Martha de Sean, um casal que passará por um pesado trauma…

Vemos aqui a história de um casal, Martha (interpretada por Kirby) e Sean (interpretado por Shia LaBeouf). Eles estão prestes a ter uma filha e querem fazer o parto em casa. A parteira que acompanhou toda a gravidez estava ocupada no dia do nascimento da bebê e eles receberam a ajuda de uma parteira “reserva” por assim dizer. O problema é que o nascimento foi todo complicado e a menina acabou morrendo. Isso foi apenas o início de uma via crucis para Martha, que teve que lidar com os procedimentos que iria realizar com o corpo da criança (enterro ou doação do corpo para pesquisas), o processo em cima da parteira e a relação com o marido que ficou em frangalhos. Para piorar toda a situação, a mãe de Martha, Elisabeth (interpretada por Ellen Burstyn) se achava no direito de se intrometer na vida da filha e nas suas decisões, o que gerava ainda mais atritos. E, no meio dessa tempestade toda, as perdas ficam ainda maiores, com somente uma coisa principal a fazer: aguentar a maré brava passar. Mas não sem tomar algumas atitudes que serão decisivas para conseguir a paz de espírito e seguir em frente.

Resenha | Pieces of a Woman (Original Netflix) - Entreter-se
Um parto difícil e fracassado…

O filme tem um ritmo lento e, obviamente, é muito pesado, onde parece haver uma depressão coletiva na maioria dos os personagens, algo bastante comum nesse contexto. O ritmo lento o torna um pouco maçante, mas ele também desperta uma angústia muito forte quando vemos a vida das pessoas desmoronando. Vanessa Kirby, a indicada à Melhor Atriz, passou por várias fases ao longo do filme. A primeira, pouco tempo depois da morte da bebê, mostrava uma Martha tão letárgica que ela parecia indiferente à tudo, até à morte da filha. Nesse ponto, o personagem de LaBeouf foi bem mais enfático e mostrou um sofrimento bem pronunciado, assumindo um comportamento mais frio com o transcorrer do filme, até o afastamento total. Martha, por sua vez, tem uma explosão de paroxismo quando discute com a mãe num encontro familiar, com esta falando também de seus sofrimentos pregressos, quando era perseguida pelos nazistas e foi obrigada a fazer o parto sozinha em que nasceu Martha (foi uma bela atuação de Ellen Burstyn aqui). E sua grande participação no filme foi seu depoimento no julgamento da parteira, que não vou comentar aqui porque já dei spoilers demais.

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Uma parteira que será julgada…

O filme tem uma metáfora bem interessante. Martha, depois que perde o filho, come uma maçã no trem, cercada por pais junto de seus filhos. De repente, ela tira da boca uma sementinha de maçã. Ela irá cultivar sementes de maçã, colocando-as no algodão molhado (da mesma forma que fazíamos no ensino primário com os feijões) para que elas germinassem e fossem plantadas. Essa metáfora é responsável pela cena final do filme que, depois de maltratar bastante o espectador com uma história sofrida e pesada, nos fornece um happy end.

Pieces of a Woman - O PipoqueiroO Pipoqueiro
Uma mãe que quer decidir pela vida da filha…

Dessa forma, “Pieces Of A Woman” é mais um candidato ao Oscar que merece a atenção. É um filme sofrido e difícil de assistir, mas tem uma boa atuação de Kirby, que foi em várias camadas. Sem dúvida, uma concorrente de peso ao posto de Melhor Atriz.  

Batata Movies 2 (Especial Oscar 2021). Destacamento Blood. Ressurreição Da Guerra.

Destacamento Blood - Filme 2020 - AdoroCinema
Cartaz do Filme

Mais um filme que concorre ao Oscar 2021. “Destacamento Blood” (“Da 5 Bloods”), de Spike Lee, concorre à estatueta de Melhor Trilha Sonora Original. Esse era um filme em que eram esperadas mais indicações, mas a coisa ficou somente nessa única indicação mesmo. Esse é um outro filme que conta com a presença de Chadwick Boseman, que concorre ao Oscar de Melhor Ator em “A Voz Suprema do Blues”. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.

Crítica | Em 'Destacamento Blood', Spike Lee dá protagonismo aos heróis que  nunca tiveram espaço no cinema
Ex-combatentes de volta ao Vietnã, mais o filho de um deles…

O filme fala de quatro ex-combatentes do Vietnã que voltam ao país para procurar os restos mortais de seu superior, Stormin’ Norman (interpretado por Boseman). Mas essa viagem tinha outro motivo implícito, que será explicado num flashback da guerra. Os quatro ex-combatentes faziam parte do chamado “Destacamento Blood” e estavam numa missão num helicóptero que foi derrubado e caiu próximo de um avião americano também derrubado. Eles encontraram no avião uma espécie de baú cheio de barras de ouro, que seria enviado para uma comunidade vietnamita como pagamento para se apoiar os americanos. Os soldados enterraram esse baú e acordaram que um dia iriam juntos pegar esse ouro enterrado. Mas, para tirar o ouro do Vietnã, precisariam da ajuda de um atravessador francês, Desroche (interpretado por Jean Reno). Eles fazem um acordo com ele, mas obviamente serão traídos, o que vai provocar uma reedição da guerra, mas agora na disputa pelo ouro.

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Boseman em mais um filme…

O filme mistura dois gêneros. Por um lado temos uma película de ação e de guerra, com direito a todos os traumas passados, manifestos sobretudo num dos ex-combatentes, Paul (interpretado magistralmente por Delroy Lindo), que pirou na batatinha legal nas condições inóspitas da selva e na presença dos capangas de Desroche. Por outro lado, temos um filme bem Spike Lee mesmo, com muitas informações sobre  situação dos soldados negros durante a guerra do Vietnã, com direito a muitas imagens de arquivo, citações e falas de figuras importantes como Mohammad Ali ou Martin Luther King Jr., tendo uma cara mais documental. Esse aspecto mais militante do filme o torna mais didático e talvez os membros da Academia não tenham se sentido muito à vontade com tal característica dúbia, que provocava algumas descontinuidades no roteiro. Ou seja, temos aqui a mistura de informações bem verídicas com uma ópera do absurdo mais espetaculosa do que qualquer coisa, dando a impressão que a gente via dois filmes ao mesmo tempo, onde sentíamos uma conexão entre eles em alguns momentos, mas uma desconexão total em outros. Ainda assim, a película é cativante, seja pelo seu teor de informações, seja por uma história que é bem contada.

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Exumando um herói…

O grande ícone da história é, sem a menor sombra de dúvida, o personagem interpretado por Boseman, Stormin’ Norman que, além de ser o líder do destacamento, também abriu os olhos de seus comandados para a questão racial nos Estados Unidos e a posição do soldado negro na guerra. Ou seja, Norman era um misto de superior, professor, pai e mentor intelectual dos membros do destacamento. A morte dele foi um trauma para todos, mas especialmente para Paul, que era o amigo mais próximo e tinha pesadelos diariamente com seu amigo morto. Não é à toa que o homem surtou na floresta, mergulhando numa paranóia pura e se tornando uma figura muito perigosa para todos.

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Spike Lee e a galera…

Dessa forma, é até uma pena que “Destacamento Blood” não tenha obtido mais indicações para o Oscar. Apesar de misturar um gênero um pouco mais documental com um filme de ação, a película prende a atenção do espectador do início ao fim, mesmo que o filme não seja tão cativante quanto um “Infiltrado na Klan”. Está lá no Netflix.

Batata Movies (Especial Oscar 2021). A Voz Suprema Do Blues. Fantasmas Do Passado.

A Voz Suprema do Blues - Filme 2020 - AdoroCinema
Cartaz do Filme

Dando sequência às nossas análises de filmes concorrentes ao Oscar 2021, vamos falar hoje de “A Voz Suprema do Blues” (“Ma Rainey’s Black Bottom”), que concorre a cinco estatuetas (Melhor Atriz para Viola Davis, Melhor Ator para Chadwick Boseman, Melhor Figurino, Melhor Design de Produção, Melhor Maquigem e Cabelo), além de ter ganho o Globo de Ouro para Melhor Ator de Drama, para Chadwick Boseman. Para que possamos analisar melhor o filme, vamos lançar mão de spoilers aqui.

A Voz Suprema do Blues' traz Chadwick Boseman em último papel | VEJA
Uma estrela…

Vemos aqui a história de Ma (interpretada por Viola Davis), uma grande cantora de blues e um dia de gravação de um disco seu com sua banda. Ma, por ser uma estrela, sabe muito bem se impor numa sociedade altamente racista e é muito exigente com tudo, para desespero de seu empresário e do dono da gravadora, homens brancos que, segundo a cantora, querem aprisionar a sua música numa caixa para ganhar dinheiro. Ma tem muita consciência de que, se ela não dá mais dinheiro, será tratada com o racismo de sempre, que todos conhecemos. Assim, enquanto está na crista da onda, é ela quem dá as cartas, sendo bem agressiva, pois o fantasma do passado do racismo está bem ali. Esse fantasma também assombra Levee, o jovem trompetista da banda (interpretado magistralmente por Chadwick Boseman), que não aceita os conselhos dos músicos mais antigos da banda, querendo trilhar seu próprio caminho ao jeito que quiser. Seu grande fantasma foi, aos oito anos, ter visto a sua mãe ser estuprada por homens brancos, pois seu pai conseguiu juntar dinheiro e comprar uns terrenos que pertenciam aos brancos. Ele pegou uma faca e conseguiu, mesmo criança, ferir alguns deles antes de ser ferido seriamente, o que levou ao fim do estupro. Seu pai abandonou as terras e levou sua família para outro lugar, sumindo em seguida. Ele voltou e matou alguns brancos antes de ser enforcado. Tal vida pregressa fez com que ele se tornasse muito agressivo em alguns momentos, sendo violento com o membro religioso da banda, numa total descrença em Deus em virtude de sua infância violenta, e inclusive matando o pianista da banda por ter pisado em seu sapato sem querer, depois do empresário branco negar a gravação de suas composições. Ou seja, a agressividade de Levee e de Ma é usada como uma espécie de defesa contra a sociedade racista, com Ma canalizando isso numa direção produtiva e obtendo o que quer dos brancos, mas com Levee, por ser mais jovem, não sabendo fazer essa canalização com eficiência, respondendo à sua volta de uma forma muito desproporcional e agressiva. É claro que uma hora, Ma e Levee entrariam em conflito, o que provocou a demissão sumária deste, caindo em desgraça em seguida com a negação da gravação de suas músicas e com o homicídio.

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Um trompetista sem papas na língua…

O filme começa num tom descontraído e divertido, onde a interação entre os membros da banda cria esse clima. Mas, com o tempo, ele se torna tenso, tanto pela agressividade de Ma quanto pelo temperamento descontrolado de Levee, tendo um desfecho trágico e triste, manifesto no choro de Ma, que percebe que sua época e reinado estão acabando.

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A banda…

Davis e Boseman merecem demais o prêmio de melhor atriz e ator. Somente 25% dos atores de Hollywood são negros. Assim, quem alcança o estrelato acaba sendo muito competente no que faz como podemos ver aqui. Davis conseguia misturar agressividade com mortificação, esta última ao falar da condição do negro na sociedade americana e como os empresários brancos a viam, ou seja, como uma máquina de fazer dinheiro que poderia ser descartável a qualquer momento. Mortificação também ao perceber que seu sucesso teria um fim um dia. Já Boseman está muito magro e diferente, provavelmente por causa da doença que o vitimou. Ele conseguia fazer uma mistura de irreverência com explosões paroxistas de violência, tanto que o grande momento do filme foi Levee  falando do estupro da mãe e da morte do pai. A dor saltava de seus olhos, juntamente com as lágrimas.

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Levee e seu fantasma do passado. O melhor momento do filme…

Dessa forma, “A Voz Suprema do Blues” é mais um filmão que concorre ao Oscar e confesso que vou torcer muito por Davis e Boseman. Seria uma premiação muito merecida.