Batata Literária – O Tempo Não Passa

O moribundo poeta dizia

“O tempo não para”

Ahmas não é só isso!

O tempo, também, não passa!

Principalmente se estamos mergulhados

em profunda agonia

Aí, cada segundo é uma eternidade

E a alegria é a falsidade

Ah, relógio! Teus ponteiros se arrastam

Maldita inércia temporal!

Tudo fica lento, muito lento…

Enquanto você trabalha…

A morosidade é o rebento

do sujeito que rala e ralha

Socorro! Acelera o ponteiro!

Assim, nunca acabarei inteiro!

Na praça, a babá socorre o neném

Fraldas sujas e mamadeiras também

O chocalho oscila rápido

Mas o mostrador digital é estático

Temperatura alta, tempo mole

O calor derrete a velocidade

Parece até maldade

Mas não vejo o futuro da cidade

Ah, mas o tempo só correrá

se o prazer chegar

Aí, o tempo sumiu!

Ninguém sabe, ninguém viu!

“Vida louca, vida breve”, assim dizia o poeta

Daí surge a dúvida:

Vivo pouco, mas bem

Ou vivo muito, mas mal???

Batata literária – Fora do Mapa (Chrsitine Córdula Dantas)

Fora do Mapa
————–

Pro fim do mundo eu vou
Praquele mesmo recanto
que sempre me esqueço
sem nunca querer

Onde doces riachos
esquecidos de mim
me permitem em seus sonhos
eu mesma sonhar

Em suas cantigas e rumores
Brandos e aquosos
eu mesma, em silêncio.
cantar

No fim do mundo
onde tudo começa

Num tempo em que o novo
é o tempo passado do tempo
Onde céus repousam
quietos no mar
sem barco algum
à vista a passar

Mas onde ainda sim vejo
seu traço naval
que surge
Rasgando em meu peito
meu longínquo
Mapa Mundi

CCD 16/08/17

Batata Literária – Noite Pensada (Christine Córdula Dantas)

A Batata Literária tem mais uma colaboradora. Minha amiga, astrônoma e poetisa Christine Córdula Dantas, nos traz hoje uma reflexão sobre a noite…

Noite pensada
—————

A faixa branca diluída
no espaço
Poupa-me desse vento
obscuro do tempo

Flutua e dispersa
seu próprio ato
na transparência
de um evento

Faixa branca da vida
que assim, insólita,
desvenda meus mundos,
assalta meus sonhos,
cura meus limites

Que existem, sim,
bem escuros,
na noite que penso
inventar.

CCD 15/08/17

Batata Literária – Ilha das Ilusões Perdidas

Oh! O que vejo na praia?

Debaixo de coqueiros lilases

Bailarinas rosas, todas meninas, metendo os dedos

Dedos dos pés!

Na areia fofa, a saltitar

Elas são as melhores do mundo!

Todos os êxitos, nenhum fracasso!

E uma multidão a aplaudir

Olho para outro lado

E vejo meninos a jogar bola

Que craques maravilhosos eles são!

Dribladores inveterados!

Passam um, dois, três… e é gol!

Campeões do Mundo!

Taças, títulos e sucessos!

O Universo a seus pés!

Adentro a ilha

A floresta fica densa, escura

Tenho muito medo!

Quando o breu é total

Vejo um pequeno ponto de luz

Me aproximo e acho uma gruta

Cuja luz vem de dentro

Estou com receio, mas entro

Ali, encontro um mundo urbano

Só com adultos…

Um mundo cinza, de gente normal

Fazendo coisas normais

Motoristas, porteiros, professores

Bancários, farmacêuticos, médicos

Engenheiros, comerciantes, faxineiros

Todos com semblantes sisudos

Só aí é que me dei conta

Eles deram as costas para o mar

Abandonaram a infância

Voltaram-se para o real

Assumiram suas responsabilidades

Amadureceram e endureceram

Esqueceram os seus sonhos

E perderam as suas ilusões.

Batata Literária – Fim do Mundo!

Fim Do Mundo! (17/12/2012)

Disseram que no próximo fim de semana acaba o mundo!

Palavra dos antigos Maias

Sairão da terra os moribundos

E voarão pelo céu as arraias

Alguns já subiram a serra

Para olhar, lá do alto

O fim do Planeta Terra

E a agonia do incauto

Mas, será que o mundo acaba mesmo?

Sei lá, para mim, já acabou

Morro se comer muito torresmo

Morro se me portar da forma como eu sou

Morro atingido por bala perdida

Morro pela doença inesperada

Vivo cercado pela criatura combalida

Vivo com a minha paciência atacada

Que mundo que nós criamos?

Sentimentos de raiva, sentimentos insanos

Busca desesperada pelo vil metal

Faz a todos passar muito mal

Guerras exterminam a torto e direito

Deixando os mais otimistas sem jeito

Assim não dá, fica impossível!

Transformamos nosso planeta em lugar terrível!

Chego, então, a uma conclusão

Não é sobre o fim do mundo que devemos falar

Mas sim, sobre como recomeçar

E ver onde o sonho virou ilusão

Buscar renovar a esperança

Pois o humano conhece a temperança

Construir uma Terra de futuro e amor

E purgar de vez a maldita dor

 

(Poema terminado em 31/1/2013, ou seja, os Maias foral mal interpretados…)

Batata Literária – Passando Mal

Primeiro vem o cansaço

Depois, o mal estar

Quando vejo, vou desmaiar

E no sofá, vou deitar

Aí, é melhor ir para a cama

Só me levanto para no banheiro ir me aliviar

Meu corpo dói pra caramba

E estou perto de vomitar

Vem a febre

Vem o frio

Vem a revolta das salmonelas

No dia seguinte, eu acordo

E a bonança depois da tempestade

Meu corpo preparado para outra maldade

 

Batata Literária – Mãe (à Leony)

Mãe (à Leony)

No início é apenas uma sensação
Tato quente, alimentação
Com o tempo, é uma voz amável
Que te trata de forma afável
Mais tarde, ela chama tua atenção
Para lhe indicar na vida a melhor direção
Nesse momento, você já a vê
E sabe que, com ela, sua vida vai viver

O tempo passa, você cresce
A inocência se desvanece
A intempérie se instaura
Fere agudamente sua alma
E, desta vez, é você quem acolhe
Nesses momentos de dor, não há ninguém quem olhe
Mas você, firme está lá
E ela sabe que em você pode contar

Mas o tempo, esse miserável
Muda tudo de forma implacável
Você cresce, a vida distancia
“Busque novos rumos!”, a vida desafia
Você não está mais por perto
E o seu antigo mundo cai num futuro incerto
Espiral descendente
Espiral descendente…

Hoje, as dores não mais existem
Nem os sofrimentos
Exceto para nós, que ainda revivem
Os antigos momentos
Numa tentativa vã de aplacar a dor
E de superar o estado de torpor
Força devemos buscar
Para o difícil futuro poder encarar…

Pelo menos, ficam as lembranças…

Batata Literáraia – Desamparo

Dias passam…
Dias passam…
A sensação ruim continua…
O futuro traz problemas amargos…
Preocupações o tempo todo
O medo
A sensação de se cair nm buraco fundo e escuro
Sem ter onde se agarrar…

Responsabilidades aumentam
Será que dá para se arcar?
Rearrumar a vida
para tudo isso suportar…
Mas, agora, qualquer revés
torna-se uma turbulência enorme
E você conduz sua nau
pelas águas das violentas tempestades

Mas, em meio a toda essa tormenta
devo buscar a corda da vela
consertar o mastro quebrado
apontar o barco na direção do vento
e rasgar o negro do céu nublado noturno
como o guerreiro que atira a lança
ao coração do monstro lendário
e, assim, chegar a águas calmas

Mas eu ainda me sinto muito fraco
Muito desamparado
Será que conseguirei?
Como ser forte como uma rocha
se minha alma ainda é mole como seda?
Como manter meu rumo
se meu leme ainda está quebrado?
Perguntas sem respostas

sem respostas…

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