Categoria: contos e poesias
Batata Literária – O Expressionista
Batata Literária – O Herege
Eu não creio em Deus,
repudio todas as religiões.
Repudio a fé.
Nego o sacrifício de Cristo.
Não vejo diferença entre o Salvador e Lúcifer.
Abomino o clero e sua ostentação.
Me revolto com a pompa dos cardeais
e o ouro dos papas ancestrais.
Por que todo o meu ódio contra a fé?
Porque a fé emburrece.
A fé reprime!
A fé diminui!
A fé aliena!
Vejam, meus caros, que paradoxo!
Como o fato de se acreditar em algo tão amplo
estreita a visão de mundo dos mortais desde Eudoxo!
A vida delimitada por regras rígidas,
por dogmas frios e irracionais,
por homens de batina que dizem o que você deve fazer,
a quem você deve obedecer,
a quem você deve desmerecer.
A palavra religião não significa religar?
Por que, então, semeia tanta discórdia?
Tanta intolerância que não se pode suportar?
Por isso, sou o herege.
Odeio do fundo do meu coração os fiéis e os crentes,
cegos e intolerantes,
espalham a violência com fortes ditos entre os dentes.
Dizem que amam o próximo,
mas desde que o próximo concorde com suas palavras eternas,
pois, caso contrário,
condenam o pobre indivíduo às trevas.
Batata Literária – O Guerreiro
Batata Literária – O Fugitivo
Por Carlos Lohse
Batata Literária – Poesia de Rodoviária
Por Carlos Lohse
Batata Literária – Mário (à Mário Peixoto)
Era um menino muito franzino,
muito recluso, muito fechado.
Muito ligado à avó,
que, na adolescência foi estudar na Inglaterra.
Lá, teve contato íntimo com o cinema.
Se apaixonou pelos filmes alemães.
Mas sofria muito com a frieza do povo inglês
e, por isso, teve como amigos filhos do Império japonês.
De volta ao Brasil,
tinha como amigos estudiosos do cinema
que fundaram um periódico
cuja função era estudar o cinema teoricamente.
Ele via tudo à distância,
mas buscava um enredo para um scenario
do fundo de sua alma
onde a teoria vinha apenas como um apoio.
Logo escreveu o scenario.
Entregou-o para um diretor de cinema
e para outro.
Qual foi a conclusão dos dois?
O próprio menino franzino deveria dirigi-lo.
O scenario era complicado demais.
E todos aqueles que militavam pelo cinema
logo começaram a ajudá-lo.
De todo esse esforço
saiu um filme único, maravilhoso.
Um filme que explorava
a limitação da condição humana
perante o Universo.
Onde toda a angústia do ser
era exposta de forma fria e crua,
uma reflexão de até onde nós podemos ir em nossas vidas.
Batata Literária – Penumbra
Talvez eu tenha recebido esse malfadado trabalho
justamente por ser tão frágil
para que todos se lembrem
que os equilíbrios são muito instáveis
à medida que os extremos se tornam tão violentos.
Por isso, sou tão fina,
tão quebradiça e tão delicada,
sucumbindo à ignorância dos exageros.