Batata Movies – 12 Macacos. Futuro do Pretérito

O Conselho Jedi do Rio de Janeiro organizou, há alguns anos, o Cineclube Sci Fi, no Planetário da Gávea, onde era exibido um filme de ficção científica seguido de palestra com convidados e debate com o público. Vamos lembrar aqui algumas dessas sessões. Uma delas exibiu o filme “12 Macacos” (“12 Monkeys”), produzido já no longínquo ano de 1995, dirigido por Terry Gillian e inspirado no curta francês “La Jetée”, escrito por Chris Marker. O elenco conta com figuras de peso como Bruce Willis, Brad Pitt, Madeleine Stowe, Christopher Plummer e até, acreditem, Frank Gorshin. Não identificou esse último nome? Ele fazia o Charada da série do Batman estrelada pelo Adam West!

Cole e Goines. Doidinhos!!!

Como podemos definir “12 Macacos” em uma só frase? É um surreal futuro do pretérito! A história do filme, altamente distópica por sinal, fala de uma espécie de agente temporal, James Cole (interpretado por Willis), que vive num mundo do futuro cuja humanidade foi praticamente dizimada por um vírus propositalmente criado pelo homem no passado, mais precisamente o ano de 1996. Os poucos humanos que restaram vivem nos subterrâneos e estudam as espécies animais na superfície que sobreviveram ao vírus, que já sofreu muitas mutações e para o qual a cura é praticamente impossível. Assim, faz-se necessário voltar ao passado para poder isolar o vírus antes que ele sofra as mutações. Só que as viagens ao tempo empreendidas por essa geração futura estão, digamos, meio que “descalibradas” e nosso agente temporal cai no ano de 1990, sendo dado como uma pessoa louca e perigosa, e internado num hospício. Lá, Cole conhece a psiquiatra Kathryn Railly (interpretada por Stowe) e o paciente Jeffrey Goines (interpretado por um tresloucado Brad Pitt). Esses personagens serão de suma importância para ajudar nosso protagonista a encontrar a organização secreta “12 Macacos”, que supostamente produziu o tal vírus que destruirá a humanidade.

Cartaz de La Jetée.

Roteiro interessante, não? O filme oferece várias possibilidades além da ficção científica. Num momento da película, a coisa parece mais um estudo da loucura e da psique humana. Sem perder uma forte dose de humor, o filme também consegue inquietar bastante, pois joga a insanidade humana de uma forma um tanto sufocante para cima do espectador. Brad Pitt, por exemplo, conseguia ser simultaneamente engraçado e angustiante, talvez um dos melhores papéis de sua carreira, embora não deva ser tão difícil fazer o excessivamente caricato ao invés de um papel dramático mais contido. Se o personagem de Pitt ainda podia ser classificado como engraçado, Cole, por sua vez, era o agônico por excelência. O homem sofreu demais na película, seja em seu tratamento na cadeia e no hospício, seja nas suas viagens temporais e nas prestações de contas que ele dava às elites do futuro que o enviaram para o passado, como parte do indulto que ele recebia (o personagem cometeu algum crime no futuro que não foi citado explicitamente), seja dentro de sua própria mente perturbada, que a uma certa altura, já não sabia mais o que era realidade ou invenção de sua cabeça. Esse ambiente altamente opressor e angustiante, aliado a um pesado humor negro, acabam tornando o filme altamente surreal, fugindo muito do estilo da ficção científica.

Mas o filme não é só esse embate surreal. Ele também aborda questões muito relevantes ligadas à ciência. Creio que nesse momento, deve-se falar um pouco das palestras dos convidados desta edição. Eles foram: Rafael Studart e Ulisses Matos, ambos roteiristas e fãs de histórias de viagens no tempo, e o químico Gastão Souza. Studart e Matos enfocaram suas falas na questão do paradoxo do tempo das viagens temporais, lembrando que o filme opta por uma lógica circular que torna a situação inevitável e irremediável, o que só faz amplificar a ideia de angústia já mencionada acima. O mais interessante, segundo eles, é que essa não é a única visão de viagem no tempo que existe. Algumas histórias simplesmente chutam para escanteio essa noção de lógica circular e aí surgem paradoxos mais latentes. Claro que isso deve ser feito com alguma responsabilidade ou a história ficará com muitos furos e perderá a qualidade. Ainda, os palestrantes lembraram que, quanto mais se volta ao passado, maior é a instabilidade da lógica circular. Uma alteração no passado que você faz no dia de ontem, pode ter consequências bem menores que uma alteração no passado que você faz há seis milhões de anos. Devemos nos lembrar, no entanto, que isso não é uma regra e depende muito do tipo de alteração que é feita no passado. Eles também falaram um pouco do curta francês “La Jetée”, de 1962, que inspirou “12 Macacos”. Foi mencionado que essa história de vinte e sete minutos era uma espécie de sucessão de fotos estruturadas sob uma narração e que não se furtava de ir somente ao passado, mas ao futuro também, algo que não foi mostrado em “12 Macacos”. Ainda sobre a questão dos paradoxos temporais, a tal história da organização secreta “12 Macacos” que foi o motivo de Cole voltar ao passado teria sido implantada pelo próprio Cole quando ele estava em 1996. Studart e Matos ainda projetaram slides referentes à série de tv produzida mais recentemente e inspirada em “12 Macacos”.

Henrique Granado e Brian Moura (nas extremidades) com os palestrantes: Gastão Souza (de barba), Rafael Studart (centro) e Ulisses Matos.

Já Gastão Souza estruturou sua apresentação em questões mais filosóficas e científicas. O primeiro ponto que ele menciona é a questão da profecia. Joe Cole é aquele que vem do futuro trazendo as “más novas”. Note que as iniciais de Joe Cole são as mesmas de Jesus Cristo (J. C.), considerado outro profeta bíblico. O mito de Cassandra, que sabia prever o futuro, mas totalmente impotente para evitar que algo ruim acontecesse, é também mencionado pelo palestrante, assim como na película. Foucault foi citado pelo palestrante por defender a ideia de que chamar alguém de louco é muito mais o reflexo de uma vontade de dominação política do que um diagnóstico médico. Sentimos isso no filme o tempo todo. Ainda, o personagem de Brad Pitt, Goines, apesar de taxado de louco, fala coisas altamente pertinentes como a crítica à sociedade de consumo, que leva a uma devastação ambiental e ao apocalipse, ou seja, nosso planeta não consegue aguentar todos os excessos praticados pela raça humana e vemos uma destruição paulatina do meio ambiente. Ainda, Goines defende a liberdade para os animais e coloca o seu próprio pai, um grande cientista, na jaula, numa metáfora de volta ao primitivismo, onde os animais livres num mundo sem jaulas remetem a um tempo em que o ser humano não fazia qualquer mal à natureza. Souza ainda menciona o mito da solução científica, onde a ciência busca soluções para os próprios problemas que ela cria, algo também muito presente em “12 Macacos”.

Uma discussão muito interessante que alinhou as falas dos três palestrantes foi a questão de se dar direitos a robôs se eles se tornarem seres com consciência. Tal assunto suscitou muita discussão, com alguns membros do público concordando e discordando dessa posição. Ainda, Souza levantou a questão de que é muito difícil se definir o que é consciência se nem sabemos ainda como nosso cérebro funciona integralmente.

Essas foram as impressões do filme “12 Macacos” na sessão do Cineclube Sci Fi do Conselho Jedi do Rio de Janeiro. Futuramente, vamos lembrar de outras sessões.

Batata Movies (Especial Cinema Centro América) – Histórias Do Canal. O Imperialismo Que Não Nos Contam.

Cartaz do Filme

Ainda dentro da Mostra “Cinema Centro América”, ocorrida na Caixa Cultural Rio de Janeiro no ano passado, sobre a produção cinematográfica recente da América Central, temos o excelente “Histórias do Canal”, produzido no Panamá em 2014, com duração de 106 minutos. Esse filme é contado em cinco histórias, dirigidas por Carolina Borrero, Pinky Mon, Luis Franco Brantley, Abner Benaim e Pituka Ortega-Heilbron. Todas essas histórias orbitam em torno do Canal do Panamá e das relações entre a população local e o processo imperialista dos Estados Unidos na região. Essas histórias se passam em cinco momentos diferentes: 1913, 1950, 1964, 1977 e 2013.

A criança americana que se identifica com a terra dominada…

Em 1913, o canal ainda está em construção e vemos aqui um jovem casal negro que participa das obras. O problema é que um novo capataz americano extremamente racista chega à região e implica com o casal, sendo que, numa briga com o rapaz, acaba morto quando cai ao chão e bate numa pedra com a cabeça. O namorado precisa fugir e a moça, de uma família extremamente religiosa, é obrigada pelo pai (que é o pastor da comunidade) a se casar com o irmão do namorado.

Luta por autonomia dentro do próprio país…

Na segunda história, que se passa em 1950, vemos um garotinho americano, filho do engenheiro que cuidava do canal e recentemente falecido, interagindo com os panamenhos, inicialmente no seu mundinho burguês da zona restrita somente aos americanos, e depois andando pelas ruas de uma cidade dos panamenhos, entrando em contato com toda uma outra realidade com a qual ele se identifica, pois quando ele vai embora de volta para os Estados Unidos com sua mãe, fica com a impressão de que está deixando sua casa.

Casamentos arranjados…

A terceira história, de 1964, fala de um jovem fotógrafo que frequenta a Universidade e se apaixona por uma americana, arrogante toda a vida, que cede aos encantos do moço, mas que logo vão se separar por questões ideológicas. Nesse momento, o Panamá exige o direito de hastear sua bandeira na zona destinada aos americanos, o que é prontamente rechaçado por eles. É uma época de muitos protestos e conflitos, com o Panamá querendo se afirmar diante de seu poderosíssimo “parceiro”.

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Um James Bond hilário…

Já a quarta história, de 1977, mostra um Jimmy Carter começando a dar autonomia para o país centro-americano. Mas um taxista fará um trabalho de espionagem para um grupo nacionalista, gravando conversas de americanos graúdos que discutem se a administração do Canal será passada aos panamenhos ou não. Essa história tem um divertido tom de comédia e temos aqui uma espécie de James Bond cômico.

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Um jovem fotógrafo, dividido entre o amor de uma americana e o amor de seu país…

A quinta história, de 2013, se passa cem anos depois da história de 1913 (com o Canal já sob a administração do Panamá) e se remete a ela. Uma ossada é encontrada num sítio arqueológico, onde está uma pedra que pertencia a moça da primeira história. Como o nome de seu namorado está nela, os cientistas conseguem chegar à sua descendente, que vive em Nova York e é cantora. Sua antepassada se desvencilhou do casamento arranjado e fugiu para os Estados Unidos, deixando seus parentes panamenhos magoados. Agora, muitos anos depois, a descendente volta para a reconciliação e para homenagear os mortos na construção do canal, dentre os quais constam seus familiares. Tal ato foi libertador para ela, pois a moça não consegue mais cantar, e depois da viagem, recupera seu dom.

Uma cantora conhecendo o passado de sua família…

Cinco histórias, cinco momentos em que vemos um povo de um país inteiro sendo tratado de capacho pelos Estados Unidos, da mesma forma como os americanos retratam seus inimigos no cinema. Ou seja, é um filme que nos faz pensar, e muito, sendo uma importante atração da Mostra Cinema Centro América, que foi realizada na Caixa Cultural do Rio de Janeiro.

Batata Movies (Especial Imagens Para O Futuro, O Cinema Da Alemanha Oriental) – O Coelho Sou Eu. Um Corajoso Filme Contra O Autoritarismo E Pela Mulher.

Cartaz do Filme

Ainda falando dos filmes da Mostra “Imagens Para O Futuro, O Cinema Da Alemanha Oriental”, realizada na Caixa Cultural do Rio de Janeiro, vamos hoje analisar o interessante “O Coelho Sou eu”, de Kurt Maetzig, realizado em 1965 e de 110 minutos. Esse filme é daqueles que podemos dizer que é bem corajoso, pois enfrentou de frente o autoritarismo do governo da Alemanha Oriental, sendo até banido por isso. Cabe dizer aqui, a título de curiosidade, que todos os filmes banidos pelo governo da Alemanha Oriental em 1965 ficaram conhecidos como “filmes de coelho” por causa de “O Coelho Sou Eu”, que se tornou o ícone dos filmes censurados daquele ano. Mas, por que o governo da Alemanha Oriental classificou esse filme como anti-socialista, pessimista e de ataque revisionista para com o Estado? Para isso, precisaremos de uma sinopse com alguns spoilers.

Uma moça que tem um relacionamento com o homem responsável pela prisão de seu irmão…

O filme foca a vida de Maria Morzcek (interpretada pela deslumbrante Angelika Waller) uma jovem de 19 anos que teve o seu irmão Dieter (interpretado por Wolfgang Winkler) condenado a três anos de prisão por comportamentos subversivos. Maria tem o sonho de se aprofundar no estudo do idioma russo para ser intérprete e cursar a faculdade. Mas a prisão do irmão faz com que ela seja segregada na sua escola pela direção e a moça não consegue ingressar na faculdade, restando-lhe trabalhar como garçonete. Ela vai se envolver com um juiz mais velho que ela, Paul Deister (interpretado por Alfred Müller) que mais tarde ela vai descobrir que foi o juiz que deu a sentença de três anos de prisão para seu irmão. Num primeiro momento, isso não afetará o relacionamento dos dois. Maria viverá na casa de campo de Deister para se curar de uma doença e os dois passam os fins de semana juntos lá. Só para não deixar de dizer, Deister é casado. Mas, com o tempo, as coisas vão se complicando. Maria ganha a vida como tradutora de alguns processos em russo para Deister e como garçonete na pequena cidade onde fica a casa de campo de Deister. Um caso de subversão semelhante ao do irmão de Maria aparece na cidadezinha e Deister pressiona o prefeito para julgá-lo. Mas a população local e o próprio prefeito acham que ele não é passível de uma punição mais severa. Isso irrita Maria, que acha que se usaram dois pesos e duas medidas e o relacionamento dela com Deister começa a entrar em conflito. Maria pressiona Deister a rever o caso de seu irmão. Um belo dia, a esposa de Deister, Gabriele (interpretada por Irma Münch) visita Maria e diz que ele tentou cometer suicídio mas não teve êxito. Ele estava deprimido com todas as pressões que vinha sofrendo do caso do irmão de Maria, não somente dela, mas também de seus conhecidos e do próprio sistema judicial. Gabriele pede que Maria pare de pressioná-lo. Mas Deister volta e diz que agora vê as coisas por um outro ângulo e fará de tudo para que Dieter saia da cadeia. Maria viu nisso mais uma preocupação de Deister com a sua própria carreira do que um gesto de altruísmo e encerrou de vez o relacionamento com Deister. De qualquer forma, Dieter saiu da prisão antes do fim da sentença e, quando soube que Maria teve um caso com o juiz que o prendeu, ele a esbofeteou várias vezes. Maria decide recomeçar sua vida, longe dos homens e correndo atrás de suas aspirações, que é estudar russo, entrar para a Faculdade e continuar a se manter como garçonete, sem precisar morar de favor na casa da tia.

As coisas nem sempre vão bem… e tome DR tensa…

A primeira coisa que chama a atenção no filme é o alto tom crítico contra o autoritarismo do governo da Alemanha Oriental, feito totalmente sem medo, dentro daquele espírito alemão de sutileza de um rinoceronte entrando a toda numa loja de cristais. Em nenhum momento, houve um receio de se questionar os rigores da ditadura e é notável que esse filme tenha chegado até nós. A sequência onde Maria visita Dieter na prisão e conversam sob os olhos de um guarda que, além de tirar-lhes completamente a privacidade, ainda se mete de forma ríspida na conversa, é altamente contundente. Tal filme vai muito na contramão de outros filmes da mostra, considerados simplórios demais, tendendo mais para uma leve comédia que nada questiona.

Maria se torna um joguete das circunstâncias…

Como se já não bastasse essa grande virtude questionadora do filme, temos também outra característica que salta aos olhos: temos uma protagonista mulher, altamente atuante, com objetivos definidos de vida e que enfrenta o autoritarismo do sistema, além de tentar se impor perante os homens que a cercam. Quando atentamos para esses detalhes, não podemos nos esquecer de que se trata de um filme de 1965, onde a mulher era vista de uma forma bem mais machista que a de hoje, e ainda estamos vendo esse filme sendo produzido num país socialista, onde, teoricamente, a mulher teria uma condição de menor desigualdade perante o homem.

Um irmão que não merece o esforço da irmã…

O filme é bem taxativo: enquanto Maria se envolve com os homens, ela sempre quebra a cara e se afasta dos objetivos que traçou para a sua vida. Ao lutar pela liberdade do irmão, ao se envolver com o juiz, a moça se mete em querelas que a transformam num mero joguete das circunstâncias, embora ela sempre tente ter a sua voz atuante e impor a sua vontade. Entretanto, a mensagem ao fim da película é clara: melhor só do que mal acompanhada e ela deve juntar os cacos das decepções passadas, levantar a poeira e dar a volta por cima, sozinha, buscando sua emancipação. Um notável caso de empoderamento feminino, em plenos anos 60, quando essa coisa não era muito vista (se é que era vista) no cinema capitalista do Ocidente, que ainda colocava a mulher muito submissa perante o homem.

Maria vai buscar sozinha seu próprio destino. Poderosíssima!!!

Assim, se a Mostra “Imagens Para O Futuro, O Cinema Da Alemanha Oriental” parece ter alguns filmes um tanto enfadonhos, “O Coelho Sou Eu” vai inteiramente na contramão e prova ser uma excelente película, primeiro por desafiar o governo da época e segundo por mostrar o filme do ponto de vista da mulher e da luta por um lugar ao Sol numa sociedade notadamente machista. Era engraçado como, ao fim da película, Maria partia decidida para um novo rumo em sua vida e, enquanto andava pelas ruas, era sistematicamente cantada por todos os homens, dando-lhes um gelo maior que o iceberg que afundou o Titanic. Tais características fazem a gente dar uma atenção toda especial a esse filme e vale a pena ir atrás dele.

Batata Movies (Especial Imagens Para O Futuro – O Cinema da Alemanha Oriental) – Os Assassinos Estão Entre Nós. Vingança Ou Reparação?

Cartaz do Filme

Já falamos aqui, em outras ocasiões, da Mostra Nouvelle Vague Soviética, que ocorreu na Caixa Cultural do Rio de Janeiro em fins de maio e início de junho do ano passado. Foi uma mostra muito boa, que reuniu grandes filmes soviéticos do pós-stalinismo, quando a cultura do país tinha mais autonomia para funcionar sem censuras, até a época de Brejnev, quando as proibições e restrições voltaram com força total. Doze filmes e uma palestra daquela mostra estão resenhados aqui na Batata Espacial. No mês de agosto de 2018, a Caixa Cultural do Rio de Janeiro fez outra mostra intitulada “Imagens Para O Futuro, O Cinema Da Alemanha Oriental”, onde foram exibidos vinte e cinco filmes e tivemos três palestras. Infelizmente, não pude acompanhar mais de perto essa mostra, mas dos poucos filmes que vi, não tive uma impressão muito positiva. Confesso que achei a coisa muito monótona a maioria das vezes e não pretendo falar de todas as películas assistidas. Um dos filmes que merecem atenção aqui é o bom “Os Assassinos Estão Entre Nós”, de Wolfgang Staudte, produzido em 1946 (portanto, um ano após o fim da Segunda Guerra Mundial) e que tem 91 minutos de duração. Vamos analisar o filme aqui com os spoilers de sempre.

Um casal inicialmente em conflito…

E por que tal filme é digno de ser resenhado aqui? Porque é uma película que fala da situação do povo alemão no imediato pós-guerra, quando eram obrigados a viver em condições precárias em cidades que eram pouco mais do que um amontoado de escombros. Um médico de nome Hans Mertens (interpretado por Wilhelm Borchert) anda bêbado pelas ruas, bares e prostíbulos. Ele pega um apartamento abandonado para viver e é mal falado pelos vizinhos. Até que, um dia, uma bela mulher bate à sua porta. É Susanne Wallner (interpretada por Hildegard Knef), que alega ser a dona do apartamento. Recebida de forma grosseira pelo médico, Susanne no entanto aceita que o mesmo viva dentro do apartamento. E assim, os dois começam a estabelecer uma relação que paulatinamente se torna um romance. Mas o problema é que Mertens descobre que um antigo militar que era seu superior no exército nazista, Ferdinand Brueckner (interpretado por Arno Paulsen), vive em uma casa aconchegante, cheio de luxos. Ele, depois da guerra, se tornou um próspero empresário capitalista, ao passo que a grande maioria da população vivia na miséria e fome totais. Brueckner havia ordenado a execução de muitos civis durante a guerra, inclusive mulheres e crianças, o que deixa Mertens com desejo de vingança. Assim, o antigo médico agora busca uma estratégia para executar seu antigo superior nazista.

… que depois tenta reconstruir a vida num país destruído…

O grande debate desse filme é se a vingança é algo justificável ou a reparação dos crimes de guerra deve ser feita na justiça. Ficamos seduzidos pela primeira alternativa, quando vemos toda a empáfia e arrogância de Brueckner, sem falar que ele era um nazista e um empresário capitalista inescrupuloso (ou seja, o cão chupando manga dentro dos parâmetros socialistas de uma produção cinematográfica da República Democrática Alemã). Mas o filme não cai em tal armadilha, pois a figura redentora de Suzanne impede que a vingança seja consumada e coloca Mertens nos trilhos, dando ao vilão a punição merecida, dentro do âmbito da lei e da justiça. Parece que tal desfecho era muito importante naquele contexto, pois as pessoas acabavam de sair de um conflito onde tudo, principalmente a vida, era desrespeitado. Seria importante a volta da vida civilizada dentro da lei voltar, depois de anos de sangue e de barbárie.

Um antigo nazista perseguido por sombras do passado, bem ao estilo expressionista…

Outro detalhe que também chama muito a atenção no filme é a redenção do personagem Mertens. Um médico que tinha medo de sangue e que havia testemunhado um massacre, estava totalmente imerso na bebida, no trauma e na desesperança. A figura de Susanne chega na hora certa para salvá-lo. Assim, o médico salva a vida de uma garotinha fazendo uma traqueotomia e se esquecendo de seu medo de sangue, além de não cobrar nada por isso. E, pela figura de Susanne, ele abandona seu projeto sanguinário de vingança e opta pela justiça institucional. Uma verdadeira mudança da água para o vinho. Não é à toa que Wilhelm Borchert, o intérprete de Mertens, foi disparado o melhor ator do filme, dada todas as nuances de sua interpretação (o bêbado rude, o homem atormentado, o melancólico sem esperança, o sedento por vingança, e o racional que abandona a vingança). Já Hildegard Knef teve em suas mãos uma personagem demasiado plana, muito amorosa e de fala suave, não podendo demonstrar todo o seu talento, mas de uma beleza estonteante. Já Arno Paulsen teve o mesmo problema de mostrar um personagem plano, ficando só no terreno da empáfia e arrogância, mostrando mais talento nas cenas de desespero mais ao final do filme, quando é ameaçado pelo revólver de Mertens e depois atrás das grades jurando inocência.

Rara imagem de making of…

Assim, “Os Assassinos Estão Entre Nós” pode até hoje em dia soar como um filme que nos impõe uma liçãozinha de moral ao final (“a vingança é a arma do otário”), mas ainda assim é um filme que muito nos faz refletir como era a vida das pessoas depois de uma guerra, onde tiveram ainda que viver muitos anos em condições precárias sob os escombros de um país destruído, sendo esse sim um dos grandes filmes dessa mostra aparentemente mediana (seria necessário ver mais filmes para se ter uma melhor impressão da produção da época). Deixo vocês agora com a introdução do filme…

Batata Movies (Especial Festival Do Rio 2018) – Carvana. A Trajetória De Um Grande Talento Brasileiro.

Cartaz do Filme

Dando continuidade às nossas análises de filmes do Festival do Rio 2018, falemos hoje do bom documentário brasileiro “Carvana”, sobre o ícone Hugo Carvana. Embora eu não tenha assistido esse filme durante o Festival, ele lá esteve e considerei a pré-estreia que assisti uma espécie de “Última Chance” do Festival. Exibida no Odeon, a pré-estreia de “Carvana” contou com muitas personalidades, dentre elas Othon Bastos, Betty Faria e Antônio Pedro. Os familiares de Carvana e a diretora Lulu Corrêa também se faziam presentes. Todos receberam bigodes postiços (uma marca registrada do ator homenageado) e os usaram durante a exibição. A sala de espera tinha cerveja e sacanagem (um salgadinho com presunto, queijo, tomate, azeitona, etc., espetados em palitos de dente). A equipe de produção esteve à frente da plateia antes da exibição do filme e Lulu Corrêa fez um pequeno discurso comemorando a ocasião. Uma homenagem para lá de justa.

Hugo Carvana. Uma homenagem muito justa.

E o documentário em si? Ele trouxe a fala de Carvana em várias etapas de sua vida, onde a gente podia ver o ator dialogando com ele mesmo ao longo do tempo. Pudemos ver Carvana no começo, fazendo pontas em chanchadas, depois sua participação no Cinema Novo (e suas ligações marcantes com Glauber Rocha), as participações na TV (lembram de Valdomiro Pena e “Plantão de Polícia”?) e, principalmente, sua prolífica produção cinematográfica, onde ele criou todo um estilo próprio de se contar histórias, sem querer inovar mas com muito humor, com falas totalmente descoladas e situações non sense que assaltavam o fio narrativo da história que era contada. É claro que seu grande sucesso (na opinião deste humilde articulista), “Bar Esperança”, também estava lá (esse merece uma resenha por aqui).

“Bar Esperança”, um de seus maiores filmes…

São preciosas as cenas de making of de suas produções cinematográficas mais recentes, onde Carvana se pronuncia para a equipe de filmagem, trazendo suas impressões sobre a vida, a arte a que se propõe fazer, a importância dos amigos (para Carvana, todo o trabalho era uma oportunidade para rever as pessoas e estreitar os laços de amizade). Mas Carvana também atenta para momentos difíceis, como os calotes que toma ao produzir filmes.

O non sense era presença marcante em suas películas…

Uma vez, ele ficou num beco sem saída, com 67 credores batendo à sua porta ao mesmo tempo! Ou então, nos períodos mais complicados da Ditadura Militar, onde o exílio o obrigava a viver longe de seu país, algo de que ele sentia muita falta, sem qualquer previsão de quando (e se) poderia retornar.

Com os amigos Othon Bastos e Andréa Beltrão…

É um documentário feito com extremo carinho e se mostra de forma muito otimista. Principalmente porque há uma preocupação de se dar voz ao próprio Carvana, o melhor narrador de si mesmo e de sua vida. E como o homem era um otimista e amante da vida, fica muito fácil o documentário enveredar por esse quê mais otimista.

Um amante do cinema, acima de tudo…

Dessa forma, “Carvana” é um documentário fundamental para quem gosta de cinema e quer ter uma boa noção da História Cultural recente do país, onde essa figura ímpar que foi Hugo Carvana teve uma participação bem prolífica. Um programa imperdível.

Batata Movies (Especial Festival Do Rio 2018) – Terra Firme. Uma Criança No Meio De Uma Relação.

Cartaz do Filme

Mais um filme que passou no Festival do Rio 2018 a ser analisado aqui. “Terra Firme” é dirigido por Carlos-Marques Marcét e tem a nobre presença de duas atrizes da linhagem de Charlie Chaplin: sua neta Oona e filha, Geraldine Chaplin (que é mãe de Oona). O simples fato de ver as duas contracenando juntas já é motivo de sobra para meter a mão no bolso e pagar o ingresso para ver esse filme. Mas existem mais outros atrativos nessa película: a história que é contada aqui.

Três amigos, uma família…

Temos um casal, Eva (interpretada por Oona Chaplin) e Kat (interpretada por Natalia Tena). As duas moram num barco que fica circulando pelos canais de Londres. Um belo dia, elas recebem a visita de Roger (interpretado por David Verdaguer), um espanhol descoladaço e muito louco, que vai chegar numa hora, digamos, inusitada: é que Eva quer ter um bebê, e Kat torce o nariz para essa ideia. Entretanto, as duas acabam concordando na vinda de um pimpolho e será Roger que doará o “peixe”.

A vida num barco…

Na primeira tentativa (onde Kat insemina Eva), o bebê não aparece. Mas aparece na segunda tentativa de inseminação. O problema é que Kat não faz muita questão de acompanhar todo o processo, ao contrário de Roger, que está animado com a ideia de ser “pai”, já que a família será Kat, Eva e a futura criança, com Roger tendo direito a visitas. Mesmo assim, Roger está muito animado com a gravidez e acaba ficando mais presente que Kat, que se afasta desse estranho triângulo amoroso, com direito a uma afeição filial.

Uma mãe que não entende os novos tempos…

Esse é o tipo de filme que mostra como os relacionamentos humanos estão sofrendo transformações e novas questões e situações de ordem afetiva têm surgido. Um casal homoafetivo que tem um filho, cujo doador de esperma não é um anônimo e sim um amigo da família. Isso trará algumas neuras, embora uma questão ancestral (o fato de um dos parceiros da relação não querer o filho) é o que mais dita as regras aqui. É claro que o desfecho para isso não vai ser fácil, embora ele tenha sido concebido em aberto e trazendo alguma esperança, depois de pesadas turbulências.

Eva. Frágil, mas sabe muito bem o que quer…

E os atores? Eles tiveram um certo trabalho, já que os personagens que interpretavam tinham um comportamento um tanto paradoxal. Oona Chaplin foi muito bem e impressiona com sua Eva altamente sensível mas que sabe muito bem o que quer, enquanto que Tena faz o lado mais “masculino” da relação e fica, entretanto, altamente vulnerável quando sente que pode perder sua amada, chegando a se humilhar perante Eva. Duas figuras humanas com as fragilidades expostas à flor da pele e comportamentos um tanto ambíguos. Essa ambiguidade também é vista em Verdaguer, que convence como o porra-louca inconsequente e, também numa virada paradoxal, assume uma profunda responsabilidade referente à paternidade. De qualquer forma, os três protagonistas mostram perfis da fragilidade humana e é impossível o espectador não nutrir uma empatia por eles. Já Geraldine Chaplin aparece pouco com sua personagem Germaine, mas mergulha também nesse comportamento mais paradoxal. Ao mesmo tempo que é uma budista e tinha uma mentalidade progressista no passado, ela não consegue se adaptar muito bem às vertentes frenéticas em que sua filha se envolve, achando que um relacionamento à dois já é muito complicado, imagine um relacionamento a três? E, por mais que ela tenha sido chamada de conservadora por Kat, ao fim das contas, tudo que Germaine temia acaba acontecendo.

O elenco com o diretor Carlos-Marques Marcét

Assim, “Terra Firme” é um filme de relacionamentos humanos, personagens paradoxais, duas atrizes da linhagem de Chaplin e, principalmente uma história em que como pode ser difícil um relacionamento, quando os pares (ou trios) não querem exatamente a mesma coisa. Vale a pena procurar, pois é mais um convite à reflexão.

Batata Movies (Especial Festival Do Rio 2018) – A Rainha Do Medo. Pimenta Nos Olhos Dos Outros…

Cartaz do Filme

Dando sequência a análise de alguns filmes do Festival do Rio 2018, falemos hoje do argentino “A Rainha do Medo” (“La Reina del Miedo”), de Valeria Bertuccelli, uma co-produção Argentina/Dinamarca. Esse é um filme um tanto angustiante, pois a protagonista é acometida de uma ansiedade que parece chegar muito próximo aos limites do pânico. E aí, ou a gente acha ela uma histérica ou a gente embarca em todo seu sofrimento e suplício. Fica ao gosto do freguês. Só é impossível ser totalmente indiferente à personagem.

Robertina e sua rotina de ensaios…

Mas qual é o plot do filme? Temos aqui Robertina, a grande dama da classe artística argentina, que se prepara para encenar mais uma peça que será um sucesso garantido. Só que a atriz faz aquilo que chamamos no popular de “abraçar o mundo com as pernas”, ou seja, ela assume uma infinidade de responsabilidades ao mesmo tempo e, obviamente, não consegue segurar o rojão.

Assumindo muitas responsabilidades…

Ela se preocupa efusivamente com as constantes faltas de luz de sua casa, com uma obra em seu jardim, com a empregada chorosa que toda hora tem sentimento de culpa, com o amigo doente terminal de câncer na Europa e, é claro, lá na 87ª posição, com o ensaio da peça. Inevitavelmente, o comportamento de Robertina será alagado por uma ansiedade extrema, o que a deixa insegura e constantemente infeliz. E aí o espectador, que assiste a aquilo tudo dentro de um ponto de vista mais racional, vai pensar: é impossível para um ser humano assumir tantas responsabilidades ao mesmo tempo. Há de ser mais seletivo e focado nas coisas.

Robertina não consegue segurar o rojão…

O mais lógico aí seria se concentrar integralmente nos ensaios da peça, pois é sua atividade principal e seu ganha-pão. Mas Robertina tem um quê solidário que a obriga a resolver todos os problemas do mundo ao mesmo tempo. Os mais pragmáticos se revoltariam e achariam a mulher histérica. Os mais emocionais, contudo, entendem a situação da mulher e se solidarizam com ela. Não parece haver um meio termo nessa situação. E o espectador fica angustiado com a situação da atriz.

Dando atenção ao amigo doente…

A atuação de Valeria Bertuccelli foi muito boa. Ela conseguiu passar a ansiedade de sua personagem para o público sem recorrer à explosões de paroxismo. Era algo que tinha sua intensidade, mas era contido. Volta e meia, uma lágrima descia pela sua fronte meio que petrificada, o que acabou sendo mais eficiente do que uma crise de choro. Explosão emocional apenas na estreia da peça, quando ela atuou com muita garra, depois de tomar uma bronca de seu agente, pois pensava em desistir de tudo. Apesar desse detalhe, o desfecho foi um tanto dúbio. Derrota ou libertação? Não entrarei mais em detalhes, para que o leitor, se um dia conseguir ter acesso a esse filme (já que alguma coisa do Festival não voltará a ser exibida aqui), tire as suas próprias conclusões.

Muita garra na apresentação…

Assim, “A Rainha do Medo” é mais um interessante filme do Festival do Rio 2018, pois nos dá uma importante lição: carregue a cruz que você pode aguentar. Não adianta sair abraçando o mundo com as pernas, pois todos nós temos nossos limites. Sem falar que pudemos ter contato com Valeria Bertuccelli, realmente uma grande atriz argentina.

Batata Movies – Festival Do Rio 2017. Sexy Durga. Road Movie À Madrugada.

                                                Cartazes do Filme

Mais um filme que passou no Festival do Rio deste ano. A bola da vez é “Sexy Durga”, uma produção indiana de 2016. Podemos dizer aqui que esse é um filme em duas camadas. A primeira mostra um ritual de adoração a uma deusa local, onde vemos pessoas em transe penduradas por ganchos enfiados em sua própria carne. Tudo muito característico daquela região e bem exótico aos olhos ocidentais, não sem dar um nervoso muito grande ao ver as pessoas tendo os seus corpos furados por ganchos de metal e pendurados neles. Mas essa camada serve apenas como uma espécie de pano de fundo para a história principal. E que história é essa? Vemos aqui um casal, Kaber e Durga, que sofrem a discriminação do sistema de castas indiano. Durga, a moça, é do norte do país e eles parecem estar no sul, onde a relação do casal parece não ser aceita (infelizmente o filme não deixa claro o porquê dessas coisas). Os dois, então, traçam um plano de fuga, onde eles pegarão uma espécie de van clandestina para a estação de trem, onde rumarão para o norte do país.

                      Um casal amedrontado

O problema é que os homens da van são muito esquisitos e mal encarados, começando a fazer perguntas muito estranhas para o casal, que fica totalmente amedrontado e quer descer da van o tempo todo. O mais curioso é que os sujeitos da van garantem que não vão fazer mal aos dois, mesmo colocando o homem e a mulher sem querer nas situações mais escabrosas. O casal também foge da van e anda pela estrada escura (já são altas horas da noite) várias vezes, mas os perigos são muitos e os dois sempre acabam voltando à van original e nunca chegam à redentora estação de trem para sacramentar a tão esperada fuga.

                        Uma van cheia de doidões

O que podemos falar desse road movie à madrugada? Ele é uma verdadeira ópera do absurdo, pois o casal anda num território perigoso durante toda a noite, seja dentro de uma van de malucões, seja a pé, e nunca consegue chegar ao seu destino. E o mais inusitado é que o destino está ali ao seu lado, pois a estrada beira a linha do trem em boa parte do filme. Assim, fica o desespero do casal em andar, andar e andar, com os trens passando bem ali ao lado. Mas o problema também era que o próprio casal não se decidia, pois ele sempre voltava a van depois de sair dela e tomar a estrada no breu que mergulhava a noite. Prisioneiros do próprio medo, o homem e a mulher jamais tomavam uma decisão efetiva e a encaravam de frente, caindo numa armadilha armada por eles mesmos, produto de duas mentes angustiadas que acabavam angustiando também o espectador.

As filmagens devem ter dado muito trabalho por terem sido realizadas à noite. As longas caminhadas na estrada no escuro obrigavam a equipe de filmagem a colocar sempre a câmara em movimento. Igualmente complicadas devem ter sido as tomadas na van, onde víamos o carro parando e andando, com as filmagens se desenrolando. Filmar em tais condições adversas deve ter sido um desafio e tanto e a gente já bate palmas para esse detalhe do qual nem sempre o espectador se dá conta.

                    Andando pela madrugada

Assim, “Sexy Durga” é um filme onde nós podemos dizer que foi de difícil realização, nos contou uma história absurda, onde o preconceito do sistema de castas indiano foi o combustível para o inusitado e o climão de road movie regado a muito heavy metal foi uma curiosidade a mais nas tomadas claustrofóbicas de lugares ermos na escuridão da madrugada. Vale a pena procurar na internet por este, caso não dê o ar de sua graça nos cinemas daqui em circuito comercial.

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