Não posso dormir!
Tenho que tomar conta do Forte!
Se eu, porventura desmaiar
Os gentios virão novamente
E, mais uma vez, roubarão a comida
E preciso estar abastecido sempre
Para servir as naus quando elas chegarem
De meu distante Portugal
Ah, Portugal!
Quantas saudades d’aquém mar!
Lugar onde há civilização!
E estão minha mãe e meu pai!
E, principalmente, está a minha Violeta!
Prometida a mim e que me ama!
Como é belo o Tejo!
Como são belas as vilas do interior!
Mas, por hora, devo esquecer minha casa
Minha realidade nesse momento é o além mar
Essa terra estranha… quente, úmida!
Cheia de plantas e animais exuberantes
Mas também coberta de gentios selvagens
E mosquitos… muitos mosquitos!
Não aguento mais essa tortura!
Mas ainda tenho quatro meses sozinho pela frente
Está escuro
Ouço todos os barulhos… será que são eles?
Vejo movimentos nas matas… são eles!
Pego minha arma! Vou apontar!
Atirei! Corram, miseráveis!
Um ficou no chão. Uma grande mancha sai dele
É seu sangue cheio de pecados, contaminando a terra já contaminada
Te mandei para o inferno, besta desalmada!