Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 06), Terminal Provocations. Somos Starfleet!!!

From Barclay To Clippy, 'Star Trek: Lower Decks' Easter Eggs In “Terminal  Provocations” – TrekMovie.com
Um Avatar assassino…

O sexto episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, “Terminal Provocations”, me surpreendeu, pois, pela primeira vez, senti um clima bem mais leve entre Mariner e Boimler. E, confesso que até ri mais aqui.  Para podermos falar um pouco sobre esse episódio, vamos liberar os spoilers.

O episódio começa novamente com um teaser onde os alferes ficam imitando o som que as naves fazem quando estão em dobra, até que Boimler é rendido por Ransom, que acha aquilo tudo estranho. Ou seja, voltamos a ter uma piada destacada do resto do episódio.

Watch Star Trek: Lower Decks Season 1 Episode 6: Terminal Provocations -  Full show on CBS All Access
Um novo amigo…

A Cerritos está num impasse diplomático com uma espécie alienígena que quer pegar lixo de naves da Frota Estelar. A capitã Freeman não pode levar a coisa para a guerra e o capitão da nave alienígena está bem intolerante. As duas naves disputam um pedaço de lixo espacial com seus raios tratores. Enquanto isso, no refeitório, Mariner esbarra sem querer na doutora, uma oficial sênior, que começa a maltratá-la. Fletcher, um tripulante, coloca panos quentes na situação. Boimler diz que Fletcher o ajudava a sair de situações complicadas na Academia da Frota Estelar e, parece que Fletcher vai ser um grande amigo do peito dos dois. Já Rutherford e Tendi discutem sobre a possibilidade deles fazerem uma caminhada espacial depois do impasse com a nave alienígena para catalogar todo o lixo espacial. Tendi diz que não fez treinamento de caminhada espacial na Academia e Rutherford lhe oferece a possibilidade de fazer um treinamento de caminhada espacial com seu programa de holodeck para impressionar a moça. Por sua vez, Mariner, Boimler e Fletcher estão com uma carga de trabalho muito pesada e nossos dois protagonistas lamentam não poder participar de uma festa na nave para isso. Fletcher, mostrando ser um cara legal, fala para eles irem à festa enquanto ele faz o trabalho dos três.

Star Trek: Lower Decks Season 1, Episode 6 recap: Terminal Provocations -  Pop Times UK
A festa do Chu Chu…

No holodeck, Rutherford e Tendi iniciam o programa e uma espécie de avatar de símbolo delta aparece para ensinar o tutorial do treinamento. Seu nome é Badgey. A simulação começa e os dois estão no espaço, fazendo uma caminhada, Rutherford pede a Badgey que ele insira o lixo espacial na simulação, mas o avatar trava. Depois de alguns chutes que Rutherford dá em Badgey, o lixo aparece, mas há realmente algo de errado com o avatar.

Boimler e Mariner retornam da festa e encontram Fletcher desacordado. Ele disse que foi atacado com um phaser. Um núcleo que tem ligação com os escudos da nave desapareceu. Boimler e Mariner desconfiam de um ataque de um grupo de alferes intitulado delta shift, mas esses dizem que nada fizeram e, inclusive, estavam na tal festa de Boimler e Mariner. Enquanto os dois grupos discutiam, Fletcher mostrou um descontrole total e quase partiu para a agressão.

Primeiras impressões: "Terminal Provocations" | Trek Brasilis - A fonte  definitiva de Star Trek (Jornada nas Estrelas) em português
Fletcher atacado. A primeira de sua longa lista de mentiras…

A nave alienígena começa a usar o raio trator para jogar lixo espacial na Cerritos e os escudos não aguentam ao ataque de forma satisfatória. No holodeck, a simulação começa a falhar e Badgey começa a ficar agressivo. Os protocolos de segurança estão desativados e Rutherford não consegue ativá-los, o que torna Badgey perigoso. Rutherford troca para a simulação de um mercado bajoriano e os dois alferes continuam a ser perseguidos por Badgey.

STAR TREK: LOWER DECKS Review: "Terminal Provocations" • TrekCore.com
Uma simulação em que parecia ir tudo bem…

O núcleo estava na cama de Fletcher. Boimler e Mariner percebem que Fletcher é um grande mentiroso e ele diz o que aconteceu. Ele plugou o núcleo na própria cabeça para ficar mais esperto e fazer o trabalho mais rápido, mas ele estragou o núcleo. Boimler atenta para o perigo de Fletcher falar mentiras e Fletcher chora. Mariner e Boimler vão tentar ajudá-lo (afinal, eles são a starfleet!). mas o núcleo adquire vida e começa a atacá-los. O núcleo quer aumentar a sua inteligência e começa a tentar assimilar todo o tipo de aparelho. E captura Boimler e Mariner. Eles pedem para Fletcher comunicar tudo a capitã, mas este tem medo de perder seu emprego. Fletcher cobra ajuda de Mariner e a chantageia dizendo vai espalhar que tudo foi culpa dela caso ela não o ajude. Mariner diz que isso não é ser starfleet. Fletcher retruca dizendo que Mariner quebra as regras o tempo todo e Mariner finalmente diz por que desrespeita as regras. Ela diz que desrespeita as regras que ela considera idiotas e que a impedem de fazer seu trabalho.

Rutherford e Tendi sobem uma enorme escadaria e percebem que Badgey cansa. Rutherford muda novamente a simulação para um lugar com muita neve e gelo para ver se Badgey congela também.

Star Trek: Lower Decks — "Terminal Provocations" Easter Eggs | Star Trek
Criando um monstro…

Fletcher continua sugerindo mentiras para se livrar do problema que criou. Mariner e Boimler se cansam disso e amarram Fletcher. Mariner diz que não gosta de Fletcher, mas que está gostando de trabalhar em equipe com Boimler. Eles tentam enviar o núcleo para um teletransporte, mas não conseguem. E expelem o núcleo pela comporta de ar que, caprichosamente gruda na nave alienígena e a desabilita.

Rutherford e Tendi andam na neve. O primeiro percebe que Badgey está exausto e ainda tenta falar com ele, mas o avatar continua a fazer ameaças de morte. Os dois começam uma luta muito violenta, enquanto a simulação vai falhando. A luta termina com Rutherford “quebrando o pescoço” de Badgey. A energia da nave é restaurada e o avatar é reiniciado, de forma fofinha novamente. Rutherford e Tendi desconversam e saem do holodeck.

New LOWER DECKS 106 Images: "Terminal Provocations" • TrekCore.com
Fletcher se torna sinônimo de encrenca…

Mariner solta Fletcher e ele continua ameaçando os dois, num sentimento de autopreservação. Quando Ransom pede explicações sobre o que aconteceu, Mariner conta uma mentira descarada de que Fletcher salvou o dia, o que lhe rendeu uma promoção e uma transferência para a Titan. Ela justificou a mentira dizendo que há de se manter os amigos por perto e os inimigos em outro lugar. Boimler achou que talvez a transferência fizesse bem a Fletcher, com novos deveres e responsabilidades, mas seis dias depois, Fletcher foi expulso da Titan. Ele pede ajuda aos dois mas, fingindo estática, desligam a comunicação. Fim do episódio.

Badgieeeeeeeeee! — Star Trek: Lower Decks: “Terminal Provocations” | Tor.com
Fugindo de um Avatar…

O que podemos falar do episódio “Terminal Provocations”? Em primeiro lugar, como eu disse acima, foi um episódio onde finamente vimos um bom entendimento entre Boimler e Mariner. Isso pode parecer pouco para a gente dizer que foi um bom episódio? Para alguns, talvez sim. Mas devo confessar que a arrogância de Mariner e Boimler ser tratado como um saco de pancadas idiota era algo que estava incomodando tanto, mas tanto, que ver os dois se darem bem já foi grande coisa na minha modesta opinião. Até por que os dois tiveram um antagonista em comum, que foi Fletcher, um mentiroso de marca maior que pensava somente em si (não sendo um “starfleet”) e ainda ameaçava os outros com suas mentiras. Ou seja, era vital para Boimler e Mariner darem um jeito em Fletcher, pois ele era muito mais prejudicial do que as briguinhas dos dois. E o ato deles se unirem para consertarem os problemas que Fletcher provocava, além de darem um jeito de se livrarem dele foi a grande coisa do episódio. Alguns reclamaram que foi inventada toda uma mentira no final do filme para salvar a pele de Fletcher, mas eu vejo essa grande mentira do final do episódio como um artifício para se livrar do alferes. Boimler e Mariner, no transcorrer do episódio, falaram a Fletcher que ele devia dizer toda a verdade à capitã, mas o senso de autopreservação dele o impedia. Assim, a mentira inventada por eles salvando a pele de Fletcher foi, mais do que nunca, uma estratégia para se livrar dele, no melhor espírito “a mentira tem perna curta” e, cedo ou tarde, Fletcher ia se queimar sozinho, o que realmente aconteceu.

Star Trek Lower Decks S1 Ep. 6 - "Terminal Provocations" by Star Trek: Age  of Discovery - Listen to music
Uma luta violenta…

Já a história de Rutherford e Tendi teve contornos de filme de terror dessa vez, com um avatar psicótico em virtude de um bug. A coisa foi realmente violenta e a luta final entre Rutherford e o avatar meio que estourou as escalas. Quando Rutherford quebra o pescoço do avatar ficou impossível não se lembrar do filme “O Homem de Aço”, onde o Superman quebra o pescoço do General Zod aos gritos de lamento, como Rutherford fez com seu “filho” avatar, só para tornar a coisa mais psicótica. Foi realmente pesado e incomodou mais que as mentiras da História A, a meu ver.

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Reiniciando…

E a História C? Há um pouco de exagero aqui com a diplomacia de Jornada nas Estrelas. A era Kurtzman, nas suas tentativas tresloucadas de ridicularizar o que o fandom mais antigo gosta, dá a falsa impressão de que, em nome da diplomacia, a Frota Estelar jamais ataca seus inimigos, por mais belicosos que eles fossem. E sabemos que isso não é verdade. Para que serviriam os bancos phasers e torpedos fotônicos das naves então? Mas isso é conversa para quem viu os mais de setecentos episódios dos cinquenta e quatro anos de série, não para os roteiristas e showrunners atuais.

Dessa forma, apesar dos problemas que semprem aparecem, atrevo-me a dizer que esse foi o melhor episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks que vi até agora. Ainda acho que a série vai trilhar um bom caminho se trabalhar o relacionamento dos personagens protagonistas, sobretudo os pares Boimler-Mariner e Rutherford-Tendi. É só continuar nesse feijão com arroz básico.

STAR TREK: LOWER DECKS Review: "Terminal Provocations" • TrekCore.com
Kirk seria diplomático com essa peça aí em cima???

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 05), Cupid’s Errant Arrow. Um Parasita Entre Dois Amores.

REVIEW] STAR TREK: LOWER DECKS Episode 5: "Cupid's Errant Arrow": The  Laughs Just Keep Coming | TREKNEWS.NET | Your daily dose of Star Trek news  and opinion
Boimler e sua namorada…

E chegamos ao quinto episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, intitulado “Cupid’s Errant Arrow”. Um episódio que voltou com uma carga de humor maior e deixou a tensão e o conflito pesados um pouco de lado. Um episódio que, dessa vez não apresentou aquele teaser introdutório. Para podermos falar desse episódio, vamos liberar os spoilers.

Star Trek: Lower Decks — "Cupid's Errant Arrow" Easter Eggs | Star Trek
Mariner e seu ciúme paranóico…

O plot é o seguinte.  A Cerritos está fazendo uma missão conjunta com a nave U. S. S. Vancouver para demolir de forma controlada uma lua que está implodindo. Mas os habitantes do planeta brigam entre si, pois alguns querem acabar com a lua e outros não, para desespero da capitã Frreeman, que encontra uma solução que agrada quase a todos, menos um habitante da lua a ser implodida, que não quer que se destrua a lua onde ele mora. Mas Freeman decide destruir a lua quando sabe que ele e sua esposa são os únicos habitantes da lua. Enquanto isso, Boimler está radiante, pois ele vai poder se encontrar com sua namorada Barbara, que serve na Vancouver. Isso desperta o pouco caso de Mariner com seu colega, que o acha impossível de conseguir uma namorada. Já Tendi e Rutherford estão radiantes, pois vão poder conhecer – e trabalhar – na Vancouver, uma nave que é tecnologicamente mais avançada que a Cerritos, embora pertença à mesma classe (Parliament). Boimler e Mariner encontram Barbara e a filha da capitã fica surpresa com a namorada de Boimler, pois ela é muito bonita e parece ser uma ótima namorada. Mas ela tem um amigo da Cerritos, Jet, que foi um antigo namorado, para a preocupação de Boimler.

STAR TREK: LOWER DECKS Review: "Cupid's Errant Arrow" • TrekCore.com
Boimler dando suas bolas fora, com medo de perder a namorada para o amigo dela…

Rutherford e Tendi são recebidos por um tripulante da Vancouver e eles terão de  fazer um diagnóstico na nave com um tricorder de última geração com o qual eles sonham muito e, quem terminar o diagnóstico primeiro fica com o tricorder, o que levou a uma acirrada disputa entre os dois.

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Tendi e Rutherford: disputa por um tricorder…

Mariner, por achar que Barbara é boa demais para Boimler, acha que ela é uma ameaça e que pode ser um alienígena perigoso ou algo assim, e ela conta um flashback que viveu numa nave quando era amiga de um casal e o namorado se transformou num alienígena que matou a namorada, devorando-a. Assim, Mariner fica obcecada em provar que Barbara é um monstro e Boimler fica obcecado em ficar próximo à Barbara por causa de Jet, o amigo bonitão da moça. Tudo isso vai levar a algumas situações inusitadas no episódio, até o momento em que Barbara pressiona Boimler e ele confessa que está com medo de perdê-la para Jet. A moça, então, diz que ele não precisa ter esse medo e que ele a acompanhe. Mas Mariner acha uma casca de parasita e acredita, dessa vez, que Barbara é uma parasita. Ela corre atrás do casal, lançando mão até de um traje espacial. Ela encontra Boimler nu dentro de uma nave auxiliar e este começa a gritar feito um louco. Os dois discutem mas a lua está cada vez mais instável e a nave sofre um solavanco. Boimler bate com a cabeça e desmaia. Barbara aparece e as duas começam a lutar por Boimler. Na briga entre elas, podemos atestar que Barbara tem as mesmas dúvidas sobre Mariner que esta última tem sobre Barbara. Mas as duas irão parar de brigar quando, acidentalmente, começam a falar das idiotices que Boimler já fez e começam a rir muito com isso. Apesar da amizade, o tricorder ainda acusa a presença de um parasita. Só que este está no couro cabeludo de Boimler e liberava feromônios que provavelmente atraíram Barbara, embora ela negasse isso. Mas a moça disse que precisa dar um tempo na relação com Boimler, pois quer estudar o parasita, deixando o personagem sozinho novamente, sendo consolado por Mariner.

From DS9 To M-113, 'Star Trek: Lower Decks' Easter Eggs In “Cupid's Errant  Arrow” | News Break
Um bom flashback para Mariner…

Já a contenda entre Rutherford e Tendi terminou em empate, o que significa que os dois vão poder usar o tricorder, mas na Vancouver. O tripulante da Vancouver que estipulou a competição entre os dois vai providenciar a transferência de ambos da Cerritos para a Vancouver, mas eles não querem isso e vão roubar o padd dele, o que vai começar uma competição pelo padd até que os dois descobrem que tudo é uma armação para esse tripulante ir para a Cerritos, pois ele não aguenta mais a Vancouver. Ele vai ter que desfazer a transferência para não pegar uma corte marcial e ainda vai dar dois tricorders de última geração para os dois. O episódio termina com Tendi e Rutherford na Cerritos e os dois mostrando um para o outro a bolsa cheia de tricorders que cada um roubou.

Preview “Cupid's Errant Arrow” With 12 New Images And Trailer For 'Star  Trek: Lower Decks' Episode 105 | News Break
Uma História C tumultuada…

O que podemos dizer sobre o episódio “Cupid´s Errant Arrow”? Em primeiro lugar, é um episódio mais leve que os dois últimos, pois não teve o “desastre da semana” e não teve a discussão altamente tensa entre Mariner e os oficiais seniores. Somente esse último detalhe fez com que o episódio não fosse insuportável. Aliás, a Mariner foi um pouco mais aceitável nesse episódio, pois a obsessão da personagem em provar que Barbara era uma ameaça para Boimler, se num primeiro momento podia mostrar uma espécie de descaso com o amigo (ele é ruim demais para Barbara), por outro lado exibiu uma espécie de ponta de ciúme e de preocupação com o amigo, e qualquer tentativa de se mostrar algum sentimento bom em Mariner já é um grande negócio nessa série, já que ela é mostrada muitas vezes de forma muito repulsiva. Ver Mariner correndo desesperada atrás de Boimler, achando que ele estava sob ameaça, foi algo de positivo para a personagem. Só é de se lamentar que cada vez mais fica evidente que Boimler será o saco de pancadas da série e ele sempre será tomado como um idiota nas mãos de Mariner. Vimos isso com Barbara e Mariner rindo das idiotices de Boimler, dele perdendo a namorada e ainda vendo esta fazer planos com Mariner, e de Mariner contar a Boimler as situações idiotas dele que as faziam rir. Ainda há cinco episódios para haver alguma reviravolta, mas está parecendo cada vez mais que Boimler será a parte cômica (e ridícula) da coisa mesmo.

Review: Star Trek: Lower Decks Episode 5 – Cupid's Errant Arrow – Will it  Have You Falling In Love? - Bounding Into Comics
Um parasita sedutor…

Já a História B, de Tendi e Rutherford, onde houve uma competição entre os dois, foi menos desenvolvida e mostrou uma afinidade maior entre os personagens, que depois da situação de competição e de perceberem que estavam sendo usados, ficaram com seus laços de amizade mais estreitos. A única coisa que incomodou muito foi o fato de que eles furtaram um monte de tricorders quando já tinham conseguido um para cada. Quando nos lembramos que essa série é para um público adolescente, mostrar um furto assim de forma tão descarada e impune parece pegar muito mal, ainda mais quando são membros da Frota Estelar que fazem isso e ainda no século 24. Um tricorder desse não poderia ser replicado?

Review: Star Trek: Lower Decks Episode 5 – Cupid's Errant Arrow – Will it  Have You Falling In Love? - Bounding Into Comics
Uma disputa que depois aumentou a amizade…

Assim, “Cupid’s Errant Arrow” é um episódio mais leve de Jornada nas Estrelas Lower Decks, onde pudemos ter a oportunidade de gostar mais de Mariner e vimos um desenvolvimento maior na relação entre Tendi e Rutherford, embora o furto dos tricorders tenha caído mal. A coisa deu uma melhoradinha aqui.

That is messed up!” — Star Trek: Lower Decks: “Cupid's Errant Arrow” |  Tor.com
Tentando dar uma volta em Rutherford e Tendi…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 04), Moist Vessel. Tal Mãe, Tal Filha.

Lower Decks Recap: “Moist Vessel” (Season 1, Episode 4) – Women at Warp
Cenas de desrespeito explícito…

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas Lower Decks, vamos ao quarto episódio intitulado “Moist Vessel”. Spoilers liberados.

Star Trek: Lower Decks Season 1 Episode 4: "Moist Vessel" Photos - TV  Fanatic
Na conversa entre Ransom e Freeman, surge uma estratégia para fazer com que Mariner peça baixa…

O plot é o seguinte. A Cerritos vai rebocar, junto com a nave Merced, uma antiga nave alienígena com a sua tripulação em estase e com reservatórios de líquidos inorgânicos que conseguem fazer terraformação. Enquanto a capitã Freeman conversa com seus oficiais seniores e com o capitão da Merced, Durango, um telarita, Mariner boceja de forma altamente inconveniente e provocativa, numa piada que não tem a menor graça. Esse teaser inicial tem relação com o resto da história, não sendo uma piada destacada.

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Tarefas pesadas…

A capitã e sua filha discutem no escritório da capitã e Mariner sai com atitudes muito debochadas. Ransom entra e sugere à capitã para colocar a filha fazendo somente atividades que sejam desagradáveis para a própria Mariner pedir para sair da Cerritos.

Review—Star Trek: Lower Decks Episode 4, “Moist Vessel”
… e desagradáveis…

Os alferes veem suas tarefas e Mariner tem a triste notícia, enquanto que Tendi está toda feliz da vida, pois vai fazer uma espécie de ascensão espiritual. Mas ela destrói sem querer a mandala de areia do guru que fica irritadíssimo com ela. Tendi tenta reparar seu erro mas o sujeito a trata muito mal. Já Mariner começa a fazer suas tarefas mais complicadas e ela arruma uma forma de se divertir com elas, para o desespero da capitã. Mas Freeman tem outra ideia: ela promove a filha a tenente, algo que ela não vai suportar, pois ela vai ter que conviver com todos os oficiais seniores e fazer as mesmas coisas que eles, como reuniões sem sentido, jogar pôquer, fazer treinamento de gestão, etc. (um deboche de quem escreveu o episódio com os fãs mais antigos, habituados a acompanhar a rotina dos oficiais seniores nas séries mais antigas). Boimler, que estava limpando as vidraças da janela (lembrando que as janelas não têm vidro em virtude do campo de força, mas quem escreve os roteiros dessa animação não sabe disso) fica desesperado ao ver que a colega (e rival) tem uma promoção, num comportamento um tanto destrutivo para pessoas que vivem no século 24.

Review—Star Trek: Lower Decks Episode 4, “Moist Vessel”
Uma alternativa de diversão…

Enquanto isso, Tendi continua a tentar ajudar o guru que a repele constantemente  chegar a ascensão. Já Boimler, ao descobrir que Mariner continuou quebrando as regras e, mesmo assim ganhou a promoção, pensa em estratégias para quebrar as regras e também ganhar uma promoção para ele.

Every Image From Star Trek: Lower Decks So Far | Star Trek
Uma promoção…

O capitão Durango, competindo com Freeman, manda mudar de posição a sua nave com relação à Cerritos (ambas as naves estão rebocando a nave alienígena com o raio trator). E isso acaba causando um acidente, onde toda a matéria inorgânica passa a ser atraída pelo raio trator e provocar terraformação nas duas naves. Nesse momento, Boimler entra na ponte e, propositalmente joga café em Ransom que praticamente o pega pelo pescoço. Mas a terraformação é um problema muito mais urgente. No meio de toda a confusão, Tendi começa a discutir com o guru e diz que não está interessada na ascensão dele, mas sim no fato de que ele não gosta dela, que ela fica muito mal quando alguém não gosta dela. E o tal guru disse que a ascensão era algo falso e que ele fazia isso para conseguir atenção. Como a ascensão não vinha e ocorreu o acidente com a mandala, ele passou a culpar Tendi para se esconder atrás disso. Ela então diz que os dois são idiotas, pois mentiram para que alguém gostasse deles.

Star Trek: Lower Decks - "Moist Vessel" Easter Eggs: California Class Ships
Zoando (ou agredindo?) os fãs mais antigos…

Enquanto isso, Freeman e Mariner quebram rochas com outros pedaços de rochas e ficam batendo boca, mostrando que são iguais no comportamento. Elas resolvem o problema da terraformação juntas (Mariner parece levar o crédito, mas ela leu o relatório da missão da mãe). Já Tendi vê o seu amigo finalmente ascender, depois que ele a salva de morrer esmagada por uma rocha.

Star Trek: Lower Decks Season 1 Episode 4: "Moist Vessel" Photos - TV  Fanatic
Planos para conseguir uma promoção…

A Merced está praticamente destruída e Freeman, juntamente com Mariner, teletransportam a tripulação da nave semi-destruída para a nave que está sendo rebocada. As duas se abraçam, mas logo se afastam uma da outra em teimosia mútua.

Watch Star Trek: Lower Decks Season 1 Episode 4: Moist Vessel - Full show  on CBS All Access
Buscando uma ascensão espiritual…

Depois de toda a crise contornada, as duas vão receber os cumprimentos de um almirante. Freeman diz que gostou de trabalhar com a filha, e Mariner diz que também gostou de trabalhar com a mãe. A capitã vislumbrou a possibilidade das duas trabalharem juntas, mas Mariner não gostou muito da ideia. Tanto que debochou da forma como o almirante falava a palavra “sensor” e voltou a bocejar, para ser rebaixada de propósito e não trabalhar com a mãe. Já Tendi, apesar de perceber que a vida é muito curta para dar importância ao que as pessoas pensam dela, continua preocupada com isso. O episódio termina com Mariner e Boimler conversando, com ela dizendo que “se rebaixou”, para desespero de Boimler que nunca consegue o que Mariner consegue. A moça lhe dá então um cartão que dá acesso aos replicadores de comida dos oficiais seniores. Fim do episódio.

Star Trek (Official Site)
Sem saber o que fazer…

O que podemos falar do episódio “Moist Vessel”? Em primeiro lugar, foi um episódio que seguiu um pouco a linha do anterior, ou seja, o conflito entre Mariner e os oficiais seniores. Aqui vimos até algo que era esperado, ou seja, como a moça se relaciona com a sua mãe, que é a capitã da nave. Mas, ainda assim, a coisa é muito tensa, pois a alferes não quer de jeito nenhum ficar entre os oficiais seniores e, principalmente, sua mãe, voltando sempre para os lower decks. Aliás, tem sido um pouco irritante ver como os oficiais seniores são vistos como idiotas na série. Tudo aquilo que víamos nas séries antigas, como o jogo de pôquer e as reuniões, é sumariamente ridicularizado aqui, como se houvesse uma espécie de desrespeito com os fãs mais antigos. Tudo bem que temos uma animação de humor, mas esse humor tem estado em baixa nos últimos episódios, dando lugar a uma tensão entre os tripulantes dos lower decks e os oficiais seniores e, quando o humor aparece, parece que ele faz uma chacota com os fãs mais antigos, algo que está aborrecendo, e muito.

Star Trek: Lower Decks' Episode 4 Preview: D'Vana Tendi sits in for her  very first Ascension | MEAWW
Uma nova experiência…

Algo que está ficando recorrente nos episódios é o fato de que sempre a Cerritos encara uma tragédia de grandes proporções, bem ao estilo de “qual é o desastre da semana”. Isso parece refletir um pouco a falta de criatividade de quem está escrevendo esses episódios. Não seria possível uma trama envolvente sem uma catástrofe repetitiva?

Lower Decks Recap: “Moist Vessel” (Season 1, Episode 4) – Women at Warp
Um guru que vai se revelar muito nervoso…

Pelo menos, esse episódio teve uma coisa boa, que foi a História B. Estou começando a achar que a Tendi é o que Lower Decks tem de melhor. Sua insegurança e preocupação com o que os outros pensam dela não chega a ser algo agressivo (embora ela dê uma chave de braço em Rutherford no final do episódio) e muitas pessoas devem se identificar com ela por causa disso. Mesmo com essa insegurança, Tendi está sempre preparada para encarar experiências novas para se engrandecer como indivíduo. Confesso que Tendi é a personagem que mais me agrada, enquanto que Boimler e, principalmente, Rutherford, ainda não disseram ao que veio. E já estamos quase na metade da temporada.

Star Trek: Lower Decks Episode 4: Moist Vessel Images Released
Tentando reparar um erro…

Assim, “Most Vessel” é um episódio que repete as tensões entre personagens do último e que não trabalha o humor como esperado, sendo que, quando o faz, parece ser para fazer piadas de mau gosto com os fãs mais antigos de uma forma agressiva. Está parecendo que Mariner vai ser outra personagem mala sem alça da era Kurtzman. Mas, pelo menos, tem a Tendi, com sua simpática insegurança e hiperatividade. Abençoada seja Órion!

Lower Decks Recap: “Moist Vessel” (Season 1, Episode 4) – Women at Warp
Mais desrespeito e deboche ao final do episódio…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas E O Fascismo

Por que você deveria ler o livro 'Minha Luta' de Hitler - Revista Galileu |  Máquina do Tempo

Introdução.

A série Jornada nas Estrelas é conhecida por mostrar uma sociedade utópica do futuro onde todos os problemas enfrentados pela humanidade foram praticamente resolvidos e a humanidade progrediu mostrando o seu melhor. É verdade que, dentro das séries de Jornada nas Estrelas, a distopia apareceu em algumas séries, mas o espírito inicial sempre foi a utopia. Ainda, em Jornada nas Estrelas, além de temas pertinentes à ciência, referências de ordem histórica, social e política também se faziam presentes nos episódios e séries, nesses mais de cinquenta anos de franquia. Um dos temas abordados foi o fascismo, talvez um dos regimes mais cruéis que a humanidade forjou. Vamos aqui conversar um pouco sobre essa presença do fascismo em Jornada nas Estrelas, analisando, basicamente, dois momentos da franquia. O primeiro deles foi o episódio “Padrões de Força”, da série clássica, realizado apenas vinte e três anos depois do término da Segunda Guerra Mundial. O outro episódio, “Tempestade Temporal”, um episódio duplo de Jornada nas Estrelas Enterprise, foi realizado cinquenta e nove anos depois do término da Segunda Guerra Mundial. Para podermos analisar os episódios propriamente ditos à luz do que foi o fascismo, será feita aqui uma breve digressão do que foi o fascismo, as condições que levaram ao seu surgimento e como ele se processou na Europa, sobretudo nos casos italiano, alemão e espanhol. Em seguida, analisaremos o episódio “Padrões de Força” e, logo a seguir, o episódio “Tempestade Temporal”. Ao final, apresentaremos as conclusões dessas análises.

Uma Breve História do Fascismo

Ao fim da Primeira Guerra Mundial, a Europa, destruída, vivia uma violenta crise econômica, onde houve uma pequena recuperação ao longo da década de 20. Entretanto, em 1929, viria a Grande Depressão, que agravou novamente a situação. Os grupos políticos socialistas culpavam, em 1918, a burguesia pela crise, já que o processo imperialista surgido ainda no século XIX, já tinha ocorrido em virtude de uma crise econômica de superprodução que foi sanada quando as grandes potências europeias se voltaram para a África, Ásia e América Latina para explorar suas fontes de mão-de-obra, de mercados consumidores e de matérias-primas. O desentendimento entre as potências européias nessa exploração imperialista foi um dos fatores (senão o mais importante) que levaram à Primeira Guerra Mundial. Tudo isso em virtude de uma burguesia que atuava livremente para enriquecer, sem qualquer controle do Estado. Ao chamar a atenção para esses fatos, os grupos socialistas começaram a receber apoios de operários e intelectuais, ganhando mais e mais deputados nas eleições dos países europeus no pós-guerra. Os grandes empresários e patrões temiam a explosão de revoluções socialistas pela Europa. A única forma de deter isso seria acabando com os governos democráticos e impondo uma ditadura que assegurasse o capitalismo e reprimisse os socialistas. A classe média e a pequena burguesia percebiam que seus padrões de vida caíam e acreditavam que as greves de operários aumentavam a inflação (alta dos preços). Assim, a classe média e a pequena burguesia também começaram a apoiar uma alternativa mais autoritária de governo. Dentre os próprios operários e camponeses havia grupos que queriam um governo que “restaurasse a ordem”. Assim, se os grupos socialistas ganhavam deputados, as requisições de um governo forte também deram força aos grupos de extrema-direita. Eles defendiam a instalação de um regime autoritário que “combatesse a baderna, a corrupção dos políticos e os movimentos grevistas de esquerda”. Era necessária a presença de um líder incontestável. A democracia era considerada um regime fraco e corrupto que permitia  ascensão de grupos de esquerda ao poder. Tais ideias estavam ligadas a um movimento político chamado fascismo, cuja expressão vem da palavra fascio, que era um machado que os juízes da Roma Antiga possuíam e que era uma espécie de símbolo de poder.

Fascismo: 6 pontos para você entender esse conceito
Benito Mussolini e Adolf Hitler foram os expoentes do Fascismo na Europa…

Apesar de se declarar revolucionário, o fascismo defendia o capitalismo, ou seja, o regime fascista é uma ditadura favorável à burguesia. Apesar da forte presença do Estado, a maioria das empresas continua sendo de propriedade dos burgueses. A democracia acaba, não havendo eleições, greves, liberdade de imprensa e os críticos do governo sofrem prisões. O único partido aceito é o fascista e os sindicatos devem obedecer incontestavelmente ao governo. Dentre as principais ideias fascistas, podemos citar: anticomunismo (os fascistas abominavam a igualdade social proposta pelos socialistas, pois acreditavam em povos superiores e inferiores; Adolf Hitler, em seu livro Mein Kampf – Minha Luta – dizia que devia haver duas categorias de cidadãos: os que haviam prestado serviço militar, que pertenciam à uma casta superior e que teriam mais direitos, e os demais civis que, por não terem prestado o serviço militar, seriam de uma casta inferior com menos direitos); antiliberalismo (o regime democrático é fraco e corrupto, dominado pelos enganadores do povo; já os fascistas defendem um regime ditatorial); totalitarismo (o indivíduo deve obedecer ao Estado sem contestação, pois, caso ele conteste o governo, ele é um inimigo da pátria; o Estado controla todas as atividades, mas a propriedade privada e o capitalismo continuam existindo); militarismo (a guerra é vista como a atividade mais nobre do Homem, onde o mais forte deve vencer o mais fraco e o diálogo é considerado uma atividade dos mais fracos); xenofobia (o fascismo é ultranacionalista, onde o governo deve controlar os investimentos estrangeiros no país, e é xenófobo, ou seja, odeia tudo aquilo que é estrangeiro, considerando as pessoas de outros países como inimigas da pátria e inferiores); racismo (ocorreu mais na Alemanha, dentro do regime nazista, onde havia uma “superioridade da raça branca” sobre as demais, consideradas inferiores, devendo ser eliminadas por contaminar o sangue puro ariano; as mulheres deviam ser submissas); culto ao chefe supremo da nação (o líder da nação é uma espécie de pai simbólico que protege a nação com toda a sua autoridade, sendo praticamente cultuado como um Deus); irracionalismo (os fascistas acreditavam que o racionalismo era limitado, e a força bruta é o mais importante, onde a verdade é aquilo que o mais forte consegue impor; por isso mesmo, os fascistas davam grande importância à propaganda política, onde o Ministro da Propaganda Nazista, Joseph Goebbels, dizia que “Uma mentira falada mil vezes se tornava uma verdade” e, por serem críticos do racionalismo, eram também críticos do movimento iluminista, embora os nazistas tenham usado práticas bem racionais para a matança em campos de extermínio).

General Francisco Franco, o anti Maçom - Freemason.pt
General Francisco Franco. Fascismo espanhol.

O fascismo inicialmente se desenvolveu na Itália, que, logo após a guerra, estava em profunda crise econômica, a um passo de uma revolução socialista. Surgiu, então, o Partido Fascista, inicialmente um agregado de ex-soldados, desempregados e policiais que reprimiam com violência operários grevistas, mediante pagamento de empresários. Com o tempo, esse grupo se tornou um partido político com ideias próprias, embora não tivesse parado a violência contra seus inimigos. Em 1922, com o apoio da burguesia, os “Camisas Negras” fascistas fizeram a marcha sobre Roma, exigindo que o Rei da Itália nomeasse o líder fascista Benito Mussolini como Primeiro-Ministro. Isso acabou acontecendo e Mussolini convocou eleições fraudulentas que inundaram o Parlamento Italiano de fascistas. Quem se opunha a isso era assassinado. É importante notar que isso aconteceu bem antes da Crise de 1929. Foi Mussolini quem cedeu o Vaticano à Igreja Católica no Tratado de Latrão de 1929.

Nacional-Socialismo | Wiki | Write Is Life Amino
A Ideologia da raça ariana como uma raça superior foi uma característica básica do nazismo…

O fascismo também se desenvolveu na Alemanha, sob o nome de nacional-socialismo, cuja abreviação, o nazismo, ficou mais conhecida. Apesar de ser um movimento de extrema-direita, o nazismo adotou o termo socialismo por ser muito popular na época. Ao fim da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha criou uma República Democrática, conhecida como República de Weimar, abandonando o Império após a abdicação do Kaiser Guilherme II. O termo Weimar foi adotado pois, em virtude das sérias turbulências políticas, a constituição não foi escrita em Berlim, mas na cidade próxima de Weimar. Os nazistas viriam a tomar o poder somente em 1933, e todo o período da República (1918-1933) foi de extremas dificuldades, onde os alemães passaram por uma inflação violentíssima em 1923, lutas entre grupos de extrema esquerda e extrema direita, onde os primeiros eram severamente punidos pela justiça, enquanto que havia grande impunidade para o segundo grupo (Hitler tentou dar um golpe e ficou menos de um ano na cadeia), além de assassinatos de políticos que queriam um melhor relacionamento com os países europeus que impunham severas restrições aos alemães pelo Tratado de Versalhes.

Adolf Hitler era um ex-sargento da Primeira Guerra Mundial que queria ser artista e foi reprovado duas vezes na Academia de Artes de Viena (Hitler era austríaco, não alemão). Desempregado, começou a ler publicações antissemitas e foi contratado como olheiro da polícia para se infiltrar em grupos de esquerda e fornecer informações. Numa de suas missões, Hitler se infiltrou no Partido dos Trabalhadores Alemães, como sétimo membro. Hitler começou a manipular os membros do partido com suas ideias e o fez crescer, transformando-o mais tarde no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Hitler tinha excelente oratória e acusava os judeus e comunistas de desgraçarem o país. Ele falava em combater a desordem e recuperar o orgulho de ser alemão. Tais palavras eram de grande impacto numa sociedade empobrecida e faminta. Com o tempo, os nazistas conseguiram fazer deputados no parlamento, mas com a crise de 1929, onde o desemprego chegou a 44% da população economicamente ativa, Hitler percebeu que não precisaria mais dar um golpe para chegar ao poder. Com as forças antinazistas divididas (os socialistas e social-democratas), os nazistas, que tinham apoio dos militares e dos empresários, estavam unidos, e aproveitaram uma brecha no sistema de poder da Alemanha para poder chegar ao poder. Ou seja, os nazistas chegaram ao poder pelas vias legais, ao contrário do que havia acontecido na Itália. Ao subirem ao poder, a primeira medida dos nazistas foi botar fogo no parlamento alemão e acusar os socialistas, sendo esse o pretexto para os partidos políticos serem fechados e a policia secreta (Gestapo) ser colocada nas ruas. Hitler contornou a crise econômica fazendo um plano econômico semelhante ao New Deal dos Estados Unidos, mas com a ajuda da iniciativa privada ao invés dos investimentos estatais que Roosevelt fez nos Estados Unidos.

As Marcas da Segunda Guerra Mundial em Berlim | Simplesmente Berlim
Os alemães pagaram um preço muito caro com os delírios nazistas…

Outro local onde o fascismo se instalou na Europa de forma muito pronunciada foi na Espanha, depois de uma guerra civil de três anos (1936-1939). Houve uma eleição disputada pelos militares fascistas espanhóis (liderados pelo General Francisco Franco) e as forças antifascistas democráticas e republicanas, que ganharam as eleições. Os fascistas não aceitaram a derrota e a guerra civil se instaurou. O governo republicano reagiu à tentativa de golpe e armou a população.  Os republicanos também receberam ajuda de socialistas, social-democratas, anarquistas, da União Soviética e de brigadas internacionais. Já os fascistas receberam de Hitler a ajuda da Luftwaffe (a Força Aérea Nazista), de Mussolini (que enviou tropas), dos empresários, dos grandes fazendeiros e da Igreja Católica, declaradamente anticomunista. Em 1939, os fascistas ganharam a guerra civil espanhola, que foi considerada uma espécie de ensaio para a Segunda Guerra Mundial, que também começaria naquele ano. Pablo Picasso retratou em seu mural “Guernica” todos os horrores do bombardeio nazista a essa cidade espanhola e hoje esse mural está na sede das Nações Unidas em Nova Iorque para que todos se lembrem dos horrores da guerra.  

Jornada nas Estrelas, A Série Clássica: Padrões de Força (S02 Ep 21 – “Patterns Of Force”, escrito por John Meredith Lucas)

Falemos, agora, do primeiro episódio de Jornada nas Estrelas que abordou a questão do fascismo. Trata-se do vigésimo-primeiro episódio da segunda temporada da série clássica (The Original Series, mais conhecida como TOS), chamado “Padrões de Força” (“Patterns of Force”), escrito por John Meredith Lucas, exibido pela primeira vez em 16 de fevereiro de 1968, ou seja, apenas vinte e três anos depois do término da Segunda Guerra Mundial.

Network Nazis: Star Trek's “Patterns of Force” – On Planet Auschwitz
Um nazista bem convincente e um vulcano que esconde seus pecados…

O plot do episódio é o seguinte. A Enterprise vai para um sistema planetário onde há dois planetas habitados: Ekos e Zeon. O primeiro planeta tem uma civilização belicosa, ao passo que o segundo planeta tem uma civilização pacífica e desenvolvida tecnologicamente, sem guerras há várias gerações. O historiador terráqueo John Gill foi enviado pela Federação como Observador Cultural, mas não deu mais qualquer sinal de vida e, agora, a Enterprise vai ao sistema para buscar saber o que aconteceu. Ekos lança uma ogiva nuclear contra a Enterprise, justamente o planeta que tem uma tecnologia menos avançada, sendo que a ogiva nuclear é mais avançada que as tecnologias dos dois planetas. Spock frisa que John Gill é um historiador que trabalha a História mais em torno da questão de causas e motivações do que em datas e eventos, ou seja, uma abordagem sobre a História que era uma novidade para a época em que a série era produzida. Ao descerem à superfície de Ekos, Kirk e Spock descobrem que há um Estado Nazista governando o planeta e que trata os zeons exatamente como os nazistas tratavam os judeus na época da Segunda Guerra Mundial, matando os zeons, linchando-os ou pisoteando-os (os próprios nomes dos personagens zeons lembram nomes de origem judaica: Davod, Isak, Abrom). Os nazistas, no transcorrer do episódio, na maioria das vezes apontavam as armas para alguém, sempre sob uma música militar de fundo (referência ao militarismo dos fascistas). Há todo um discurso de erradicação dos zeons do planeta Ekos, bem ao estilo da chamada “solução final” implementada pelos nazistas no momento em que os aliados passaram a estar em vantagem na guerra e, para que a situação de crimes de guerra dos campos de concentração não fosse descoberta, os nazistas passaram a focar no extermínio sistemático dos judeus para a sua erradicação total (embora devamos nos lembrar que os nazistas também exterminavam comunistas, homossexuais e ciganos). Os nazistas de Ekos se referiam aos zeons como “suínos” e, com a erradicação, os zeons “profanariam os ekosianos pela última vez”, numa clara alusão ao racismo nazista que à “raça pura” ariana, opunha o sangue contaminado dos judeus, que deviam ser eliminados para não contaminar o sangue puro dos arianos.

Patterns of Force" s2 e21 Star Trek TOS 1968 Leonard Nimoy Spock First  Officer Nims | Star trek series, Star trek universe, Star trek tv
Spock é desmascarado…

É interessante também perceber que havia uma tela de TV que fazia a propaganda nazista ekosiana, repetindo continuamente o discurso de ódio contra os zeons. Uma notícia chama a atenção: que os ekosianos haviam repelido um ataque zeon, destruindo a nave agressora, numa alusão ao ataque à Enterprise. Nesse momento, Kirk diz a Spock que ele parecia bem inteiro para quem foi destruído num ataque. Essa fina ironia contra a mentira da notícia ekosiana é uma clara referência às técnicas de propaganda de Joseph Goebbels e à sua famosa frase “uma mentira falada mil vezes torna-se uma verdade”.

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Um capitão e um primeiro oficial sob tortura…

E quem seria o “Führer” desse Estado Nazista Ekosiano? Seria o próprio John Gill, para a perplexidade de Kirk. Mais um mistério a se resolver aí. Por que um historiador consciente das atrocidades nazistas violaria a Primeira Diretriz e implementaria um regime nazista num planeta para onde ele foi apenas como um observador cultural?

Patterns of Force (1968)
Um Kirk um tanto petulante no interrogatório…

É claro que nossos personagens protagonistas vão ter que agir para descobrir o que está acontecendo. E, para isso, eles vão precisar usar disfarces nazistas. Há duas passagens muito curiosas quanto a isso. Spock está disfarçado com um capacete nazista encobrindo estrategicamente suas orelhas vulcanas. Kirk, ao perceber o detalhe, diz que o capacete nazista cobre todos os pecados de Spock. Essa ironia muito provavelmente foi dirigia aos conservadores WASPs (sigla inglesa para branco, anglo-saxão e protestante) dos Estados Unidos que haviam reclamado que o personagem de Spock lembrava o demônio. Nada mais irônico que um disfarce nazista para encobrir os “pecados” da fisiologia vulcana de Spock, um disfarce cuja ideologia poderia muito bem estar em sintonia com a ideologia da direita conservadora estadunidense que tanto criticava Spock. Já Kirk conseguiu um uniforme de uma patente superior e mais bonito que o de Spock, ao que valeu o comentário do vulcano de que o capitão estaria um nazista bem convincente, o que provocou um olhar ressabiado de Kirk. Todo trekker de carteirinha sabe dos rompantes autoritários de Kirk para com sua tripulação e a piada foi bem oportuna aqui.

Patterns Of Force – Whom Pods Destroy
Recebendo a ajuda de um zeon…

Quando Kirk e Spock são aprisionados, outros detalhes interessantes aparecem. Eles foram chicoteados e as marcas de chicoteamento em Spock eram todas verdes por causa de seu sangue. Já Kirk estava todo vermelho, mas as manchas pareciam ter sido feitas de batom. Um dos nazistas que mantinha os dois presos (e que ia se revelar uma espécie de agente zeon infiltrado) se chamava Eneg, que é “Gene” ao contrário. Uma coisa que incomoda aqui é uma certa arrogância com que Kirk se dirige aos nazistas, dizendo que só responderia as perguntas se ele pudesse falar diretamente com o Führer e uma certa passividade dos nazistas contra tal empáfia. Bom, ele é o herói da série, mas… Temos, ainda, a argumentação dada por Isak do motivo pelo qual os ekosianos odiavam os zeons. Ficou claro na fala de Isak que o ódio aos zeons era o que unificava os ekosianos, como se sua belicosidade dividisse os ekosianos em vários grupos. Quando pensamos na ideologia nazista baseada numa pureza de raça que justificasse as ações conquistadoras dos nazistas contra os inimigos de uma raça inferior, esse fator de uma raça ariana pura provavelmente também foi usado como um elemento aglutinador, já que a agressividade dos nazistas levava a divisões entre eles. Um caso emblemático disso é a “Noite das Facas Longas” onde cerca de duzentos membros das SAs foram massacrados. As SAs (Sturmabteilung, Destacamento Tempestade), eram forças paramilitares criadas em 1921 e que tinham como objetivo inicial proteger líderes nazistas em comícios e assembléias. Com o tempo, essa força passou a ter cerca de 4,5 milhões de integrantes, mais do que os cem mil soldados do exército alemão. Em 1934, as SAs eram lideradas por Ernst Röhm e eram vistas por Hitler como uma ameaça ao seu poder. Assim, o Führer ordenou o massacre de suas lideranças, desbaratando o movimento. As SAs seriam substituídas pela SS (ShutzStaffel, Tropas de Proteção), liderada por Heinrich Himmler e idealizada inicialmente por ele como última linha de defesa de Hitler, uma espécie de tropa de elite, que depois se tornou um importante braço armado nazista.

Outra característica muito curiosa do episódio é a visão que os zeons têm dos ekosianos. Como os zeons eram uma espécie pacífica que não tinha guerras há várias gerações, e os ekosianos eram belicosos, os zeons se sentiram no direito de tutelar os ekosianos e levar a “civilização” zeon para a “barbárie” ekosiana. Esse foi o mesmo discurso que motivou a invasão imperialista da Europa à África, Ásia e América Latina, na virada do século XIX para o XX. E o argumento de se levar a “civilização” para a “barbárie” muitas vezes se amparava no darwinismo social, que é uma interpretação equivocada da Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin, e que colocava os europeus como raças humanas mais evoluídas e superiores às africanas e asiáticas, justificando as invasões europeias. Ou seja, os argumentos nazistas usados para justificar suas posturas agressivas e beligerantes na Segunda Guerra tinham origem no processo imperialista de décadas anteriores e em “Padrões de Força” são usadas ironicamente como uma justificativa da intervenção zeon no planeta Ekos, ou seja, levemos a civilização para os bárbaros. Isak lembra também que os ekosianos eram belicosos, mas não tão perversos. Isso aconteceria justamente com a chegada de John Gill ao planeta.

Mais uma alusão ao que acontecia no nazismo aparece quando Kirk, Spock e Isak se libertam da cela e vão procurar os comunicadores no laboratório. Eles passam por um soldado e Kirk diz que está levando o zeon para o laboratório para fazer experiências, numa clara referência às experiências de Joseph Mengele, principalmente com irmãos gêmeos, onde ele fazia as experiências genéticas mais terríveis com o irmão gêmeo mais fraco, ao melhor estilo de se usar uma cobaia humana. Todas as experiências que dessem certo com o gêmeo mais fraco eram aplicadas no gêmeo mais forte. Mengele também amputava membros de bebês para ver o seu poder de regeneração, assim como injetava corantes azuis nos olhos de crianças para verificar se a íris ficaria azul.

Patterns of Force | Memory Beta, non-canon Star Trek Wiki | Fandom
Kirk filmando a heroína nacional. Lembranças de Leni Riefensthal…

Na parte final do episódio, mais referências explicitas ao nazismo. Quando Kirk, Spock, Isak e a espiã Daras, tomada como herói nazista ekosiana, entram na chancelaria, o disfarce é uma espécie de equipe de filmagem onde são feitas tomadas da herói nacional Daras (impossível não se lembrar de Leni Riefensthal e seus filmes de propaganda). Há, também, o vice-führer, Melakon, talvez aqui uma espécie de Goebbels. A respeito de John Gill, este estava imóvel no local de seu discurso e aí surgiram as especulações: distanciamento semi-divino (como os líderes fascistas eram tratados), drogado ou psicose (sempre houve essa alegação de que os líderes fascistas eram psicopatas; mas fica aqui um questionamento: será que um fenômeno político como o fascismo, que surgiu em vários países de culturas bem diferentes, teria todos os seus líderes tomados como psicopatas? Tal hipótese não daria peso demais ao indivíduo para um fenômeno social?). De qualquer forma, Gill era drogado por Melakon no final das contas. Foi isso que Gill disse ao ser “reanimado” por McCoy para que Kirk pudesse conversar com o historiador e entender o que ocorria. E a opção pelo nazismo? Nas palavras de Gill, o planeta Ekos estava fragmentado e o modelo de Estado Nazista foi usado por ele, pois esse era o exemplo de estado mais eficiente. Spock concordou com isso, pois a Alemanha era um país abalado e falido que foi transformado numa potência pelo nazismo em poucos anos. Kirk rebateu dizendo que o Estado Nazista foi brutal, pervertido e que foi destruído a um custo terrível. Spock retruca dizendo que Gill deve ter acreditado que podia usar esse Estado de forma benigna, alcançando sua eficiência sem sadismo. Gill disse que no início funcionou, mas Melakon assumiu o comando e passou a drogar o historiador. Kirk consegue fazer Gill discursar para ordenar o fim da matança e acusar Melakon de traição, que alveja Gill com uma metralhadora antes de ser morto por Isak. Moribundo, Gill diz a Kirk que errou e que a Diretriz de Não Interferência é o único caminho. Gill ainda diz que até os historiadores falham em aprender com a História, repetindo os mesmos erros do passado. Pode até ser. Mas quem não aprende com a História tem muito mais chances de repetir os erros do passado.

Star Trek The Original Series Rewatch: “Patterns of Force” | Tor.com
John Gill, o grande líder…

Ao fim do episódio, fica a reflexão entre Kirk, Spock e McCoy de que o grande erro de Gill foi, mesmo com a melhor das intenções, acumular muitos poderes e não resistir à tentação de ser Deus. Ou seja, que poder absoluto corrompe absolutamente. Spock não podia deixar de ser sarcástico, lembrando que a História da Terra está coberta de exemplos de homens que acumularam poderes, brincando de ser Deus.

Review: “Patterns of Force” Remastered – TrekMovie.com
Morto por seu próprio erro…

Vendo o desfecho do episódio e o que vimos sobre o fascismo, cabem aqui umas últimas palavras. A alegação de que o Estado Nazista foi o mais organizado que surgiu é baseado num pragmatismo que não leva em conta as origens de tal Estado. Por mais eficiente que esse Estado tenha sido em recuperar a Alemanha, ainda assim devemos lembrar que a sua origem é autoritária para garantir a manutenção de uma elite econômica burguesa no poder, desqualificando totalmente a democracia, rotulando-a de fraca e corrupta, pois ela permitia a ascensão de grupos socialistas ao poder. E essa recuperação da Alemanha tinha um objetivo bem específico: buscar a vingança contra aqueles que haviam derrotado a Alemanha na Primeira Guerra Mundial. Ou seja, o Estado Fascista foi todo construído num espírito de ódio, autoritarismo e revanchismo. Ver tal Estado sendo usado de forma benéfica é algo um tanto complicado, pois ele foi forjado sob parâmetros altamente negativos desde a sua origem. Se, de um ponto de vista pragmático ele obteve resultados positivos, isso não significa que seja um modelo de Estado ideal. Ainda mais porque esse Estado permitia o poder absoluto nas mãos de uma só pessoa, algo que corrompe absolutamente, nas próprias palavras da tríade de Enterprise. Não é a toa que o Barão de Montesquieu apresentou, na época do Iluminismo, a sua Teoria dos Três Poderes, onde os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário substituiriam o poder absoluto dos reis do Antigo Regime, pois, quando temos três poderes, um vigia o outro, impedindo que um poder sobressaia e assim nós temos uma forma mais democrática e livre de governo. A democracia, mesmo com seus defeitos (nenhum sistema de governo ou Estado é totalmente perfeito), ainda assim é o sistema mais justo de governo.

Jornada nas Estrelas, Enterprise: Tempestade Temporal (S04 Eps 01 02 – “Storm Front”, escrito por Manny Coto)

Falemos, agora, do episódio duplo do início da quarta temporada de Jornada nas Estrelas Enterprise, intitulado “Tempestade Temporal”. Exibido pela primeira vez em 8 de outubro de 2004, esse episódio duplo está a cinquenta e nove anos do fim da Segunda Guerra Mundial e aqui o nazismo é mais visto como um pano de fundo do plot principal que é a Guerra Fria Temporal, onde os nazistas invadiram os Estados Unidos (Lênin foi assassinado, não houve a Revolução Russa e a Alemanha Nazista não tinha a União Soviética como grande preocupação, o que possibilitou a invasão à América). Ou seja, esse episódio duplo ficou com uma tremenda cara de decalque de “O Homem do Castelo Alto”, mesmo tendo sido feito anos antes para a TV (mas já com a referência do livro de Philip K. Dick). Um grupo de alienígenas do século XXIX fez uma aliança com os nazistas trocando tecnologia por recursos para construir um conduíte temporal para retornar ao século XXIX. Caberá a Archer e sua tripulação destruir o conduíte para que esses alienígenas não cumpram sua missão e não alterem o passado. Dentro de um plot como esse, a discussão sobre o nazismo acabou muito deslocada e tivemos apenas umas poucas referências esporádicas. Dentre elas, a conversa entre um soldado nazista e Archer que dizia que os estadunidenses não eram bons soldados, mas que tinham um bom cinema. Ou a conversa entre o alienígena e o oficial nazista onde o primeiro pode fornecer pragas a serem colocadas na água que faria o serviço dos campos de concentração, assim como a comparação que o alienígena faz entre a espécie dele e os nazistas: ambos abraçam ideais de pureza e perfeição e ambos enfrentam inimigos que poderiam destruí-los. Houve, também, o discurso do alienígena na construção do conduíte, que se aproximava bastante dos discursos e rituais do nazismo. Ainda, tivemos a violência nazista nas ruas e o ato de um nazista zombar, de forma racista, a companheira negra de resistência do Archer. Mas talvez a principal referência ao nazismo está no cinejornal ao início do segundo episódio, onde vemos a chegada de Hitler a Nova Iorque (alusão da chegada de Hitler a Paris). Além disso, o cinejornal diz que Hitler promete extirpar os parasitas que assolam a economia americana desde 1929, ou seja, os grandes empresários capitalistas que fizeram investimentos de risco que ajudaram a levar os Estados Unidos para a crise de 1929. Lembrando que Hitler tinha uma grande aproximação com a iniciativa privada (ele lançou mão da ajuda de empresários para fazer um plano semelhante ao New Deal na Alemanha), essa repulsa aos empresários estadunidenses soa como falsa (talvez ela fosse mais pertinente com Goebbels, que via o capitalismo de forma negativa, pois acreditava que a modernidade que vinha com o capitalismo poderia destruir as tradições alemãs). O cinejornal ainda dizia que a aliança Estados Unidos-Alemanha faria os trabalhadores estadunidenses voltarem ao emprego, numa referência à crise de 1929, onde o Führer tiraria os Estados Unidos da crise e do desemprego.

Star Trek: Enterprise Season 4 Episode 1
Nazismo é usado mais como pano de fundo em Enterprise…

Conclusões.

Vimos como Jornada nas Estrelas, em toda a sua riqueza cultural, extrapola os limites da ficção científica e discute também temas de ordem política e social. Tomando como exemplo os episódios de Jornada nas Estrelas que abordam a questão do fascismo, pudemos perceber como “Padrões de Força” possui uma discussão muito mais rica sobre o tema, muito provavelmente por estar mais próximo ao fim da Segunda Guerra Mundial. Apesar do episódio levantar uma hipótese de que o Estado Fascista seria muito eficiente e ele poderia ser usado de uma forma benigna, devemos lembrar que esse Estado Fascista nasceu dentro de uma referência autoritária, odiosa e revanchista. Entretanto, o desfecho do episódio descarta totalmente o uso do Estado Nazista na tese do “poder absoluto que corrompe absolutamente”. Já em “Tempestade Temporal”, produzido quase seis décadas depois do fim da guerra, o fascismo foi mais usado como um pano de fundo para o arco da Guerra Fria temporal, que trabalha mais a noção de história alternativa. Ainda assim, o episódio deu margem para analisarmos umas poucas características do fascismo, mais presentes no cinejornal visto ao início do segundo episódio. Só é de se lamentar que ficou aqui registrado um Hitler que baniria o empresariado, quando tínhamos a situação oposta na vida real. De qualquer forma, a análise desses episódios é um excelente exercício para algumas reflexões sobre o regime fascista e de por que ele não deve jamais ser retomado sob qualquer circunstância na História da Humanidade.

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 03), Temporal Edict. Quebrando O Protocolo.

Star Trek: Lower Decks Episode 3 Review: Temporal Edict | Den of Geek
Uma historinha destacada do episódio…

E chegamos ao terceiro episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, intitulado “Temporal Edict”. Esse foi um episódio mais fraco que o terceiro, mas ele trouxe alguns elementos dignos de discussão. Para podermos analisar esse episódio, vamos liberar os spoilers.

CBS divulga trailer do 3º episódio de Lower Decks | Trek Brasilis ...
Mariner sempre se metendo na vida de Boimler…

O episódio começa com Boimler tocando violino para uma plateia entediada. Mas, de repente, Mariner e Tendi entram com um amplificador, guitarra e bateria eletrônica, fazendo bastante barulho, o que atrapalhou a comunicação da nave com uma ave de rapina Klingon. O oficial sênior de segurança vai aos decks inferiores para parar com o barulho. Nesse momento, Mariner e Tendi terminam sua apresentação para uma plateia estarrecida. Boimler recomeça sua apresentação de violino e o chefe de segurança quebra o instrumento, pensando que é Boimler quem estava fazendo aquele barulho todo.

Star Trek Lower Decks S01E03 Temporal Edict 720p AMZN WEB-DL DDP5 ...
Boimler, arrependido em dar com a língua nos dentes…

Após esse incidente inicial que, parece, não terá nada a ver com a história, assim como ocorreu na semana passada (é somente uma espécie de piada inicial), a Cerritos se encaminhava para uma missão diplomática com os cardassianos, só que ela foi remanejada para os vulcanos, para o desespero da capitâ Freeman, que muito havia se preparado, falando de forma muito desrespeitosa com sua superior. Em vez disso, a Cerritos foi designada para ir ao planeta Gelrak 5 para missão diplomática de segundo contato. A capitã acha que a Cerritos é desrespeitada, pois sua tripulação é muito preguiçosa.

Watch Star Trek: Lower Decks Season 1 Episode 3: Temporal Edict ...
Sem tempo para enrolações…

Nos decks inferiores, os protagonistas tomam uma bebida depois de calibrarem o campo de força da prisão. Tendi pergunta se não seria adequado eles dizerem que já terminaram aquela tarefa e é dito que eles fazem algo muito semelhante ao que Scotty fazia: aumentar o tempo de resolução da tarefa para ficarem com fama de fazedores de milagre. Assim, violando o protocolo (algo que tem sido muito discutido entre os fãs quando veem a série), eles ganham um pouco de tempo livre durante o trabalho. Boimler, é claro, não gosta disso, mas é a cultura dos decks inferiores. Mas a capitã está de olho nesse “tempo de enrolação” e, sem querer, Boimler dá com a língua nos dentes quando a encontra no turboelevador. A capitã. Então, impõe uma rígida disciplina de trabalho, baseada em cumprimento de metas no menor tempo possível, o que estressa toda a nave, menos Boimler, cujo trabalho é dar ordens em seus subalternos.

Star Trek: Lower Decks Episode 3 Digs Into the Starfleet Work Ethic
Indo para mais um segundo contato…

Uma nave auxiliar desce a Gelrak 5 para estabelecer o segundo contato com os habitantes. Eles devem receber de presente um pedaço de cristal que a nave auxiliar levaria numa caixa. Mas as atividades cronometradas pela ponte de comando fizeram com que o cristal fosse substituído por um pedaço de madeira, o que despertou uma verdadeira guerra na superfície, com a tripulação do grupo avançado sendo severamente atacado. Mariner, que está no grupo avançado, reage com violência ao ataque, mas o primeiro oficial Ransom decide ser diplomático e se dá mal.

New Images From LOWER DECKS 103: "Temporal Edict" • TrekCore.com
Mas a coisa não deu muito certo…

Os galrakianos invadem a Cerritos e a capitã, que precisa fazer tudo na ponte, pois seus oficiais estão extenuados, ordena que a tripulação não deixe de fazer as suas atividades e, ao mesmo tempo, defenda a nave do ataque, ao bom estilo multitarefa do capitalismo.

Star Trek: Lower Decks Episode 3 recap: Temporal Edict
Tentando usar a diplomacia da Federação…

Na prisão na superfície do planeta, vemos um claro embate entre Mariner e Ransom, a primeira defendendo a quebra de protocolo para fazer “o que deve ser feito” e o segundo defendendo o protocolo para a não violação de regras, insistindo na diplomacia. Mas, quando ele vai começar a fazer o seu discurso, o líder do planeta chega e diz que um do grupo avançado terá que fazer uma luta de vida ou morte com o campeão local, e o grupo avançado somente será libertado se o campeão local for derrotado. Mariner e Ransom começam uma luta selvagem para decidir quem vai lutar.

Review: 'Star Trek: Lower Decks' Loses Track Of Time In “Temporal ...
Mariner, sempre debochada…

Na nave, Boimler alveja alguns gelrakianos e não entende por que o alerta vermelho está ativado por causa deles. Ao chegar à ponte, ele vê a capitã mexendo ao mesmo tempo em vários controles, pois a tripulação está extenuada. Boimler percebe que a escala de serviço cronometrada é a responsável por todo o caos. Os gelrakianos começam a invadir a ponte.

Star Trek: Lower Decks Episode 3 – Temporal Edict | Watch cartoons ...
Conflitos na prisão…

Na prisão, Mariner faz todo um discurso por que gosta de quebrar o protocolo e mostra as várias cicatrizes das brigas em que se meteu. Ransom, parecendo concordar com ela, mete um cristal no pé da moça, inutilizando-a para a batalha, e diz que não vai deixar que um tripulante seu corra risco, pois pensa na equipe e vai heroicamente para a batalha com o lutador local, que é severamente derrotado. Na verdade, o lutador local é um cara que não gosta de violência e “lê livros”. Mariner, ao ver Ransom lutando, sente um certo tesão por ele. O grupo avançado está livre.

trekcore.com on Flipboard: STAR TREK: LOWER DECKS Review ...
Disputa para ver quem vai ser o “herói do dia”…

Na ponte, Boimler consegue convencer que a capitã precisa dar de volta à tripulação o “tempo de enrolação” e a quebra de protocolo. A capitã dá essa ordem e fala para todos largarem o que estão fazendo para defender a nave dos invasores, que agora são facilmente controlados na base da agressão e da violência da tripulação. Os gelrakianos são expulsos da Cerritos.

Star Trek Lower Decks S01E03 Temporal Edict 720p AMZN WEB-DL DDP5 ...
Ransom vence a disputa com Mariner…

Um novo grupo avançado desce à superfície do planeta, dando agora o cristal, restabelecendo as relações diplomáticas. Ransom vai à enfermaria pedir para ela esperar um pouco para escrever o relatório onde é dito que ele quebrou o protocolo e furou o pé dela com um cristal, pois isso é corte marcial certa e ele precisa empacotar suas coisas para sair da nave. Mariner diz que não vai escrever nenhum relatório, pois gostou de ver ele quebrar o protocolo. Quando parece que vão dar um beijo, Ransom chama a segurança e a manda para a prisão, pois ela não obedeceu a ordem de desarregaçar a manga do uniforme. Mariner, revoltada, vai com os guardas. Já a capitã diz a Boimler, que criou o chamado “Efeito Boimler”, onde os tripulantes têm o direito a não seguir os protocolos quando acharem conveniente, para desespero do alferes, que sempre segue as regras. Ele conta isso para os amigos que dizem que esse será só mais um efeito que será esquecido no futuro. Mas numa aula num futuro distante, o efeito Boimler é visto como um grande feito do alferes para a Federação, só perdendo para os feitos do maior nome de todos os tempos: o Chefe Miles O’Brien. Fim do episódio.

Star Trek: Lower Decks Temp. 01 Ep. 03 - Decreto Temporal ...
Derrotando o vencedor alienígena…

O que podemos dizer do episódio “Temporal Edict”? Em primeiro lugar, esse é um episódio sobre quebra de protocolo, algo muito discutível. O protocolo foi colocado dentro da lógica de produtividade do sistema capitalista do século 21, dentro da visão multitarefa (ou de mais valia). Ou seja, foi encontrada uma justificativa no século 21 parra se quebrar as regras no século 24, algo um pouco desonesto. A “operação tartaruga” dos tripulantes dos decks inferiores também lembra muito a “fama de fazedor de milagres” de Scotty, que multiplicava por quatro as suas estimativas de tempo de consertos. A nave, ao entrar no modo multitarefa, entra em colapso e a saída é quebrar o protocolo, sugestão dada ironicamente por Boimler, o cara todo certinho que cumpre todos os protocolos.

Star Trek: Lower Decks' Season 1 Episode 3 Review: Captain Freeman ...
Mariner gamou no Ransom…

Nesse episódio, porém, o relacionamento entre os personagens protagonistas não foi trabalhado. Foi dito no episódio anterior por alguns fãs que Mariner está se aproximando perigosamente de uma Michael Burnham em termos dela ser uma personagem ao estilo sabe-tudo. Mas eu confesso que vejo algumas diferenças aqui, ainda mais depois desse episodio. Se a protagonista de Discovery é vista como a que sempre tem razão e todos a bajulam, Mariner não tem a mesma sorte na Cerritos, sendo vista como uma irresponsável que quebra as regras pelos seus oficiais sêniors superiores. O relacionamento altamente tenso entre Mariner e Ransom nesse episódio não me deixa mentir. E os atos heróicos de Mariner foram barrados pelo primeiro oficial, que, apesar de ter quebrado uma regra, enfiando o cristal no pé de Mariner, ainda assim zelou pelas regras e protocolos na situação de crise do planeta. Para piorar a situação, Mariner ainda foi presa por violar os protocolos, depois de admirar a quebra de protocolo de Ransom justamente com seu pé. A paixonite da moça pelo primeiro oficial morreu ali mesmo, despertando uma relação de revolta e ódio entre os dois, num climão bem pesado. Assim, se Mariner quer ser uma espécie de Burnham, isso não significa que ela tenha a aprovação da tripulação da nave para isso.

Star Trek Lower Decks S01E03 Temporal Edict 720p AMZN WEB-DL DDP5 ...
Boimler homenageado, mas não como queria…

Dessa forma, “Temporal Edict” é um episódio menos simpático que o da semana anterior, pois coloca a questão da quebra de protocolo dentro de uma visão maniqueísta e injusta, pois associa às regras do século 24 a um regime exploratório típico do capitalismo do século 21. Pelo menos, no que se refere à Mariner, o episódio mostrou que a personagem não teve uma vida fácil nesse episódio, mostrando que um endeusamento que foi dado a Burnham em Discovery teve obstáculos nesse episódio ao menos.

Star Trek: Lower Decks - "Temporal Edict" Easter Eggs: Miles O'Brien
A maior figura de todos os tempos da Frota Estelar: Miles O’Brien!!!! Concordo, pau para toda a obra…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (S01 Ep03), Mais Uma Vez. Um Sabor De Paradoxo Temporal.

Time and Again (episode) | Memory Alpha | Fandom

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, revisitemos Voyager no terceiro episódio da primeira temporada intitulado “Mais Uma Vez”.

Qual é o plot desse episódio? A Voyager é atingida por uma onda de choque e a análise da mesma indica uma detonação. Janeway manda a nave para o sistema estelar de onde veio a onda para investigar. Com a onda de choque, Kes sofre uma grande perturbação e vai para a ponte. A fonte da onda de choque veio de um planeta classe M que tinha uma civilização mas agora não tem sinais de vida. Um grupo avançado desce à superfície e encontra ruínas. Uma detonação polárica incinerou toda a civilização. Janeway encontrou indícios de que não houve uma guerra, mas sim que íons poláricos eram usados como fonte de energia, uma verdadeira bomba-relógio prestes a detonar.

Star Trek: Voyager Rewatch: “Time and Again” | Tor.com
Kes. Sentindo as perturbações da destruição de um planeta…

Na Voyager, Kes diz a Neelix que viu os corpos da civilização queimarem e diz que seu povo tem habilidades mentais. Neelix não acredita muito nisso, mas conforta a esposa.

Na superfície, Paris tem visões da civilização que morreu e é concluído que há fendas subespaciais na superfície do planeta. Janeway e Paris vão para a civilização no passado e perdem contato com a nave e o grupo avançado. Paris, que havia visto um relógio nos escombros, vê o mesmo agora na realidade do planeta e estima que ele será destruído em um dia.

Star Trek: Voyager: Time and Again | TV Database Wiki | Fandom
Janeway e Paris voltam ao passado e tentam entender o que aconteceu com o planeta…

Na Voyager, a tripulação discute uma forma de resgatar Janeway e Paris. Eles, ao analisarem as fendas, já sabem que elas se expandiram para o passado. O problema será localizar Janeway e Paris no momento exato do passado e abrir a fratura subespacial.

Kes e Neelix vão ao Doutor para exame da moça. O Doutor novamente fica indignado de não saber que há tripulantes novos na nave e que Janeway desapareceu. Mas diz que Kes está em perfeita saúde.

Na superfície do planeta, Janeway e Paris decidem enviar uma bóia subespacial para a Voyager detectá-los, mas não farão nada para evitarem a destruição do planeta, pois violariam a Primeira Diretriz. Paris não aceita muito a ideia. Depois de botar um garoto desconfiado da presença deles para correr, Paris e Janeway têm a ideia de usar a energia dos íons poláricos para voltar para onde estavam, já que a explosão de íons poláricos criou as fendas subespaciais (ou seja, uma tecnobabble básica). O problema é que eles precisam ir aonde estão os geradores de energia polárica e esse lugar está passando por uma convulsão social. Paris e Janeway entram no bolo e são agredidos, sendo levados por um homem para longe dos guardas.

1-03: Time and Again - Star Trek: Voyager Season 1 Episode ...
Paris e Janeway são agredidos na região dos geradores de força…

Na Voyager, a tripulação desenvolveu uma espécie de gerador que abre fendas subespaciais que será usado na superfície do planeta, mais especificamente onde Janeway e Paris desapareceram. Kes pede a Chakotay para ir à superfície, já que testemunhou toda a tragédia mentalmente.

No planeta, o homem que levou Janeway e Paris agora está com mais dois e eles acreditam que Janeway e Paris são espiões que investigam o grupo do qual os três homens fazem parte e que são contra as usinas de energia polárica. Janeway e Paris estão com altos índices de radiação no corpo por causa da tragédia com a energia polárica e os três homens acham que eles estiveram antes na usina, algo que Janeway e Paris negaram. Janeway é obrigada a abrir o jogo e diz que é capitã da Voyager. Ela também sente a presença de Kes, que está com o grupo avançado na superfície do planeta, procurando o melhor lugar para abrir uma fenda espacial. A ocampa também sente a presença de Janeway e comunica isso ao grupo avançado, que procura pela fenda com o tricorder.

Janeway conta toda a história para um dos homens. O grupo dele pretende atacar uma usina de energia e isso provavelmente vai levar à detonação. Janeway violou graciosamente a Primeira Diretriz sob o olhar perplexo (e cínico) de Paris. Mas o homem não acreditou muito na história de se voltar do futuro, das fendas subespaciais, etc.

Star Trek: Voyager – Time and Again (Review) | the m0vie blog
Doutor Personagem mais uma vez bem trabalhado…

O grupo avançado consegue localizar Janeway e Paris e ligam o tal gerador. Chakotay consegue acionar o comunicador de Janeway, mas os homens do grupo acham que é outra de suas mentiras. Eles tiram os comunicadores de Janeway e Paris e os levam. Uma fenda se abre sobre os comunicadores, mas se fecha depois de uns instantes. Só que não há mais ninguém na sala quando isso acontece. Enquanto são conduzidos pelo grupo, Paris pergunta a Janeway da violação da Primeira Diretriz e esta diz que a simples presença da Voyager lá já pode ter alterado o destino do planeta, pois quando eles voltam para o passado, o grupo, que queria atacar a usina em uma semana, decide antecipar o ataque para o dia seguinte, por causa de Janeway e Paris. Ou seja, evitar um ataque à usina e evitar a destruição do planeta agora era um problema da Voyager.

Os tripulantes da Voyager especulam que Janeway irá ao ponto da explosão e fazem nova tentativa. Janeway, ao chegar a usina, se recusa a ajudar o grupo que a apreendeu juntamente com Paris e isso detona um tiroteio onde Paris é ferido. O grupo entra na usina e Janeway os persegue. Já o grupo avançado chega à usina, mas no futuro, um dia depois, mas não consegue localizar Janeway. Entretanto, Kes diz que Janeway esteve lá. Janeway, por sua vez, rende o grupo e diz para eles esperarem até o momento da detonação. Céticos, eles esperam. O gerador começa a funcionar no grupo avançado e ele começa a abrir uma fenda subespacial perto dos conduítes de energia polárica, ou seja, será esse evento que detonará a explosão e não a sabotagem do grupo, como Janeway pensava. Janeway pede o seu phaser para um dos homens do grupo para deter a fenda que se abre. Quando ela faz isso, ela altera o fluxo dos acontecimentos. Todos desaparecem de onde estão e voltamos ao início do episódio. A onda de choque não se dá mas o planeta classe M é localizado. Como Neelix não conhece a civilização, Janeway não dá muita bola para o planeta. Mas Kes aparece na ponte falando da destruição. Kes pede para Janeway mostrar o planeta na tela, onde não se vê sinais de destruição, o que tranquiliza a ocampa. O planeta também é sondado e Tuvok diz que ele tem uma civilização humaniode provavelmente em estágio pré-dobra. Janeway diz que, pela Primeira Diretriz, esse planeta não deve ser investigado e diz para catalogar o planeta e continuar a viagem. Fim do episódio.

Captain Janeway and Tom Paris - Time and Again | Star trek voyager ...
Janeway e Paris tentam explicar o que vai acontecer ao planeta…

O que podemos dizer do episódio Mais Uma Vez? Em primeiro lugar, foi um episódio que seguiu mais ou menos a vibe do episódio anterior, “Paralaxe”, ou seja, um episódio de ficção científica raiz na história principal que aborda a questão espaço-temporal. Mas, se em “Paralaxe”, o mote foi um paradoxo espacial, em “Mais Uma Vez”, temos mais uma questão de paradoxo temporal. Um planeta que sofre uma tragédia tudo isso em virtude da presença da Voyager nas imediações, que afeta o fluxo temporal. O que provoca a explosão que destrói a superfície do planeta? À medida que assistíamos o desenrolar da história, mais parecia que foi a sabotagem do grupo contrário ao uso de energia polárica que tinha provocado a tragédia. Mas foi o próprio resgate do grupo avançado a Janeway que iria provocar a tragédia. Tudo iria por água abaixo não fosse a percepção aguçada de Janeway, repitamos aqui, uma renomada cientista além de capitã de nave estelar. Se num primeiro momento, ela defende a aplicação da Primeira Diretriz e não quer intervir no destino do planeta, ao perceber que a presença dela e de Paris anteciparam os eventos da sabotagem, a capitã sente que a presença da Voyager afeta a sequência dos eventos, justificando a violação da Primeira Diretriz e Janeway decide intervir. Ou seja, um clássico episódio de paradoxo temporal.

No mais, foi um episódio onde mais uma vez o Doutor foi um alívio cômico, repetindo a piada de que ele nunca é comunicado sobre nada que acontece na nave, pois ele é tratado como um mero holograma. Ou seja, uma piada que é novamente usada, tornando-se um pouco enfadonha. Com relação â construção de personagens, vimos mais um avanço em Janeway no seu feeling científico e uma sensitividade de Kes, que foi determinante em localizar Janeway nas fendas subespaciais.

Time and Again (episode) | Memory Alpha | Fandom
Foi a Voyager que ia causar a destruição de tudo…

Dessa forma, “Mais Uma Vez” é um episódio que mostrava uma tendência, ao início da temporada de Voyager, de se fazer episódios focados numa boa ficção científica. Paradoxos espaciais e temporais eram a vedete que mostravam a astúcia da capitã com assuntos de ordem científica.

Time and Again (episode) | Memory Alpha | Fandom
… e Janeway, um dia no futuro, evita a catástrofe…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 02), Envoys. Desentendimento Com Culturas.

Star Trek: Lower Decks “Envoys” – the agony booth
A amiga do Klingon…

O segundo episódio da primeira temporada de Jornada nas Estrelas Lower Decks, “Envoys”, aborda, de forma mais pronunciada que no primeiro episódio, a questão da diferença entre culturas. Para podermos falar mais desse episódio, vamos precisar dos spoilers.

Crítica | Star Trek: Lower Decks – 1X02: Envoys - Plano Crítico
Rutherford e Tendi. Uma amizade fofa…

O episódio começa com Mariner e Tendi conversando quando um ser de energia com espírito conquistador e maligno invade a nave. Mariner imediatamente o domina e o ser suplica para ser libertado, dizendo que pode sintetizar qualquer coisa. Ela pede então um tricorder com bateria e ele o sintetiza, ficando bem pequeno. As duas vão embora e a forma de vida, bem pequenininha, tenta atacar a capitã e desaparece.

Star Trek Lower Decks "Envoys" Recap: Starfleet Loves Nerds
Uma parada de “emergência”…

Boimler comunica a Tendi e Mariner que vai escoltar um Klingon, o General K’orin, até um planeta uma espécie de missão diplomática. É claro que Mariner vai fazer pouco caso disso, enquanto Boimler vai treinando palavras klingons para se comunicar com o general. Enquanto isso, Rutherford sai todo feliz de um tubo jefferies depois de muito trabalho duro. Mas ele vai voltar para recalibrar, feliz da vida. Tendi então o lembra de que eles iam ver juntos um pulsar, o que implica que ele vai ter que faltar seu trabalho. Mas, como um homem da Frota Estelar, ele não volta atrás em suas promessas e vai ver o pulsar com Tendi, o que vai implicar que ele precisa mudar de função na nave. Rutherford pede ao seu superior na Engenharia para procurar outra função e, quando acha que vai receber uma grande bronca, recebe a autorização e os parabéns de todos. Enquanto isso, Boimler chega à nave auxiliar e encontra Mariner lá dentro. Ela mexeu uns pauzinhos para ir com Boimler, que ficou como seu co-piloto, para desespero dele. Quando o General K’orin chega, Boimler o aborda cheio de formalidades, enquanto que Mariner o ataca, para depois caírem na risada. Os dois são velhos conhecidos, para surpresa de Boimler. Durante a viagem, o Klingon se embebeda com Mariner e suja toda a nave. A pedido do General, eles descem num distrito Klingon do planeta. Quando eles chegam lá, o Klingon está dormindo de tão bêbado. Boilmer e Mariner saem da nave, com o primeiro reclamando muito de tudo o que está acontecendo, enquanto que Mariner bota panos quentes. Mas o Klingon acorda e rouba a nave, uma prática corriqueira dele, segundo Mariner. Os dois começam a ir atrás do Klingon, e Boimler passa por tremendas saias justas com várias culturas no planeta por sua inexperiência. Ele não entende por que isso acontece, já que ele passa horas na biblioteca estudando as culturas. Mariner recebe uma informação de que K’Orin está numa cidade andoriana e lá, Boimler provoca um briga generalizada num bar. Mariner para a briga pagando cinco rodadas de bebida para todo mundo com o dinheiro que ela roubou de um alienígena e Boimler, chateado, senta num canto se sentindo um inútil e pensando em desistir de tudo, jogando sua insígnia longe, todo choroso. Ainda procurando K’orin, eles se deparam com um ferengi que oferece um transporte. Boimler, sabendo da reputação dos ferengis, se nega, mas Mariner quer aceitar. Boimler chama a atenção de Mariner sobre os ferengis, mas a moça, se achando a sabichona, aceita, achando que o ferengi é um boliano. Boilmer pergunta qual é o código de pouso da nave ferengi e o ferengi puxa uma faca. Boimler desarma o ferengi com um phaser e diz a Mariner que estava certo. Eles encontram a nave auxiliar com K’orin dentro, desmaiado e bêbado, e deixam em frente à sede da Federação no planeta.

From Horga'hns To The Janeway Protocol, 'Star Trek: Lower Decks ...
Apuros no holodeck…

Na nave, Rutherford está no holodeck com o primeiro oficial testando situações de comando na ponte, e a experiência é um desastre total, sempre destruindo a nave ou causando muitas mortes. Rutherford, então, vai para a enfermaria e recebe da médica a ordem de conversar com um paciente para acalmá-lo, mas só consegue deixá-lo mais nervoso ainda. A médica, então, sugere que ele tente a segurança. Numa simulação com borgs, ele consegue destruir vários, e parece que finalmente Rutherford encontrou a sua verdadeira aptidão. Mas ao ver uma moça saindo de um tudo jefferies, ele decide que a engenharia é sua verdadeira paixão.

LOWER DECKS brings balance to STAR TREK… (editorial review) – Fan ...
Problemas com a diversidade cultural…

Na nave auxiliar, Mariner pede que Boimler mantenha em segredo que ela foi enganada por um ferengi e ele diz que não vai contar, pois estão num círculo de confiança. Mas na nave, ele espalha para todo mundo no bar. Mariner sai sem graça do bar depois de ser zoada. Na sua cama, no corredor da nave, ela conversa com seu padd com o ferengi do planeta. Ou seja, Mariner armou tudo para parecer uma tola perante Boimler e fazer o amigo reconquistar a autoconfiança. Já Rutherford disse a Tendi que o lugar dele é na engenharia e que não vai poder acompanhar com ela o pulsar no mirante. A moça de Órion diz que não tem problema e que ia acompanhar do padd mesmo, sendo que ela somente queria uma companhia. O episódio termina com os dois dentro do tubo jefferies, com Tendi olhando o pulsar pelo padd e Rutherford olhando uma peça no tubo jefferies, com os dois maravilhados com o que veem.

From Horga'hns To The Janeway Protocol, 'Star Trek: Lower Decks ...
Um ferengi!!!

O que podemos falar de “Envoys”, o segundo episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks? Em primeiro lugar, esse foi um episódio muito melhor que o primeiro, no que tange ao relacionamento entre os personagens. Novamente tivemos uma História A eee uma História B, sendo que elas não interagiram no final. Na História A, Boimler e Mariner levam o General Klingon para um acordo de paz e acabam perdendo não somente o general como a nave auxiliar. Na busca pelo general e pela nave, Boimler, com a sua experiência de antropólogo de gabinete (ou seja, de um antropólogo que nunca interagiu realmente com culturas e só sabe a teoria), quebrava a cara sistematicamente, sendo sempre socorrida por Mariner, a que tinha a experiência de campo e zero de academicismo. Isso fez com que Boimler se sentisse o pior dos mortais e quisesse desistir de sua carreira. Mas aí Mariner armou o seu desconhecimento sobre os ferengis para que o amigo reconquistasse sua confiança, mesmo que ele a zoasse indefinidamente depois disso. Vemos aí a virtude da camaradagem em Mariner, que é considerada a personagem porra louca e indisciplinada da série, o que foi algo bem bacana. Na História B, vimos também Rutherford abrindo mão de sua carreira na engenharia num primeiro momento para poder assistir a um pulsar com sua amiga Tendi, ou seja, ele faz uma espécie de sacrifício pessoal por sua amiga, mesmo que depois ele retorne à engenharia Foi algo engraçadinho ver o final do episódio com os dois no tubo jefferies, uma vendo o pulsar no padd, outro olhando para as máquinas do tubo jefferies. Está faltando somente Rutherford ser menos tapado para rolar até um clima entre os dois.

Lower Decks Recap: “Envoys” (Season 1, Episode 2) – Women at Warp
Dando uma de boba para recuperar a autoestima do colega…

Dessa forma, “Envoys” foi um bom episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, sendo melhor que o primeiro, rolando uma boa química entre Boimler e Mariner e entre Rutherford e Tendi, com o episódio construindo uma melhor interação entre os personagens. Vamos ver o que vem por aí.

The second episode of Lower Decks continues to make Star Trek fun ...
Um par bem menos conflituoso…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, Lower Decks (S01, Ep 01), Segundo Contato. Apresentando Uma Nova Série.

Full ~ Watch! — Star Trek: Lower Decks Season 1 || Episode 1 — Eng ...
Jornada nas Estrelas de volta…

E finalmente chega (?) “Jornada nas Estrelas, Lower Decks”. A franquia passa por altos e baixos desde a chegada do Abramsverso em 2009. Alguns fãs gostam, outros fãs não. Tudo sempre tem seus pontos positivos e negativos. Discutimos exaustivamente aqui as séries “Discovery” e “Picard”, com um saldo não tão positivo assim, pelo menos para este escriba que vos fala. E, como não pode deixar de ser, vamos agora falar de “Lower Decks”, que vem com uma proposta nova: fazer uma animação em tons de comédia para a franquia. Para a gente poder falar dessa estreia, vamos lançar mão de spoilers.

Star Trek: Lower Decks Episode 1 Review: Second Contact | Den of Geek
Boimler. Mania de escrever diários de bordo…

Qual é a impressão inicial? A meu ver, foi boa. Nada de muito espetacular, mas é um episódio que diverte e entretém. A proposta justamente é colocar em foco a tripulação de uma nave estelar que não tem muita importância hierárquica. Não são os oficiais sêniors os protagonistas aqui. Aliás, eles são investidos de uma empáfia e arrogância acima dos limites. Mas, devemos nos lembrar, aqui a vibe é outra. É uma coisa para rir mesmo. A começar pelo nome da nave, que tem nome de salgadinho da Elma Chips: Cerritos. Sem falar que os protagonistas da série, por possuírem patentes menores, são mais jovens e inexperientes, o que faz com que eles se metam em situações engraçadas o tempo todo. O primeiro personagem a ser apresentado é o alferes Brad Boimler, que gosta de seguir direitinho as regras, além de fazer vários diários de bordo além da conta. Sua amiga, a alferes Beckett Mariner, é, digamos, um tanto hiperativa e é o oposto de Boimler, sempre passando por cima das regras, mas tem muita experiência com situações de campo, pois sempre é expulsa de onde está por questões de indisciplina, sendo um tanto rodada na Frota Estelar. A alferes Tendi é uma moça de Órion (é toda verdinha, portanto) que está muito impressionada em servir numa nave estelar e vai trabalhar na enfermaria. Já Rutherford é um engenheiro aprimorado ciberneticamente.

Star Trek: Lower Decks' Gary Mitchell joke is a fantastic Easter egg
Mariner se apresenta a Tendi, de Órion…

Duas histórias paralelas são desenvolvidas no primeiro episódio, ao bom estilo das histórias A e B que víamos nas séries mais antigas de Jornada nas Estrelas. Na história A, vemos Boimler sendo obrigado a vigiar sua amiga Mariner a mando da capitã Freeman (depois sabemos que Mariner é filha da capitã, que está preocupada com o histórico de indisciplinas da filha, sendo mudada constantemente de posto pela Frota Estelar) na superfície do planeta onde se está fazendo o segundo contato. E, na segunda história, o primeiro oficial Ransom é picado por um inseto e se torna extremamente agressivo, atacando as pessoas a dentadas, passando essa doença para os demais tripulantes. No meio de toda essa turbulência e do alerta vermelho, o engenheiro Rutherford se encontra com uma alferes que se apaixona por ele, mas o engenheiro não é esperto o suficiente para perceber isso. Será Boimler que trará o antídoto para a doença, já que ele foi “chupado” por uma aranha gigante que funciona como vaca de uma fazenda da superfície do planeta alienígena e cuja gosma é o antídoto.

Star Trek Lower Decks Episode 1 Release Date, Watch Online, Spoilers
Animação teve História A e História B…

Assim, “Jornada nas Estrelas Lower Decks” é uma série engraçada, tendo os seus momentos de humor pesado e negro. Alguns comentários por aí dizem que a série se aproxima um pouco da animação “Ricky and Morty”, mas confesso que não vi essa última. De qualquer forma, as piadas mais pesadas não chocam muito,e o saldo da série foi positivo para esse episódio, o que já é muito se nos lembrarmos das críticas mais contundentes a Discovery e Picard. Vale a pena dar uma conferida e torcer para que a animação chegue ao Brasil pelo menos por algum canal de streaming.

Star Trek: Lower Decks Episode 1 Easter Eggs and References | Den ...
O Segundo Contato…