Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Enterprise (S01 – Ep02) Fight Or Flight (Luta Ou Fuga). Autopreservação Ou Moral?

Fight or Flight (episode) | Memory Alpha | Fandom
Um episódio que aborda uma questão moral…

Dando sequência às análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à série “Enterprise” para falarmos um pouco do episódio 2 da primeira temporada intitulado “Fight or Flight” (Luta ou Fuga).

A tripulação da Enterprise está há duas semanas em sua missão de exploração e a única forma de vida com que fez contato foi uma lesminha moribunda, atenciosamente vigiada por Hoshi. Nos aposentos do capitão, Archer está incomodado com um estranho rangido no chão enquanto discute possíveis rotas para encontrar novas civilizações com T’Pol. A última, cuja origem vulcana não vê com muito entusiasmo as explorações espaciais, diz a Archer que somente um a cada 43 mil planetas habitáveis tem chances estatísticas de ter vida inteligente, segundo a exobiologia. Hoshi entra e pede troca de aposentos ao capitão, pois está com insônia por ver as estrelas se deslocarem na janela para o “lado errado”. Archer, meio que intrigado, dá a autorização para ela trocar de aposentos.

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Hoshi e Phlox, tentando pesquisar uma forma de vida (uma frágil lesminha que precisa voltar ao seu habitat)…

Travis e Reed procuram calibrar a mira dos torpedos fotônicos que ainda está descalibrada. Archer dá a ordem para a nave sair de dobra para uns testes de mira. Mas os testes se revelam um fracasso total. Ou seja, os primeiros dias da missão tem sido tediosos e sem êxitos. Somente o Dr. Phlox está se divertindo sua observação aos hábitos e características dos humanos.

Remote Wanderings: Revisiting Enterprise: "Fight or Flight" and ...
Abordando uma nave alienígena, contra as recomendações de T’Pol

Uma nave inerte e com sinais de que foi atacada é encontrada. T’Pol alerta que um exame mais minucioso pode ser muito invasivo, pois a nave não responde às frequências de saudação. T’Pol diz que há formas de vida à bordo e talvez não gostem de visitas. Archer manda preparar uma nave auxiliar e T’Pol disse que muitos protocolos ainda não foram tentados antes dessa decisão mais drástica. Mas Archer, que vive numa sociedade sem Primeira Diretriz, insiste na abordagem via nave auxiliar.

Fight or Flight (episode) | Memory Alpha | Fandom
Um cenário de horror dentro da nave alienígena…

Mesmo com uma certa relutância, Archer decide ir na missão. Só que ele precisa convencer Trip a permanecer na Enterprise (pois é o engenheiro-chefe da nave) e convencer Hoshi a ir, pois ela é oficial de comunicações, mas a moça tem claustrofobia com trajes espaciais. Reed, por sua vez, quer ir com muitas armas, algo que Archer rechaça, levando somente o armamento básico.

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
A Enterprise ainda precisa de ajustes…

O interior da nave alienígena está às escuras e os corpos mortos de seus supostos tripulantes são sugados por uma estrutura hidráulica. De volta à Entreprise, T’Pol fica sabendo pela equipe de Archer que há quinze mortos sendo drenados na nave alienígena e recomenda que a Enterprise vá embora. Mas Archer quer saber o que aconteceu com esses quinze mortos. T’Pol alerta que a intenção de ajuda do capitão foi louvável, mas com essa nova situação, a tripulação da Enterprise pode correr perigo. Archer aceita a argumentação de T’Pol e dá a ordem da nave entrar em dobra novamente e retomar o curso.

Star Trek Enterprise S 01 E 03 Fight Or Flight / Recap - TV Tropes
Hoshi, cheia de inseguranças e incertezas…

Hoshi conversa com Phlox sobre sua experiência de ter gritado ao ver vários corpos pendurados na nave, e que ela não estava na Enterprise para ver corpos. Phlox sugere ela voltar à Universidade para lecionar. Hoshi diz que foi a primeira opção de Archer e que precisa estar lá. Todo esse núcleo mostrando como Hoshi é cheia de não me toques serve para deixar claro que a linguista não tem muito jeito em fazer parte da tripulação de uma nave espacial e que ela vai precisar se adaptar à nova realidade. Ou seja, vemos uma tentativa de construção de personagem feita de uma forma mais elaborada já nos dois primeiros episódios da série.

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
Criaturas sendo sugadas. Existe moral na autopreservação e deixar tudo para trás???

Archer, T’Pol e Trip jantam juntos. Archer mostra que ainda está muito incomodado com a situação dos mortos na nave alienígena. Ele pergunta se T’Pol deixaria os corpos se eles fossem de vulcanos. A vulcana disse que os corpos não eram de vulcanos e que sua espécie obedece a uma série de procedimentos. Archer deixa claro que está muito incomodado por só passar ao largo de uma situação grave e simplesmente deixá-la para lá. Archer diz que os humanos também têm um código assim como os vulcanos e que não acredita que violou esse código. E sai da mesa. Archer decide retornar à nave alienígena.

Na nave, Phlox acha que a triglobulina extraída dos corpos pode ser usada como remédios, vacinas ou até afrodisíacos. Hoshi, numa conversa com Trip, diz que vai abandonar a carreira de oficial de comunicações na Enterprise. T’Pol avisa ao capitão que uma nave alienígena chegou, com a mesma leitura da bomba hidráulica que suga os corpos. Archer manda a sua equipe abandonar a nave alienígena e dá um tiro de phaser na bomba hidráulica. Os torpedos fotônicos da Enterprise ainda estão com a mira descalibrada e a nave alienígena que chegou não atende às frequências de saudação. A nave auxiliar atraca na Enterprise, que já sofre ataques da nave alienígena. A Enterprise não entra em dobra, pois uma nacele foi avariada com o ataque. A Enterprise atira dois torpedos, facilmente rechaçados pela nave alienígena. Ela sonda a Enterprise e descobre que os corpos dos tripulantes também podem ser sugados. Outra nave aparece e é da espécie que foi morta e teve seus corpos sugados. Mas seu capitão fala uma língua que é desconhecida e ainda não foi decifrada por Hoshi. A primeira nave prende a Enterprise com uma espécie de raio trator. E o alienígena da outra nave parece muito impaciente. Hoshi diz que parece que o alienígena entendeu que outros de sua espécie foram mortos, mas acredita que foi a Enterprise que os matou. T’Pol calmamente pede que  Hoshi envie uma mensagem dizendo que a Enterprise mandou um sinal de socorro e, se tivesse sido a Enterprise a matar os alienígenas, ela não mandaria um sinal de socorro. O alienígena ainda não está muito convencido e Archer pede para Hoshi que ela fale para o alienígena comparar as assinaturas da bomba hidráulica e da nave que está atacando a Enterprise, para que ele veja que são iguais. A informação não foi muito correta para o alienígena, que se impacienta. Ao mesmo tempo, a outra nave já começa a perfurar o casco da Enterprise. Não haverá outra alternativa senão Hoshi, insegura toda a vida, se comunicar verbalmente com o alienígena. Hoshi consegue se comunicar e o alienígena ataca a nave que mantinha a Enterprise presa. Esta dá um tiro de torpedo contra a nave e a nave do alienígena que se comunicava com Hoshi termina de destruir a nave beligerante. O episódio termina com Hoshi e  Phlox deixando a lesminha que pegaram num planeta parecido com as condições de vida dela, para que essa não morra. Fim do episódio.

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Danou-se…

O que podemos falar desse episódio? Em primeiro lugar, ele lança uma questão ética. Ainda dentro dos conflitos entre as visões de mundo dos humanos e dos vulcanos, o que parece mais sensato? Se esgueirar de uma situação que pode levar risco à toda a tripulação de sua nave, ou se importar com o problema ocorrido e buscar investigar o que parece ser um crime para lá de hediondo e entender o que aconteceu, pois as vítimas do crime merecem uma atenção? A visão pragmática dos vulcanos, que defende abertamente a filosofia da futura Primeira Diretriz da Federação, defende o não envolvimento. Mas para a mentalidade humanista de Archer, isso parece muito pouco ético, embora seja a alternativa mais segura. Assim, o nosso bom capitão, dentro da filosofia de exploração espacial, dá meia volta em sua nave e a coloca em sério risco, pois a Enterprise ainda não está em condições de se defender de um ataque. Fica parecendo, nesse primeiro momento, que T’Pol estava coberta de razão. Mas toda a empreitada, que parecia fadada a um retumbante fracasso, teve um desfecho positivo, com a Enterprise fazendo uma amizade com o povo Axanar, embora a tripulação também tenha feito um inimigo. E aí, essa história principal do episódio se liga à segunda história, que girava em torno de Hoshi. Vimos no primeiro episódio de Enterprise que Hoshi parecia uma personagem cheia de pitis desnecessários, mas logo fica claro aqui no segundo episódio sua insegurança com a exploração espacial, por ser uma pessoa acostumada mais com a vida acadêmica. As situações extremas pelas quais passou (corpos mortos, claustrofobia com trajes espaciais e enjoos com sacolejos da nave) fizeram Hoshi desistir da carreira. Mas ela acaba sendo demovida da ideia quando ela passou, com sucesso, pela situação extrema de ter que se comunicar diretamente com o alienígena que poderia salvar a Enterprise da destruição. E num idioma que ela praticamente tinha acabado de conhecer e só começar a decifrar. Ao salvar a nave com sua competência, Hoshi dá a volta por cima e mostra o seu valor para a tripulação, tudo isso sob a confiança benevolente de Archer.

Axanar | Memory Alpha | Fandom
Hoshi vai precisar estabelecer contato verbal com o axanari para este salvar a Enterprise…

Dessa forma, esse é um típico episódio de Jornada nas Estrelas em que temos uma história A se desenvolvendo paralelamente a uma história B, com tudo combinado para que essas histórias se amarrem mais ao final do episódio de uma forma bem elaborada, construindo um bom episódio. Episódio esse com a construção de uma questão ética, que prepara uma discussão sobre a futura Primeira Diretriz, e que ajuda a construir bem uma personagem do elenco fixo. Vale a pena revisitá-lo. 

Star Trek: Enterprise – Fight or Flight (Review) | the m0vie blog
Hoshi se encontra na Enterprise e devolve a lesminha ao seu habitat

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (S01 – Ep 01), “O Guardião”.

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Uma nova capitã recebe a ajuda de um prisioneiro…

Dando sequência às análises de episódios de Jornada nas Estrelas, falemos hoje do piloto da série “Voyager”, intitulado “O Guardião”. Esse é mais um episódio de cerca de noventa minutos que inicia a série da nave que vai precisar fazer uma viagem de setenta mil anos-luz para voltar para casa, atravessando sozinha o desconhecido e perigoso quadrante delta.

Caretaker (episode) | Memory Alpha | Fandom
A Voyager ancorada na DS9…

O plot começa com a querela dos maquis, colonos da Federação, que estão situados próximos à fronteira cardassiana e foram obrigados a se retirar depois de um tratado. Mas eles se negaram a isso e são combatidos tanto pela Federação quanto pelos cardassianos, que os consideram foras da lei. Vemos uma nave maqui liderada por Chakotay, que ainda conta com a presença de Tuvok e B’Elanna Torres sendo atacada por uma nave cardassiana. Os maquis conseguem entrar numa região de tempestades e se livram dos cardassianos, que são atingidos pelas intempéries. Mas uma onda de energia desconhecida os atinge e a nave desaparece.

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Lidando com um maqui…

Após a abertura do episódio, estamos numa colônia penal da Federação na Nova Zelândia. Janeway procura Tom Paris, que está na ilha como detento, para conversar. Ela chegou a servir com o pai de Paris, um almirante como oficial de ciências. Janeway irá procurar a nave maqui desaparecida, pois Tuvok é um agente infiltrado para investigar os maquis e Janeway quer a experiência de Paris coma  região onde a nave desapareceu (ele pertenceu aos maquis). Sabemos, na conversa entre Janeway e Paris, que Chakotay também foi oficial da Frota Estelar antes de se juntar aos maquis. Sabemos, também, das desavenças entre Chakotay e Paris (o primeiro, mais idealista, achava que o segundo era mercenário). Paris aceita, mas irá apenas como observador, a seu desgosto, pois se considera um grande piloto.

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O surgimento de uma grande amizade…

Na Estação Espacial de DS9, Paris chega numa nave auxiliar e a Voyager, uma nave classe intrepid com dobra 9,975 está ancorada. A nave tem quinze decks e tripulação de 141 pessoas. Ela também tem circuitos bioneurais. (pacotes de gel com celular bioneurais que organizam as informações mais eficientemente, acelerando a resposta dos circuitos). Seu número de série é NCC-74656. No bar do Quark, o ferengi tenta enrolar o alferes Harry Kim numa transação, mas um atento Paris consegue salvar o colega de Frota. E assim, os dois se conhecem, sendo amigos próximos pela série inteira. Na Voyager, Kim e Paris se apresentam à enfermaria e fica claro que Paris tem uma antiga querela com o médico, que não foi contada no momento. Depois, os dois se apresentam à Janeway, que os leva para a ponte. A Voyager deixa a estação.

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Tuvok, o braço direito de Janeway

Ficamos sabendo que Paris cometeu um erro que provocou a morte de três pessoas e a expulsão dele da Frota, para depois ele se aliar aos maquis, sendo preso na primeira operação. Por isso, ele é malvisto pelo médico e por alguns tripulantes. Ele confessa tudo a Kim, que fica sabendo do passado de Paris por terceiros. Há um leve arremedo de desentendimento entre Paris e Kim, mas este último dá a entender que não irá descartar a amizade por causa disso. Os dois são chamados à ponte por Janeway, pois a nave está próxima às badlands, a região de tempestades onde a nave maqui desapareceu. A Voyager acabou sendo atingida pelo mesmo raio de tétrions que atingiu a nave maqui. Alguns tripulantes da Voyager morrem e eles estão em frente a uma espécie de estação que emite um pulso de energia. Kim lê os sensores e diz que eles estão a setenta mil anos-luz de onde estavam, situando-se agora do outro lado da galáxia. Mas a Voyager está cheia de problemas. O reator de dobra está em risco de ruptura. Na enfermaria, o médico morreu e a unidade médica de emergência foi acionada. A estranha estação sonda a nave e os tripulantes vão desaparecendo, um a um, ficando apenas o doutor holográfico. Os tripulantes aparecem no quintal de uma fazenda, onde uma doce velhinha serve guloseimas para eles, mas Janeway, com seu tricorder, constata que eles estão dentro da estação e tudo aquilo parece ser uma projeção holográfica. Outras pessoas chegam à fazenda e uma festa começa, para a perplexidade dos tripulantes da Voyager. Janeway manda Paris e Kim sondarem a região com os tricorders e eles encontram formas de vida humanóides dentro de um celeiro (um vulcano e alguns humanos). Uma moça que estava com eles obstrui o caminho e diz que não está pronta para eles. Um cachorro faz menção de atacá-los. Paris chama Janeway pelo comunicador e é agredido pela moça. Vários habitantes da fazenda se materializam no celeiro quando Janeway chega com outros membros da tripulação. A parede do celeiro se materializa num corredor da estação e lá estão Torres, Chakotay e Tuvok inconscientes. Logo, todos os tripulantes estão presos e recebendo uma agulhada no peito. Mas eles aparecem em seguida na Voyager recobrando a consciência e descobrem que ficaram três dias na estação. Kim está desaparecido. Janeway sonda a nave maqui, que estava ao lado da estação e com sua tripulação. Janeway fala a Chakotay do desaparecimento de Kim e Chakotay diz que Torres também está desaparecida. Janeway propõe uma aliança para encontrar os tripulantes desaparecidos. Chakotay e Tuvok se transportam para a ponte da Voyager e Tuvok confessa que era um agente infiltrado para Chakotay, que também se reencontra com Paris de forma áspera. Janeway dá uma  trava no show de testosterona explícita e se lembra do trabalho em equipe para recuperar Kim e Torres. Eles retornam à estação, com Tuvok tendo a missão de extrair o máximo de informações da mesma para ver se eles conseguem retornar os setenta mil anos-luz tão rapidamente quanto vieram., enquanto que Janeway, Chakotay e Paris procuram por Kim e Torres. De volta à fazenda, eles conversam com um velhinho que diz que eles não importam mais (exceto Kim e Torres) e que está sem tempo para pagar uma dívida, mandando todos de volta à Voyager. Kim e Torres acordam numa enfermaria cheios de feridas e Torres reage de forma mais agressiva, sendo dominada. Os pulsos de energia vão para um planeta e Janeway acredita que Kim e Torres estejam lá. Tuvok percebe que a freqüência dos pulsos aumenta e Janeway percebe que o planeta é de classe M mas é um deserto sem qualquer chuva. Janeway fala a Tuvok (seu chefe de segurança) que a mãe de Kim diz que ele esqueceu sua clarineta (isso já é dito no episódio piloto da série; veremos Kim tocando clarineta ao longo da série), mas Janeway disse que não dava mais tempo do alferes pegar seu instrumento musical. Janeway se arrepende de não conhecer melhor a sua tripulação. Aqui deve ser feito um parênteses. Janeway é primeira capitã que vemos em Jornada nas Estrelas, e até então ela tinha uma postura extremamente dura, como o cargo lhe exige. O problema é que a coisa ia de um jeito que a capitã parecia até um pouco masculinizada. Esse momento em que ela se arrepende de não conhecer melhor sua tripulação serve para colocar um pouco mais de ternura na personagem e tirar esse estigma masculinizado dela. Essa sequência também mostra a proximidade de Janeway com Tuvok, o que seria um ponto muito interessante da série. Janeway deixa explícita a sua preocupação de levar toda a sua tripulação de volta para casa.

What was B'Elanna Torres role in Star Trek: Voyager (TV show)? - Quora
B’Elanna, uma maqui nervosa…

A Voyager e a nave maqui encontram uma pequena nave tripulada num campo de destroços de naves. Nesta nave está Neelix, que se diz um bom conhecedor da região onde estão. Janeway pergunta sobre a estação e Neelix pergunta se eles foram trazidos de outro lugar da galáxia e tiveram seus tripulantes raptados, pelo guardião, que vive no quinto planeta. Janeway diz que sim e Neelix diz que o guardião vive fazendo isso e que leva os prisioneiros para os ocampas. Janeway pede ajuda a Neelix para localizar os ocampas e ele aceita. Neelix chega à Voyager e já mostra que será o alívio cômico da série justamente com Tuvok.

Ethan Phillips Talks Voyager and Neelix's Role on the Show ...
Neelix, um alívio cômico chato, mas fofo…

Na enfermaria onde estão aprisionados, Kim e Torres começam a conversar. Esta última é muito agressiva por sua descendência klingon. Entra um homem que diz que eles são convidados de honra enviados pelo guardião. O homem leva Torres e Kim para conhecer a cidade deles, que é subterrânea há quinhentas gerações, desde que o planeta se desertificou. Então, o guardião os colocou para viver sob a terra e provê tudo o que eles precisam para viver. Por terem sido enviados pelo guardião, Kim e Torres despertam a curiosidade dos moradores locais. Já as feridas pelo corpo dos dois ainda não têm explicação. O homem diz que o Guardião separa esses doentes e os leva para o planeta para que sejam tratados (cabe ressaltar aqui que o guardião nunca se comunicou com os habitantes do planeta e estes especulam o que o Guardião quer dizer para eles). Mas a doença é grave, eles não sabem como tratá-la e as outras pessoas doentes morreram.

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Neelix funciona como guia…

A Voyager chega ao planeta e Neelix indica uma vila para eles entrarem em contato com a população local. Mas aqueles não eram ocampas, e sim agressivos kazons. Neelix oferece água em troca da localização dos ocampas. O chefe kazon mostra uma ocampa que eles mantêm como prisioneira, justamente a Kes. O kazon disse que os ocampas vivem nos subterrâneos, mas não há como chegar até eles em virtude de uma barreira intransponível, que os separa da superfície e mantém a única água do planeta com eles, deixando os kazons à míngua. Entretanto, Kes conseguiu chegar à superfície. Neelix propõe trocar a água por Kes, mas o chefe kazon quer a tecnologia para obter água do nada. Janeway diz que será difícil, pois a tecnologia está integrada à nave. Neelix faz então o chefe ocampa de refém e eles pegam Kes, se transportando para a Voyager. Na nave, eles descobrem que Kes é a esposa de Neelix.

The Introduction of Kes – Women at Warp
Mas, na verdade, Neelix quer salvar sua esposa Kes…

Na cidade dos ocampas, Kim e Torres conhecem uma mulher que diz que alguns ocampas conseguem fugir para a superfície em falhas na barreira, pois eles não aceitam as ordens do Guardião. Este estaria estranho por fornecer mais energia à cidade que o esperado. Kim e Torres pedem a ajuda da mulher para poder ir à superfície. Na Voyager, Kes se compromete a ajudar a tripulação a encontrar falhas na barreira para ser possível o resgate de Kim e Torres. Eles descem à cidade subterrânea e Kes entra em choque com os líderes locais dizendo que eles sempre dependeram demais do Guardião e que é hora de acabar com isso. Ainda, ela fará de tudo para Janeway reaver Kim e Torres. Estes, por sua vez, estão tentando fugir para a superfície. Os pulsos ficam cada vez mais rápidos e, de repente, eles param, com a estação se realinhando para outra posição. A estação começa então a atirar no planeta, para selar os ocampas definitivamente de seus inimigos. Tuvok supõe que o Guardião esteja morrendo, pois proveu energia suficiente por cinco anos para os ocampas e agora os sela do exterior. Paris, Kes e Neelix vão atrás de Kim e Torres sob a orientação de Kes. Janeway tenta subir à Voyager, mas a radiação dos bombardeios do Guardião impede o transporte de achar falhas na barreira e funcionar. Janeway vai atrás de Paris, Kes e Neelix. Kes encontra uma brecha na barreira e eles atravessam. Paris e Neelix abrem um buraco na rocha com os seus phasers e todos chegam à superfície, exceto Janeway, Chakotay e Tuvok, que ficam presos no túnel, depois de uma explosão de um dos raios enviados pelo Guardião. Paris e Neelix retornam para ajudá-los. Paris acaba salvando Chakotay da morte, o que vai ajudar nas pazes dos dois.

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Kazons… opção por demonizá-los…

Na Voyager, os kazons atacam a estação e são agressivos com a Voyager (Janeway quer voltar à estação para descobrir uma forma rápida de retornar para o quadrante alfa, mas os kazons querem impedir, pois não querem pessoas com a tecnologia da Voyager interagindo com a estação). Começa uma batalha e Janeway se transporta para a estação com  Tuvok enquanto isso. Janeway encontra o velhinho (o Guardião), que diz que é um explorador de outra galáxia que, por acidente, provocou sérios danos à atmosfera do planeta e, por isso, cuidava dos ocampas, mas que agora ele está morrendo. Quanto a trazer outras espécies que adoeciam, foi pelo fato do guardião tentar se reproduzir para continuar a proteger os ocampas mas as espécies que traziam eram incompatíveis na reprodução, adoecendo. Janeway diz ao Guardião que é melhor que os ocampas aprendam a viver por si mesmos, sem qualquer forma de proteção, para se desenvolverem como espécie. Uma gigantesca nave kazon aparece e Chakotay coloca sua nave maqui em rota de colisão, preparando sua tripulação para se transportar para a Voyager. A nave kazon é atingida, enquanto que o Guardião inicia a sequência de autodestruição da estação para impedir dos kazons terem acesso a aquela tecnologia. A nave kazon atinge uma parte da estação e a ilusão da fazenda começa a desaparecer. A sequência de autodestruição é interrompida e o Guardião (agora uma massa disforme) pede a Janeway para destruir a estação para os kazons não descobrirem sua tecnologia e destruírem os ocampas. O Guardião morre. Tuvok se lembra da Primeira Diretriz e Janeway diz que, mesmo que a tripulação da Voyager não tenha pedido para se envolver em toda aquela querela entre kazons e ocampas eles estavam envolvidos. Janeway retorna à Voyager e ordena a destruição da estação, protegendo os ocampas dos kazons, mas também acabando com a única chance deles retornarem rapidamente ao quadrante alfa. Os kazons entram em contato e dizem que a Voyager fez um inimigo.

Star Trek Voyager @25: Caretaker - Hero Collector
Quem seria esse simpático velhinho???

Janeway chama Paris para conversar e diz que os maquis serão integrados à tripulação, com Paris como tenente e Chakotay como Primeiro Oficial, com este dizendo que seria responsável por proteger Paris, já que teve a sua vida salva por ele. Já Neelix e Kes pedem para ir com a Voyager, pois têm conhecimento do quadrante delta, podendo prover informações valiosas, no que Janeway aceita. O episódio termina com Janeway falando à tripulação que, em dobra máxima, a Voyager demoraria setenta e cinco anos para retornar para o quadrante alfa, mas que ela quer encontrar meios de retornar mais rápido, seja por buracos de minhoca ou por tecnologias como a do Guardião e manda Paris traçar um curso para casa. Fim do episódio.

Caretaker (Nacene) | Memory Beta, non-canon Star Trek Wiki | Fandom
A real aparição do guardião…

O que podemos falar desse episódio piloto “O Guardião”? Em primeiro lugar, essa é uma série que vai também seguir uma linha razoavelmente distópica, assim como havia ocorrido em Deep Space Nine. Senão vejamos: o episódio já começa com a querela dos maquis, que é um grupo de colonos que não teve seus interesses levados em conta pela Federação no tratado com os cardassianos e resolveram se rebelar. Será o sumiço de uma nave maqui que vai levar a Voyager a fazer a sua missão de localização. Para isso, um dos tripulantes será justamente um prisioneiro, que podemos colocar em discussão até onde ele seria um preso político ou não, que é Tom Paris. É curioso notar a posição de Tuvok no contexto, pois ele é um agente da Federação infiltrado no grupo maqui de Chakotay, assim como a rixa desse com Paris, pois Chakotay vê Paris mais como um mau caráter mercenário. Ao final do episódio, a tripulação da Voyager contará com membros da Federação e maquis sendo obrigado a trabalharem juntos. Essa rivalidade poderia ser mais bem trabalhada ao longo das temporadas, é verdade, mas sentimos um clima pesado entre os personagens nesse episódio piloto. A distopia, contudo, encontraria mais espaço ao longo da série, pelo fato da Voyager ter que atravessar o desconhecido quadrante delta, um espaço com várias regiões sob domínio borg, e a capitã teria que lançar mão de expedientes pouco virtuosos em várias situações.

Com relação ao roteiro, creio que, se o compararmos com os roteiros dos demais episódios pilotos, ele foi muito bem. Se em TNG e DS9 anotamos algumas descontinuidades, aqui a história fluiu muito bem, inserindo bem a apresentação dos personagens na trama, sem direito a barrigas. A ideia de uma civilização avançada que se sente responsável por tutelar outra, pois seu planeta sofreu um sério acidente ecológico por culpa da primeira civilização trouxe elementos a se questionar. Ocampas que eram tratados com todos os recursos, enquanto que os kazons ficavam à míngua. A gente se pergunta até que ponto isto é justo ou não. E também a gente se pergunta até onde os kazons ficaram mais agressivos por viverem em tais condições inóspitas. No fim das contas, Janeway opta por novamente tutelar os ocampas, destruindo a estação do guardião, impedindo que os kazons tivessem acesso à tecnologia, o que poderia destruir os ocampas. Toda essa interferência de Janeway ia radicalmente contra a Primeira Diretriz, mas a capitã justifica sua atitude dizendo a Tuvok que eles já estavam envolvidos demais naquela questão entre essas duas espécies e não havia como ficar neutra. Nada como estar a setenta mil anos-luz da Federação para, mais uma vez, atropelar a Primeira Diretriz. Pelo menos, a capitã buscou retomar o tom solene e utópico da Federação ao fim do episódio, dizendo à sua tripulação que, na viagem de volta, o espírito de exploração continuaria, embora agora haja uma causa maior, que é a de se buscar meios para voltar para casa. Pelo menos, na violação da Primeira Diretriz, houve uma causa nobre, que foi se sacrificar a volta mais rápida para casa para salvar os ocampas. Mas sempre fica aqui a pergunta: os kazons também não têm direito a uma qualidade de vida melhor? O roteiro diz que não, usando o fácil expediente de demonizar toda essa espécie. Fica uma certa sensação de frustração, pois essa questão poderia ter sido mais bem relativizada. Entretanto, optou-se por se criar um inimigo para a tripulação da Voyager, que seria seu antagonista por vários episódios vindouros das primeiras temporadas.

Dessa forma, “O Guardião”, a uma primeira vista, parece ser um bom episódio piloto para Voyager. Uma história que flui bem, apresenta seus personagens sem criar barrigas no episódio, e coloca de cara uma questão acerca da Primeira Diretriz. Tudo isso num ambiente em que a distopia novamente poderá destilar suas cores. Resta a gente analisar, nos próximos episódios da série, até onde a utopia aparece também.

Caretaker (episode) | Memory Alpha | Fandom
O guardião…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, Deep Space Nine (S01, Ep01), O Emissário. O Lado Negro De Jornada Nas Estrelas.

Star Trek: Deep Space Nine – Emissary (Review) | the m0vie blog
Um comandante com severas marcas no passado…

Dando continuidade às nossas análises de episódios de “Jornada nas Estrelas”, falemos hoje do episódio piloto de “Deep Space Nine”, intitulado “O Emissário”. Essa nova série é considerada “o lado negro de Jornada nas Estrelas. Para podermos entender isso, vamos analisar o plot desse episódio duplo de cerca de noventa minutos.

Star Trek: Worst 11 Crossover Episodes
Um relacionamento difícil com Picard…

O episódio começa com a Batalha de Wolf 359, onde Locutus ataca as forças da Frota Estelar, provocando um grande estrago. Nessa batalha, a esposa de Benjamin Sisko, Jennifer, acaba morta, algo que Sisko não vai conseguir perdoar em Picard. É uma sequência inicial bem angustiante e nos dá a medida exata do que Sisko sofreu em Wolf 359.

Sisko meets Dukat | Star Trek: Deep Space Nine - Emissary - YouTube
Gul Dukat!!!!

Três anos depois, o Comandante Sisko e seu filho Jake conversam na beira de um lago. O pai tenta convencer o menino a viver com ele numa estação espacial perto de Bajor. Jake reluta, mas Sisko consegue convencê-lo. Na verdade, eles estão num holodeck e a nave já está próxima à estação, que é vista pela escotilha. Só para lembrarmos, essa era uma estação cardassiana, que está sendo ocupada pela Federação, que servirá como mediadora entre Cardassia e Bajor depois de quarenta anos de guerra, onde os primeiros subjugaram os segundos. Caberá a Sisko comandar a estação, onde ele contará com a ajuda de Miles O’Brien. Os cardassianos, antes de saírem da estação, praticamente a depenaram e mataram os bajorianos que lá estavam. Sisko se depara com um bajoriano que o convida a conhecer os profetas, ao passo que o Comandante declina, dizendo que pode fazer isso em outra hora. A Enterprise está atracada à estação e O’Brien diz a Sisko que Picard quer vê-lo. Jake fica incomodado com o estado da estação e Sisko retruca dizendo que até que tudo se ajeite, eles vão ficar em desconforto mesmo.

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Major Kira…

Sisko conhece a representante de Bajor na estação, a Major Kira, e percebe que ela tem um temperamento muito forte, dizendo que não quer a Federação lá, pois os cardassianos ficaram por lá 60 anos e agora é a vez da Federação. Sisko diz que fez questão de que seu primeiro oficial fosse de Bajor, mas a conversa foi interrompida por um alerta de invasão que Kira teve que ir resolver. Sisko vai junto e temos um furto em progresso, feito por um jovem ferengi e um alienígena. Os ladrões são rendidos com a ajuda de Sisko, onde ele vai conhecer o chefe de segurança Odo. O jovem ferengi é Nog e Quark aparece para tentar tirar o sobrinho daquela enrascada, mas Sisko ordena a prisão de Nog. Kira disse que o menino devia estar seguindo as ordens de Quark e Sisko disse que vai usar Nog como moeda de troca com Quark, de acordo com a tradição ferengi. A Enterprise insiste na chamada de Sisko e ele se encaminha para lá. Picard recebe Sisko cheio de formalidades e este diz que os dois já se conhecem, pois Sisko estava na Saratoga em Wolf 359, para espanto de Picard, que se emudece sobre a questão e começa a falar da querela entre os cardassianos e bajorianos, onde os primeiros roubaram os recursos dos segundos. Picard disse que quer que os bajorianos entrem para a Federação, mas que há várias facções, algumas ainda atacando os cardassianos. A missão de Sisko será preparar os bajorianos para se fliarem à Federação, mas sem descumprir a Primeira Diretriz. Picard disse que se informou da oposição de Sisko a essa missão e que depois de passar alguns anos em Utopia Planitia, que ele estivesse mais preparado para assumir a missão. Sisko retruca que precisa criar seu filho sozinho e que seu filho não está num ambiente ideal. Picard lamenta que os oficiais da Frota nem sempre estejam numa situação ideal e Sisko diz que sabe disso e está pensando em voltar à Terra como civil. Picard diz que vai procurar um substituto. Sisko retruca dizendo que nesse meio tempo fará o seu melhor para cumprir a missão. Picard dispensa Sisko depois dessa conversa muito tensa.

Star Trek: Deep Space Nine 1 X 1 "Emissary" Felicia Bell as ...
Reencontros com o passado num buraco de minhoca…

Sisko quer que Quark permaneça na estação com o seu negócio, para manter um comércio (honesto) e seja uma espécie de “líder comunitário”. O ferengi quer ir embora, mas Sisko o chantageia dando a entender que Nog ficará muito tempo na prisão se isso acontecer. Odo se delicia com a saia justa de Quark.

The Best Star Trek Deep Space Nine Stories | Den of Geek
Uma velha amizade…

Sisko conversa com Kira sobre o governo provisório bajoriano e ela não acredita que ele continue de pé nem que a Federação permanecerá lá, dando lugar a uma guerra civil. Só quem pode impedir isso seria Kai Opaka, a líder espiitual de Bajor, pois somente a religião une o povo de Bajor. Kai Opaka geralmente vive reclusa. Sisko recebe novamente a visita do bajoriano do início do episódio, dizendo que “está na hora”. Sisko vai a Bajor e é recebido por Kai Opaka, que pergunta se Sisko já explorou seu pagh, sua força de vida (uma vida espiritual), e que ele era muito aguardado. O pagh seria reabastecido pelos profetas. Opaka leva Sisko a uma espécie de gruta e lhe apresenta a “lágrima do profeta” (na verdade, a orbe dos profetas). Ele acaba indo para uma espécie de alucinação onde ele está no dia em que conhece sua esposa na praia. De repente, a alucinação desaparece, e Opaka diz que há nove orbes daquele tipo que apareceram no céu nos últimos dez mil anos e que os cardassianos pegaram as outras. Será tarefa de Sisko achar o templo celestial antes dos cardassianos. As orbes foram enviadas pelos profetas para ensinar a teologia dos bajorianos e os cardassianos fazem de tudo para decifrar os poderes das orbes. Se o cardassianos descobrirem o templo celestial, eles podem destruí-lo. Opaka entrega a orbe para Sisko achar o templo celestial, e ele fará isso pelo seu pagh, que é uma coisa para a qual ela já está destinado há muito tempo, para a perplexidade do Comandante.

Star Trek on Twitter: "On this day in #TrekHistory, Star Trek ...
Precisando tocar uma estação espacial e cuidar do filho…

Sisko é chamado por Kira ao Promenade e lá o Comandante vê Quark e seu bar com os jogos de azar. Numa conversa entre Sisko e Quark, este último dá uma alfinetada no Comandante no que se refere a chantagem de Sisko usando Nog. A Enterprise deixará a estação e, ao mesmo tempo, chegam o oficial de ciências e o médico. São, respectivamente, Jadzia Dax e Julian Bashir. Como todos sabemos, Dax é uma trill que tem um simbionte que é um amigo de velha data de Sisko. Por isso mesmo, ele vive chamando a bela Jadzia de “meu velho”, pois antes o simbionte estava no corpo de Curzon Dax, um respeitável senhor. Já Bashir estava impressionado com as más condições do local e era isso mesmo que ele queria: um lugar complicado e selvagem, onde está a aventura e a oportunidade de se tornar um herói, um lugar selvagem. Kira, que estava com ele, retruca dizendo que “aquele lugar selvagem era seu lar”, deixando Bashir muito sem graça. Confesso que não gostei muito dessa apresentação de Bashir, um personagem que gosto muito. Ele pareceu infantil, tentando paquerar Dax toda hora, e esse comportamento de ver regiões de fronteira como “selvagens” não parece se enquadrar muito numa mentalidade avançada de século 24.

Odo and the Albino
Um rígido chefe de segurança…

Sisko dá a Dax o trabalho de analisar a orbe, quando deveria ser ele a fazer isso. Dax, ao tocar na orbe, é remetida à alucinação do dia em que ela recebeu o simbionte de Curzon Dax, para entendermos melhor a personagem. Já O’Brien se despede de Picard na Enterprise e volta para a estação, com a nave deixando a atracação e indo embora.

Star Trek: Deep Space Nine Rewatch: “Emissary” | Tor.com
Um ferengi se torna um líder comunitário…

Chega Gul Dukat, o cardassiano responsável por governar Bajor durante a ocupação. Dukat diz a Sisko que não queria ter saído de sua sala, agora ocupada por Sisko, e o comandante diz, ironicamente (a ironia é a tônica dessa série, praticamente um personagem à parte) que ele pode voltar quando quiser para matar a saudade. Dukat disse que quer ajudar nesse momento difícil, mas dá a entender que pode atacar a Federação e Bajor quando quiser. Sisko diz que vai manter o “cão fora do seu quintal”. Dukat pergunta sobre o encontro de Sisko com Opaka e a orbe que está em poder dele. Dukat quer trocar informações sobre a orbe. Sisko desconversa. Dax, ao investigar dados históricos, encontrou uma região do espaço provável onde possa estar o templo celestial (relatos de naves que viram o “céu abrir”), mas os cardassianos estão por perto para Sisko investigar isso.

Dr. Julian Bashir is my second favorite character from Deep Space ...
Dr. Julian Bashir…

Kira fecha o estabelecimento de Quark, onde muitos cardassianos estão ganhando barras de ouro paralatinum. Os cardassianos esconderam todo o dinheiro numa parede de um dos corredores. O saco onde estava o dinheiro na verdade era um disfarce de Odo.

Opaka | Memory Alpha | Fandom
Kai Opaka, a líder religiosa de Bajor…

Sisko e Dax vão para o espaço a bordo da nave auxiliar Rio Grande para investigar a região do espaço encontrada na pesquisa histórica da orbe. Eles partem em segurança, pois Odo sabotou as redes de energia, comunicação e detecção dos cardassianos. Chegando à região de destino, Sisko e Dax entram numa enorme fenda espacial (ou buraco de minhoca. Eles saíram a setenta mil anos-luz de Bajor, no quadrante gama. Sisko suspeita que os orbes chegaram a Bajor por esse buraco de minhoca que deve estar ativo há dez mil anos. Então, eles concluíram que descobriram o primeiro buraco de minhoca estável conhecido. De volta ao buraco e minhoca, a velocidade da nave diminuiu e eles pousaram em algo. Sisko sai da nave e vê um ambiente estéril e com tempestades elétricas. Já Dax vê uma bela paisagem verdejante. Uma sonda de energia os escaneia e, quando Sisko tenta fazer contato, é bombardeado, juntamente com Dax, por uma forte energia da sonda, que aprisiona Dax. Sisko fica na fenda, enquanto que a sonda sai dela. O’Brien e Kira teletransportam a sonda e Dax aparece. Já Sisko começa toda uma discussão metafísica sobre tempo com os profetas, que são a espécie alienígena que mora no buraco de minhoca e que são venerados como deuses pelos bajorianos.

The Wormhole is Back! - YouTube
O buraco de minhoca onde vivem os profetas…

Kira pretende mover a estação para próxima do buraco de minhoca por questões estratégicas. Dax acredita que o buraco de minhoca foi construído artificialmente. Odo tem interesse em ir à região do buraco de minhoca, pois ele foi achado lá e não há outros da espécie dele. Odo acredita que o buraco de minhoca pode dar as respostas sobre sua origem. Ele se junta a equipe que irá resgatar Sisko. Mas a nave auxiliar já encontra os cardassianos indo para o buraco de minhoca. Eles pedem a Gul Dukat que não vá, mas este se nega e continua a se dirigir para o buraco de minhoca.

Aron Eisenberg's Nog was one of Star Trek's most aspirational ...
Nog foi usado como moeda de troca por Sisko para chantagear Quark…

A conversa filosófica de Sisko com os profetas é interrompida pela passagem da nave cardassiana pelo buraco de minhoca. Os profetas acham que as espécies alienígenas que trafegam pelo buraco de minhoca são uma ameaça. Sisko argumenta com eles que os humanos não são uma ameaça e a discussão filosófica continua, falando da linearidade do tempo, da busca do homem pelo desconhecido, etc. Para a nave auxiliar, o buraco de minhoca desapareceu, assim como os cardassianos. Mas a estação já está próxima às coordenadas onde o buraco de minhoca apareceu. Naves cardassianas chegam à estação e não acreditam na história do buraco de minhoca, ameaçando explodir a estação. Mas dão uma hora para Kira provar que não foi a estação que destruiu a nave cardassiana desaparecida. Kira decide ir para o ataque e começa uma batalha entre a estação e os cardassianos.

Sisko, ao conversar com os profetas, é remetido às suas lembranças do passado e ele recorrentemente se depara com a morte da esposa em Wolf 359. Ele não entende por que tem que passar por tudo aquilo de novo e os profetas dizem que ele existe lá, ou seja, ele não consegue purgar sua forte dor do passado. Os profetas dizem que essa escolha de Sisko em ficar preso ao passado não é linear como o tempo que Sisko falou para eles.

Miles O'Brien | Memory Alpha | Fandom
Chefe OBrien será pau para toda a obra…

Quando a batalha parecia perdida, Dax detecta o buraco de minhoca se formando e Sisko aparece com a Rio Grande puxando a nave de Gul Dukat com o raio trator (o cardassiano teve alguns problemas no quadrante gama, segundo Sisko). Dukat exige que os cardassianos parem de atacar a estação. De volta a estação, Sisko a encontra semi-destruída com treze feridos. Mas, pelo menos, os profetas permitiram o livre trânsito de naves pelo buraco de minhoca.

A Enterprise retorna à estação, o que faz com que os cardassianos se afastem. Sisko e Picard se reencontram e este último fala que o comandante conseguiu colocar Bajor numa posição de destaque com o buraco de minhoca, pois Bajor vai se tornar um grande entreposto comercial. Sisko pede para não mais ser substituído e consegue se conciliar com Picard, pois tirou das costas o peso do passado depois do encontro com os profetas. O episódio termina com várias situações cotidianas que a estação irá enfrentar.

O que podemos falar desse episódio piloto? Em primeiro lugar, o clima pesado e mais distópico, algo que era um pouco estranho à Jornada nas Estrelas até então. A batalha sangrenta em Wolf 359 contra Locutus e a perda severa de Sisko são o cartão de visitas para essa série mais sombria de Jornada nas Estrelas. O tom pesado continua quando Sisko recebe uma estação espacial totalmente caótica e entra em contato com personagens fortes como Kira, Odo e Quark. O comandante percebe que, para sobreviver nesse meio, precisa também ser duro. E já começa chantageando o ferengi Quark, usando seu sobrinho Nog como moeda de troca para colocar a estação em ordem e dar uma vida social ao novo ambiente. Mas esse não será o único gesto distópico do comandante. A conversa dele com Gul Dukat também já apresenta no episódio piloto um personagem à parte que será a tônica da série: a ironia, o sarcasmo. Os diálogos irônicos permeiam todas as temporadas e, se foram responsáveis por deliciosos momentos ao longo de toda série, também provocaram uma inquietação, pois a uma certa altura das temporadas, parecia que todos os personagens eram eivados daquela ironia e cinismo, forçando-nos a se perguntar se todo aquele sarcasmo era mesmo característica dos personagens ou dos roteiristas.

Outro detalhe interessante e que também nunca havia entrado com tanta força em Jornada nas Estelas: a questão da religiosidade. Totalmente purgada por Gene Roddenberry, a religião entrou como tema para discussão com força total nessa nova série, a ponto de o protagonista principal ser pintado em tons messiânicos pelos bajorianos. Sisko como o emissário entrará em contato com os profetas no buraco de minhoca, além de ter sido ciceroneado por Kai Opaka, a líder religiosa suprema de Bajor, que vivia reclusa para a maioria dos bajorianos. É claro que essa religião é relativizada na série e os profetas, que seriam os deuses bajorianos, nada mais são do que uma espécie alienígena que habita o buraco de minhoca. No contato de Sisko com os profetas, tivemos os debates filosóficos do episódio, onde foi discutida a linearidade do tempo, a busca dos humanos para elucidar o desconhecido, etc. Tal discussão ficou um pouquinho enfadonha a meu ver, e foi responsável pela descontinuidade no roteiro do episódio. Mas, pelo menos, ela serviu para purgar os tormentos de Sisko, que ficava preso ao seu passado da perda da esposa e o tornava uma pessoa desanimada a prosseguir com sua missão, além de ter sido muito ríspido com Picard, outra sequência pesada do episódio.

Dessa forma, esse foi um bom piloto para “Deep Space Nine”, principalmente pela então nova proposta de contexto distópico de espaço profundo numa região de fronteira recentemente saída de uma guerra, que propunha algo diferente em Jornada nas Estrelas até então, lembrando sempre que essa distopia se passava bem distante da Federação e de suas ideologias utópicas, preservando-as. A questão da discussão da religiosidade foi outro elemento novo introduzido em Jornada nas Estrelas. Mas creio que o grande trunfo desse episódio foi a variação de personagens de características fortes como Kira, Gul Dukat, Odo, Quark e O’Brien. Num primeiro momento, Dax e o Dr. Bashir pareciam um pouco fora de contexto, sendo personagens mais brandos e menos carismáticos. Mas, com o tempo, vimos que esses dois personagens também se integraram bem na série. DS9 se tornaria uma das séries mais amadas de Jornada nas Estrelas para muitos fãs.

The Station - DS9 (Terok Nor) | Wiki | Star Trek Amino
A antiga estação espacial de Terok Nor…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas A Nova Geração (S01 – Eps 01 e 02), Encontro Em Far Point.

Star Trek TNG Episode Reviews: Encounter at Farpoint - YouTube
Uma nova tripulação…

Falemos, hoje, do episódio piloto de “Jornada nas Estrelas, a Nova Geração”, intitulado “Encontro em Farpoint”, miseravelmente traduzido para cá como “Encontro em Longínqua”. Confesso que fica mais elegante “Farpoint” na minha cabeça. É uma história escrita por Dorothy Fontana e Gene Roddenberry.

Patrick Stewart, Star Trek TNG, "Encounter at Farpoint," 1… | Flickr
Um Picard rabugento…

O episódio começa com Picard em seu diário de bordo, onde ele diz que vai para Deneb IV, mais especificamente na localidade de Farpoint, uma base estelar construída pela civilização de Deneb IV. Ele está recentemente comandando a Enterprise –D e ainda não conhece bem a sua tripulação. Ainda não há um Primeiro Oficial, mas um tal de William Riker se juntará à tripulação. Uma espécie de grade sólida cerca a nave. Uma espécie alienígena invade a ponte com um traje terrestre antigo e diz que a espécie humana já adentrou demais pela galáxia e deve retornar imediatamente. Ele se intitula Q e congela um oficial da ponte que aponta uma arma para ele. Picard disse que o phaser estava na posição de tonteio e Q responde que sabe como os humanos agem e se gostaria de ser capturado indefeso por eles, já mostrando sua posição crítica contra a espécie humana. Q continua mudando seu traje para um militar americano do século 20 e Picard retruca dizendo que a raça humana fez mais progressos depois disso. Q insiste mostrando os defeitos da raça humana, Picard retruca dizendo que vê raças (como a do Q) que acusam e julgam aquilo que não entendem e toleram. Q disse que julgar é uma boa ideia e que vai retornar. Worf recomenda lutar. Tasha Yar recomenda lutar e fugir. Picard pergunta a Troi o que ela achou de Q. Ela disse que sua mente é muito poderosa e recomenda evitar contato. Picard decide colocar a nave em máxima aceleração. A grade anda mais rápido que eles e Picard decide separar a seção disco, deixando-a sob o comando de Worf. Picard vai para a ponte de combate. Cabe ressaltar aqui que a ideia de separar a seção disco do restante da nave já existia desde a série clássica, mas não foi realizada por falta de recursos na época. Assim, na década de 80, quando essa separação já era possível, vemos a mesma sendo usada já no episódio piloto de TNG. Um detalhe hilário aqui é que vemos civis sendo transferidos de uma parte a outra da nave (a seção disco) e podemos testemunhar já neste episódio como eram ridículas as roupas dos mesmos nas séries de Jornada nas Estrelas pós-TOS, sendo muito coloridas e espalhafatosas, com o detalhe especial de um homem vestido de saias. Lembra um pouco o casal civil que vimos em “The Cage”.  Picard estã na ponte de batalha e temos a visão de Chefe O’Brien na ponte. Antes da separação da seção disco, foram dados tiros de torpedos fotônicos contra a grade. A separação é feita (lembrando que nunca uma separação havia sido feita em dobra e em velocidade tão alta, cerca de dobra 9,5) e o restante da nave se virou contra a grade. Os torpedos foram detonados e Picard ordenou colocar a nave em parada total e esperar. Tasha sugeriu uma estratégia de ataque e Picard a cortou perguntando se ela estava sugerindo lutar contra uma raça tão desenvolvida e que ele queria sua sugestão, diante de uma Tasha emudecida. Tasha responde que falou sem pensar e que a prioridade deles é defender o disco. A grade se aproxima e Picard lança uma ordem onde deve-se enviar uma comunicação de que eles se rendem sem condições. A nave é cercada pela grade e os oficiais mais graduados vão parar numa simulação de julgamento da Terra no século 21 depois de uma Terceira Guerra Mundial, onde Q é o juiz. Picard pergunta se eles terão um julgamento justo e Q diz que sim. Mas eles serão acusados pelas atrocidades da raça humana. Data diz que em 2036, acusações sobre atrocidades humanas foram abolidas, mas Q retruca dizendo que o presente tribunal é de 2079, onde essa lei caiu. Tasha diz que viveu num mundo onde tais tribunais existiam e que foram pessoas da Federação que a salvaram. E que Tanto Q quanto as pessoas que assistiam ao julgamento deveriam se curvar para a Federação. Q a congelou. Picard protesta e lança um desafio a Q dizendo que este não conseguirá condenar os humanos se houver um julgamento justo. E atacar os acusados não é um julgamento justo. Q diz que a corte é misericordiosa e descongela Tasha. Picard diz que  reconhece esse tipo de tribunal, que ele é do tipo “a pessoa é culpada até que ela prove a sua inocência”, e cita Shakespeare (ator shakesperiano que Patrick Stewart é), “matem todos os advogados”, ao que Q respondeu “e foram mortos”. Q exige que Picard leia as acusações. Picard as lê e diz que não vê nenhuma acusação ali. Q ameaça a vida de Troi e Data com seguranças armados. Picard se declara culpado para salvar a sua tripulação, mas provisoriamente. Q quer escutar as condições de Picard. Este comenta que o tribunal não respeita as próprias regras que cria, mas Q não dá muita atenção a esse argumento. Picard, então, parte para oura estratégia: diz que o tribunal tem provas suficientes para confirmar a selvageria dos humanos no passado, mas sugere que os humanos sejam testados agora, o que desperta a atenção de Q. Este diz que a missão em Farpoint dará condições para muitos testes e coloca o tribunal em recesso. Os oficiais mais graduados retornam à ponte de combate, que está com a rota traçada para Farpoint.

Reinterpreting “Encounter at Farpoint” — A 30th Anniversary ...
A entidade Q…

Em Farpoint, um Riker ainda sem barba aguarda a Enterprise-D. Ele conversa com o responsável pela estação, Groppler e percebe como a mesma tem uma boa reserva de energia e uma estação tão bem adequada às necessidades humanas. Groppler desconversa e oferece frutas da Terra a Riker e ele quer uma maçã. Na tigela, não havia maçãs, mas subitamente aparece uma outra tigela de maçãs em cima da mesa. Riker deixa a sala e Groppler começa a falar para alguém que ele não devia ter feito isso (a aparição da maçã), pois levanta suspeitas e que esse alguém será punido se forem levantadas as suspeitas.

Star Trek TNG 30: Encounter at Farpoint - Hero Collector
Um debate filosófico sobre o caráter da humanidade…

Riker se encontra com a Dra. Crusher e seu filho Wesley. Ele tenta contar a ela a história da maçã enquanto a Dra. tenta comprar um tecido, mas não há o tecido da cor que ela quer. Subitamente, surge um tecido da cor que ela quer comprar, assim como ocorreu com a maçã. O tenente La Forge se apresenta a Riker e diz que a Enterprise chegou, só que sem a seção disco. Riker decide subir para conhecer Picard. O Primeiro Oficial vai à ponte e é recebido friamente pelo capitão, que ordena a Tasha que deixe Riker a par da situação de Q. Quando Riker vai conversar com Picard, este secamente ordena que o Primeiro Oficial atraque manualmente a seção disco, que tinha chegado. Riker faz a atracação sem maiores problemas. Riker e Picard conversam novamente e vemos como o Primeiro Oficial preza demais a vida de seus capitães, uma característica básica em Riker. Picard ainda pede que Riker o ajude a ser popular com as crianças, já que ele não possui família. E recebe amistosamente seu novo Primeiro Oficial.

Marina Sirtis, Star Trek TNG, "Encounter at Farpoint," 198… | Flickr
Uma conselheira Troi muito sensível…

Na enfermaria, a Dra. Crusher e La Forge conversam sobre seu dispositivo óptico que o ajuda a enxergar em várias frequências, embora isso lhe cause alguma dor. Todas as opções que a doutora dá a La Forge prejudicariam sua visão e ele se nega. Sentimos muito nesse episódio piloto a apresentação dos personagens e suas principais características, aparecendo detalhes deles aqui e ali.

Encounter at Farpoint | Explaining errors in Star Trek Wiki | Fandom
Uma ilustre participação…

Riker chega à ponte e procura Data. Worf diz que ele está numa nave auxiliar para transportar um almirante que se recusa a usar teletransporte. Esse almirante é o Dr. McCoy e temos aqui o melhor momento de todo o episódio, que é a conversa entre McCoy e Data. McCoy reclama que Data quer os átomos do Dr. espalhados pelo espaço. Data diz que não e somente quer uma viagem mais confortável para a idade dele. McCoy pergunta a Data qual é a idade do Dr. e ele responde que são cento e trinta e sete anos. McCoy pergunta como ele sabe disso e percebe que Data não tem orelhas pontudas. McCoy diz que Data fala como um vulcano, e Data retruca que é um andróide, ao que McCoy diz: é quase tão ruim quanto. Data não entende, pois a raça vulcana sempre foi muito honrada e avançada. McCoy diz que sim, mas que também pode ser muito irritante. McCoy diz a Data que esta é uma nave nova mas tem o nome certo, que ela deve ser tratada como uma dama e assim, ela sempre o levará para casa.

Encounter at Farpoint (episode) | Memory Alpha | Fandom
A Estação Farpoint…

Picard está na ponte e Q está na tela, dizendo que eles têm somente mais vinte quatro horas para fazer o teste. Picard diz a Riker que eles continuarão a fazer o que têm que fazer.

I was re-watching the Star Trek: TNG pilot, "Encounter at Farpoint ...
Trajes exóticos…

Riker e Picard conversam sobre a estranha característica de Farpoint de ter uma fonte geotérmica e as coisas aparecerem como que por milagre para agradar aos humannos. Picard não dá muita bola para isso, à despeito da preocupação de Riker, embora queira conhecer Groppler (creio que aqui Picard teria que ficar mais esperto em virtude do que foi dito por Q sobre Farpoint). Riker encontra Troi e fica claro o passado dos dois. Picard percebe que os dois se conheciam, mas não a querela amorosa mal resolvida.

Frakes as Cmdr. William Riker in the Star Trek: The Next ...
Um Riker bem apresentado…

Picard, Riker e Troi vão conversar com Groppler. O habitante do planeta frisa que quer fazer acordo com a Federação mas que não quer outra estação dela lá. Troi sente muita dor, solidão e desespero de algo próximo. Perguntado por Picard sobre esses sentimentos, Groppler desconversa e reage fortemente dizendo que não vê utilidade em tudo aquilo, mostrando claramente que esconde algo. Picard encerra a discussão e a deixa para uma outra hora, cozinhando Groppler em banho-maria.

Reinterpreting “Encounter at Farpoint” — A 30th Anniversary ...
Uma ndróide que quer ser humano…

Riker se encontra com Data pela primeira vez num holodeck (é, também, a primeira vez que um holodeck é mostrado na série) e diz que precisa do andróide para investigar Farpoint. Riker mostra o seu desconforto em se relacionar com um andróide e Data diz que o preconceito é normal entre os humanos. Riker pergunta se Data se acha superior aos humanos e o andróide responde que sim, em vários aspectos, mas que trocaria tudo isso para ser humano. Riker faz uma brincadeira e o chama de Pinóquio. O andróide não entende a piada e diz que é “intrigante”. Os dois saem andando onde percebemos que Riker gostou de Data. Wesley se encontra com os dois e cai no lago. Data corre para tirá-lo da água e o ergue de uma vez, para sabermos que o robô tem grande força. Os três saem do holodeck e se encontram com  Picard, que  vê um Wesley molhado com ar de reprovação.

Wesley on the Bridge | Star Trek: The Next Generation - Encounter ...
Uma médica e seu filho com o passado ligado ao do capitão…

Na enfermaria, Wesley pede à mãe para ir à ponte e diz que Picard é um chato. A mãe retruca dizendo que seu pai gostava dele. A Dra. Crusher diz que vai tentar levar Wesley á ponte. Os dois vão para a ponte e Picard se reencontra com Crusher. Assim que ele sabe que Wesley é o filho dela, ele deixa o menino ir para a ponte, desde que não toque em nada. Na cadeira do capitão, Wesley sabe de todos os comandos e botões. Mas são convidados a se retirar por Picard, já que uma nave desconhecida está chegando. Picaard contacta Groppler e pergunta sobre a nave desconhecida, mas este diz que nada sabe sobre ela. A gigantesca nave sonda a Enterprise.

Jonathan Frakes, Star Trek TNG, "Encounter at Farpoint," 1… | Flickr
E temos o holodeck em série live action…

Uma equipe da Enterprise investiga Farpoint para descobrir o que acontece de errado. São encontrados corredores subterrâneos de um material desconhecido e Troi sente novamente uma forte dor e desespero de uma espécie que ela sente que é diferente da humana. Troi percebe que a coisa que ela sente não quer que eles contactem a Enterprise (os comunicadores estão bloqueados). Eles sobem à superfície.

A nave atira na cidade velha ao lado de Farpoint. Groppler pede socorro à Enterprise. Picard pede a Riker e Data que tragam Groppler para a Enterprise. Para defender os bandis (a espécie de Groppler), Picard ordena que os phasers sejam travados na nave. Nessa hora, Q aparece e diz que isso é típico dos humanos: formas de vida selvagens não seguem as próprias regras, devolvendo na cara de Picard o que ele disse a Q no Tribunal (yess!). Picard fica irritadinho e ordena Q a sair da ponte. Q diz para Picard usar suas armas. Picard retruca que a ordem de travar os phasers foi uma precaução de segurança de rotina, já que a espécie é desconhecida. Q diz que o significado da nave desconhecida é bem simples. E ainda pergunta o que a tripulação está fazendo sobre as mortes na superfície, já que os humanos se consideram civilizados. Picard responde com uma ordem à Dra. Crusher de atender aos feridos. Picard diz a Q que a Frota Estelar é treinada para dar assistência e Q interrompe dizendo que a Frota não é treinada para pensar com clareza. Picard retruca dizendo que Q considera os humanos selvagens, mas sabia que as pessoas iam ser mortas com seu ataque da nave espacial. Isso sim é ser selvagem. Picard ordena a Worf a posicionar a Enterprise entre a nave e a cidade, mas os controles não respondem.

Riker arrives on the Enterprise | Star Trek: The Next Generation ...
Tivemos Tasha Yar somente na primeira temporada…

Riker e Data encontram um desesperado Groppler nos escombros pedindo ajuda para cessar o ataque, mas ele se recusa a dizer aos oficiais quem está atacando. Quando Riker Data fazem menção de ir embora, Groppler abre o jogo e quando vai dizer algo, desaparece. Riker comunica isso a Picard e Q se delicia dizendo que os humanos não têm a menor ideia de quem transportou Groppler ou quem são os alienígenas da nave, e que o tempo da Enterprise está acabando. Troi diz que sente uma satisfação muito grande, não da entidade do planeta, mas de algo mais próximo. Q parabeniza Troi e diz que Picard é muito burro, zoando geral. Picard se emputece de vez e fala para Q sair da ponte ou destruí-los logo de uma vez. Q diz que só está querendo ajudar. Q diz que Picard tem que enviar um grupo avançado para a nave alienígena, pois a resposta do enigma está lá e Picard já deveria saber disso. Riker se oferece para descer e diz a Q que os humanos não são mais selvagens. Q retruca dizendo que eles vão ter que provar isso e desaparece.

TV and Movie News Star Trek: The Next Generation: 10 Most ...
Groppler, um homem cheio de segredos…

Picard vai à enfermaria e pergunta a Crusher se ela não quer ser sua médica–chefe, à despeito do problema entre os dois e o marido da médica. Cruhser diz que isso em nada afetará o fato dela estar na nave sob as ordens de Picard e aceita o posto. Eu sei que nesse episódio-piloto, tivemos algumas sequências para apresentar melhor os personagens. Mas, do jeito que essa sequência específica de Picard e Crusher foi colocada, ou seja, num momento importante do desenlace de uma das tramas principais, deu-se a impressão de algo totalmente fora do contexto. Isso deveria ter sido colocado mais lá trás, de preferência colado ao momento em que Crusher e Wesley foram á ponte (a chegada da nave alienígena poderia ser depois de tudo isso, por exemplo).

Geordi La Forge | Memory Alpha | Fandom
Um tenente que enxerga em várias frequências…

 Riker lidera um grupo avançado à nave alienígena. Chegando lá, encontram os mesmos túneis vistos no planeta. Troi sente uma enorme raiva contra a cidade velha. Eles encontram Groppler num campo de força implorando para sair de lá. Troi sente um alienígena na sala. Riker e Data atiram com phasers no campo e libertam Groppler. A nave muda de configuração e Picard ordena o transporte imediato do grupo avançado. Nessa hora, Q aparece na ponte, vestido de capitão, dizendo que o tempo terminou e cortando as comunicações do capitão com a sala de transporte. Picard pede (por favor) para Q permitir que ele salve seu grupo e que fará o que ele disser. Q transporta o grupo avançado e Groppler à ponte.  Troi diz que, na verdade foi a nave que os transportou, que ela é uma entidade viva e que Q nada tem a ver com isso. Q instiga Picard a atacar a nave, mas ele se recusa, mesmo sob os protestos de Groppler, que teve a sua cidade destruída. Picard percebe o que aconteceu e mandou um feixe de energia para Farpoint. Havia um ser vivo que convertia energia em matéria que chegou ferido à cidade velha e Groppler o aprisionou, fazendo Farpoint ser uma espécie de ilusão. Esse ser vivo (uma espécie de água-viva gigante) era a entidade que sentia medo e dor. E a nave sentia raiva por causa de seu par aprisionado sob a falsa Fairpoint. Picard, assim, liberta a forma de vida sob Farpoint, se unindo à forma de vida que está em órbita. Troi sente alegria e gratidão de ambos os seres.

Picard pergunta a Q por que ele usa criaturas vivas como seus brinquedos e ordena que ele saia da nave. Q diz que vai sair, mas deixa explícito que vai voltar. Picard consegue fazer um acordo com os bandis para reconstruir farpoint e a Enterprise vai embora em dobra, com o tradicional “engage” de Picard. Fim do episódio.

Worf from "Encounter at Farpoint" | TREKNEWS.NET | Your daily dose ...
Worf. Um klingon na ponte da Enterprise D

O que podemos falar desse episódio piloto (duplo) de TNG? Em primeiro lugar, ele é dividido em três núcleos principais: o núcleo de Q e da discussão filosófica entre essa entidade praticamente onipotente e Picard sobre a raça humana, núcleo esse que poderia ficar muito pesado se não houvesse a fina ironia de Q (podemos colocar esse núcleo como o mais interessante do episódio e que rendeu outros ótimos episódios ao longo da série); o segundo núcleo era o responsável por apresentar os personagens da série, um núcleo que foi responsável por dar um andamento desigual no roteiro e que ajudou a tornar o episódio um pouco mais enfadonho; e o terceiro núcleo, que abordava os problemas dos bandi com a espécie alienígena que era aprisionada por Groppler. A divisão da história nesses três núcleos tornou a trama muito heterogênea e contribuiu para prejudicar o ritmo do episódio, fazendo a coisa ficar um pouco chata em alguns momentos. Essa apresentação dos personagens talvez fosse melhor se ficasse mais diluída ao longo dos episódios. A querela entre Riker e Troi, por exemplo, merecia ser tratada mais detalhadamente num episódio, assim como a situação entre Picard e Crusher. Talvez uma rápida apresentação dos personagens no episódio piloto não quebrasse tanto o ritmo. O tempo gasto com a apresentação dos personagens poderia ser mais aproveitado nos diálogos entre Q e Picard, por exemplo, pois esse é o núcleo que tinha a reflexão mais pertinente, a ponto do núcleo de Farpoint servir de apoio para o núcleo de Q. Temos que fazer toda uma menção especial a John de Lancie aqui, pois sua atuação como Q foi formidável, onde ele faz troça com o capitão da Enterprise, dando oportunidade para a série rir de si mesma, como víamos na série clássica, que tinha uma grande carga de humor, um humor que não dispensa a reflexão. O mais contundente em Q é a gente constatar que ele tem uma certa razão com os humanos até quando nos referimos a humanidade mais “civilizada” do século 24. A rabugice de Picard é um atalho pavimentado para a arrogância humana ainda estar presente nessa sociedade utópica do futuro. E Q não perdoa qualquer brecha de defeito que o ser humano dê para ele apontar, o que ele aproveita com um sarcasmo para lá de delicioso.

Com relação ao núcleo de Farpoint, a coisa que mais chamava a atenção era a atitude torpe de Groppler em manter uma espécie aprisionada para atender aos seus interesses mesquinhos. Mas esse núcleo realmente funciona mais como uma escada ao núcleo de Q e é a oportunidade de ouro de Picard mostrar ao ser onipotente como a raça humana progrediu ao longo dos séculos.  

Olhando de forma retrospectiva, a apresentação de personagens incomodou em alguns pontos. Troi parecia extremamente frágil em sua sensitividade, assim como Picard era extremamente rabugento, uma rabugice talvez deslocada para o século 24. Por incrível que pareça gostei de Riker, o personagem mais provável a cair nos exageros de uma diplomacia de cowboy naqueles primeiros dias. Mesmo que ele ressaltasse sua devoção à preservação da segurança do capitão, a ponto de passar por cima da hierarquia e do protocolo para isso, Riker sempre teve atitudes mais ponderadas do que impetuosas, pedindo autorização do capitão para se manifestar e caindo nas graças de seu superior rapidamente. O mais curioso é que não tive uma boa impressão de Riker quando o vi pela primeira vez lá na já longínqua (sem trocadilhos) década de 80. Confesso que a barba ajudou muito na simpatia do personagem e isso foi um golaço do Roddenberry que falou para Riker manter a barba na volta das férias para a gravação da segunda temporada. Ainda, rolava na época uma história que Riker também passou a ter barba, pois ele era muito parecido com Kirk.

Dessa forma, “Encontro em Farpoint” serviu como o cartão de visitas de TNG e foi uma boa história que sofreu com a ambição excessiva em apresentar pequenos núcleos de muitos personagens de uma vez só, o que atrapalhou o ritmo do episódio e tirou espaço do núcleo principal, que era o de Q e a questão do ser humano ser civilizado ou não. A partir desse conteúdo original, TNG foi sendo trabalhado ao longo dos episódios e temporadas, onde algumas arestas foram aparadas e a série foi se desenvolvendo e melhorando.

Star Trek: The Next Generation Re-Watch: “Encounter at Farpoint”
Libertando uma espécie alienígena…

Batata Séries – Personagens de Jornada nas Estrelas – James Tiberius Kirk

Kirk | Star Trek
O capitão mais amado por uns e odiado por outros…

Vamos dar sequência às análises de personagens de Jornada nas Estrelas, falando hoje de James Tiberius Kirk. A fonte é a Wikipédia e mais algumas coisas da minha cuca, para não ficar só no control-c/control-v

James Tiberius Kirk nasceu em RiversideIowa, em 22 de março de  2233.Seus pais eram George e Winona Kirk. Apesar de ter nascido na Terra, Kirk morou por um tempo em Tarsus IV, onde ele foi um dos nove sobreviventes do massacre de 4.000 colonos por Kodos, o Executor.O irmão de James Kirk, George Samuel Kirk é mencionado pela primeira vez em “What Are Little Girls Made Of?”, sendo introduzido e morto no episódio “Operation: Annihilate!”, deixando três filhos.

Kirk, Spock, & McCoy | Star trek funny
A inesquecível tríade…

Na Academia da Frota Estelar, Kirk se tornou o único estudante a derrotar o teste do Kobayashi Maru, ganhando elogios por pensamento original ao reprogramar a simulação para permitir a vitória no cenário “sem vitórias”.Kirk ganhou uma comissão de campo como um alferes e foi colocado para treinamento a bordo da USS Republic.Ele então foi promovido a tenente-júnior e retornou à Academia como estudante instrutor. Ao se formar entre os melhores, Kirk foi promovido a tenente e serviu a bordo da USS Farragut. Enquanto servia na Farragut, ele comandou sua primeira pesquisa planetária e sobreviveu a um ataque mortal que matou grande parte da tripulação da Farragut.

Kirk se tornou o capitão mais jovem da história da Frota Estelar quando ele recebeu o comando da USS Enterprise para uma missão de cinco anos,três dos quais são mostrados na série de televisão Star Trek.Suas relações mais significantes na série foram com seu primeiro oficial Spock e o oficial médico chefe da nave Leonard McCoy. O livro de Robert Jewett e John Sheldon Lawrence, The Myth of the American Superhero, descreve Kirk como “um líder que empurra ele mesmo e sua tripulação para além de limites humanos”.Terry J. Erdman e Paula M. Block, em Star Trek 101, notam que apesar de “astuto, corajoso e confiante”, Kirk tem “tendência a ignorar regulações da Frota Estelar quando ele acha que os fins justificam os meios”; ele é “o oficial por excelência, um homem entre homens e um herói para as eras”. Apesar de pela série Kirk se envolver com várias mulheres, quando confrontado com escolha entre a mulher e a Enterprise, “sua nave sempre vence”.

Star Trek y sus amores - Ocio y tiempo libre
Kirk e Edith Keller. Um trauma…

O livro The Lost Years, de J. M. Dillard, descreve a promoção de Kirk a Almirante e sua vida insatisfatória como um solucionador de problemas diplomáticos depois da missão de cinco anos da Enterprise. Em Star Trek: The Motion Picture, Kirk é o chefe das operações da Frota Estelar, e ele assume o comando da reformada Enterprise do Capitão Willard Decker.No começo de Star Trek II: The Wrath of Khan, Kirk assume o comando da Enterprise do Capitão Spock para perseguir seu inimigo de “Space Seed“, Khan Noonien Singh.O filme introduz o filho de Kirk, David Marcus. Spock, que nota que “comandar uma nave estelar é o primeiro, melhor destino [de Kirk]”, morre ao final do filme. Em Star Trek III: The Search for Spock, Kirk lidera seus oficiais seniores em uma missão bem sucedida para salvar Spock, que renasceu no Planeta Gênesis. Apesar de Kirk ser rebaixado a Capitão em Star Trek IV: The Voyage Home por desobedecer as ordens da Frota Estelar, ele recebe o comando da USS Enterprise-A.Ele permanece como capitão da nave até sua descomissão ao final de Star Trek VI: The Undiscovered Country.

Star Trek II: The Wrath of Khan is a movie about acting | EW.com
Khan e Kirk. Oponentes à altura…

Em Star Trek Generations, o Capitão Jean-Luc Picard encontra Kirk vivo na intemporal Nexus, apesar da história ter registrado sua morte durante a viagem inaugural da Enterprise-B. Picard convence Kirk a retornar ao presente do primeiro para ajudá-lo a derrotar o Dr. Tolian Soran e impedi-lo de destruir a estrela de Veridian. Apesar de inicialmente recusar, Kirk aceita ao perceber que a Nexus nunca vai lhe dar aquilo que ele sempre procurou: a habilidade de fazer a diferença. Os dois deixam a Nexus e impedem Soran. Entretanto, Kirk é mortalmente ferido e morre.

Ficheiro:Enterprise-1701.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre
Com quem Kirk era realmente casado…

Quando falamos da série clássica, há episódios em que o personagem de Kirk é especialmente trabalhado. Em “Cidade à Beira da Eternidade”, Kirk volta à época da Grande Depressão com Spock para salvar um enfurecido Dr. McCoy, que havia injetado acidentalmente uma droga no organismo que o colocou num estado alterado e passou pelo guardião da eternidade. Kirk irá se envolver com a pacifista Edith Keller, mas descobriu que ela morrerá num acidente através de uma engenhoca montada por Spock e, caso ela não morresse, suas ações pacifistas retardariam a entrada dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial, o que daria tempo para os nazistas desenvolverem a bomba atômica. A morte de Keller, que não pôde ser evitada por Kirk, causou muita dor ao capitão. Em “Semente do Espaço”. Kirk encontra um oponente à altura, que foi Khan. Esse episódio serviu como base para o longa “Jornada nas Estrelas II, a Ira de Khan”, onde o embate entre o agora Almirante Kirk e Khan foi um jogo não só estratégico, mas também psicológico, onde Khan atinge Kirk de forma contundente, a ponto do almirante dar o seu famoso grito que seria visto até de forma cômica pelo fandom. Mas o segundo longa de “Jornada nas Estrelas” também abordou a questão da velhice de Kirk e de como ele não estava levando isso bem, pois nunca havia encarado uma derrota ou uma perda em sua vida. A morte de Spock foi algo extremamente doloroso e contundente para o almirante, que precisou rever todos os seus conceitos interiores e se reinventar para buscar uma espécie de redenção e rejuvenescimento.  Outro violento choque para Kirk foi a morte de seu filho David em “Jornada nas Estrelas III, a Procura de Spock”, por um klingon,  além da destruição da Enterprise, o que fez ele ter um ódio incontido por essa espécie manifesto em “Jornada nas Estrelas VI, a Terra Desconhecida”. Seu preconceito somente irá ser arrefecido quando ele conhece o chanceler Gorkon, vê o mesmo sendo assassinado por um complô contra a paz e procura elucidar esse complô com a ajuda de sua tripulação, descobrindo que pessoas da Federação e os Klingons se uniram para manter as beligerâncias entre seus povos por temer uma realidade de paz.

The Wrath of Khan' Returns to Theaters, Is Still The Greatest ...
Morte de Spock fez Kirk rever seus conceitos…

Mesmo que tenha driblado o teste do Kobayashi Maru, Kirk sempre foi um aluno dedicado e aplicado na Academia da Frota Estelar, tornando-se mais impetuoso no comando de naves estelares. Seus arroubos autoritários já aparecem nos primeiros episódios de TOS, quando ele se dirige de forma muito ríspida a Scott e este faz uma expressão de surpresa e perplexidade, o que provoca um imediato pedido de desculpas do capitão. Mas esse autoritarismo continuaria em alguns momentos ao longo da série, sendo alvo até de brincadeiras e troças por parte dos roteiristas, como no episódio “Padrões de Força”, onde, num planeta onde um humano historiador achou melhor usar a filosofia nazista para acabar de imediato com uma guerra entre povos nativos, Kirk precisou se disfarçar de oficial nazista e perguntou a Spock como ele estava, ao que Spock retrucou que ele estava “muito bem, um nazista perfeito”, o que gerou um olhar de perplexidade de Kirk.

Star Trek III: Destruction of the Enterprise - YouTube
Explosão da Enterprise. Mais uma perda…

Outro ponto muito citado sobre Kirk é o fato dele ser o macho alfa por excelência, que violava constantemente a Primeira Diretriz (a de não interferência nas civilizações de cultura pré-dobra) e de ter muitas aventuras amorosas, sendo o pegador por excelência. Com relação às violações da Primeira Diretriz, elas realmente ocorriam e foram até citadas posteriormente, como nas menções a “diplomacia de cowboy” feitas por Spock em TNG, quando ele se referia aos seus dias de Primeiro Oficial ao lado de Kirk na Enterprise, ou na conversa entre Janeway e Tuvok em Voyager sobre os dias difíceis que Kirk e Spock enfrentavam como integrantes de uma Frota Estelar que tinha que, às vezes, resolver muitas querelas de uma Federação que ainda buscava solidificar suas estruturas no quadrante alfa. Já no caso do machismo latente do capitão, podemos atribuir ao fato de que TOS é um produto cultural datado (como todos os produtos culturais o são; a atemporalidade é algo extremamente difícil de se conseguir e, portanto, ela é tão preciosa quando obtida)  e, por mais bem intencionada que a série fosse no que tange a se buscar uma sociedade utópica, os vícios de seu tempo se faziam presentes. E aí o protagonista macho-alfa varão branco americano se fazia impor, embora nunca possamos nos esquecer de que Spock trazia também um forte protagonismo, no caso o protagonismo do “outsider”, daquele que não se enquadrava nos parâmetros da sociedade tradicional da época. A maestria de Jornada nas Estrelas era justamente perceber a harmonia entre o macho alfa varão do establishment e o outsider deslocado da sociedade, sendo um dos pontos utópicos da série. Harmonia essa sugerida pelo próprio Isaac Asimov a Gene Roddenberry, quando este quebrava a cabeça em administrar os egos de William Shatner e Leonard Nomoy quando o protagonismo de Spock se fazia cada vez mais presente, algo que incomodava muito a Shatner.

David Marcus | Memory Alpha | Fandom
Perda do filho David. Ódio aos klingons…

O filme de 2009 Star Trek e suas sequências introduzem um universo alternativo que revela diferentes origens para Kirk, sua formação e associação com Spock e como eles terminaram servindo juntos a bordo da Enterprise. O ponto de divergência entre os eventos do universo original e do alternativo ocorre no dia do nascimento de Kirk em 2233.

Apesar do filme tratar detalhes específicos de Star Trek como mutáveis, as caracterizações destinam-se a “permanecer as mesmas”.No filme, George e Winona Kirk nomeiam seu filho James Tiberius em homenagem a seus pais. Ele nasceu em uma nave auxiliar escapando da USS Kelvin, onde seu pai é morto.O personagem começa como um “rebelde irresponsável e briguento” que eventualmente chega na “maturidade”. De acordo com Chris Pine, o personagem é uma pessoa de “25 anos [que age como uma] de 15 anos” e que está “bravo com o mundo”. Kirk e Spock se desentendem na Academia da Frota Estelar,porém, no decorrer do filme, Kirk foca sua “paixão, obstinação e o espectro das emoções” e se torna o capitão da Enterprise.

Star Trek VI: The Undiscovered Country | Star Trek
Kirk e Chanceler Gorkon. Superação de preconceitos…

Jeffrey Hunter interpretou o Capitão Christopher Pike, oficial comandante da USS Enterprise, no rejeitado primeiro piloto “The Cage“. Ao desenvolver o segundo piloto, “Where No Man Has Gone Before”, o criador da série Gene Roddenberry mudou o nome do capitão para James T. Kirk depois de rejeitar várias opções. O nome foi inspirado pelo Capitão James Cook, cuja anotação em seu diário “a ambição me leva… mais longe do que qualquer outro homem esteve antes de mim” inspirou o título do episódio.O personagem é em parte baseado em Horatio Hornblower, de C. S. Forester, e a NBC queria que o programa enfatizasse o “individualismo áspero” do capitão. Jack Lord era a escolha original da Desilu Productions para interpretar Kirk, porém sua exigência de 50% da série levou a sua não contratação.

William Shatner tentou imbuir o personagem com “respeito e admiração”, ausentes em “The Cage”. Ele também tirou inspirações de suas experiências como ator Shakespeariano para fortalecer o personagem, cujo diálogo era carregado de jargões.Não apenas ele se inspirou na sugestão de Roddenberry de Hornblower, porém Shatner também baseou Kirk em Alexandre, o Grande—”o atleta e o intelectual de seu tempo”, que Shatner havia interpretado em um piloto não vendido dois anos antes—e nele mesmo porque “o fator de fadiga [depois de semanas de filmagens] é tanto que você tenta ser tão honesto quanto possível consigo mesmo”.Um veterano na comédia, Shatner sugeriu fazer os personagens do programa tão confortáveis no espaço quanto eles estariam no mar, e fazer Kirk ser o humorado “bom amigo o capitão, que em tempos de necessidade iria ter um estalo e viraria um guerreiro”. Mudar o personagem para “um homem com emoções bem humanas” também permitiu o desenvolvimento do personagem de Spock. Shatner escreveu que “Kirk era um homem que se maravilhava e muito apreciava as surpresas sem fim apresentadas a ele neste universo… Ele não dava as coisas como garantidas e, mais do que ninguém, respeitava a vida em cada uma de suas formas de aventuras estranhas e semanais”.

What could be the reason why Captain Kirk said 'oh my' as his last ...
Morte de Kirk. Muito criticada…

Quando Star Trek foi cancelado em 1969, Shatner assumiu que esse seria o fim de sua associação com o programa; entretanto Shatner acabou dublando Kirk na série de animação de Star Trek, estrelou os primeiros sete filmes da franquia, e dublou o personagem em vários video games.O diretor de The Wrath of Khan Nicholas Meyer, que nunca havia assistido a um episódio da série antes de ser contratado para dirigir o filme, se focou na atmosfera “Hornblower no espaço sideral”, sem saber que ela havia influenciado a série.Meyer também enfatizou paralelos com Sherlock Holmes, já que os dois personagens eram um desperdício sem seus estímulos: novos casos para Holmes, e aventuras em naves estelares para Kirk.

O roteiro de The Wrath of Khan de Meyer se focava no envelhecimento de Kirk, com McCoy dando-lhe óculos como presente de aniversário. O roteiro afirma que Kirk tem 49 anos, porém Shatner estava inseguro sobre específicar a idade de Kirk porque ele estava hesitante em interpretar uma versão de meia-idade dele mesmo. Shatner mudou de ideia quando o produtor Harve Bennett o convenceu de que ele poderia envelhecer graciosamente como Spencer Tracy. O sacrifício de Spock ao final do filme permitiu o renascimento espiritual de Kirk; anteriormente tendo comentado que ele se sente velho e desgastado, Kirk na cena final afirma se sentir “jovem”.Além disso, a solução de sacrifício próprio de Spock para o cenário sem vitória do Kobayashi Maru, que Kirk havia trapaceado, o força a confrontar a morte e crescer como personagem.

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Um livro que tenta dar um desfecho digno…

Tanto Shatner como públicos teste ficaram insatisfeitos que Kirk foi morto por um tiro nas costas no final original de Generations;um adendo inserido por Shatner enquanro seu livro Star Trek Memories estava sendo impresso expressava seu entusiasmo ao ser chamado para filmar um final reescrito.Apesar da alteração, o co-roteirista de GenerationsRonald D. Moore, disse que a morte de Kirk, que destinava-se a “repercutir por toda a franquia Star Trek“, falhou em “entregar os temas [de morte e mortalidade] do jeito que queriamos”. Malcolm McDowell, cujo personagem Dr. Tolian Soran matou Kirk, ficou insatisfeito com ambas as versões da morte de Kirk; ele acreditava que Kirk deveria ser morto “em grande estilo”. McDowell afirma que ele recebeu ameaças de morte após o lançamento de Generations.

5 Most Memorable Alien Loves of Captain Kirk. | VFX Specialists
Críticas a um Kirk machista e autoritário…

No filme Star Trek de 2009, os roteiristas Alex Kurtzman e Roberto Orci focaram sua história em Kirk e Spock na linha de tempo alternativa enquanto tentavam preservar características chave de cada personagem de suas representações anteriores. Kurtzman disse que escolher alguém cuja interpretação de Kirk poderia mostrar que o personagem “está sendo honrado e protegido” foi “complicado”, porém que o “espírito de Kirk está vivo e bem” na interpretação de Pine. Pine lembra ter tido dificuldades em seu teste, que requereu que ele “latisse ‘jargões de Trek’“, porém seu carisma impressionou o diretor J. J. Abrams. A química entre Pine e Zachary Quinto, interpretando Spock, levou Abrams oferecer o papel a Pine.Jimmy Bennett interpretou Kirk nas cenas mostrando a infância do personagem. Os roteiristas se viraram para materiais como o livro Best Destiny para inspiração em relação a infância de Kirk.

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Zoação com o autoritarismo de Kirk…

Ao se preparar para interpretar Kirk, Pine decidiu adotar alguns traços característicos do personagem—”charmoso, engraçado e líder de homens”—ao invés de tentar se encaixar na “imagem prestigiada” da interpretação de Shatner.  Pine especificamente não tentou imitar a cadência de Shatner, acreditando que ao fazer isso sua interpretação se tornaria “uma imitação”. Pine disse que queria que sua interpretação se parecesse com Harrison Ford como Indiana Jones ou Han Solo, destacando seus humores e características de “heróis acidentais”.

Yes sir, Captain Kirk! ;) | Star trek 2009, Chris pine, Star trek ...
Chris Pine, um Kirk diferente…

De acordo com Shatner, as primeiras resenhas de Star Trek chamavam sua interpretação de “expressiva como uma porta”, com a maioria dos elogios em relação a atuação indo para Leonard Nimoy.Entretanto, os maneirismos de Shatner ao interpretar Kirk se tornaram “instantaneamente reconhecíveis”,com Shatner vencendo o Saturn Award de Melhor Ator por The Wrath of Khan. O The Guardian chamou a interpretação de Pine como Kirk de um “sucesso absoluto” e o The Boston Globe disse que Pine é “um bom, jovem impetuoso Kirk”. A Slate, que chamou Pine de “uma jóia”, descreveu sua performance como “canal[izando]” Shatner sem ser uma imitação.

Slate descreveu a representação de Kirk por Shatner como “expansiva, barulhenta, um tanto ridícula e, mesmo assim, supremamente capaz de liderar homens, Falstaffiano no seu amor pela vida e da grandeza do espírito”. O The Myth of the American Superhero se refere a Kirk como um “redentor superhumano” que “como um verdadeiro superherói… regularmente escapa depois de arriscar uma batalha com monstros ou naves estelares inimigas”. Apesar de alguns episódios questionarem a posição de Kirk como herói, Star Trek “nunca deixou o espectador em dúvida por muito tempo”. Outros comentaram que sua “força, inteligência, charme e espírito aventureiro” o fazem um personagem irrealista. Kirk é descrito como capaz de encontrar maneiras de “através de problemas inesperados atingir seus objetivos” e seu estilo de liderança é mais “apropriado em um firme, georgaficamente idêntico, time com uma cultura forte para liderança”. Apesar de Roddenberry ter concebido o personagem como sendo “num sentido muito real… ‘casado'” com a Enterprise,Kirk é notado por “suas façanhas sexuais com lindas mulheres de todos tamanhos, formas e tipos”,ele foi chamado de “promíscuo”. O autor Randy Pausch acredita que ele se tornou um melhor professor, colega e marido porque ele assistiu Kirk comandar a Enterprise; Pausch escreveu que “para garotos ambiciosos com uma inclinação científica, não poderia haver modelo maior do que James T. Kirk”.

A cidade de RiversideIowa, peticionou Roddenberry e a Paramount Pictures em 1985 a permissão para “adotar” Kirk como o “Futuro Filho” da cidade.A Paramount queria US$ 40.000 para uma licença para reproduzir um busto de Kirk, porém a cidade no lugar fez uma placa e construíu uma réplica da Enterprise (chamada de “USS Riverside“), e o Clube da Comunidade da Área de Riverside anualmente realiza um “Festa Trek” em antecipação ao aniversário de Kirk.

Kirk já foi o alvo de várias paródias em uma grande variedade de programas de televisão em muitos países, incluindo o The Carol Burnett Show e a imitação de Kirk por John Belushi para o Saturday Night Live, que ele descreve como seu papel favorito. Jim Carrey foi elogiado por sua sátira do personagem no episódio de 1992 de In Living Color.O comediante Kevin Pollak é conhecido por suas imitações de Shatner como Kirk.

Kirk já virou uma grande variedade de produtos, incluindo bustos colecionáveis, bonecos, canecas,camisetas e ornamentos de árvores de natal. Uma máscara de Dia das Bruxas de Kirk foi alterada para ser usada como a máscara do personagem Michael Myers na série de filmes Halloween. Em 2002, a cadeira de capitão de Kirk da série original foi leiloada por US$ 304.000.

Em uma pesquisa realizada em 2010 pela Space Foundation, Kirk foi eleito o 6º (empatado com o cosmonauta Yuri Gagarin) herói espacial mais popular da história.

Se você quiser mais informações sobre o nosso Capitão Kirk, não deixe de visitar o site memory alpha:

https://memory-alpha.fandom.com/wiki/James_T._Kirk

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, A Série Clássica (Episódio Piloto) – The Cage.

Help this Star Trek: Captain Pike fan film to boldly go before ...
Capitão Pike, o varão “Pike” das Galáxias…

Dando sequência à análise de episódios de “Jornada nas Estrelas, vamos falar do primeiro episódio da série, o piloto intitulado “The Cage”.

A Enterprise, sobre o comando do capitão Christopher Pike, atravessa uma onda de rádio proveniente do Sistema Talos, com um antigo sinal de socorro. O sinal vem da SS Columbia, uma nave que desapareceu há dezoito anos. O capitão prefere manter o curso para Veja para levar seus feridos, já que não há indícios de sobreviventes. A decisão do capitão de não fazer o resgate deixa a tripulação da ponte estupefata. O capitão sai da ponte e passa, nos corredores, por um casal que parece mais estar indo à praia, em trajes civis (indício de que há militares e civis na nave). Nos seus aposentos, Pike chama o Dr. Boyce, que concorda com sua prioridade de ir a Veja levar os feridos e lhe oferece um Martini. Pike diz que está cansado das responsabilidades de capitão e pensa em aposentadoria. O Dr. Boyce diz claramente que se Pike deixar essa vida, corre risco de definhar. Spock entra em contato e diz que foram encontrados sinais de vida em Talos. Há 11 sobreviventes, num planeta com atmosfera de oxigênio e disponibilidade de água e alimentos. Pike decide mudar o curso para Talos em dobra sete. Uma ordenança quase se choca com Pike e este resmunga que não está acostumado com mulheres na ponte. A tenente (interpretada por Majel Barrett) olha para ele de forma surpresa e Pike pede desculpas, dizendo que com ela é diferente, o que leva a outro olhar surpreso da tenente. Aqui a gente tem que fazer um parênteses. Estamos falando de um produto cultural da segunda metade da década de sessenta do século passado, quando passava-se muito longe de qualquer coisa a discussão sobre empoderamento feminino. Mesmo que aos nossos olhos do século 21, a postura de Pike tenha sido extremamente machista para uma pessoa do século 23, deve-se ficar registrado aqui a forma perplexa como a personagem de Barrett olha para seu capitão, mostrando a sua indignação com o machismo do capitão. E temos a presença de duas mulheres na ponte de comando, algo que não acontecia em outras séries da época, como em “Viagem Ao Fundo do Mar”, com um submarino repleto de varões. Essa postura da tenente é ainda mais notável quando sabemos do comportamento de algumas mulheres que assistiram esse piloto da série, pois elas reclamaram de uma forma bem machista da postura da tenente, ao bom estilo “quem essa mulher pensa que é para estar aí nesse posto?”.  Assim, podemos dizer que Roddenberry já nos primeiros momentos de “Jornada nas Estrelas” diz ao que vem a série, que é discutir sobre a questão da diversidade e da barreira dos preconceitos.

Star Trek: Discovery' Lead is 'Number One' from 'The Cage'
Majel Barrett como a Número 1. Um olhar de perplexidade contundente contra o machismo…

A Enterprise chega ao planeta e Pike escolhe seu grupo de descida, não escolhendo a tenente, que é a “Número 1”, ou seja a Primeira Oficial da nave. Nossa tenente fica um pouco chateada de não ir, mas Pike dá um argumento convincente do tipo “como não sabemos direito o que há lá, precisamos de oficiais experientes na nave”. Ou seja, houve uma preocupação de se justificar o fato de que a tenente foi preterida: ela é uma oficial experiente e ficará responsável pela nave na ausência do capitão. Pela primeira vez vemos o teletransporte sendo usado e o impressionante cenário de Talos IV, que, mesmo sendo uma espécie de pintura, é de grande realismo para um episódio piloto. Spock e Pike encontram a plantinha azul que emite sons e que se silencia quando se pega em suas folhas. Aqui, o Spock dá o seu conhecido sorriso, já que o personagem ainda não estava suficientemente construído em toda a sua lógica vulcana. É encontrado um acampamento somente com homens idosos, os sobreviventes da SS Columbia. Pike se apresenta dizendo que é o capitão da “United Space Ship Enterprise”, fazendo com que a gente saiba o que é o U.S.S. da nave. Aparece Vina, que teria nascido logo depois do acidente e os pais morreram. Enquanto isso, nas profundezas do planeta, os talosianos assistem tudo. Vina diz que Pike é um excelente espécime e os idosos pedem desculpas pelo linguajar demasiadamente científico. Vina diz que é hora de mostrar o segredo deles à tripulação da Enterprise. Vina leva Pike para a entrada de uma caverna e ele é imobilizado e capturado pelos talosianos. Os idosos desaparecem e a tripulação tenta abrir a caverna com os phasers, o que não acontece. Spock comunica à Numero 1 que não há sobreviventes e que perderam o capitão, que caiu numa armadilha.

estrela Trek TOS-''The cage''-The menagerie'' - mulheres da ...
A Número 1 e sua ordenança, uma personagem também com seu carisma, apesar de ser o lado mais fraco da corda…

Pike acorda na jaula. Ele tenta fugir mas não consegue. Há outras jaulas com outras espécies. Os talosianos chegam e Pike se apresenta, dizendo que é de um sistema solar do outro lado da galáxia e que suas intenções são pacíficas. Os talosianos se comunicam por telepatia e discorrem sobre Pike sem falar com ele. Pike escuta o que falam. E fica especialmente preocupado quando eles citam que logo começará a experiência.

Na nave, vemos a primeira reunião da tripulação na franquia. Foi dito que os talosianos têm a capacidade de criar ilusões e que têm um cérebro três vezes maior que o humano, podendo ser uma ameaça caso a nave ataque o planeta. Mas o capitão está encarcerado por eles. A Número 1 decide atacar Talos IV.

Os talosianos começam o teste, dando a Pike algo importante para ele proteger. Ele acaba em Rigel VII com Vina pedindo ajuda. Pike logo percebe que tudo aquilo é uma ilusão. Uma criatura surge e Pike luta contra ela, mesmo sabendo que tudo é de mentirinha. Pike mata o ser e retorna para a cela, agora acompanhado de Vina. A moça diz para Pike que ele pode ter o que quiser, mas Pike só quer saber de como se aproximar dos talosianos e não deixar mais que os mesmos usem sua mente contra ele.

Aqui está o que você precisa saber sobre o piloto de Star Trek The ...
O sorriso de um Spock ainda sob construção…

Do lado de fora do túnel, a tripulação usa uma arma mais sofisticada para abrir a porta, entretanto nada acontece. O doutor diz que tudo o que estão vendo pode não passar de uma simples ilusão e a montanha onde está a caverna já pode até ter sido destruída.

Vina começa a responder algumas perguntas de Pike. Os talosianos foram para as profundezas, pois houve uma guerra e acabaram se desenvolvendo mentalmente, criando um mundo aparente e não mais se preocupando em desenvolver coisas para o mundo real, capturando alienígenas para estudar suas vidas e experiências reais. Pike está na dúvida de se Vina é real e ela afirma que sim. Nisso, entra uma talosiana que retira Vina da jaula e a leva para o castigo por ter falado demais.

Star Trek: Alien Characters | Time
Os talosianos…

Um alimento é dado para Pike. A talosiana se comunica com ele dizendo isso e ele pergunta o que acontecerá se ele se negar a comer. A talosiana lhe dá um castigo e ele tem a ilusão de estar sendo queimado. A talosiana diz que ele precisa consumir o alimento. Pike então pergunta por que a talosiana não lhe dá uma ilusão de fome. Isso quer dizer que os talosianos têm limites em sua força telepática? A talosiana ameaça Pike, dizendo que há coisas mais desagradáveis na sua cabeça para ela transformar em castig. Pike consome o alimento e faz menção de avançar na talosiana que se assusta. Pike chega à conclusão de que a talosiana não pode ler sua mente o tempo todo. Pensamentos primitivos parecem não poder ser lidos. A talosiana fala que Vina é real e que ela foi a única sobrevivente da sua espécie.. Pike pergunta por que é importante que ele sinta atração por Vina. Seria para criar uma comunidade humana? E por que Vina é castigada se ele é que desobedece? Sarcasticamente, a talosiana fala dos sentimentos de Pike: proteção emocional e simpatia. E sai dizendo: “Excelente”. Pike vai para outra ilusão onde está fazendo um piquenique com Vina na sua casa, onde até seu cavalo aparece. Pike se lembra então da conversa que teve com o doutor, de que queria abandonar tudo e ter uma vida mais prosaica, afastada da realidade. E, agora que ele estava naquela encenação, entendia a resposta do doutor de que abandonar a realidade era um passo para definhar. Pike conversa com Vina para buscar uma saída para aquelas ilusões e ela confirma a tese de que os talosianos não lêem a mente com pensamentos primitivos. Mas isso é somente por um tempo e depois eles assumem o controle de tudo novamente, o que tornou Vina uma escrava. Os dois acabam se declarando um para o outro e os talosianos percebem que os humanos escondem os sonhos até de si mesmos. O ambiente é mudado e Vina agora é uma sensual escrava verde de Órion que se apresenta para Pike e outros homens. Pike fica incomodado com a visão e se afasta, mas Vina vai atrás dele para seduzi-lo.

Susan Oliver | Memory Alpha | Fandom
Vina. De lourinha indefesa a uma mulher que fazia um estratégico jogo duplo…

Na Enterprise, uma equipe de descida se prepara para se teletransportar. Mas o teletransporte somente funciona para a Número 1 e a ordenança. Aqui temos o famoso gesto de Spock, onde ele grita: “as mulheres!”. A Número 1 e a ordenança se materializam na jaula e Vina, que estava quase seduzindo o capitão, olha para as duas mulheres de forma atravessada, que não se abalam. A Número 1 disse que Vina estava na tripulação da SS Columbia, insinuando então que ela seria mais velha do que aparenta. Aparece uma talosiana, que diz a Pike para escolher a mulher que quiser. A Número 1 é muito inteligente, o que poderia dar filhos inteligentes, sem falar que a Número 1 tem fantasias com o capitão, o que a constrange. Já a ordenança é jovem e com grande libido. Essa forma seca de querer arranjar um casamento para duas cobaias de laboratório por parte dos talosianos é emblemática e é uma critica velada aos casamentos arranjados, mais frequentes na década de 60 do que hoje. Mas Pike nutre sua cabeça com pensamentos agressivos para ficar fora do alcance da telepatia dos talosianos, ameaçando-os com bastante raiva. A talosiana castiga Pike e diz para ter os pensamentos certos, para cooperar.

Star Trek the Cage Vina dress (com imagens) | Jornada nas estrelas ...
Buscando estratégias para sair da jaula…

Spock ia partir com a nave, pensando na tripulação, etc., etc. (algo muito estranho deixar o capitão, a Numero 1 e a ordenança para trás), mas os controles não respondem. Em Talos IV, a talosiana tenta pegar as armas da tripulação na jaula e Pike consegue prendê-la, estrangulando-a. Esta diz que destruirá a Enterprise se Pike não largar seu pescoço. Os talosianos invadem telepaticamente a Enterprise e começam a coletar os dados do computador da nave. Em Talos IV, Pike entrega a refém para a Número 1 e tenta atirar com o phaser, aparentemente descarregado, no vidro da cela. Achando que é uma ilusão, ele aponta o phaser para a cabeça da talosiana e o buraco no vidro aparece, com a ilusão desaparecendo. Todos vão para a superfície e a entrada da caverna também está toda destruída, agora que as ilusões acabaram. A talosiana diz que eles não tem para onde ir e que construirão uma civilização na superfície sob a orientação dos talosianos. A Número 1 toma mais uma atitude e coloca seu phaser para sobrecarregar e explodir, pois nenhum humano deve viver como escravo. Outros talosianos chegam e eles chegam à conclusão que a raça humana é muito perigosa pois, no cativeiro, mesmo com tudo que lhes agrade, ainda sim é uma raça muito violenta pois não tolera ficar presa. A Número 1 já tinha desativado o phaser quando os outros talosianos chegaram. Vina diz que a tripulação da Enterprise está livre para ir embora. Pike fica revoltado, pois foi aprisionado junto com a ordenança e a Número 1 e não recebeu sequer um pedido de desculpas. Os talosianos disseram que os humanos eram sua última esperança, pois eram mais adaptáveis. Pike sugeriu uma colaboração mútua, mas os talosianos não quiseram, pois acreditavam que quando os humanos aprendessem as técnicas de ilusão dos talosianos, eles se destruiriam.

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Presa e caça muito se estudaram…

A Enterprise tem de novo a sua energia. A ordenança e a Número 1 voltam. Pike fica na superfície e vê a verdadeira aparência de Vina. Muito ferida na queda da SS Columbia, a moça foi reconstruída pelos talosianos, mas eles não tinham ideia das verdadeiras formas humanas e Vina ficou com uma aparência terrível. Mas Vina foi presenteada pelos talosianos com sua bela aparência e com a ilusão de um Pike somente para ela. Pike volta para a Enterprise a tempo de ainda ter a piada fnal na ponte, onde a ordenança pergunta quem teria sido a Eva dele. A ordenança é repreendida pela Número 1 e o doutor faz uma piada com o capitão. Fim do episódio.

Esse episódio piloto de Jornada nas Estrelas, onde tudo começou enquanto série e franquia, suscita algumas discussões. Em primeiro lugar, é curioso perceber como um tema tão caro à ciência, como o ato da observação e experimentação, é tratado no episódio. A espécie talosiana lança mão da ciência para estudar espécies alienígenas como cobaias, privando-as de sua liberdade. O ato de experimentar e observar, ferramenta básica do método científico, parece, num primeiro momento, algo maniqueísta, já que é usado como um artifício para aprisionar outros povos. Por um outro lado, Christopher Pike, enquanto prisioneiro dos talosianos, também lança mão do expediente da experimentação e da observação para entender mais o povo que o aprisiona e buscar uma forma de se libertar da jaula. Assim, se o método científico aprisiona, ele também pode libertar. Ou seja, o método científico é nada mais, nada menos do que uma ferramenta. O que importa é o uso que se faz dele. Mais ou menos a mesma coisa que falamos hoje da internet.

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No diálogo final, a busca por um acordo…

Um segundo ponto, e esse é muito curioso, é a tensão entre utopia e distopia já no episódio piloto. Os talosianos, uma espécie muito desenvolvida (seu cérebro era três vezes maior que o dos humanos) vivia nas profundezas em função de uma guerra do passado. Por estarem numa situação de clausura, desenvolveram demais a mente e passaram a fazer experiências com outras espécies alienígenas, criando uma distração para os dias de confinamento, ao invés de retomarem a vida e reconstruírem sua civilização. Tal situação os impossibilitou de reconstruírem sua civilização por si mesmos e a dependerem de mão-de-obra alienígena para isso, onde os humanos eram a melhor opção.  Daí a necessidade de Pike e Vina se unir para promover a reprodução e formar essa mão-de-obra. Uma vez que Pike entende essa condição de fraqueza dos talosianos, ele oferece uma ajuda mútua que é rechaçada pelos talosianos, pois os humanos se destruiriam no momento em que eles aprendessem as técnicas telepáticas dos talosianos. Assim, se temos uma condição mais distópica atribuída aos talosianos no início do episódio, com a situação da guerra passada e do aprisionamento de espécies, ao final do episódio, os talosianos e humanos chegam ao entendimento, mais utópico, com os primeiros reconhecendo que a liberdade é muito importante para os segundos e com os humanos oferecendo ajuda aos talosianos, mesmo tendo sido aprisionados. Só ficou mal contado como Vina e a ilusão de Pike poderiam ser úteis para os talosianos reconstruírem sua civilização, esse sim um furo de roteiro.

Jornada nas estrelas Memórias 3 – “The Cage” (A jaula) – William ...
No fim, tudo era ilusão…

O terceiro ponto, que já foi mencionado acima, é o da questão de gênero, corajosamente abordada para a época que o episódio foi feito (1964), pois a posição da mulher naquela sociedade era altamente periférica. E aí, temos uma ponte onde duas mulheres trabalham, à despeito das observações machistas do capitão. O papel de Majel Barrett nesse episódio é de suma importância, pois ela era a Número 1 da nave, ou seja, era a capitã na ausência do capitão, e deu umas três olhadas perplexas para seu superior quando ele estava em arroubos de machismo. Ou seja, uma reação sutil que acaba sendo muito mais contundente do que se ela fosse mais direta. Já a nossa ordenança, que teria o papel mais vulnerável para o machismo do capitão, usava com inteligência o argumento de que precisava estar na ponte, já que o próprio capitão havia lhe dado ordens receber dela relatórios periodicamente. Foi especial a forma sarcástica dela entregar o relatório para o capitão no final do episódio. E mais delicioso ainda o atrevimento dela ao perguntar para o capitão, na ponte, perante todos os varões e superiores, quem seria escolhido por ele para ser a sua Eva. Lembremos que estamos em 1964, onde séries como a já citada “Viagem Ao Fundo do Mar”, não tinham mulheres em postos militares, e que as próprias mulheres telespectadoras achavam a Número 1 muito petulante por estar num posto geralmente destinado a um homem. Assim, Roddenberry já entregava seu cartão de visitas de abordar temas polêmicos para sua época no piloto da série. O leitor mais atento pode perguntar: e Vina? Ela também foi uma personagem ativa, jogando em duas frentes. Num momento, ela lançava mão de sua ligação com os talosianos para seduzir Pike, noutra hora, ela se aliava a Pike para buscar fugir da jaula, sendo uma personagem mais complexa que o da lourinha indefesa a ser salva pelo varão.

Sabemos que esse piloto não foi aprovado num primeiro momento, talvez por ser desafiador demais na época, talvez pela aparência demoníaca de Spock, que muito incomodou os WASPs de plantão. Mas “The Cage” ficou imortalizado como a obra seminal de “Jornada nas Estrelas” e um documento definitivo de uma franquia que faria muito sucesso nas cinco décadas seguintes.

Tos star trek the cage GIF - Find on GIFER
Um final feliz para Vina…

Batata Séries – Personagens de Jornada nas Estrelas – Jean-Luc Picard

Star Trek: Patrick Stewart retornará como Jean-Luc Picard em nova ...
Um personagem icônico…

A Batata Espacial, em sua sessão Batata Séries, começa hoje a fazer pequenos artigos sobre personagens de Jornada nas Estrelas. Vamos começar com o mitológico Jean-Luc Picard.

James T. Kirk | Memory Alpha | Fandom
A comparação com Kirk é inevitável…

Jean-Luc Picard  é sempre lembrado como o capitão da Enterprise D. Quando ele apareceu em “Encontro em Far Point”, o episódio piloto de TNG, as comparações com o Capitão Kirk logo se tornaram inevitáveis. Podemos dizer que os dois capitães tiveram trajetórias distintas. Kirk, por exemplo, era o aluno certinho da Academia da Frota Estelar, tornando-se o homem impetuoso e aventureiro enquanto capitão da Enterprise. Já Picard foi exatamente o oposto. Era um aluno impetuoso e indisciplinado na Academia da Frota Estelar a ponto de ter um coração mecânico, pois se envolveu numa briga com nausicanos, sendo esfaqueado por isso. Mas quando assumiu o comando de naves estelares, Picard mostrou-se como profundamente moral, lógico e muito inteligente, sendo um mestre da diplomacia e do debate, que resolve problemas aparentemente insolúveis entre múltiplas partes. Picard, por exemplo, é um profundo conhecedor da cultura klingon, com sua presença sendo indispensável em questões de ordem diplomática entre a Federação e o Império Klingon. Apesar de tais resoluções serem geralmente pacíficas, Picard também é mostrado usando suas notáveis habilidades táticas em algumas situações, quando elas são requeridas. Ele gosta de histórias de detetives, interpretando Dixon Hill nos holodecks, dramas shakespearianos, cavalgadas e chá Earl Grey. Picard fez o primeiro contato com cerca de 27 espécies, incluindo ferengis e borgs.

Captain Horatio Hornblower R.N. (1951)
Horatio Hornbower (aqui na pele de Gregory Peck). Uma inspiração para Picard…

Jean-Luc Picard nasceu em La BarreFrança, filho de Maurice Picard e Yvette Gessard,  a 13 de julho de 2305, e sempre sonhou em entrar na Frota Estelar, contra a vontade do pai. Havia atritos entre Jean Luc e seu irmão Robert, por questão de ciúmes do irmão mais velho. Ele não conseguiu passar em sua primeira prova para entrar na Academia da Frota Estelar, porém subsequentemente foi admitido e se tornou o primeiro calouro a vencer a maratona da Academia. Ele era um cadete imaturo e atribuiu ao zelador Boothby chegar a um comportamento mais maduro. Seu treinamento acadêmico em arqueologia é mencionado várias vezes no decorrer da série e ele continua a buscar a tecnologia como um passatempo; ele também afirma que uma vez foi reprovado em química orgânica. Pouco depois de se formar, Picard foi esfaqueado no coração por um nausicano, deixando o orgão irreparável e requerindo substituição por um implante partenogênico. Picard inicialmente foi para a U.S.S. Reliant como alferes. Mais tarde, serviu como primeiro oficial a bordo da USS Stargazer, tornando-se posteriormente seu capitão, após a morte do capitão titular. Durante esse período, ele inventou uma tática de escape/ataque com a nave que ficou conhecida como a Manobra Picard.

10 Best Jean-Luc Picard Episodes of Star Trek: The Next Generation ...
Com Q, um debate eterno sobre as virtudes e defeitos dos humanos…

Star Trek: The Next Generation mostra Picard no comando da USS Enterprise (NCC-1701-D). O episódio piloto da série mostra a missão da nave de investigar um problema na Estação de Far Point, desviando-se quando a entidade Q faz de Picard um “representante” em um julgamento acusando a humanidade de ser uma “raça infantil perigosamente selvagem”.Picard persuade Q a testar a humanidade, com a entidade escolhendo julgar a performance da tripulação em Far Point. O julgamento “termina” sete anos depois (quando Q lembra Picard que ele nunca foi encerrado), no episódio final da série, quando a humanidade é absolvida pela demonstração de Picard de que a espécie tem a capacidade de explorar as “possibilidades da existência”.

Resistance is futile: Jean-Luc Picard and the terrifying history ...
Locutus, um grande trauma…

O último episódio da terceira temporada, “The Best of Both Worlds“, mostra Picard sendo assimilado pelos Borg, tornando-se Locutus, para servir como um ponte entre a humanidade e os Borg; sua assimilação e recuperação são pontos críticos do desenvolvimento do personagem, dando o pano de fundo para o filme Star Trek: First Contact e o desenvolvimento de Benjamin Sisko, o protagonista de Star Trek: Deep Space Nine.  Stewart pedia à Gene Roddenberry para manter Picard como um Borg por alguns episódios a mais além do final da terceira temporada, já que ele achou que seria mais interessante do que restaurar Picard na Parte II. É mais tarde revelado em First Contact que apesar de todos os maquinários Borg terem sido removidos de seu corpo, ele ainda possui lembranças traumáticas e sofre pesadelos de sua assimilação. Aliás, vale mencionar aqui que o Picard visto na série é diferente do Picard visto nos longas. Na série, ele mantém suas características originais, de ser uma pessoa moral, diplomática e capaz de resolver conflitos na base da conversa. Já o Picard dos longas está mais levado pelo espetáculo da ação, lembrando o Capitão Kirk e sua impetuosidade.

Robert Picard | Memory Beta, non-canon Star Trek Wiki | Fandom
Atritos com o irmão Robert…

O episódio “Family”, da quarta temporada, revela que Picard tem um irmão, Robert, que assumiu as vinícolas da família em La Barre depois que Jean-Luc se juntou a Frota Estelar. Robert e sua esposa Marie tem um filho, René, sobrinho de Jean-Luc. Durante Star Trek Generations, Ele descobre que Robert e René morreram em um incêndio. Picard ficou muito abalado com essas perdas, pois além da perda dos entes queridos, muito lhe atormentou o fato de que a linhagem da família seria interrompida, já que ele não tinha filhos.

Tapestry (episode) | Memory Alpha | Fandom
Esfaqueado em seus anos de imaturidade…

Picard junta forças com o lendário James T. Kirk em Generations para derrotar o Dr. Tolian Soran. Comandando a nova USS Enterprise-E, Picard novamente confronta os Borg em First Contact. Seus traumas originários da assimilação em Best of Both Worlds vão interferir em suas decisões e ele se recusa a destruir a Enterprise E que está tomada pelos borgs. Picard chegará ao disparate de chamar Worf de covarde. Mas ele será redirecionado a um comportamento mais ponderado depois que toma uma baita bronca de Lily, sua amiga do século 21.  Mais tarde ele luta contra a relocação forçada dos Ba’ku em Star Trek: Insurrection, onde descobrimos que ele é um bom dançarino de Salsa, e encontra Shinzon, um clone romulano feito com seu próprio DNA, em Star Trek Nemesis.  Tal situação de ter um antagonista que é a versão mais jovem de si próprio novamente colocará nosso capitão em conflito, onde ele tenta usar a diplomacia para salvar seu eu mais impetuoso, pois passou uma infância da humilhações nas minas remianas.

Jean-Luc Picard | Memory Alpha | Fandom
Nemesis: Picard luta contra sua versão mais jovial…

Depois do sucesso dos filmes de Star Trek com a tripulação da série clássica, uma nova série de televisão com um novo elenco foi anunciada em 10 de outubro de 1986. O criador de Star Trek ,Gene Roddenberry, nomeou Picard em homenagem a um ou ambos os irmãos Auguste Piccard e Jean Felix Piccard, cientistas suíços do século XX Auguste Pìccard foi um físico que inventou o batiscafo, uma espécie de submarino projetado para navegar a grandes profundidades. Auguste, juntamente com seu irmão Jean também eram balonistas. O filho de Auguste, Jacques Piccard, desceu no oceano para explorar a Fossa das Marianas. A descendência francesa de Jean Luc Picard é também uma homenagem direta ao explorador Jacques Cousteau.

Jean-Luc Picard | Memory Alpha | Fandom
Picard com peruca. Roddenberry não gostou…

Patrick Stewart, que havia atuado no teatro pela Royal Shakespeare Company, foi originalmente considerado para o papel de Data. Stewart disse que ele não ficaria interessado em assumir um papel de coadjuvante “para ficar sentado”. Roddenberry não queria Stewart como Picard, todavia; ele tinha imaginado um ator que era “masculino, viril e com muito cabelo”. A primeira escolha de Roddenberry era Stephen Macht, levando “semanas de discussão” com Robert Justman, Rick Berman e o diretor de elenco para convencê-lo de que “Stewart era a pessoa que eles estavam procurando para sentar na cadeira do capitão”; Roddenberry concordou depois de fazer testes com todos os outros candidatos para o papel. O próprio Stewart estava incerto dos motivos que influenciaram os produtores a escolher “um ator britânico, shakesperiano, careca e de meia idade” como capitão da Enterprise. Ele teve sua peruca vinda de Londres para se encontrar com os executivos da Paramount Pictures, porém Roddenberry mandou Stewart retirar a peruca “horrível”. Sua voz estentórica impressionou os executivos, que imediatamente aprovaram sua contratação. Roddenberry enviou à Stewart alguns livros de Horatio Hornblower, de  C. S. Forrester, dizendo que Picard era baseado em Hornblower, porém o ator já estava familiarizado com o personagem, tendo lido os livros quando criança. Podemos ver esse personagem no filme O Falcão dos Mares, protagonizado por Gregory Peck. Hornblower é um capitão da marinha britânica que se comporta como uma espécie de cavaleiro introspectivo.

THIS WEEK IN STEM HISTORY: Jacques Cousteau was born — Knowledge ...
Jacques Cousteau, outra influência…

Enquanto a série progredia, Stewart exerceu mais controle sobre o desenvolvimento do personagem. Quando a produção do primeiro filme da The Next Generation começou, “era impossível de se dizer onde Jean-Luc começou e Patrick Stewart terminou”. As filmagens da primeira temporada de TNG foram um caos, mas Stewart foi fiel a seu trabalho e desenvolveu cada vez mais o personagem.

Auguste Piccard – Wikipédia, a enciclopédia livre
Auguste Piccard, inventor do batiscafo…

Stewart afirmou que, “Um dos prazeres de ter feito a série e interpretado este papel é que as pessoas são tão atraídas pela ideia de Star Trek… vários anos depois do fim da série… eu gosto de ouvir quanto as pessoas gostaram de meu trabalho… é sempre gratificante para mim que esse inglês, careca e de meia idade parece se conectar com eles”.O ator também comentou que seu papel ajudou abrir Shakespeare para os fãs de ficção científica. Ele já notou uma “presença regular de trekkers na platéia” sempre que ele se apresenta no teatro, e adicionou que “Eu encontro essas pessoas depois, recebo cartas deles e os vejo nos bastidores… E eles dizem ‘Nunca vi Shakespeare antes, achei que não iria entender, porém foi maravilhoso e mal possa esperar para voltar'”.

A volta de Picard na série produzida para a CBS All Acess no ano de 2020 trouxe reações díspares no fandom. Enquanto algumas pessoas gostaram do agora aposentado almirante, enfraquecido por uma doença degenerativa, mas obcecado em salvar a vida da andróide Soji, pois ela seria um resquício de seu amigo Data, que se sacrificou para salvar a vida de Picard em “Nemesis”, por outro lado há fãs que criticam a nova série, por ser distópica em demasia, abordar em demasia temas como o suicídio e a melancolia, além de novos personagens tratarem muito mal o protagonista da série. Ainda, causou muita estranheza a consciência do almirante ser trasladada para o corpo de um andróide. 

Poderia se falar muito mais de Picard aqui, mas podemos ver uma descrição mais completa do personagem no site Memory Alpha. Para isso, segue o link

https://memory-alpha.fandom.com/wiki/Jean-Luc_Picard

Por hoje ficamos por aqui. Num futuro próximo, falaremos de outros personagens de Jornada nas Estrelas. Até lá!!!

Star Trek Picard: tudo que você precisa saber sobre a nova série ...
Um personagem numa volta um tanto equivocada…

Batata Séries – Enterprise (S01 – Ep 01) Broken Bow.

Legenda Star Trek: Enterprise S01E01 | Legendário
Onde tudo começa…

Vamos começar hoje a fazer artigos sobre as séries de Jornada nas Estrelas, agora que Picard terminou. A ideia é falar dos episódios em sequência de todas as séries. Assim, começamos hoje com o episódio piloto de “Enterprise”, intitulado Broken Bow. O episódio inicia com um jovem Jonathan Archer e seu pai conversando sobre quando a nave projetada pelo pai irá ficar pronta. Trinta anos depois, em Broken Bow, Oklahoma, uma pequena nave klingon está semi-destruída numa plantação. Um klingon é perseguido por dois alienígenas, mas se desvencilha deles provocando uma explosão. O dono da fazenda atira no klingon, ferindo-o.

Star Trek: Enterprise | Netflix
Uma nova tripulação para uma época mais antiga…

Existe um clima tenso entre Archer e os vulcanos. Eles querem devolver o klingon morto, para não cair em desgraça da desonra de ter sobrevivido a uma batalha perdida, respeitando sua. Archer se opõe a matá-lo e força uma situação para a recém pronta Enterprise fazer sua primeira viagem devolvendo o klingon vivo a Kronos, apesar da oposição dos vulcanos, que tutelam os terráqueos e não os acham prontos para a missão por sua inexperiência e natureza emotiva.

Vemos o interior da Enterprise, onde o teletransporte é usado somente para carga. Interior da nave é muito apertado, parecendo um submarino.

Star Trek: Enterprise S01 E01 E02 "Broken Bow" / Recap - TV Tropes
Cerimônia de lançamento da Enterprise, com direito a discurso gravado de Zephran Cochrane…

Archer monta a sua tripulação. Depois de convocar o Dr. Phlox, o capitão vai atrás de Hoshi por sua experiência com idiomas e frequências. A oficial de ciências será vulcana (T’Pol), pois lhe fornecerá cartas estelares para ir até Kronos. T´Pol se apresenta e fica claro que a situação é desagradável para ela, ainda mais com Porthos, o cachorrinho do capitão.

Henry Archer, pai de Jonathan Archer, desenvolveu motor de dobra juntamente com Zephran Cochrane. Uma gravação de Cochrane falando do motor de dobra é transmitida enquanto Archer zarpa com a Enterprise e sua tripulação.

Watch Star Trek: Enterprise Season 1 Episode 1: Broken Bow, Part 1 ...
Tentando salvar um klingon…

Numa espécie de estação, um integrante da espécie que perseguia o klingon fala com uma figura com a identidade oculta sobre o klingon (Klaang) e que este estava sendo enviado para Kronos pela Enterprise. A figura oculta disse para que o erro fosse desfeito.

T'Pol, Trip, and Archer | Star trek theme, Star trek episodes ...
Um trio que parecia que ia se dar bem…

Archer, Trip e T’Pol jantam juntos. A vulcana percebe que os terráqueos ainda comem carne. Trip rebate que fome e guerras foram praticamente erradicadas em duas gerações. Archer lembra que não é fácil se livrar dos instintos mais básicos. T’Pol responde que, com disciplina, tudo é possível.

O klingon acorda, mas Hoshi não consegue se comunicar com ele. A nave sai de dobra e a energia cai. Os alienígenas que perseguiam o klingon invadem a nave e o levam. O klingon murmura “suliban”.

Commander Charles Trip Tucker III and Subcommander T'Pol | Flickr
Trip e T’Pol. Conflitos e apelo sexual…

O desaparecimento do klingon colocou T’Pol numa rota de colisão com Archer, com a primeira dizendo que a missão acabou e não acreditando no potencial humano de reverter a situação. O Dr. Phlox descobre que o suliban morto no ataque tem a sua estrutura genética alterada. A tradução que Hoshi fez do que o klingon falava citava o décimo planeta do sistema Rigel, onde o klingon esteve antes de ir para a Terra. Essa informação era de conhecimento de T’Pol, que relutou em passá-la para Archer, o que aumentou ainda mais o clima de conflito entre a vulcana e os humanos. Archer ordena traçar um curso para o décimo planeta de Rigel.

O klingon é interrogado pelos sulibans. Eles querem saber onde está uma coisa, mas o klingon não sabe. Ele só diz que esteve no décimo planeta de Rigel para falar com uma suliban chamada Sarin que não deu nada para ele.

No décimo planeta de Rigel, uma equipe desce para procurar informações sobre os klingons e os humanos estranham as culturas locais, querendo interferir no que veem, sendo advertidos por T’Pol para não intervir (ainda não há a diretriz de não interferência). Um suliban está à espreita. Archer e Hoshi são aprisionados pelos sulibans. Trip e T’Pol também. Archer é levado pelos Sulibans para conversar. Sarin conversa com Archer e diz que deu a Klaang uma mensagem de que os sulibans estão inflitrados no império para semear discórdia entre as casas. Isso é feito por uma cabala (no caso, uma organização superior) dos sulibans, que recebe ordens do futuro na guerra fria temporal. Os sulibans atacam e Sarin é morta. No tiroteio, Archer é ferido e T’Pol assume o comando da Enterprise.

Na descontaminação, Trip e T’Pol passam um gel no corpo do outro, numa cena de forte apelo sexual. T’Pol insiste que a missão acabou e Trip reage com indignação perante à arrogância vulcana para com os humanos. T’Pol escuta as queixas de Trip e se mantém na missão de Archer.

Porthos | Star trek, Star trek universe, Star trek enterprise
Porthos, o personagem mais fofo…

O capitão faz seu diário de bordo com data de 16 de abril de 2151 (ainda não há data estelar). A nave persegue o rastro de dobra da nave suliban e eles chegam a um planeta gigante gasoso, perdendo o rastro. Com a ajuda de T’Pol, eles recuperam o rastro.

Na estação suliban, a figura oculta diz que a mensagem de Sarin não pode chegar aos klingons. A Enterprise entra na atmosfera do planeta, descobre a estação e sofre o ataque de uma nave, se escondendo numa camada atmosférica superior de fósforo líquido. A tripulação decide capturar uma das pequenas naves que os atacam para entrar na estação e tirar o klingon de lá. Trip e Archer vão na pequena nave mas o capitão fica preso na estação espacial. T’Pol acha mais lógico que o capitão fique para trás para não colocar o klingon em risco, mas Trip impetuosamente bate o pé. Archer se encontra com o suliban que conversa com a figura oculta e os dois entram em luta corporal. A Enterprise faz um voo sobre a estação e aciona o teletransporte, sendo Archer o primeiro a ser teletransportado para a nave. Klaang é enviado para Kronos e entrega a mensagem, escondida em seu DNA, sob os olhares de Archer, Hoshi e T’Pol.

Archer recebe ordens para a Enterprise começar sua missão de entrar em contato com outras culturas. Ele conversa reservadamente com T’Pol e procura aparar as arestas de seus preconceitos e conflitos contra os vulcanos. A Enterprise começa sua missão, com a lembrança de infância de Archer com seu pai colocando uma nave de brinquedo para voar. 

John Billingsley como Dr. Phlox em Star Trek Enterprise - Trekkers ...
Phlox, o médico mais simpático…

Depois da sinopse do episódio, podemos identificar algumas coisas. A primeira é o já famoso estado de conflito entre os humanos e os vulcanos, onde, no século 22, os segundos tutelam os primeiros e retardaram o lançamento dos humanos ao espaço profundo e ao contato com outras culturas. Fica bem claro aqui uma arrogância vulcana que entende que os humanos, por sua natureza emocional e um tanto primitiva, ainda não estão preparados para usar a tecnologia de dobra e entrar em contato com outras civilizações. Por mais que os humanos reclamem dessa postura vulcana, o episódio mostra claramente que os humanos ainda têm barreiras a superar, como, por exemplo, a vontade de interferir em culturas que eles estranham. Quer dizer, se a série mostra as virtudes humanas de explorar e de levar a boa índole da humanidade com seu altruísmo em salvar o klingon e levá-lo para seu planeta de origem, há a ressalva de que eles têm ainda muito a aprender ao interagir com outras culturas, dando uma certa razão à visão que os vulcanos têm dos humanos. A melhor coisa aqui foi colocar T’Pol interagindo com Archer e Trip, onde os choques iniciais de visões de mundo vão sendo gradativamente substituídos pelas quedas de preconceitos e com o ato de um aprender com o outro. O impetuoso Trip aprende um ponto de vista mais multicultural com T’Pol, enquanto que esta aprende com Trip o ato de não se deixar os companheiros para trás, à despeito da lógica dizer o contrário.

Hoshi Sato | Memory Alpha | Fandom
Hoshi, um tanto indisciplinada…

O episódio tem alguns problemas. Hoshi, a especialista em frequências e idiomas, teve alguns pitis com o capitão à medida que a nave dava umas chacoalhadas. Ficou um pouco feio para uma série que preza tanto pela hierarquia militar. Ainda, foi aqui, já no piloto da série, que temos a primeira alusão à “guerra fria temporal”, que ficou mal desenvolvida na série e nunca entendemos bem o que significava. Mas o mais problemático foi a sequência de descontaminação, onde Trip e T’Pol, em trajes mínimos, precisam passar uma espécie de gel um no corpo do outro. Foi um apelo sexual muito forte e desnecessário para Jornada nas Estrelas, claramente visando buscar um público novo. Já tínhamos visto algo com os trajes de Sete de Nove em “Voyager”, mas em “Enterprise” a coisa foi mais exagerada.

De qualquer forma, esse episódio piloto de “Enterprise” parecia então promissor no que tange às visões de mundo posteriores à nossa contemporaneidade e anteriores a utopia da série clássica do século 23. Vale a pena muito revisitá-lo.