Batata Comics – Terrível Obsessão. A Mediunidade Volta Agora Na Turma Da Mônica Jovem.

                    Capa da Revista

Voltemos a falar de quadrinhos. E voltemos a falar de Turma da Mônica Jovem. Definitivamente, os personagens de Maurício de Sousa são apresentados aqui de forma diferente do que vemos nos quadrinhos, digamos, mais tradicionais de turminha, até porque temos aqui um público-alvo diferente: adolescentes (e aí até a temática nerd tem o seu espaço) e, por que não, o público adulto. Tal elemento gera uma forma inteiramente nova de se ver a Turma da Mônica e que parece que tem dado muito certo, pois a “primeira temporada” da revista rendeu cem números e já estamos no oitavo número da “segunda temporada”.

                                       Sarah, a moça médium

Mas no que a história desse número em especial chamou tanto a atenção? Essa é uma história que envolve a questão da mediunidade e, quando temos tramas desse naipe na revista, a aparição da personagem Sarah é uma grande pedida, pois ela tem uma forte mediunidade, a ponto de ver e conversar com os mortos, cujo amigo Victor é uma espécie de conselheiro. Sarah, que já apareceu em outro número da revista (número 86 da “primeira temporada”), é uma moça atormentada, pois não pode usar seus “poderes” para evitar todas as coisas ruins que vê e que pressente, já que seu amigo Victor a adverte que ela não deve interferir e deixar que o curso dos acontecimentos siga naturalmente. Quando Sarah vê um espírito maligno ameaçando um velho tocador de realejo numa pracinha, temos o início de uma trama onde os personagens de Maurício de Sousa vão ter que lutar contra essa força maligna sobrenatural sem a ajuda de Sarah, que se sente cada vez mais culpada em não poder ajudar e quer tomar uma atitude perante a isso, sempre sob os olhos reprovadores de Victor, seu amigo do além.

           Uma história instigante e muito adulta

Não é a primeira vez que Maurício de Sousa aborda o tema do espiritismo, sem ser as histórias do Penadinho. Quem acompanhava há muito tempo as revistinhas da Turma da Mônica sabe que, lá em meados da década de 80, foi produzida a história “As Emoções Bárbaras”, onde um espírito evoluído que não precisa mais reencarnar (dentro da visão kardecista) pede às entidades ainda mais superiores que ele possa “regredir” e voltar à Terra para sentir novamente as “emoções bárbaras” (fome, sede, frio, alegria, raiva, tristeza, pena, etc.). Ele recebe autorização para retornar ao nosso mundo, ainda que brevemente, e sentirá essas emoções novamente com a turminha da Mônica, retornando ao paraíso mais tarde, esquecendo todas as emoções bárbaras, exceto por uma: a saudade que sentia pela turma. Essa história altamente adulta e utópica para o público-alvo da revista (ou seja, o infanto-juvenil) ganhou prêmios e é muito lembrada com carinho pelos fãs. Pois bem. Desta vez, os roteiristas e editores optaram novamente por uma história de conteúdo mediúnico, entretanto com uma visão altamente distópica. A entidade em questão provoca destruição, pois está tomada pelo rancor e ódio, não conseguindo se afastar do plano material e fazer a jornada para o plano espiritual. Caberá à Mônica “libertar” esse espírito obsessor, com a lição de moral implícita de que, ao guardar raiva e rancor, você não apenas faz mal a si mesmo, mas também pode espalhar esse mal para as pessoas que o cercam. Lição mais kardecista que isso impossível. De qualquer forma, a história é pesada e leva com muita maestria o “lado negro” do espiritismo.

Outro detalhe interessante é que esta revista não está ligada apenas à personagem Sarah, que apareceu num número anterior, mas também a outra história da Turma da Mônica Jovem (números 81 e 82 da primeira temporada), onde um dono de circo macabro escravizava um grupo de mutantes e a Mônica para transformá-los em atrações. Essas referências a outras revistas são muito instigantes e fazem mais ou menos a mesma coisa que vemos em séries de TV como “Jornada nas Estrelas” e muitas outras, ou seja, é uma fórmula que dá certo e que tem sido muito bem aproveitada nessa fase dos quadrinhos de Maurício de Sousa.

Assim, “Terrível Obsessão” é mais uma história da Turma da Mônica Jovem que merece a atenção dos colecionadores e do grande público. O espiritismo é revisitado, mas agora sob uma visão distópica. Vale muito a leitura.

“As Emoções Bárbaras”. Relação com o espiritismo não é de hoje para Maurício de Sousa

Batata Comics – Cidade À Beira Da Eternidade. O Roteiro Original.

 

Capa da Edição em Inglês

A Editora Mythos Books traz uma verdadeira joia para os fãs de “Jornada nas Estrelas”. Todo mundo conhece a história do episódio da série clássica “Cidade à Beira da Eternidade”, onde Kirk e Spock voltam ao passado da Terra para resgatar o Dr. McCoy que, acidentalmente injetou um remédio em si e pirou na batatinha. Ele foi para o teletransporte e desceu à superfície de um planeta onde estava o “Guardião do Tempo”, uma espécie de passagem temporal, indo para a década de 30, em plenos dias da “Grande Depressão”. Ao chegarem ao passado, Kirk e Spock conhecem Edith Keller, uma irmã pacifista que cuida das pessoas mais necessitadas e tem uma mente muito à frente de seu tempo. Kirk instantaneamente se apaixona por ela, mas Spock descobre, através de uma versão rudimentar de um tricorder que ele construiu, que Edith vai morrer e que se ela viver, assumirá uma postura pacifista que vai atrasar a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra e que permitirá aos nazistas desenvolverem sua bomba atômica. Assim, Kirk sabe que vai perdê-la e sofre muito com isso. Essa é uma das melhores histórias da série clássica, que ganhou os prêmios Hugo e Nebula de ficção científica.

Um trecho q não faz parte da hístória veiculada na TV

Mas… você sabia que a história que foi veiculada no episódio não era a original, escrita por Harlan Ellison? Ela sofreu mudanças, segundo os produtores, porque o roteiro original não teria condições de ser filmado à época, algo com que Ellison discordou veementemente. E agora, a Mythos Books traz essa versão original do roteiro em quadrinhos, numa edição bem acabada e luxuosa em capa dura, que tem um precinho salgado, é verdade, mas vale muito a pena ter, principalmente se você ama “Jornada nas Estrelas” ou simplesmente ama quadrinhos. Na versão original, quem viaja para o passado é um tripulante camisa vermelha típico (aquele tripulante desconhecido que sempre morria nos episódios da série clássica na tv). Seu nome era Beckwith e ele era uma espécie de traficante de alucinógenos alienígenas dentro da Enterprise. Quando é descoberto, foge da nave e atravessa o portal do guardião do tempo. Imediatamente, o presente da Enterprise é alterado e a nave deixa de existir, entrando uma nave cheia de mercenários em seu lugar. Kirk, ao voltar com o grupo avançado para a nave, percebe que houve uma alteração e consegue se trancar na sala de teletransporte com sua tripulação. Ele volta ao planeta para atravessar o guardião do tempo com Spock, enquanto a ordenança Rand (que recebeu um papel mais destacado nessa história) fica com os demais tripulantes da Enterprise na sala de transporte, segurando a porta para os mercenários não entrarem. A partir daí, a história toma rumos parecidos com os do episódio veiculado na tv, mas com algumas pequenas alterações que não vou contar aqui (chega de spoilers!).

A bela Edith Keller

É uma experiência muito legal você ver a mesma história contada de forma diferente, tal como quando vemos um filme com o “corte do diretor”, mas um corte que realmente altere o produto final, como foi visto em “Superman II”, o estrelado por Christopher Reeve.  Embora haja algumas incongruências, como, por exemplo, por que a tripulação da Enterprise também não foi alterada quando Beckwith atravessou o portal ou por que Rand teve que ficar com os tripulantes na sala de transporte segurando as portas que os mercenários queriam derrubar e não foi para a superfície do planeta com Kirk e Spock (talvez o único motivo para isso fosse forçar Kirk e Spock lutarem contra o tempo enquanto estavam no passado da Terra), temos aqui uma ótima história, bem ao espírito dos episódios da série clássica, com a vantagem de que, com os quadrinhos, pode-se deixar a imaginação fluir ainda mais, com o produto final chegando bem próximo da imaginação do autor. Por isso, não podemos deixar de mencionar a adaptação para os quadrinhos do roteiro original por Scott e David Tipton e também a arte de J. K. Woodward. Inclusive, temos ao final dos quadrinhos uma exibição de todo o processo de produção da revista e um texto falando das inúmeras referências ao autor da história e outras que aparecem ao longo dos quadrinhos, que são uma verdadeira obra de arte.

Assim, a versão em quadrinhos do roteiro original de “Cidade À Beira Da Eternidade”, é uma leitura obrigatória para qualquer fã que se diga trekker e uma peça de coleção valiosa para quem gosta de quadrinhos. Não deixem de comprar, pois vale a pena o dinheiro investido nela.

Uma arte e tanto!!!

Batata Comics – Jornada Nas Estrelas, Nos Domínios Da Escuridão. Um Roteiro Melhor Que “Sem Fronteiras”.

Capa dos Quadrinhos

A editora Mythos Books lançou uma edição em quadrinhos, capa dura, do que poderia ser considerada a sequência do filme “Jornada nas Estrelas, Além da Escuridão”. E aliás, essa sequência filmada, e com as devidas edições, seria muito melhor do que o filme “Jornada nas Estrelas, Sem Fronteiras”. Ambientada com o novo elenco dos longas de “Jornada nas Estrelas” da fase J. J. Abrams, “Nos Domínios da Escuridão” tem a feliz ideia de ainda aproveitar a Seção 31, a Divisão de Operações Secretas da Frota Estelar, que somente consegue enxergar segurança para a Federação se colocar seus dois inimigos – os klingons e os romulanos – em pé de guerra. O problema é que a tripulação da Enterprise se vê no meio desse turbilhão, mesmo que esteja em sua missão de cinco anos para explorar novos mundos. É uma senhora história de muita ação e trama política que daria um excelente filme, muito melhor do (na minha modesta opinião) fiasco que foi “Sem Fronteiras”.
Mas, no que consiste a história? Enquanto a Seção 31 organiza uma aliança secreta com os romulanos para que os alienígenas se voltem contra o Império Klingon em troca de tecnologia de armamentos da Federação, Spock sofre o Pon Farr e precisa ir a Vulcano para se acasalar. Mas nesta realidade alternativa Vulcano foi destruído e Spock não conseguiu aguentar a forte pressão emocional, tornando-se extremamente agressivo, assim como outros de sua espécie. Para salvar Spock da loucura e fúria certas, Kirk e sua tripulação precisarão encontrar uma cura para O Pon Farr. Essa história serviria como um ótimo enredo paralelo para um longa e seria uma referência e tanto à série clássica. Há uma segunda história envolvendo a espécie gorn, também proveniente da série clássica, mas ela poderia ser descartada por não ter muito a ver com a trama principal (embora a história de Spock e seu Pon Farr também não esteja muito ligada à trama principal, ainda assim seria interessante usá-la, pois foi colocada a questão de como ficaria o ritual agora que Vulcano não existe mais). A parte final dos quadrinhos seria o esqueleto principal da história, pois desenvolve mais a aliança entre a Seção 31 e os romulanos, o ataque dessa aliança ao Império Klingon e o que a destemida tripulação da Enterprise vai fazer para evitar um conflito de proporções galácticas.

Um Spock enlouquecido

Essa é uma história muito instigante que cairia como uma luva para um filme. Além de fazer referência à série clássica, vemos aqui também referências a coisas que apareceram nos longas anteriores. Por exemplo, a matéria vermelha que destruiu Vulcano está nas mãos dos romulanos, os klingons conseguiram a tecnologia da nave romulana de Nero, do primeiro filme, e implantaram-na nas aves de rapina, a Seção 31 não desapareceu com a morte do Almirante Marcus, etc. Assim, trata-se de uma história muito mais criativa que trabalha com elementos do Universo que os dois primeiros longas já criaram, e não é algo totalmente destacado dos outros filmes como foi “Jornada nas Estrelas, Sem Fronteiras”, declaradamente o filme mais fraco da Enterprise da era pós J. J. Abrams. Só é de se lamentar que essa história tenha dado mais espaço a personagens novos e menos espaço a personagens já consagrados. Vemos muito pouco McCoy, Scott, Chekov e Uhura, por exemplo. Mas isso poderia ser compensado reescrevendo o roteiro para o longa e fazendo uma substituição simples dos personagens novos pelos mais antigos.
Assim, “Jornada nas Estrelas, Nos Domínios da Escuridão”, é uma outra aposta certa da Mythos Books para conquistar o trekker de plantão (a primeira é o lançamento em quadrinhos do roteiro original de “Cidade à Beira da Eternidade”), pois dá uma história instigante e digna para a nova versão de “Jornada nas Estrelas”, que será vista pelos fãs com outros olhos. Uma obra que vale o dinheiro investido.

Personagens originais, como Uhura, apareceram pouco

Batata Movies – Batman, A Piada Mortal. Psicose E Perdão.

Cartaz da Animação

Esse ano, houve um rebuliço entre os chamados DCnautas (ou fãs de quadrinhos da DC, para ser mais específico). É que foi feita uma exibição em sessão única da animação “Batman, A Piada Mortal” (“Batman, The Killing Joke”). As expectativas eram ótimas: a voz do Coringa seria feita por Mark Hamill, essa seria uma das animações mais  violentas e doentias de que se tinha notícia, etc. Confesso que não assisti a animação quando de sua exibição única no cinema. Algum tempo depois, fiquei sabendo que ela já estava disponível em DVD. E, nas minhas andanças pelas mega stores da vida, me deparei com “Batman, A Piada Mortal”. Decidi então comprar o DVD para ver se a animação era realmente tão boa assim. Para poder falar um pouco sobre ela, vou ter que lançar mão de “spoilers”, me desculpem.

Surtadaço!!!!

No que consiste a história? Ela é dividida basicamente em duas partes, a princípio muito distintas. Ao seu início, Batman e Batgirl caçam o perigoso sobrinho de um gângster muito importante de Gotham City. Batman quer Batgirl fora dessa caçada, pois o malfadado sobrinho sente uma forte atração sexual por ela e usa isso para enervar a heroína. Não pensando de forma racional, Batgirl pode facilmente cair nas armadilhas do bandido. Com um instinto protetor, Batman tenta dissuadir Batgirl do caso, mas as coisas acabam numa forte noite de amor. O tal bandido é preso, não sem antes Batgirl dar-lhe uma surra e quase matá-lo. Aí estava outro motivo para Batman querer Batgirl fora do caso, pois ele temia que ela perdesse as estribeiras e fizesse justiça com as próprias mãos, matando o bandido, sendo esse um abismo sem volta. Cansada de toda essa pressão psicológica, Batgirl aposenta a capa e volta a ser apenas Barbara Gordon.

Já a segunda história é bem mais barra pesada. Coringa escapa da prisão e quer provar a todo mundo uma teoria: basta um dia ruim em sua vida para você surtar e enlouquecer. Para isso, ele dá um tiro em Barbara, aleijando-a permanentemente, além de estuprá-la. Ainda, sequestra o comissário Gordon e o submete a toda uma série de torturas físicas e psicológicas, onde o policial é inclusive obrigado a ver a imagem de sua filha ferida e nua. Depois de ouvir do palhaço do crime que Batman também age fora das regras da lei, o comissário Gordon, ao ser resgatado das mãos de Coringa e dos seus criminosos por Batman, fala ao Homem Morcego que faz questão de que o vilão seja preso de acordo com as leis. Esse é o sinal de que a tese de Coringa está furada e a sanidade mental pode ser mantida. Há o duelo final entre o herói e o vilão e, então, ao se ver derrotado, Batman se nega a matar Coringa e age dentro das leis, dizendo que não quer matá-lo e sim ajudá-lo, chegando a estender a mão para o vilão, que declina do convite, pois alega que “já é muito tarde para aceitar isso”. A animação termina com o Homem Morcego e Coringa rindo de uma piada um tanto sem graça, que eu já até vi contada de uma forma diferente na Turma da Mônica.

Bom, o que podemos falar da animação? Ela tem um ponto positivo e um ponto negativo. Vamos começar pelo negativo, para que a antipatia dos fãs da DC à minha pessoa passe logo. A promessa de uma grande violência no filme para mim não foi muito cumprida. Sei lá, eu acho que o Rio de Janeiro real é muito mais violento que uma Gotham City fictícia. Aqui, o Coringa já teria tomado um teco de fuzil na cara, dado pela polícia, há muito tempo. E que se lasque se as leis não fossem cumpridas. O Coringa, por sua vez, não teria deixado Barbara Gordon viva e paralítica. Ele teria estuprado e matado a moça mesmo (isso se ainda não desossasse a finada e desse a carne para os cachorros comerem, como dizem por aí que aconteceu com a Eliza Samudio). Ou seja, o Rio de Janeiro é muito mais violento e desrespeita as leis há bem mais tempo. Eu acho que a DC podia pagar uma estadia para seus roteiristas para passarem umas duas semanas por aqui. Eles voltariam cheios de ideias para um Coringa bem mais cruel. E nem quero imaginar o que fariam com o Batman.

Até onde eles se aproximam e se distanciam????

Mas isso não quer dizer que a animação tenha apenas problemas. Contar a história pregressa do Coringa foi algo simplesmente sensacional. A gente realmente fica com pena do homem, que sofreu várias pressões, e teve vários dias ruins, ao invés de um só. Talvez a tese do palhaço do crime tenha mais coerência aí. E de como Batman foi determinante para o seu mergulho total na insanidade. Provavelmente foi por isso que Batman, ao final, oferece ajuda ao bandido para tentar recuperá-lo, ao invés de lhe desferir um golpe fatal. O relacionamento entre herói e vilão, mostrando até onde eles se assemelham e onde se diferenciam, é o grande lance dessa história, algo que poderia até ser examinado por especialistas em psicologia ou psicanálise, o que, definitivamente, não é o meu caso.

E qual é a relação entre as histórias da Batgirl e do Coringa? Ambas defendem a premissa de que somente se combate o crime se você age dentro da lei. Ou seja, aquela velha ideia de John Locke de que o respeito às leis é necessário, pois quando as pessoas vivem em sociedade, ninguém pode fazer o que bem entender, pois o ato de uma pessoa pode prejudicar outra. Daí a importância de se cumprir as leis, que devem representar a vontade da maioria das pessoas e ainda garantir os direitos e a vida dos cidadãos. Criminosos devem ser punidos por desrespeitar as leis. Mas os heróis também não devem desrespeitar as leis para punir os criminosos, algo que se torna muito notório quando se trata de Batman, que tem atrelada às suas costas a fama de justiceiro que nem está aí para o que as leis dizem.

Barbara passará por um sufoco…

Assim, “Batman, A Piada Mortal”, se não parece ser excessivamente violento como se apregoava, ainda tem a virtude de se analisar não somente a psique do vilão, mas indiretamente a do próprio Homem Morcego. A discussão do respeito às leis também tem forte destaque. Para o DCnauta, é obrigatório ter. Mas é altamente recomendável para quem gosta de uma boa história. Veja o trailer abaixo…

https://youtu.be/Gc5z3JFrJ7k

Batata Comics – Dentuça, Eu? A Guerra Civil Chega À Turma Da Mônica Jovem.

 

Capa da Revista
Capa da Revista

Vamos hoje inaugurar a seção “Batata Comics”, que vai falar do mundo dos quadrinhos. E a dica de hoje é de uma revista que já tem um certo tempo, mas vale a pena dar uma pesquisada. A edição de maio último da Turma da Mônica Jovem (no. 94) está um prato cheio para os geeks e nerds em geral, pois faz, à sua maneira e cheia das deliciosas paródias que só os Estúdios Maurício de Sousa conseguem fazer, a sua “Guerra Civil”. Só que o tema central e polêmico dessa contenda não será o registro de super-heróis, mas sim uma questão, digamos, muito particular e peculiar: a Mônica deve ou não usar um aparelho para corrigir os dentes?

A história começa com a turma vendo um filme no cinema, que é a “Guerra Civil” aos olhos de Maurício, ou seja, é uma luta do Capitão Homérico contra o Armadura Dourada. O grande amigo do Capitão Homérico é o Soldado Infernal. O Armadura Dourada tem a Aranha Negra como aliada. E o embate entre os dois grupos de super-heróis será a “Briga Civil”. Ao acabar o filme, a turma conversa sobre o que acabou de ver e as paródias continuam. A Magali, por exemplo, adora o ator que faz o Armadura Dourada, o Roberto Daniel Júnior, sendo do time “Estácio”. Já o Cebolinha gosta do time “Capitão”, enquanto que o Cascão gosta mais do “Homem Aracnídeo”. Só a Mônica, mal humorada, reclamava que todos os seus amigos levavam muito a sério o filme. Mas Mônica está com todo esse mau humor, pois ela tem sofrido constantes dores de cabeça e seus pais a haviam levado para todos os médicos e especialistas possíveis. Só restava levá-la ao dentista para ver se o problema de sua dor de cabeça tinha a ver com algum problema nos dentes, o que despertou a incerteza de se ela precisaria corrigir seus dentões ou não. Mônica ficou extremamente apreensiva, pois seus dentes eram a sua marca registrada e a essência do que ela é. Assim, ela pensou seriamente em não usar aparelho para corrigir seus dentes, sendo prontamente apoiada por seu namorado Do Contra, que gosta de ser diferente e quer que a Mônica seja do jeito que ela é, sem obedecer a qualquer convenção. Por outro lado, o Cebolinha, que ainda é apaixonado pela Mônica e a perdeu para Do Contra, quer que a amiga cuide de sua saúde e insiste para que ela faça o tratamento dentário. A coisa chegou às redes sociais, numa votação #timecebola e #timedocontra, bem ao estilo do que aconteceu em Guerra Civil, onde até o Capitão Homérico e  Armadura Dourada votaram. O desfecho dessa história? Chega de spoilers!!!

A "Briga Civil"
A “Briga Civil”

A história é muito legal pois, além de fazer essa divertida paródia, colocou mais alguns elementos extras na conturbada relação entre Mônica e Cebolinha, onde confissões interessantes sobre o passado são reveladas. Desde o surgimento da Turma da Mônica Jovem que há essa espécie de “novelização”, no bom sentido da palavra, do relacionamento entre a Mônica e o Cebolinha, onde fica a dúvida de se eles engatarão ou não um relacionamento afetivo. Mas os caminhos são tortuosos e esse número da revista é mais um tijolinho na construção desse relacionamento que ainda parece que vai demorar a chegar a um desfecho.

Dessa forma, a edição do mês de maio da “Turma da Mônica Jovem” está imperdível e, para quem está acompanhando as aventuras dos agora personagens adolescentes, é mais um capítulo da história entre Mônica e Cebolinha e, para quem ainda não está familiarizado com todo o Universo desses quadrinhos, é uma ótima oportunidade para embarcar nessa nova visão da Turma da Mônica. Não deixem de curtir e procurar nas edições anteriores. Com a Comic Con na área é uma interessante pedida.

Muita coisa ainda pode acontecer com esse par...
Muita coisa ainda pode acontecer com esse par…

Batata Movies – Doutor Estranho. Medicina, Misticismo e Princípio da Incerteza.

Cartaz do Filme
Cartaz do Filme

Por Carlos Lohse

A Marvel dá mais uma de suas boas cartadas. Estreou no cinema o esperado “Doutor Estranho”, estrelado por Benedict Cumberbatch, e que tem Mads Mikkelsen fazendo o papel do vilão. Somente esses pequenos detalhes já justificam a ida ao cinema, antes de mais nada. Mas o filme tem mais, muito mais, pois ele consegue abordar temas muito interessantes. Só quero fazer uma observação aqui. Esse artigo terá “spoilers”. Espero que você já tenha visto o filme. Caso contrário, volte mais tarde.

Vemos aqui a história do Doutor Stephen Strange (interpretado por Cumberbatch), um competente neurologista com uma carreira de muito sucesso. Isso faz com que Strange tenha um comportamento extremamente arrogante, provocando a antipatia de muita gente. A única pessoa que ainda consegue aturá-lo é outra neurologista, Christine Palmer (interpretada por Rachel McAdams), colega de profissão e ex-namorada. Um belo dia, Strange, que é um cara muito bem de vida financeiramente e é cercado de bens materiais, está em seu possante carro falando ao celular sobre qual cirurgia ele fará, e acabou sofrendo um grave acidente por isso, que destrói suas hábeis mãos para cirurgias muito delicadas. Desesperado por não poder mais conseguir exercer seu ofício, ele descobre com seu fisioterapeuta um paraplégico que conseguiu voltar a andar. Ao falar com ele, este lhe indicou um endereço no Nepal. Lá, Strange conhece a anciã (interpretada por Tilda Swinton), que vai lhe revelar os segredos do misticismo e a existência do multiverso. Mas um antigo aluno da anciã, Kaecilius (interpretado por Mads Mikkelsen), quer permitir que uma entidade cósmica maligna invada a Terra sob a promessa de vida eterna. Strange, então ainda um aprendiz, vai ter que evitar que os planos de Kaecilius se concretizem para salvar o planeta.

Um neurocirurgião irado!!!
Um neurocirurgião irado!!!

Dá para perceber que o enredo é bem interessante. A coisa aparentemente cai num lugar comum da velha história do materialista fútil e arrogante que descobre a elevação espiritual no misticismo. Mas a película não fica apenas nessa boa lição. A medicina, área de atuação de Strange, e representante da ciência no filme, não fica relegada a um segundo plano e aparece recorrentemente como um recurso necessário ao longo da história, como se a sabedoria do misticismo se aliasse à sabedoria da ciência. Mas o mais incrível aqui é a ideia de que há um multiverso, ou seja, a existência de vários universos possíveis, além de portais que vão de um lugar para outro. Essas ideias são muito relacionadas à mecânica quântica e à física da relatividade geral. Os portais lembram muito a noção de buracos de minhoca, onde corpos com muita massa e muito densos (os conhecidos buracos negros) distorcem a estrutura do espaço-tempo de tal forma que poderiam provocar “atalhos” entre duas regiões do Universo. No filme, entretanto, esses buracos de minhoca seriam provocados pelo misticismo e magia dos aprendizes da anciã. Já a ideia de multiverso é associada à mecânica quântica, mais especificamente ao Princípio da Incerteza de Heisenberg. Esse princípio diz que, para conhecermos o movimento de um átomo ou outra partícula qualquer, devemos conhecer simultaneamente sua posição e velocidade. O problema é que não conseguimos essa determinação simultânea. Só podemos conhecer ou a posição ou a velocidade, nunca as duas ao mesmo tempo. E isso é uma limitação imposta pela própria natureza. Assim, para cada posição que determinamos, temos infinitas possibilidades de velocidade, e, para cada velocidade que determinamos, temos infinitas possibilidades de posição. E o que tudo isso quer dizer? Que este Universo em que vivemos é apenas um de muitos prováveis, ou seja, somos todos ondas de probabilidade. Eu poderia até entrar em questões mais complexas e polêmicas do tipo: se tudo agora é probabilidade, como fica Deus, algo altamente determinístico, num contexto desses, mas vamos parar por aqui, já que temos um filme a analisar. Então, a existência na película de um multiverso, onde há uma infinidade de universos possíveis, tem tudo a ver com o Princípio da Incerteza cunhado pelo físico atômico Werner Heisenberg. O mais legal foi ver essas associações entre a física relativística e a mecânica quântica com o misticismo. Os físicos e astrofísicos que não me ouçam, mas essas formas científicas de conhecimento sempre tiveram um quê místico aos olhos do grande público, sobretudo a mecânica quântica, um assunto muito hermético para a grande maioria das pessoas. Ver isso em “Doutor Estranho” só confirma tal hermetismo e mito que associam saberes tão diferentes (ciência e misticismo).

Kaecilius. Poder de Persuasão.
Kaecilius. Poder de Persuasão.

O que mais podemos falar do filme? Algumas coisas que já detectamos no Universo Marvel em outras ocasiões. Em primeiro lugar, a vinda de um novo herói sempre é muito bem vinda, já que um dos principais problemas dessa franquia é o excesso de filmes de herói, tornando a coisa até um certo ponto repetitiva. Tem-se, então, a necessidade de uma renovação constante, que leva ao surgimento de novos heróis nas telonas, algo que a Marvel consegue fazer bem, pois tem um celeiro praticamente inesgotável de super-heróis. Em segundo lugar, o humor novamente deu o ar de sua graça, mesmo que o personagem do Doutor Estranho tenha uma aparência um tanto soturna. Vou sempre defender esse conteúdo mais humorístico da Marvel, pois ele funciona e traz aquela coisa nova de que os filmes precisam, ressaltando sempre que fazer humor é algo extremamente difícil.

Um discípulo, uma mestre e um bibliotecário sisudo
Um discípulo, uma mestre e um bibliotecário sisudo

E os atores? Bom, eu acho que nem preciso dizer muito. Dessa vez, a Marvel caprichou muito no elenco, colocando somente cobras criadas. Cumberbatch foi muito bem como o médico arrogante que se regenera, arrancando simpatia do espectador. Mikkelsen, o atorzaço de sempre, mostrou grande poder de persuasão ao tentar convencer o Doutor Estranho à sua causa. Tilda Swinton, que já tinha ido muito bem em papéis altamente díspares nos filmes “Amantes Eternos” e “O Grande Hotel Budapeste”, prova novamente seu lado camaleônico ao fazer uma anciã que é a mestre do protagonista, e, ao mesmo tempo, desperta dúvidas em seus discípulos à respeito de sua integridade moral. E temos Chiwetel Ejiofor, aquele ator de nome complicadíssimo que protagonizou “12 Anos de Escravidão”, e que aqui interpreta Mordo, o principal discípulo, o mais cheio de dúvidas em relação à sua mestre, com uma interpretação contida e sóbria, até em seus maiores momentos de decepção.

Comprem o Gibi!!!!
Comprem o Gibi!!!!

Assim, “Doutor Estranho” é mais um tiro certo da Marvel, que conseguiu mostrar o seu poder de renovação, além de repetir o que vem dando certo, que é o humor. Um filme laureado por um excelente elenco, que dá credibilidade aos personagens. Uma película que usa o misticismo como mote principal, sem esquecer a importância da ciência. E, como em todos os filmes da Marvel, com pós-créditos. Dois, para ser mais exato. Não saia da sala até a última letrinha e além. Você não vai se arrepender. Programa imperdível! E não deixe de ver o trailer abaixo.

https://youtu.be/QOkaysgzPUA