Eram duas da manhã.
Uma noite fria em Casablanca, de esperança vã.
Surge à minha frente, o Rick’s
como um monumento soturno
adequado ao malogrado ambiente noturno.
Decido lá entrar
para do frio da noite escapar
e da lembrança da guerra me desgarrar.
Dentro do night club, tudo é depressão.
Bêbados caídos, prostitutas em desilusão.
O Sam está ao piano
tocando melodias mundanas.
É um ambiente de total desengano,
a tristeza parece perdurar por semanas.
Mas o que impressiona meu imaginário
é lá no fundo, um vulto solitário.
Eu caminho em direção a ele,
Eis que a surpresa me vem a flor da pele.
É o próprio Rick, chorando!
É uma imagem que fica me intrigando.
Rick é um sujeito forte.
Tem carisma em seu porte.
Sempre de dedo em riste
jamais o reconheceria triste.
De repente, uma mão puxa meu braço.
É o Sam, com seus cigarros de maço
que busca me tornar consciente
porque Rick estava deprimente.
O pianista conta que seu patrão
foi abandonado por sua amada.
Se mudou para Casablanca cheio de decepção
e agora não acredita em mais nada.