Caro leitor, responda-me francamente: você acha que Will Smith já merece um Oscar de melhor ator há muito tempo? Bom, se você acompanha os filmes da carreira desse grande ator, provavelmente vai responder que sim. E digo mais: já está dando nos olhos tamanha injustiça da Academia contra ele. O homem tem se esforçado muito para conseguir bons papéis dramáticos, realizar bons filmes e… sequer há uma indicação de melhor ator para ele no Oscar. E mais uma vez pudemos atestar isso nesse ano em “Beleza Oculta”. Se Smith aparece menos nesse filme, pois ele divide a película com um baita de um elenco, ainda assim o cara arrasou nos momentos em que apareceu. E também é uma tremenda injustiça que esse filme não apareça na lista do Oscar. Poucos filmes conseguiram despertar tanta emoção quanto esse aqui, que foi dirigido por David Frankel (“O Diabo Veste Prada”) e cujo roteiro foi escrito por Allan Loeb.
Vemos aqui a história de Howard (interpretado por Smith), um promissor diretor de uma empresa que vislumbrava um grande futuro à sua frente. Mas a morte da filha colocou Howard numa depressão profunda e ele simplesmente parou de trabalhar, sendo acionista majoritário e que tinha que tomar decisões muito pontuais e importantes. Sua letargia poderia colocar a empresa à pique. Assim, seus amigos Whit (interpretado por Edward Norton), Claire (interpretada por Kate Winslet) e Simon (interpretado por Michael Peña) tiveram uma ideia que seria algo muito doloroso: encontrar alguma prova de que Howard estava mentalmente incapacitado para dirigir a empresa. Eles colocaram uma investigadora particular em seu encalço e descobriram que ele escrevia cartas e as enviava pelo correio. Os destinatários? O amor, o tempo e a morte. Buscando tirar Howard da letargia, os três amigos lançaram mão de atores que fariam os papéis de amor, morte e tempo para o procurarem. O que veremos a seguir é uma interação de todas essas pessoas se ajudando numa espécie de grande rede de solidariedade, onde reside a tal da beleza oculta.
O primeiro fator que chama a atenção nesse filme é o elenco. Will Smith, Edward Norton, Kate Winslet, acompanhados ainda de Keira Knightley, Helen Mirren e Naomi Harris. Poucas vezes pudemos presenciar um baita elenco com tantos atores conhecidos num filme. Isso faz com que a gente possa desfrutar do talento de tantos artistas de que gostamos. Esse é o filme por excelência dentre aqueles que a gente vai para ver o ator que admiramos. E, para usar um elenco tão querido, a história precisa ser boa. E muito boa, sendo que foi exatamente isso o que aconteceu. Toda a questão envolvendo Howard fez com que as pessoas pudessem compartilhar seus problemas e ajudarem-se umas às outras.
Foi também uma película de muita discussão filosófica, onde tivemos a oportunidade de presenciar o tempo, o amor e a morte como personagens, como esses três personagens podem influenciar nossas vidas e como lidamos com isso. Mas, acima de tudo, esse é um filme que fala de perdão. Às vezes, é mais fácil culpar e descarregar toda a sua mágoa e revolta contra aqueles que, numa atitude desesperada e impensada, te prejudicam. Mas, muito mais difícil é passar por cima de tudo isso e perdoar, com o objetivo de se fazer um recomeço. Com o objetivo de se deixar toda uma destruição para trás e dar um novo rumo à sua vida depois do abalo de uma tragédia.
Enfim, “Beleza Oculta” consegue mexer muito com a gente. Um filme que fala de solidariedade e perdão. Um filme que deixa notório que no fim das contas, os humanos tem apenas a si mesmos e está na essência da humanidade a capacidade de você ajudar seu próximo. Um filme fundamental, para ver, ter e guardar.