Batata Literária -A Autopiedade (Série Obscura)

Encerro hoje a minha série obscura de quatro poesias sobre os defeitos humanos. Falemos hoje da autopiedade…

Pobre de mim!
Sou um coitado!
A vida é uma crueldade sem fim!
E sou sempre vitimado!
Sou perseguido por todos!
Vejo conspiração em toda a parte!
Minha existência nada tem de arte.
É apenas um fluxo interminável de enjoos.
Por que o mundo me odeia?
O que fiz de mal contra quem me cerceia?
Assim que vi a perseguição, apenas fugi
e aí mais atrás de mim correram, nunca vi.
Dando explicações injustificadas,
falando coisas erradas.
Eu juntava um pouco de coragem e, grosseiro, retrucava,
e a pessoa fechava a cara e se afastava.
Desde então, a mim próximo fica
em estado de revolta explícita.
Será que falei algo de errado?
Por que todo esse estado?
A vítima aqui sou eu!
Ninguém sabe quem mais sofreu.
Portanto, tenho o direito de temer
e a quem eu quiser desmerecer.
Concluindo essas linhas, continuo sem uma coisa entender:
por que não gostam de minha pessoa e me fazem padecer.
Será que é verdade aquele negócio
de que o medo gera a mentira e o ódio?
Será que a culpa não é minha,
dessa trajetória tão sem linha?
Não, isso ser não pode,
pois a autopiedade é a minha ode.