Agora, qual foi o grande problema do filme? Isso mesmo, caro leitor. A polêmica envolvendo Luke Skywalker. O personagem principal do filme esteve longe de ser uma unanimidade, por se tratar de um ponto nevrálgico. A começar pelo próprio Mark Hamill, que disse que não concordava muito com os rumos que o personagem tomou. Mesmo que ele tenha se retratado depois (devia ter um rato atrás dele com uma arma em suas costas), ficou-se uma impressão um tanto esquisita de tudo isso. Vamos lá. O que incomodou logo de cara foi refazer a cena final do Episódio VII, onde Rey entrega a Luke o sabre de luz. Já ficou clara uma quebra de continuidade, pois no final do Episódio VII, o tempo estava nublado e agora, no Episódio VIII, havia um tempo ensolarado. Mas esse é o menor dos problemas. Foi difícil de engolir Luke jogando fora o sabre de luz. Mesmo que tenha havido uma intenção cômica, creio que ela não cabia ali, pois quebrou todo o clima altamente emocionante do final do Episódio VII (essa sequência final do Episódio VII foi a melhor coisa daquele filme, na minha opinião). Talvez fosse melhor ele devolver o sabre a Rey e dizer uma coisa do tipo “Esqueça” ou “Não lido mais com isso”. Mas houve outros lances lamentáveis na sequência de Luke como, por exemplo, ele ordenhar aquele bichão e tomar seu leite. Para depois ainda o bichão olhar para a Rey com a cara de “Quer um pouco?” e a Rey virar o rosto como se pensasse “O que esse maldito roteirista estava querendo aqui?”. É claro que a sequência de Luke e Rey na ilha teve seus pontos altamente positivos, principalmente no momento em que a moça dizia ao mestre o que ela sentia na ilha, tanto na parte da luz quando na parte sombria. E, principalmente, que Rey não havia notado a presença de Luke, pois ele estava desconectado da Força.
Uma coisa que doeu bastante foi ver a amargura de Luke com o fracasso de seu treinamento jedi, materializado em Kylo Ren. A gente sabe que essa ideia estava lá no Universo Expandido e defendo avidamente a proximidade desse Universo Expandido com o cânone. Mas creio que dessa vez, a coisa pesou um pouco. Ele até poderia estar amargurado num primeiro momento, mas a presença de Rey e o fato dela ser uma isca fácil para o lado sombrio deveria estimular um pouco mais o nosso velho jedi. Seu medo em treinar a moça e assim ela poder cair no lado sombrio não deveria ser um obstáculo.
Uma coisa que incomodou muito foi o tom da conversa entre Luke e Yoda. Por um lado, foi uma conversa magistral (“nossos aprendizes se tornam o que somos, esse é o fardo de todo mestre”, “ensine seu fracasso”). O problema foi engolir a suposta destruição das escrituras jedis originais e os argumentos de Yoda do tipo “não há nada ali que ela já não saiba”. Isso porque estamos falando de uma garota que nem sabia direito o que era a Força e que ela servia somente para levantar pedras. Yoda não poderia desdenhar de um conhecimento que ele ensinou por quase novecentos anos, mesmo que ele estivesse ultrapassado. Pelo menos, ficou o alívio, ao final do filme, de ver que Rey guardou os escritos originais.
No próximo artigo (o último), vamos redesenhar um novo duelo entre Luke e Ren. Até lá!